sábado, 30 de março de 2024

A PÁSCOA NA VISÃO DE ALGUMAS RELIGIÕES E DO ESPIRITISMO[1], [2]

 


Marco Milani

 

Qual é o sentido da Páscoa na visão de algumas religiões?

Trata-se de uma das principais festas cristãs, estabelecida pelo Concílio de Nicéia em 325, para ser comemorada no primeiro domingo após o equinócio do inverno no hemisfério norte (entre 22 de março e 25 de abril). A ideia era coincidir a data com o início da primavera, estação que simboliza o renascer. "É o maior fundamento do Cristianismo, porque mostra Jesus vitorioso. No meio de aparente fracasso da morte a vida falou mais alto", afirma a teóloga e historiadora Maria Cecília Domezi das Faculdades Claretianas de "São Paulo” Representa, portanto, um momento de reflexão sobre a vida e a morte, a culpa e o perdão, a solidariedade e a liberdade. "Se tudo tivesse terminado no sepulcro, não haveria Cristianismo, apenas uma bela filosofia de vida”, diz o padre Gregório Teodoro da Catedral Ortodoxa de São Paulo.

 

Quem testemunhou a aparição de Jesus?

De acordo com a Bíblia foram as mulheres que acompanharam Jesus em suas pregações as primeiras a constatar que o sepulcro estava vazio. Depois, apesar da divergência entre os evangelhos quanto ao número de testemunhas, o próprio Cristo Ressuscitado teria aparecido a Maria Madalena, aos discípulos que seguiam para o povoado de Emaús e aos 11 apóstolos (o décimo segundo, Judas, enforcou se depois de trair o Mestre). Nenhum dos quatro textos canônicos revela como, de fato, teria ocorrido ressurreição. As narrativas concentram-se em mostrar que Cristo teria mesmo vencido a morte, como havia previsto (Lucas 9:22, entre outras citações). Segundo os estudiosos, as diferenças entre os relatos se devem à visão teológica de cada evangelista. Segundo o texto de Marcos, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé foram avisadas por um jovem de que Jesus não estava mais lá. Mateus também menciona as mulheres, mas Salomé desta vez não aparece. O anúncio da ressurreição, neste caso teria vindo de um anjo. “Como os destinatários de seu evangelho são os judeus convertidos, Ele se preocupa com o tato de que, a mensagem seja contada aos sacerdotes", afirma o teólogo e padre Antonio Bogaz, de São Paulo. "E destaca a importância das mulheres, para valorizar a tradição judaica da presença feminina na vida da comunidade." No Evangelho de João, Madalena aparece como a testemunha primordial seguida por Pedro, como o primeiro dos apóstolos, embora "o discípulo que Jesus amava" (João, na interpretação dos especialistas) tenha chegado antes ao túmulo. “Lucas, por sua vez, tinha uma teologia mais voltada para o núcleo familiar e, por isso, traz mais detalhes nas descrições", diz o padre Bogaz. Os apócrifos confirmam essas testemunhas: depois de ressuscitado, Jesus teria continuado a aparecer aos apóstolos e às mulheres durante mais doze anos.

 

O que é o Pessach judaico?

Páscoa judaica ou Pessach (significa passagem da escravidão para a liberdade ou passar por cima) celebra a libertação dos filhos de Israel após dois séculos de cativeiro no Egito. Segundo o costume da época, cada família hebreia deveria sacrificar um cordeiro e pintar as portas das casas com o sangue. Era um sinal de proteção contra a praga divina. Na celebração atual, comem-se carne de carneiro, pão e ervas amargas como recordação do sofrimento do cativeiro. A libertação é contada no livro Êxodo e tornou-se o ponto central da história judaica, marcando o surgimento dos Judeus como povo livre. É comemorada sempre no mês de abril e tem a duração de oito dias. Nas duas primeiras noites, é realizado o jantar festivo (Seder) para recordar o sacrifício judeu. A comida típica e o matzá (o pão da aflição ou dos pobres), uma bolacha não fermentada feita apenas de trigo e água, que tem a função de relembrar a luta dos antepassados. “Os judeus expulsos não tiveram tempo de fermentar o pão e o levaram antes que pudesse ser preparado”, conta o rabino Henry Sobel, da Congregação Israelita de São Paulo.

 

Qual é o simbolismo do coelho e dos ovos de chocolate?

Oferecer ovos como presente é uma tradição do Cristianismo. Na Babilônia e no Egito antigo, estavam associados ao culto da fertilidade. A tradição vem do Oriente, onde eram embrulhados com cascas de cebola e cozidos com beterraba para ficar coloridos e serem oferecidos na festa da Primavera. Os cristãos se inspiraram neste costume e o consagraram como lembrança da ressurreição de Jesus. “Anda adotamos, esta tradição antiga de distribuir ovos pintados para simbolizar a nova vida”, diz o padre Gregório Teodoro, da Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo. O ovo de chocolate, oferecido na Páscoa, porém, aparece; pela primeira vez no século dezoito, com o desenvolvimento da indústria alimentícia na Europa onde teria nascido também a tradição do coelho, associado à criação devido à sua grande prole. Os anglo-saxões contavam às crianças que os coelhos levavam os ovos e os escondiam entre as plantas. Na manhã do dia de "Páscoa, elas tinham de procurá-los nas ruas e nos jardins.

 

Como a data é celebrada?

 

Católicos

Um dos principais rituais é a missa do Sábado Santo ou do Fogo Novo. Os fiéis reúnem-se, no início da celebração, ao redor de uma pequena fogueira, na entrada da igreja, e proclamam a luz do Cristo Ressuscitado. É aceso o círio pascal (vela grande e benta), que traz as letras alfa e ômega simbolizando que Cristo é o princípio e o fim do Universo. Todos acendem a vela no círio para renovar o compromisso com Deus. São feitas diversas leituras bíblicas e, finalmente, a proclamação do Evangelho com o anúncio da ressurreição, acompanhado por sinos.

 Jesus teria previsto a própria morte e ressurreição:

Este Homem será entregue em mãos de homens que o matarão. Ao terceiro dia ressuscitará.

 Mateus 17:23

 

Ortodoxos

Seguem o calendário Juliano, com 13 dias a mais no ano, de forma que a Páscoa cristã sempre seja celebrada depois da Judaica, já que Jesus participou dela. Celebram o ofício da ressurreição com cânticos antes da missa. Com todas as luzes da igreja apagadas, o celebrante acende uma vela no altar na qual todos os fiéis acendem suas próprias velas, representando a luz que sai do sepulcro vazio. O padre vai até a entrada do templo, bate na porta e anuncia a presença do Rei da Glória. Depois da missa, distribuem-se ovos cozidos pintados.

 

Protestantes

Enfatizam a relação entre a Páscoa do antigo Testamento (judeus) e a do Novo Testamento (cristãos). Na Páscoa judaica, um cordeiro era sacrificado em nome de Deus e seu sangue era pintado na porta das casas. "Ressaltamos que, na cultura Jesus tornou-se o cordeiro pascal”, afirma o teólogo Valtair Miranda, do Rio de Janeiro. Não há imagens nem símbolos de Jesus crucificado. Preferem exaltar suas mensagens e sua vitória sobre a morte. Algumas igrejas celebram o culto às 6 horas da manhã, hora da ressurreição.

 

Evangélicos

Muitos celebram a ressurreição assistindo ao nascer do sol no domingo de Páscoa, às 5 horas da manhã, normalmente em lugares altos ao ar livre (como os antigos faziam para estar mais próximos de Deus) ou no próprio templo. Em geral, há cultos especiais nesse dia. "Exaltamos com mais força a ressurreição que a morte", diz o pastor Ariovaldo Ramos, da Igreja Batista Água Branca, em São Paulo. Por isso, dão mais ênfase ao domingo que à sexta-feira da Paixão. Para recordar a última ceia de Cristo, antes da crucificação, comem ervas amargas.

 

Espíritas

No Espiritismo não há qualquer tipo de ritual nem simbolismos, portanto a data da Páscoa serve, apenas, para favorecer a reflexão sobre a realidade espiritual em que vivemos. Os espíritas acreditam na reencarnação e não na ressurreição. "Conforme atestado pela ciência é impossível voltar para o mesmo corpo depois de um processo de decomposição orgânica", diz Marco Milani, da União das Sociedades Espíritas de São Paulo. Não existem milagres, apenas situações naturais regidas por leis imutáveis e que ainda estão sendo descobertas pela humanidade. Para o Espiritismo, uma hipótese para o aparecimento de Jesus é que os apóstolos o tenham visto por um fenômeno mediúnico de vidência, mas apenas em espírito e com a mesma aparência que o conheceram. Outra hipótese decorre do fenômeno da materialização, que permite ao Espírito tornar-se visível e até tangível às pessoas em geral, mesmo que não sejam médiuns videntes. Os espíritas consideram, no entanto, que o fato de não ter havido a ressurreição não tira o mérito da missão de Jesus. “Ele é considerado o espírito de conduta moral mais elevada que habitou o planeta, por isso seguimos seus ensinamentos”, afirma Marco. “Atingiu um grau de evolução que todos nós conseguiremos um dia por meio das várias encarnações (a volta do mesmo Espírito para outro corpo)”. Não há necessidade de celebrações especiais porque, acreditam, todos os dias representam novas oportunidades para o aprimoramento moral, o grande objetivo de todo ser humano.

sexta-feira, 29 de março de 2024

A PALAVRA NA CASA ESPÍRITA[1]

 


Rogério Miguez

           

Ora, também a língua é um fogo.

Tiago, 3:6[2]

 

A instituição espírita existe, basicamente, para disseminar o Espiritismo a todos os desejosos em conhecê-lo, buscando iluminar as consciências, tornando-se pouco a pouco um Educandário da Alma, mas também atender, espiritualmente, às necessidades de incontáveis modalidades, considerando que as famílias e os indivíduos se encontram desnorteados diante de tanta insensatez existente neste avançadíssimo mundo tecnológico, contudo, imediatista e egoísta ao extremo.

Este apoio espiritual ocorre de variadas formas e uma das mais importantes se dá pelo uso saudável da palavra.

 

Recepção fraterna

Alguns templos espíritas mantêm uma atividade de grande valor proporcionando o primeiro contato com os visitantes: a recepção fraterna. Esta tarefa é desempenhada por voluntários que se colocam, literalmente, à frente da instituição endereçando as primeiras palavras aos interessados em obter as muitas benesses espíritas ou apenas curiosos em conhecer o Espiritismo.

Cabe a estes trabalhadores criar a primeira boa impressão aos novatos, sugerindo-lhes que chegaram a um porto seguro, depois de terem navegado por mares turbulentos, tais os que estamos tendo que nos acostumar a navegar nestes dias de tantas incertezas, materiais e espirituais.

Pronunciam as saudações iniciais aos navegantes que, cansados, buscam explicações e alívio variados para os problemas diversos que vêm enfrentando no cotidiano.

 

Secretaria

Setor de relevância para a instituição onde são equacionadas questões diversas de importância da vida física da casa. Sem encaminhamento destas tarefas a casa pode ruir materialmente. Além disso, podem, pela boa e equilibrada palavra, também envolver o visitante em uma atmosfera de bem-estar, prenunciando os benefícios que o visitante poderá obter, caso saiba bem aproveitar tudo o que é colocado à sua disposição.

Os trabalhadores das secretarias devem manter disciplina no falar e também durante as exposições – caso permaneçam em seus postos de atuação durante as preleções –, não se deixando distrair por pensamentos e palavras alheios aos objetivos de qualquer centro espírita.

Devem permanecer sempre atentos às muitas dúvidas e dificuldades vividas e relatadas por novos frequentadores nas lides espíritas, fornecendo também as primeiras explicações sobre o funcionamento da casa.

Este setor pode absorver a Recepção Fraterna.

 

Atendimento fraterno

Não há sombra de dúvida ser esta particular atividade de alto significado para o sucesso na missão da instituição. Para realizá-la só devem ser encaminhados trabalhadores que demonstraram durante alguns anos de serviço e estudos na instituição, de preferência em diferentes áreas, sólido conhecimento espírita, equilíbrio emocional, personalidade prestativa, boa vontade, entre outros.

O bom uso da palavra por esses voluntários é de capital importância, pois deverão construir uma relação de confiança com os interlocutores, em pouco tempo, de modo que o consulente se sinta à vontade para expor as variadas apreensões por eles enfrentadas.

Dissemos em pouco tempo, pois atendimento fraterno não é consulta psicológica de consultório médico. Embora alguns atendentes tenham tentado capacitar-se para tanto, a sala espírita é um ambiente de simplicidade e muita sinceridade, construído pelas boas palavras do atendente, que de modo algum precisa dominar técnicas psicológicas: o atendimento fraterno não concorre com o consultório psicológico.

A chave mestra para o sucesso nesta tarefa, que se baseia na boa condução das palavras, é a conexão mental do voluntário com o seu anjo da guarda para receber e identificar as intuições necessárias durante os atendimentos. Os Espíritos guias estão de posse de todas as informações pessoais dos visitantes, sabem exatamente como melhor abordar e responder aos relatos apresentados.

Nada de irritação, nem de reprovação, durante o trabalho. Afinal, o atendido deseja encontrar apoio para as suas dificuldades, possíveis soluções por meio de orientações seguras à luz do Espiritismo, e esclarecimentos variados sobre o funcionamento das leis de Deus, perfeitamente explicadas pelo Espiritismo, ou seja, aguardam a frase compreensiva e conveniente, estimuladora e de esperança.

Esta tarefa não pode ser franqueada a aventureiros, que mais desejam conhecer a vida alheia do que sinceramente ajudá-los em seus dilemas. Também não podem ser selecionados e aceitos por meio de superficiais treinamentos, fornecidos, às vezes, por trabalhadores que alegam conhecer o tema.

Esta tarefa é muito delicada para ser desempenhada por trabalhadores despreparados, possuindo apenas e unicamente a boa vontade, e os dirigentes que permitirem esta situação responderão por qualquer prejuízo causado por esses aprendizes de atendentes aos seus inquietos e sofridos consulentes.

 

Exposições

São os assim chamados carros chefe do centro espírita. Setor de suma importância, pois por meio das palavras, ditas durante uma apresentação, os ouvintes podem ser deslocados do inferno – onde possivelmente se encontram – para o ainda desconhecido céu, dependendo do tom e do conteúdo apresentado pelo palestrante. Possuem a capacidade de promover a esperança ou o desalento.

Sinceridade, autoridade, confiança assumem papel capital nesta atividade, uma vez que a casa pode não possuir a recepção fraterna, muito menos o atendimento fraterno, mas se a preleção é de qualidade do ponto de vista espírita, carregada de bons sentimentos, durante a exposição acontecem as duas tarefas anteriormente citadas, sem que haja absoluta necessidade da existência de ambas.

Para tanto, o expositor deve estar muito bem preparado para captar as intuições que chegam à sua mente, provenientes dos Espíritos dirigentes da Casa Espírita, pois estes sabem com perfeição o que a audiência precisa efetivamente escutar. É por esta razão que – e não é incomum – um participante qualquer da assembleia, ao final, confidenciar ao expositor que escutou exatamente o que precisava ouvir, justamente o que veio buscar, e não entende como aquilo aconteceu, sem que sequer o expositor tivesse preparado aquela particular explicação. Estes são exemplos do auxílio que vêm do Alto.

Em uma situação extrema de falta de trabalhadores, a única atividade que não pode faltar em uma Instituição de Espiritismo é a de exposições, pois sem esta a casa não pode atender o seu objetivo maior que é o de ensinar Espiritismo de modo que os ouvintes – encarnados ou desencarnados -, ao compreender as explicações e ensinos, possam buscar por si mesmos respostas ou explicações às suas dúvidas e dificuldades enfrentadas no cotidiano de suas vidas, sejam elas quais forem.

Os expositores agem como um semeador de palavras, sendo o campo de cultivo a mente dos ouvintes recebendo suas ideias e sonhos, portanto é preciso semear com cuidado e zelo de modo a ver frutificar a sementeira naqueles que os ouvem, motivo pelo qual a cátedra só deve ser entregue aos realmente capacitados, pois não há improviso nesta delicada atividade.

 

Estudos

Toda casa que possuir condições para tanto deve manter regulares programas de estudos espíritas, formando grupos de interessados em aprender a Doutrina Espírita. Esta prática facilita o aprendizado de todos.

Entretanto, o condutor da palavra espírita, o responsável por catalisar o processo de aprendizado do grupo, deve ser, como no caso dos expositores, também escolhido a dedo, pois ele será o intérprete da Doutrina para os novatos e, se ele não tiver condições de ensinar pela palavra os corretos postulados do Espiritismo, o prejuízo será enorme. Os aprendizes construirão fundamentos errôneos sobre a Doutrina e, edificando seus entendimentos sobre castelos de areia, fundados em pilares movediços, mais cedo ou mais tarde eles ruirão.

Assim, não se entende haver coordenadores de estudos que sejam homofóbicos, a favor do armamento da população para assegurar a própria segurança, misóginos, tendentes a dizer que é tudo a mesma coisa quando se trata das práticas religiosas. Todos esses desvios de personalidade e caráter não se coadunam com a essência espírita, que segue integralmente a moral cristã.

 

As atividades mediúnicas

Nesta área de atuação, a palavra também se reveste de cuidados especiais.

Para os dialogadores, doutrinadores ou esclarecedores a boca deve estar higienizada pelo hábito contínuo do uso da boa palavra. Ao conversar com as entidades desencarnadas, muitas habituadas a emitir expressões de rancor, reclamações, revestidas de ódio e mágoas diversas, o trabalhador precisa contrapor-se a essas frequências maléficas, emitindo boas vibrações pelo emprego do verbo equilibrado, criando assim melhor potencial para estabelecer sintonia com os interlocutores do lado de lá e anulando, mesmo que parcialmente, os fluidos negativos que as palavras torpes de Espíritos revoltados emitem quando se comunicam em uma reunião mediúnica. Atitudes e palavras violentas, impaciência ou desapreço ao comunicante precisam ser evitadas. De modo igual à tarefa do atendimento fraterno, a conversação não será longa em demasia, considerando a questão do tempo e a existência de outros possíveis comunicantes.

Como importante lembrança, no caso dos médiuns, alguns deixam escapar palavras rudes e imorais, expressões obscenas ou injuriosas, gritos ou interjeições grotescas, inadequados em qualquer situação, ainda mais em um encontro mediúnico, pois não têm domínio completo sobre si mesmos. E, quando isso ocorre, responsabilizam os Espíritos, alegando que eles é que desejam usar os chamados palavrões e o médium não consegue contrapor-se, não obtendo sucesso na filtragem das palavras chulas e de baixo calão. Com certeza, isso só ocorre por conta de ser o médium deseducado em sua vida íntima, empregando cotidianamente essas inadequadas palavras em seus regulares diálogos. Por conta desta realidade é que se pode afirmar que a mediunidade precisa ser desenvolvida, como qualquer outra faculdade, enquanto o médium precisa ser educado moralmente. O médium é sempre responsável pela comunicação que primeiro recebe e depois transmite, mesmo que seja inteiramente sonâmbulo.

 

Conclusão

Às áreas da Evangelização Infantil e de Mocidade se aplicam todas as recomendações anteriormente listadas, com destaque para a especialização dos trabalhadores para o correto trato com a mente infantil e juvenil.

Uma especial recomendação a todos os trabalhadores é não deixar de aderir à prática do que falam, vivendo aquilo que verbalmente transmitem. O exemplo é o maior agente de convencimento. Alguns se portam dignamente nas dependências da casa espírita onde militam, contudo, ao colocarem o pé fora da instituição, esquecem as belas palavras pronunciadas durante as atividades espíritas e passam a ser do mundo, atuando conforme o mundo age e pensa. As palavras devem ser confirmadas pelos atos, sem dúvida.

Quanto mais estivermos sintonizados com Jesus e seus colaboradores, mais força existirá em nossas palavras. A energia que passamos a carregar nas expressões verbais utilizadas na tentativa de nos fazer entender se multiplica e se depura. Passa a atingir em profundidade os ouvintes, em qualquer situação e local.

Por tudo isso o uso do verbo equilibrado é receita para o equilíbrio interno, tão escasso neste mar de vibrações irritantes, desconexas, perturbadas em que nos encontramos imersos, por conta das palavras rudes, grosseiras, de ódio e de revolta normalmente pronunciadas pelas massas, incluindo os palavrões deprimentes, agora de uso generalizado.

Se nos prepararmos melhor durante o dia, usando o verbo de modo útil e edificante, espalhando palavras de amor, sadia alegria e esperança aos que nos cercam, além de melhor nos apresentarmos para o trabalho espírita na casa escolhida – em qualquer setor -, contribuiremos para sanear a atmosfera psíquica do planeta pela caridade do verbo, consoante estas oportunas palavras de Emmanuel[3]:

Meditemos, pois, na importância do verbo e roguemos a Deus nos inspire, a fim de encontrarmos a porta adequada à palavra certa e sermos úteis aos outros, tanto quanto esperamos que os outros sejam úteis a nós.



[1] O Consolador - Ano 17 - N° 866 - 17 de Março de 2024 - https://www.oconsolador.com.br/ano17/866/especial.html

[2] BÍBLIA DE JERUSALÉM. Trad. Gilberto da Silva Gorgulho; et al. 8. ed. São Paulo: Paulus Editora, 2012.

[3] XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 15ª. Matão/SP: Casa Editora O Clarim, 2014. A porta da palavra.

quinta-feira, 28 de março de 2024

SOFRIMENTO ETERNO[1]

 


Miramez

 

A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna?

− Sem dúvida, se ele fosse eternamente mau, ou seja, se jamais tivesse de se arrepender nem de se melhorar. Então sofreria eternamente. Mas Deus não criou seres eternamente voltados ao mal. Criou-os apenas simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade. Esta pode ser mais ou menos retardada, assim como há crianças mais ou menos precoces, mas cedo ou tarde ela se manifesta por uma irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da sua inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é portanto eminentemente sábia e benevolente, pois subordina essa duração aos esforços do Espírito, jamais lhe tirando o livre arbítrio: se dele fez mau uso, sofrerá as consequências disso. (SÃO LUÍS)

Questão 1006 / O Livro dos Espíritos

 

Não existe pena eterna para o Espírito. Certas religiões costumam amedrontar seus fiéis com penas eternas, porém, isto não existe, porquanto Deus é onisciente. Quando Ele nos criou, já sabia dos nossos destinos. Quando surgimos, foi na condição de simples e ignorantes, mas, com o passar do tempo, fomos despertando para a luz dos conhecimentos com certa liberdade de escolha. Se escolhemos mal as oportunidades, sofremos as consequências do mal que fizemos.

Podemos até dizer que o sofrimento é eterno, no entanto, a mesma alma não fica nele eternamente. Cada um sente o que precisa para o seu devido despertamento espiritual. O Espírito não tem condições de ser eternamente mau, por isso que não pode sofrer eternamente.

Seria um absurdo a alma ficar em zonas inferiores para sempre. Então as mãos que nos criaram, nos fizeram desiguais, algumas com predisposição para o mal e outras para o bem? O bem somente surge no coração das criaturas pela presença da maturidade espiritual, diante de múltiplas reencarnações, forja essa que leva o Espírito a saber discernir o bem do mal, a compreender a bondade de Deus e a respeitar as Suas leis.

Não acreditamos que certos indivíduos sejam materialistas; eles não o são porque as leis naturais da vida estão gravadas em todos, por determinação do Criador, e elas vibram nos corações como luz de Deus para lembrança da verdade.

Ao leitor, convidamos a meditar na natureza, nos fenômenos que a vida apresenta, desde o que envolve a menor partícula, até os acúmulos de estrelas. Deves olhar demoradamente, do grão de areia a toda a Terra, onde em tudo circula a vida com o esplendor daquele que tudo fez, e notarás entendimento em todas as coisas e a Inteligência Divina movendo tudo. Já meditaste sobre como se formam os teus pensamentos? De onde eles vieram? No teu organismo de carne, nas próprias células que trabalham corno motores divinos que recebem o toque de alguém e dão cumprimento às ordens?

Podes mudar de ideias; ao invés de sofrimento eterno, deves falar que temos trabalhos eternos. Quanto mais crescemos em Espírito, mais trabalhamos para a nossa harmonia e a de todas as criaturas. Harmonia com Jesus é amor com Deus. Isso é muito bom para a paz de todos nós.

Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador.

l Timóteo, 2:3

Tudo o que o Evangelho de Jesus nos apresenta é muito bom diante da consciência, por nos levar à paz interna. Quantos já experimentaram e estão vivendo felizes; conquistaram a si mesmos, amando e servindo sem distinção, criando condições elevadas para manter, a dignidade no coração! Deus nos criou adormecidos diante das leis naturais para progredir, e o tempo nos vai acordando.

Modificar a lei que nos garante a vida, não é nossa pretensão. Somente quem pode mudar a lei é o Criador, mesmo assim Ele não o faz, porque já as fez com toda a perfeição para a eternidade afora.

Não deves fazer mau uso destas leis, que as consequências serão terríveis, e a alma, mesmo por ignorância, passará a sofrê-las a fim de despertar. As faltas nos trazem tristeza, e a pureza d'alma converte-se em alegrias duradouras.



[1] Filosofia Espírita – Volume 20 – João Nunes Maia

quarta-feira, 27 de março de 2024

SONHOS E PES[1]

 



David Saunders

 

Os sonhos são de interesse para os pesquisadores psi devido à frequência de relatos de PES que dizem ocorrer no estado de sonho[2]. A forma mais comum é o sonho precognitivo[3], que revela informações do futuro: algo que atualmente não é conhecido pelo sonhador e que mais tarde se descobre ser verdadeiro (ou, na terminologia parapsicológica, verídico). Conteúdo sugestivo de telepatia também é comumente relatado em sonhos.

 

História dos Sonhos e PES

Culturas históricas como os assírios, os babilônios, os egípcios e os primeiros gregos consideravam os sonhos uma fonte de comunicação com o divino. Os sonhos ofereciam orientação e advertências, ou transmitiam a vontade dos deuses, tornando-os de grande importância[4], a ponto de influenciar assuntos de Estado[5]. Dois antigos papiros egípcios, o 'Deral-Madineh' e o 'Chester Beatty' – criados por volta de 2.000 a.C. e 1.300 a.C., respectivamente[6] – descrevem a revelação divina sendo dada por influência aparentemente telepática, com exemplos de sonhos e interpretações como bons ou maus presságios. Oneiromancia – a prática de tentar comunicação através de sonhos[7] – era comum nessas culturas antigas, sugerindo que seus povos possuíam uma crença conceitual em sonhos de PES.

As crenças orientais durante este período diferiam ao atribuir os sonhos não a uma fonte divina, mas à alma do sonhador. Na literatura védica de cerca de 1500 a 1200 a.C., os sonhos são descritos como um estado intermediário entre este mundo e o mundo do espírito, quando a alma adormecida deixa o corpo e observa os dois mundos simultaneamente[8].

 

A Naturalização do Sonho Sobrenatural

A interpretação oriental dos sonhos foi introduzida na Grécia já em 500 a.C.[9]. Pouco depois, Demócrito (460 a 370 a.C.) iniciou o que tem sido referido como “a naturalização do sonho sobrenatural”[10], argumentando que os sonhos não eram divinos e que os sonhos, tal como tudo o que existe, eram inventados inteiramente de 'átomos' minúsculos. No que foi visto como a primeira teoria física da telepatia[11], Demócrito sugeriu que esses átomos emitiam imagens de si mesmos, compostas também por mais átomos, que poderiam ser projetadas de um indivíduo para outro através dos poros da pele, particularmente quando em um estado emocional aumentado. Quanto maior o grau de excitação emocional, maior o nível de vibração do átomo e mais claras e vívidas serão as imagens vivenciadas pelo sonhador.

Aristóteles (384 a 322 a.C.) também rejeitou a interpretação divina dos sonhos, mas não concordou com a teoria baseada no átomo de Demócrito. Discutindo sonhos verídicos (aqueles que forneciam informações verdadeiras sobre eventos desconhecidos para o sonhador), ele argumentou que a comunicação telepática reflete o efeito cascata de uma pedra lançada em um corpo de água parada, com a informação viajando como ondas através do ar até a mente de um sonhador. Uma onda pode ocorrer a qualquer momento, pensava Aristóteles, mas é percebida com mais frequência à noite, sendo um momento mais tranquilo, quando há menos interferência ambiental para impedir que ela atinja a mente de outra pessoa; há também menos interferência interna, pois a atenção do sonhador está voltada para dentro. Elementos dessas ideias antecipam o “modelo de redução de ruído” do funcionamento da PES sustentado pelo parapsicólogo experimental de hoje em um grau surpreendente[12].

O pensamento de Demócrito e Aristóteles teria permitido testes objetivos, mas pouco foi feito para o desenvolver e, por volta de 200 d.C., foi largamente desconsiderado. Nessa época, Artimedoro de Éfeso escreveu seu famoso tratado de cinco volumes chamado Oneirocritica, “a interpretação dos sonhos”, a mais abrangente tentativa inicial de fornecer diretrizes interpretativas[13], e que antecede em muitos séculos a obra-prima de Freud com o mesmo nome. Artimedorus não atribuiu a crença de que os sonhos vinham do divino, argumentando, em vez disso, que foram gerados pelo sonhador. Mas ele considerou que eles poderiam, no entanto, funcionar como um meio de ver locais e épocas diferentes, embora não tenha proposto nenhuma teoria detalhada para explicar o processo subjacente.

 

A idade média

Na Idade Média, as religiões judeu-cristãs retornaram à antiga crença de que os sonhos se originavam de uma fonte divina. Pensadores como Sinésio de Cirene, Santo Agostinho, Gregório de Nissa e São Tomás de Aquino, entre muitos outros, consideravam os sonhos uma importante fonte de informação, mas no que diz respeito aos sonhos extra-sensoriais divergiam quanto à sua fonte e significado. Ao longo dos séculos seguintes, os sonhos foram cada vez mais vistos como domínio de demônios, que podiam entrar neles para manipular as pessoas (Martinho Lutero implorou a Deus que não falasse com ele em seus sonhos, pois não tinha certeza se as mensagens eram dele mesmo ou do Diabo). Esta foi uma “era das trevas” para os esforços filosóficos e científicos no sentido de compreender os sonhos[14].

 

Coleções de casos espontâneos Sonhos PES

A aversão à consideração acadêmica do sonho começou a mudar com o Iluminismo. À medida que as pessoas deixavam de recorrer à igreja para explicar a realidade e o papel dos demônios diminuía, surgiu uma nova disposição para investigar a natureza dos sonhos extra-sensoriais. Isto foi auxiliado por ferramentas científicas recentemente desenvolvidas: experiências, observação e medição sistemáticas, juntamente com a formulação, teste e modificação de hipóteses, ofereceram uma nova estratégia para aqueles que desejavam desvendar os segredos dos sonhos. O primeiro passo foi identificar o fenômeno em seu ambiente natural por meio da criação de coleções espontâneas de casos. Os casos espontâneos, embora não repetíveis e propensos a vieses de relato e observação, revelam características comuns que ajudam a informar o desenho experimental e a formulação de hipóteses testáveis.

 

Critérios de Symonds para avaliar sonhos proféticos

No seu livro Sleep and Dreams (1851)[15], o poeta e crítico literário John Symonds definiu o sonho “precognitivo” (como os investigadores psíquicos mais tarde se referiram a ele) como “profético”, apoiando a visão anterior de uma fonte divina. Seus critérios de evidencialidade eram que o conteúdo retratasse com precisão um evento futuro e pudesse ser mais confiável se a confirmação vier de uma fonte diferente do sonhador. Symonds alertou sobre a tendência de os detalhes serem distorcidos em relatos de segunda mão; ele também considerou explicações alternativas, como a coincidência casual e a incorporação de informações que haviam sido previamente captadas inconscientemente.

 

Fantasmas dos Vivos

Os sonhos paranormais tornaram-se objeto de investigação científica genuína com a fundação da Sociedade de Pesquisa Psíquica (SPR) em 1882. No início, seus membros precisavam definir e classificar uma ampla gama de fenômenos anômalos relatados e desenvolver padrões empíricos com relação a a notificação e observação de casos.

Em 1886, a SPR publicou um trabalho em dois volumes intitulado Phantasms of the Living, de autoria de Edmund Gurney, Frederic Myers e Frank Podmore[16], que descreve e analisa 149 casos individuais de experiências oníricas telepáticas relatadas. Um exemplo típico é o seguinte:

Em 1874, quando estudava para a faculdade, visitei frequentemente um homem chamado William Edwards (de Llanrhidian, perto de Swansea), que estava então gravemente doente; ele muitas vezes professava prazer e benefício de meus cuidados. Ele finalmente se recuperou a ponto de retomar o trabalho. Saí da vizinhança e, em meio a novas cenas e muito trabalho, não posso dizer que alguma vez tenha pensado nele. Eu estava na faculdade há cerca de 12 meses, quando uma noite, ou melhor, de manhã cedo, entre 12h e 3h, tive um sonho muito vívido. Pareceu-me ouvir a voz do acima mencionado William Edwards me chamando em tom sério. Em meu sonho, parecia que eu estava indo até ele e o vi com bastante clareza. Orei com ele e o vi morrer. Quando acordei o sonho parecia intensamente real, tanto que notei a hora, 3h da manhã. Não consegui esquecer e contei todos os detalhes para alguns amigos da faculdade. No dia seguinte recebi uma carta da minha mãe, com este PS: O sino está tocando; temo que o pobre William Edwards esteja morto. Após investigação, descobri que ele morreu entre 12h e 3h; que ele frequentemente expressava o desejo de que eu estivesse com ele. Eu não tinha ideia de que ele estava doente[17].

Os autores do livro eram investigadores eruditos e competentes, e dedicaram recursos consideráveis ​​para corroborar esse tipo de testemunho. Embora uma compreensão mais recente dos processos em ação nos sonhos enfraqueça a evidência de alguns casos, a coleção continua a fornecer fontes úteis para o fenômeno dos sonhos telepáticos. Os percipientes tendiam a negar possuir qualquer sensibilidade psíquica ou ter experimentado sonhos semelhantes no passado, o que ampliava o seu impacto. Na grande maioria dos casos, os pares agente e percipiente eram amigos ou relacionados de alguma forma.

Setenta e nove dos casos, pouco mais da metade, diziam respeito ao tema morte. Dado que os sonhos de morte constituem uma pequena fração de todos os sonhos, é de esperar que aqueles que coincidem com uma morte real representem uma proporção igualmente diminuta de todos os sonhos relatados que se tornam realidade por mero acaso. Os autores apontaram que o total real estava muito acima do que seria esperado por coincidência e, portanto, defenderam o funcionamento de uma agência telepática. O raciocínio deles foi o seguinte:

Sonhos de conteúdo tão definido como os sonhos de morte oferecem uma oportunidade de determinar qual é a sua frequência real e, assim, de estimar se os espécimes que coincidiram com a realidade são ou não mais numerosos do que o acaso permitiria. Com vista a tal estimativa, um grupo de amostras de 5.360 pessoas, escolhido aleatoriamente, foi questionado sobre as suas experiências pessoais; e, de acordo com o resultado, as pessoas que tiveram um sonho vividamente angustiante com a morte de um parente ou conhecido, nos 12 anos de 1874 a 1885, equivalem a cerca de 1 em 26 da população. Tomando este dado, mostra-se que o número de coincidências do tipo em questão que, segundo a lei das probabilidades, deveriam ter ocorrido nos 12 anos, entre uma parcela da população ainda maior do que aquela a partir da qual podemos supor nossa evidência telepática a ser extraída é apenas 1. Agora, (levando em conta apenas os casos em que nada ocorreu que sugerisse o sonho de maneira normal), encontramos 24 dessas coincidências, ou seja, um número 24 vezes maior do que seria eram esperados com base na hipótese de que a coincidência se deve apenas ao acaso.

Descobriu-se que outro grande grupo de tais sonhos dizia respeito a uma emergência geral e não a uma morte real, enquanto um grupo menor dizia respeito a assuntos triviais. No geral, os autores concluíram que, embora as evidências não fornecessem provas conclusivas, eram fortemente sugestivas de uma agência telepática, apontando para a necessidade de uma investigação mais aprofundada. Também recomendaram uma maior coleção de casos para esclarecer seu valor probatório. Desde então, as características comuns que observaram refletiram-se em grandes levantamentos de fenômenos espontâneos, o que, no mínimo, indica um elevado grau de consistência nas características das experiências[18].

 

Eleanor Sidgwick

Eleanor Sidgwick foi diretora do Newnham College, Universidade de Cambridge, e esposa do primeiro presidente da SPR, Henry Sidgwick, o filósofo e economista utilitário. Sidgwick realizou uma análise semelhante a Phantasms of the Living, focando em evidências de premonição onírica[19]. De um conjunto de 240 casos de premonições relatados, ela selecionou 38 de melhor qualidade probatória, dos quais 24 eram sonhos, concluindo que as evidências que forneciam para premonições oníricas eram sugestivas, mas longe de serem conclusivas, e mais fracas do que as evidências até então coletadas em apoio à premonição. telepatia (a sua análise também reitera as fragilidades deste tipo de dados que são descritas com maior detalhe em Fantasmas)[20].

 

J.W. Dunne

Em 1927, J.W. Dunne, um engenheiro aeronáutico britânico, tornou-se o primeiro investigador a publicar um estudo sistemático sobre precognição[21]. Dunne ficou intrigado com o conteúdo precognitivo em alguns de seus próprios sonhos e manteve um registro abrangente para identificar ligações com ocorrências do mundo real. Uma característica importante dos sonhos de Dunne era que a correspondência não era com o evento real, mas com a experiência subjetiva dele, por exemplo, lendo sobre isso nos jornais no dia seguinte. Num caso deste tipo, ele sonhou que um grupo de soldados maltrapilhos e queimados de sol lhe informou que tinham acabado de cruzar com sucesso o continente africano; na manhã seguinte, ele leu no Daily Telegraph sobre a bem-sucedida expedição de Lionel Decle do Cabo ao Cairo. Em outro sonho, ele tentou salvar milhares de pessoas de uma ilha vulcânica em erupção; pela manhã leu uma reportagem sobre a erupção do Mont Pelée na Martinica. A partir de uma análise cuidadosa de tais experiências oníricas, Dunne finalmente formulou uma teoria do “tempo serial”.

 

Louisa Reno

Uma investigadora ativa dos fenômenos psi espontâneos foi Louisa Rhine, esposa e colega de Joseph Banks Rhine, o fundador da moderna parapsicologia experimental. Ao longo de várias décadas, Louisa Rhine coletou mais de dez mil casos espontâneos sugestivos de psi, a maioria enviados a ela por correio por percipientes em resposta a artigos da imprensa; estes se tornaram a base de vários livros e artigos[22]. Na sua revisão final, Rhine concluiu que 65% de todas as experiências de PES ocorreram em sonhos, um número que foi confirmado por muitos outros estudos mais pequenos, a maioria dos quais varia entre 60-70%[23].

Rhine também observou que a maioria das experiências precognitivas ocorre em sonhos: dos 1.324 relatos sugestivos de precognição, ela identificou 60% como “sonhos realistas” (isto é, sonhos que correspondem estreitamente ao evento confirmador[24]); 15% como “sonhos irrealistas” (aqueles inspirados em parte pela imaginação, fantasia ou simbolismo[25]); 20% de intuições; e 5% alucinações (auditivas, táteis, olfativas ou visuais, sendo estas últimas as mais comuns).

 

Críticas e Conclusões

Os primeiros investigadores foram cautelosos quanto à extensão em que o testemunho subjetivo do sonho poderia ser considerado uma evidência do funcionamento psi. Symonds foi um dos primeiros a salientar que o grande número de sonhos que são sonhados todas as noites significa necessariamente que, de vez em quando, um sonho coincidirá por puro acaso com um evento futuro do mundo real[26].  No entanto, Sidgwick argumentou que esta objeção se torna menos persuasiva se a correspondência entre o conteúdo do sonho e o evento ocorrer num curto espaço de tempo[27]. Além disso, quanto mais detalhes coincidirem, menos provável será que a correspondência seja puramente uma questão de coincidência casual.

Gurney, Myers e Podmore, os autores de Phantasms of the Living, concordaram que o testemunho do sonho poderia ser menos confiável do que o relato de uma alucinação desperta com as mesmas propriedades, sendo a memória dos sonhos qualitativamente menos vívida e precisa do que a nossa memória para as  experiências de vigília.[28], [29]. Quando uma pessoa julga a correspondência de um sonho com um evento real, as memórias geralmente fragmentárias da experiência onírica significam que pode haver uma tendência a importar inconscientemente outras memórias associadas na tentativa de formular uma narrativa coerente. Este fenômeno de falsa memória e confabulação está bem documentado na psicologia social e cognitiva[30] e é de esperar que os sonhos, com a sua natureza mais fragmentária do que as memórias despertas, sejam especialmente propensos a este tipo de erro. Nem é completamente aliviado por testemunhos corroborantes, uma vez que detalhes que uma segunda pessoa diz terem sido descritos antes de a correspondência se tornar conhecida podem na verdade ter sido recontados posteriormente – um detalhe lembrado falsamente[31].

Até que ponto tais fraquezas naturais podem invalidar os consideráveis ​​conjuntos de casos espontâneos de sonhos extra-sensoriais varia de uma pessoa para outra. A maioria dos pesquisadores psi encontra na forte consistência das características o apoio à noção de que o estado de sonho é propício ao psi. Os casos espontâneos continuam, portanto, a desempenhar um papel importante na orientação da investigação científica, oferecendo insights sobre o contexto da vida real daqueles que os vivenciam e fornecendo orientação vital para futuros trabalhos teóricos e experimentais.

 

Pesquisa Experimental Inicial

Sua Majestade Weserman

A primeira experiência registrada em experiências oníricas induzidas telepaticamente foi conduzida em 1819 por H.M. Weserman, um inspetor do governo alemão[32]. Weserman estava interessado nos conceitos do mesmerismo (o precursor do hipnotismo) e conduziu estudos informais. Assumindo o papel de agente, tentou usar o 'magnetismo animal' para influenciar os sonhos de amigos, que mais tarde lhe descreveram o que haviam vivenciado. Num desses estudos, realizado a uma distância de cinco quilômetros, Weserman relata:

Madame W., durante o sono, ouviria uma conversa entre mim e duas outras pessoas, relativa a um certo segredo; e quando a visitei no terceiro dia, ela me contou tudo o que havia sido dito e mostrou seu espanto com esse sonho notável.

Weserman reivindicou sucesso em cinco experimentos. No entanto, a comunidade científica foi desdenhosa e não foram feitas tentativas de replicar as descobertas.

 

Experimentos de Ermacora

Em 1895, um italiano chamado G.B. Ermacora, cuja formação era física, tentou induzir sonhos telepáticos, mas empregando um projeto experimental um tanto questionável[33]. Sua principal participante, uma médium conhecida como Signorina Maria Manzini, tinha um controle de transe chamado Elvira. Com Manzini em estado de transe, Ermacora descreveu a Elvira uma narrativa que iria induzir telepaticamente em Angelina, prima de quatro anos da médium. Mais tarde, Angelina relatou sua experiência de sonho à médium, que por sua vez informou Ermacora. As correspondências eram impressionantes, mas os experimentos foram planejados de tal forma que poderiam ter permitido ao médium trapacear e, portanto, permanecer apenas de interesse histórico.

 

Ullman e Dale

Durante o início da década de 1950, Montague Ullman, psiquiatra, psicanalista e parapsicólogo, trabalhou com a parapsicóloga Laura Dale em uma série de experimentos exploratórios. Ullman geralmente agia como agente, tentando influenciar os sonhos da adormecida Dale. Eles usaram um dormifone, um aparelho projetado para despertar a pessoa que dormia em intervalos e reproduzir uma mensagem gravada que pudesse estimular o sonho (experimentaram diferentes sons, tons e frases para ver se algum deles era especialmente eficaz). Nas noites de teste, foram registrados diários de sonhos abrangentes. Ullman relata que os resultados foram encorajadores o suficiente para continuarem por vários anos, embora nenhuma análise estatística tenha sido realizada sobre os dados.

A descoberta em 1953 por Aserinsky e Kleitman do sono de movimento rápido dos olhos (REM) permitiu aos cientistas, pela primeira vez, identificar objetivamente quando precisamente um indivíduo está sonhando[34]. Isto levou Ullman a ponderar se uma pessoa adormecida poderia produzir sonhos telepáticos relacionados com um objeto-alvo pré-selecionado sendo “enviado” por um experimentador, num momento correspondente à entrada da pessoa adormecida num estado de sonho. Essa técnica teve o benefício adicional de ajudar a garantir que o máximo possível de pensamentos oníricos fosse relatado, uma vez que o pesquisador saberia quando um período de sonho havia terminado e poderia acordar imediatamente o participante.

Em 1959, Ullman conheceu a médium Eileen Garrett, presidente e fundadora da Parapsychology Foundation, uma organização dedicada a encontrar uma explicação científica para os fenômenos psi. Garrett forneceu dois quartos para uso de Ullman e dos colegas Karlis Osis e Douglas Dean, junto com fundos para um técnico realizar testes noturnos. Ela também pagou a compra de um equipamento polissonográfico, que mede ondas cerebrais, movimentos oculares e respiração, como forma de classificar os estágios do sono. 

Garrett participou de alguns estudos iniciais e alcançou sucessos marcantes[35]. Outros participantes foram estudantes, amigos e colegas dos pesquisadores. Descobriu-se que os indivíduos diferiam amplamente em sua capacidade de incorporar estímulos telepáticos em seus sonhos. Para Ullman, esses estudos demonstraram a utilidade da metodologia para encontrar explicações para sonhos aparentemente extra-sensoriais[36].

 

Maimônides

Encorajado por esses sucessos, em 1962, Ullman criou o Laboratório dos Sonhos no Maimônides Medical Center, Brooklyn[37], onde ele e seus colegas realizaram o que se tornaria uma das investigações mais conhecidas sobre a existência de psi. A metodologia existente foi refinada para eliminar qualquer possibilidade de pistas sensoriais em relação ao alvo atingir o percipiente. Para garantir que o julgamento das correspondências entre a imaginação onírica e o alvo fosse completamente independente, foram tomadas providências para que indivíduos cegos ao experimento realizassem o julgamento externamente em diferentes instituições.

A metodologia central seguiu o conceito inicial de Ullman e Dale, o receptor dormindo em uma sala com atenuação sonora e conectado ao equipamento de monitoramento. Quando o receptor estava dormindo, um alvo era selecionado aleatoriamente de um conjunto de imagens que eram semanticamente e visualmente distintas e possuíam cor, vivacidade e intensidade emocional. O alvo, dentro de um envelope lacrado, foi entregue ao remetente, que foi trancado em uma segunda sala, também com isolamento acústico, a cinquenta metros da sala ocupada pelo receptor. Quando o aparelho de monitoramento mostrou que o dorminhoco estava entrando em atividade REM, uma campainha sinalizou ao remetente para abrir o envelope e começar a focar sua intenção de enviar a imagem para a mente do receptor. Perto do final do período REM, o experimentador acordou o receptor e pediu uma descrição de qualquer pensamento onírico. O receptor então voltou a dormir e o processo foi repetido, usando o mesmo alvo.

De manhã, o receptor recebeu de oito a doze gravuras artísticas, uma das quais era o verdadeiro alvo, e foi solicitado que fornecesse um índice de confiança para cada uma delas, além de classificá-las em termos de correspondência com a mentalização do sonho. Cópias das transcrições dos sonhos e do conjunto de imagens também foram enviadas a juízes independentes, que completaram a mesma tarefa. Suas classificações foram combinadas. Uma tentativa foi considerada um 'acerto binário' se o alvo fosse classificado na metade superior e um 'erro binário' se classificado na metade inferior, permitindo a análise estatística para comparar as taxas de acerto com a expectativa média de chance.

Antes do laboratório fechar em 1978, a equipe de pesquisa de Ullman conduziu três estudos piloto, investigando telepatia, precognição e clarividência, respectivamente, e mais treze estudos formais[38],  dos quais onze foram projetados para investigar telepatia e os dois restantes, precognição.

 

Descobertas

O sucesso foi especialmente evidente no caso de indivíduos altamente motivados com excelente recordação de sonhos. Um deles foi Robert Van de Castle, que participou de oito testes durante semanas. Com base no seu próprio julgamento, Van de Castle acertou em cheio em seis das oito tentativas: isto é, com base no que sonhou, identificou com precisão qual das oito imagens o remetente tentara transmitir-lhe enquanto ele estava dormindo. As probabilidades de isso acontecer por acaso foram avaliadas em dez mil para um. Um juiz independente, trabalhando com a transcrição de Van de Castle de seu sonho, acertou corretamente cinco dos oito julgamentos.

Um dos sucessos diretos envolveu uma gravura intitulada “Homem com flechas e companheiro”, do pintor indiano do século XVII, Bichitir. A pintura mostra três homens sentados no chão do lado de fora de uma casa, um deles segurando arco e flecha; uma estaca com uma corda amarrada é visível ao fundo; outros fios de corda podem ser vistos em primeiro plano. O homem sentado na frente segura uma estaca por cima do ombro. Van de Castle relatou seis sonhos durante a noite, o primeiro a seguir:

A primeira imagem parece ser uma espécie de rolinho de cama, e isso me fez pensar em 'western'…. Isso desapareceu por um minuto e então a imagem seguinte pareceu ser como se eu estivesse passando por algumas portas e parados bem à minha frente estivessem três homens. Eles estavam igualmente distantes, talvez cerca de dois metros um do outro. Eles vestiam camisas azuis de manga curta e boinas e pareciam muito durões. Acredito que eles seguravam rifles, mas os rifles estavam abaixados ao lado do corpo, como se a coronha do rifle estivesse apoiada no chão. Então parece que a palavra 'pistoleiro' surgiu... Um cenário que é estrangeiro, rural ou ocidental e no qual há violência implícita[39].

Seus sonhos posteriores tiveram conteúdo mais curto, mas continuaram com um tema de tipo ocidental; a corda apareceu significativamente em cada um deles[40].

Numa revisão dos estudos de Maimônides em 1985, Child[41] considerou os resultados com base no número de acertos e erros binários. Ele concluiu que, quando vários segmentos dos dados foram considerados separadamente, eles produziram evidências significativas de que os sonhos do receptor se assemelhavam mais ao alvo real escolhido aleatoriamente do que a outras imagens dentro do conjunto.

Uma meta-análise posterior de 450 ensaios de Maimônides, com base nas avaliações cegas dos juízes, concluiu que a taxa global de sucesso era de 63%, com uma expectativa média de chance de 50%. As probabilidades associadas disso são de 75 milhões para 1[42].

A significância estatística demonstra a probabilidade de um resultado ocorrer por acaso, mas não fornece uma indicação da dimensão do efeito para o que está a ser observado. Para remediar esta situação, dois parapsicólogos, Sherwood e Roe, conduziram uma revisão dos estudos de Maimônides[43]  e calcularam o tamanho do efeito global em 0,33. Aqui, um tamanho de efeito positivo indicaria que os resultados estão acima das expectativas aleatórias, um tamanho de efeito negativo abaixo das expectativas aleatórias. Em termos de escala, um efeito pequeno é geralmente considerado 0,1, um efeito médio 0,3 e um efeito grande 0,5[44]. Os autores concluem que os resultados dos estudos de Maimônides não só fornecem um desempenho muito acima da expectativa do acaso, mas também fornecem evidências de um efeito de dimensão comparável aos efeitos considerados significativos na investigação psicológica convencional.

 

Críticas

Child relata que a avaliação dos resultados da investigação se tornou problemática porque a análise inicial dos dados foi passada a vários consultores e os dados originais já não podem ser obtidos para análise[45]. Clemmer argumentou que, em alguns dos estudos anteriores, as classificações cegas dos juízes podem não ter sido totalmente independentes, uma vez que havia o potencial para derivar pistas sobre as identidades dos alvos a partir de outras transcrições[46]. No entanto, Krippner argumenta que isto não explica a exatidão dos próprios participantes, nem poderia ser considerado aplicável a estudos posteriores onde pistas potenciais foram editadas a partir de transcrições, que além disso foram apresentadas aos juízes cegos numa ordem aleatória[47].

Clemmer sugere ainda que a fraude pode ser uma explicação potencial, embora ainda não tenha sido apresentada uma explicação plausível de como isso seria alcançado na prática[48].

A crítica mais significativa diz respeito à relativa escassez de replicação independente, que os céticos afirmam negar os experimentos dos sonhos de Maimônides como evidência de telepatia[49], [50] .    Até o momento, sete estudos de replicação foram relatados por pesquisadores de outros laboratórios. Os resultados foram significativos em apenas dois casos[51], não significativos em quatro casos[52]; e ambíguo em um caso[53].

Contudo, como é frequentemente o caso na parapsicologia experimental, não é claro exatamente que conclusão deve ser tirada disto, uma vez que os desvios do protocolo original significam que vários deles podem ser considerados não mais do que replicações conceituais[54]. Krippner argumenta que se fossem tentados estudos longitudinais, com as mesmas variáveis ​​investigadas durante um período prolongado, os resultados seriam mais esclarecedores[55].

 

Sonho PES fora do laboratório

A principal razão para a escassez de tentativas genuínas de replicação é o alto custo da realização de pesquisas em laboratórios do sono. No entanto, alguns investigadores, encorajados pelas descobertas de Maimônides, procuraram protocolos experimentais menos dispendiosos e trabalhosos. Isto levou a uma mudança no sentido de usar a própria casa do participante como laboratório do sono. 

Embora os estudos de PES sobre sonhos em casa variem, eles compartilham características comuns em sua metodologia. O uso de um programa de software personalizado para realizar a randomização e seleção do alvo, e a base sobre a qual os alvos potenciais são selecionados, permanecem geralmente inalterados em relação aos estudos originais de Maimônides. Tendo o alvo sido selecionado, em um estudo de telepatia ele é então mostrado ao remetente na tela do computador. Depois de acordar, o receptor anota o máximo do conteúdo do sonho que pode ser lembrado e envia uma cópia da mentalização ao pesquisador antes do início do julgamento (garantindo assim que nenhum detalhe da mentalização do sonho possa ser alterado). O período de julgamento ocorre mais tarde no mesmo dia, onde o participante visualizará um grupo de alvos potenciais, que contém o alvo real, e os avaliará pela correspondência com suas contas de sonho.

Uma desvantagem em relação à investigação laboratorial é a perda de um grau considerável de controle, por exemplo, na capacidade de acordar os participantes após cada sessão de sonho. Os participantes têm que registrar quais fragmentos conseguem lembrar ao acordar pela manhã, o que significa um conjunto bastante reduzido de informações sobre sonhos. Uma vantagem é que o participante não precisa se aclimatar ao ambiente artificial do laboratório do sono. Mas o principal benefício de um estudo domiciliário é a redução de custos e de mão-de-obra, o que os torna mais fáceis de realizar.

Até o momento, vinte e nove estudos formais foram publicados desde a era Maimônides[56]. Ao contrário dos estudos de Maimônides, que se centraram principalmente na telepatia, a maioria dos estudos subsequentes centraram-se na clarividência, em grande parte porque esta exclui a necessidade de um remetente, eliminando a necessidade de proteção contra fugas sensoriais.

 Um exemplo é um estudo de 1999 realizado por Dalton, Steinkamp e Sherwood, que atuaram como participantes nas suas próprias experiências em trinta e dois ensaios. Os três mantinham diários detalhados de sonhos, que completavam no final de cada noite de teste. Pela manhã, no laboratório, o software selecionou automaticamente quatro alvos aleatoriamente e os apresentou na tela. Os alvos foram classificados pela sua correspondência com a mentalidade do sonho, individualmente e depois como consenso de grupo.

Verificou-se que os participantes tiveram mais sucesso com alvos altamente emocionais. A taxa de acerto direto foi significativa para os julgamentos de consenso, quinze dos trinta e dois ensaios corretos (46,8%), onde 25% seriam esperados por acaso[57].

Todos os vinte e nove estudos estão detalhados na meta-análise de Sherwood e Roe. Isto também calcula um tamanho de efeito global de 0,11 para os estudos combinados, menor que o efeito Maimônides, mas ainda significativamente maior do que seria esperado que ocorresse por acaso[58]. As possíveis causas para a disparidade podem ser as diferenças metodológicas, levando a menos imaginação onírica e menos sonhos lembrados em geral; também, diferenças nas medições psi aplicadas e o foco geral em diferentes formas de PES. Outro fator possível é a escolha dos participantes: os estudos de Maimônides mais bem-sucedidos foram fornecidos por indivíduos psiquicamente aptos, como Van de Castle. Em contraste, os estudos pós-Maimônides utilizaram estudantes universitários, os próprios experimentos ou outros sem nenhuma capacidade psíquica anteriormente reivindicada.

Além do efeito global, estes estudos empregaram uma série de fatores metodológicos e “orientados para o processo”, num esforço para desenvolver protocolos de testes mais bem sucedidos. Esses elementos foram:

§  expectativa do participante[59] 

§  conteúdo emocional do alvo ou ligação emocional entre pares emissor-receptor[60]

§  julgamento de consenso do grupo[61]

§  características de personalidade do participante[62] 

§  comparando o desempenho do sonho PES com outros métodos experimentais comuns, como o ganzfeld[63].

 

Em estudos posteriores, as novas tecnologias de comunicação reduziram a necessidade de proximidade física, permitindo a seleção de participantes a partir de bases amostrais mais amplas. Alarmes poderiam ser configurados para acordar quem está dormindo, e um conjunto de alvos potenciais poderia ser enviado ao smartphone do participante para que eles pudessem fazer julgamentos imediatos ao acordar[64]. 

Sherwood e Roe concluem que a pesquisa de PES nos sonhos continua sendo um caminho promissor, embora um tanto negligenciado, de investigação parapsicológica. Eles descrevem várias melhorias metodológicas para estudos futuros, incluindo um foco em potenciais fatores orientados ao processo para determinar o papel que estes podem desempenhar no desempenho bem-sucedido da PES dos sonhos.

James Alcock, professor de psicologia e crítico da parapsicologia, criticou a revisão de Sherwood e Roe por se basear em dados que eram, por sua natureza, muito confusos para serem apropriados para análise[65]. Os autores admitem que, se fossem realizadas análises mais detalhadas, esta seria uma questão considerável e argumentam que as suas conclusões são benéficas para informar futuras pesquisas.

Entretanto, os recentes avanços nos equipamentos de monitorização fisiológica − em termos de complexidade, tamanho e funcionalidade − abrem a perspectiva de que sejam realizados registos polissonográficos precisos com um custo significativamente mais baixo, tornando mais prováveis ​​​​replicações verdadeiras de Maimônides no futuro.

 

Literatura

§  Note: The SPR research archives contain a number of articles on dream ESP, including anecdotal reports of precognitive and telepathic dreams, surveys and analysis. Summaries can be read here. Subscribers to the SPR and/or the online library Lexscien can read the articles in full (see the summaries list for references).

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