quarta-feira, 31 de julho de 2019

Primeiro DNA sintético gerado por computador está pronto[1]



Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/04/2019

Genoma sintético
Cientistas anunciaram a criação do primeiro genoma de um organismo vivo totalmente projetado por computador.
Para isso, eles usaram um novo método que simplifica muito a produção de grandes moléculas de DNA contendo centenas de genes.
Este primeiro organismo fruto da biologia sintética foi batizado de Caulobacter ethensis-2.0.
O "Caulobacter" foi tirado da bactéria que serviu de base para o estudo, enquanto o "ethensis" é uma homenagem ao instituto ETH, de Zurique, na Suíça, onde a pesquisa foi realizada.
Embora os pesquisadores tenham produzido fisicamente o genoma da C. ethensis-2.0 na forma de uma molécula de DNA muito grande, eles ainda não criaram um organismo real cujo funcionamento seja gerido por esse genoma, ressaltando que isso irá exigir discussões éticas amplas envolvendo toda a sociedade, e não apenas a comunidade científica.

Organismo vivo criado pelo homem
O C. ethensis-2.0 foi baseado no genoma de uma bactéria de água doce bem estudada e inofensiva, a Caulobacter crescentus. Ela não causa nenhuma doença e serve como um organismo modelo em laboratórios. Seu genoma contém 4.000 genes, sendo que apenas cerca de 680 deles parecem ser cruciais para a sobrevivência das espécies no laboratório - bactérias com esse genoma mínimo são viáveis em condições de laboratório.
Os irmãos Beat e Matthias Christen lideraram uma equipe que tomou esse genoma mínimo da C. crescentus como ponto de partida e se propuseram a sintetizar quimicamente o genoma a partir do zero, como um cromossomo na forma de um anel contínuo.
Em um processo lento, passo a passo, eles sintetizaram 236 segmentos do genoma, que foram então reunidos.
Foi necessário simplificar radicalmente a sequência do genoma sem modificar a informação genética real, no nível das proteínas. Essa simplificação é possível porque a biologia tem redundâncias internas para armazenar informações genéticas. O algoritmo desenvolvido pelos cientistas suíços otimiza essa redundância.

Limites do conhecimento
O genoma sintético resultante é interessante do ponto de vista biológico. "Nosso método é um teste decisivo para ver se nós biólogos entendemos corretamente a genética, e isso nos permite destacar possíveis lacunas em nosso conhecimento," disse Beat.
Naturalmente, o genoma artificial somente pode conter informações que os cientistas realmente entendem. Qualquer informação adicional "escondida" na sequência do DNA - ainda não compreendida pelos cientistas - é perdida no processo de criação do novo código.
Para provar que esse conhecimento é amplo o suficiente, será necessário criar o organismo real em laboratório. "Acreditamos que em breve também será possível produzir células bacterianas funcionais com esse genoma," prevê Beat.

Discussão com a sociedade
As possibilidades aventadas para a criação de organismos sintéticos incluem a criação de microrganismos artificiais para a produção de moléculas ou vitaminas complexas farmaceuticamente ativas. Em tese, a tecnologia poderia funcionar para todos os microrganismos, não apenas para a Caulobacter. Outra possibilidade seria a produção de vacinas de DNA.
Mas há outros problemas além da compreensão do genoma e da capacidade de montar as moléculas adequadamente.
"Por mais promissores que sejam os resultados da pesquisa e suas possíveis aplicações, eles exigem uma profunda discussão na sociedade sobre os propósitos para os quais essa tecnologia pode ser usada e, ao mesmo tempo, sobre como os abusos podem ser evitados," reconheceu Beat.
Ainda não está claro quando a primeira bactéria com um genoma artificial será produzida, mas é evidente que ela pode e será desenvolvida. "Devemos usar o tempo que temos para discussões intensivas entre cientistas e também na sociedade como um todo. Estamos prontos para contribuir com essa discussão, com todo o know-how que possuímos," finalizou o biólogo.

Bibliografia:
Artigo: Chemical synthesis rewriting of a bacterial genome to achieve design flexibility and biological functionality
Autores: Jonathan E. Venetz, Luca Del Medico, Alexander Wölfle, Philipp Schächle, Yves Bucher, Donat Appert, Flavia Tschan, Carlos E. Flores-Tinoco, Mariëlle van Kooten, Rym Guennoun, Samuel Deutsch, Matthias Christen, Beat Christen
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
DOI: 10.1073/pnas.1818259116

terça-feira, 30 de julho de 2019

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS DA ALMA[1]



ANDRÉ PEZZANI, Advogado na Corte Imperial de Lyon

Esta obra, anunciada há algum tempo e esperada com impaciência, acaba de aparecer na livraria dos Srs. Didier & Cie[2].
Todos os que conhecem o autor, sua vasta erudição, seu espírito judicioso de análise e de investigação, não duvidam que esta grave questão da pluralidade das existências fosse por ele tratada de acordo com a sua importância. Sentimo-nos felizes ao dizer que ele não falhou em sua tarefa. Entretanto, não se empenhou bastante em demonstrar, pelo seu próprio raciocínio, essa grande lei da Humanidade, embora se devotando a ela. Por mais douto que seja, é modesto, muito modesto mesmo, o que raramente é corolário do saber; diz que sua opinião pessoal pouco pesaria na balança, razão que o levou a apoiar-se mais nas dos outros que na sua. Ele quis demonstrar que esse princípio tinha sido entrevisto pelos maiores gênios de todos os tempos; que é encontrado em todas as religiões, por vezes clara e categoricamente formulado, muitas vezes velado sob a alegoria; que, implicitamente, é a fonte primeira de uma imensidade de dogmas. Prova, por documentos autênticos, que a teoria da imortalidade e da progressão da alma fazia parte do ensino secreto só reservado aos iniciados nos mistérios. Nesses tempos recuados ele poderia ter utilidade, como o demonstra, ao ocultar do vulgo certas verdades que as massas não estavam maduras para compreender, e que as teriam deslumbrado, sem as esclarecer. Sua obra é, pois, rica em citações, desde os livros sagrados dos hindus, dos persas, dos judeus, dos cristãos; os filósofos gregos, os neoplatônicos, as doutrinas druídicas, até os escritores modernos: Charles Bonnet, Ballanche, Fourier, Pierre Leroux, Jean Raynaud, Henri Martin etc.; e, como conclusão e última expressão, os livros espíritas.
Nesse vasto panorama, ele passa em revista todas as opiniões, as diversas teorias sobre a origem e os destinos da alma.
A doutrina da metempsicose animal é aí tratada largamente e de maneira nova. Demonstra que a da pluralidade das existências humanas a precedeu e que a transmigração em corpos de animais não passa de uma derivação alterada, e não o princípio. Era a crença reservada ao vulgo, incapaz de compreender as altas verdades abstratas, e como freio às paixões. A encarnação nos animais era uma punição, uma espécie de inferno visível, atual, que devia impressionar mais que o temor de um castigo moral num mundo espiritual. Eis o que a respeito diz Timeu de Locres, que Cícero garante ter sido o mestre de Platão:
Se alguém é vicioso e viola as regras do Estado, é preciso que seja punido pelas leis e pelas censuras; deve-se, ainda, apavorá-lo com o medo do inferno, pelo temor das penas contínuas, dos castigos, e pelos terrores e punições inevitáveis, que são reservadas aos infelizes criminosos no interior da Terra.
Louvo muito o poeta jônico (Homero) por haver tornado os homens religiosos por fábulas antigas e úteis. Porque, assim como curamos os corpos com remédios mais drásticos, se não cedem a remédios mais suaves, assim reprimimos as almas por discursos falsos, se não se deixarem levar pelos verdadeiros. É pela mesma razão que se devem estabelecer penas passageiras, baseadas na crença da transmigração das almas. De sorte que as almas dos homens tímidos passem, depois da morte, por corpos de mulheres expostas ao desprezo e às injúrias; as almas dos assassinos, por corpos de animais ferozes, para aí receber sua punição; as dos impudicos pelo corpo dos porcos e javalis; as dos inconstantes e dos levianos pelos dos pássaros que voam nos ares; as dos preguiçosos, dos indolentes, dos ignorantes e dos loucos pela forma dos animais aquáticos. É a deusa Nêmesis quem julga todas essas coisas, no segundo período, isto é, no círculo da segunda região em torno da Terra, com os demônios, vingadores dos crimes, que são os inquisidores terrenos das ações humanas, e a quem o Deus condutor de todas as coisas conferiu a administração do mundo cheio de deuses, de homens e de outros animais que foram produzidos segundo a imagem excelente da forma improduzida e eterna.

Ressalta daí e de vários outros documentos que a maioria dos filósofos professava ostensivamente a metempsicose animal, como um meio, já que eles próprios não criam, e tinham uma doutrina secreta, mais racional sobre a vida futura. Tal parece ter sido, também, o sentimento de Pitágoras que, como se sabe, não é o autor da metempsicose; foi apenas o seu propagador na Grécia, depois de a ter encontrado entre os hindus. Aliás, a encarnação na animalidade não passava de uma punição temporária de alguns milhares de anos, mais ou menos conforme a culpabilidade, uma espécie de prisão da qual a alma, ao sair, entrava na humanidade. A encarnação animal não era, pois, uma condição absoluta, aliando-se, como se vê, à reencarnação humana. Era uma sorte de espantalho para os simples, muito mais que um artigo de fé entre os filósofos.
Assim como se diz às crianças: “Se fordes más, o lobo vos comerá”, os Antigos diziam aos criminosos: “Tornar-vos-eis lobos”.
A doutrina da pluralidade das existências, emancipada das fábulas e dos erros dos tempos de ignorância, tende hoje, de maneira evidente, a entrar na filosofia moderna, abstração feita do Espiritismo moderno, porque os pensadores sérios aí encontram a única solução possível dos maiores problemas da moral e da vida humana. A obra do Sr. Pezzani vem, pois, muito a propósito, projetar a luz da História sobre essa importante questão; ela poupará pesquisas laboriosas, difíceis e muitas vezes impossíveis a muita gente. O autor não a escreveu do ponto de vista do Espiritismo, que nela só figura de maneira acessória e como ensinamento; escreveu-a do ponto de vista filosófico, de maneira a abrir as portas que lhe teriam sido fechadas, se tivesse imprimido a essa obra a etiqueta de uma crença nova. É o complemento da “Pluralidade dos mundos habitados”, do Sr. Flammarion, que, por seu lado, vulgarizou um dos grandes princípios de nossa doutrina, sem dela falar expressamente.
Voltaremos à obra do Sr. Pezzani, servindo-nos de várias de suas citações.




[1] Revista Espírita – Janeiro/1865 – Allan Kardec
[2] Um vol. in-8º à venda. Preço: 6 fr. – No prelo, ed. In-12. Preço: 3 fr.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

AMÉRICO MONTAGNINI[1]




Nascido na cidade de São João da Boa Vista, Estado de S. Paulo, no dia 1º de maio de 1897, e desencarnado em S. Paulo, no dia 29 de novembro de 1966.
Na história do Espiritismo paulista um lugar de destaque é reservado ao Prof. Américo Montagnini, quer seja pela sua atuação incessante, quer pelo seu grande esforço em favor do engrandecimento da causa comum que esposamos.
Montagnini foi presidente da tradicional Associação Espírita São Pedro e São Paulo, uma instituição que prestou inestimáveis serviços ao Espiritismo, numa época quando ele era mal compreendido e olhado por muitos com reservas. Essa associação teve a sua sede na Rua Barão de Paranapiacaba nº 7, na capital do Estado de S. Paulo, tendo passado por ela grandes vultos espíritas, dentre eles os Drs. Augusto Militão Pacheco e Pedro Lameira de Andrade.
Pertencendo ao quadro diretivo dessa famosa entidade espírita, o Prof. Montagnini foi um dos elementos que mais propugnaram para que tanto a Associação Espírita S. Pedro e S. Paulo como a Sociedade Metapsíquica de S. Paulo se extinguissem, fundindo-se numa nova instituição: a Federação Espírita do Estado de S. Paulo, com um programa muito mais vasto e arrojado.
Desta forma, no dia 12 de julho de 1936, com a fundação da Federação, Montagnini passou a lhe dar todo o concurso possível. Com a renúncia, em 10 de dezembro de 1939, do então presidente da instituição, Dr. João Batista Pereira, Américo Montagnini assumiu a sua presidência, cargo que exerceu com raro descortino até a data da sua desencarnação.
O trabalho do Prof. Montagnini no campo da divulgação do Espiritismo foi dos mais salientes, entretanto, ele trabalhava em silêncio, sem alardes.
Médium de apreciáveis recursos foi companheiro do Dr. Augusto Militão Pacheco nas tarefas de esclarecimento daqueles que necessitavam tomar conhecimento dos consoladores ensinamentos dessa Doutrina. Desta forma, além de propiciar novas luzes àqueles que dela necessitavam ele procurava minorar os sofrimentos daqueles que buscavam lenitivo para o corpo aquebrantado.
Homem dotado de notável senso de responsabilidade, comedido em suas atitudes, leal, de invejável integridade moral, o Prof. Montagnini tornou-se de direito e de fato um dos baluartes no campo da divulgação do Espiritismo no Estado de São Paulo.




[1][1] Os Grandes Vultos do Espiritismo – Paulo Alves Godoy

sábado, 27 de julho de 2019

COMECE PERDOANDO A SI MESMO[1]



Morel Felipe Wilkon

Perdoar a si mesmo é mais urgente que perdoar ao próximo. Se você não perdoar a si mesmo, como vai ter condições de perdoar a quem quer que seja? Se não perdoar seus próprios erros, suas próprias faltas, como conseguirá perdoar os erros e faltas alheias?
Perdoe primeiro a si mesmo, logo, urgentemente, se possível ainda hoje, pois ninguém merece viver carregando culpas velhas de erros cometidos no passado. Não faça essa injustiça consigo mesmo, perdoe-se!
O sentimento de culpa age como autopunição, mas a autopunição só é válida quando lhe faz querer reparar o mal cometido. Para chegar a esse ponto, você deve passar pelo estágio do remorso, que é o reconhecimento do mal realizado e consequente sofrimento; e do arrependimento, que é a ânsia de reparar ou compensar o mal que foi causado por você. Se você já passou desse ponto, a autopunição não tem mais serventia para você. É um peso morto. Se você não chegou a arrepender-se, não acha que seja necessário reparar ou compensar o mal que causou, talvez esteja entrando ou já entrou num processo de vitimização e autopiedade. Reconheça seus erros, levando em conta que muitas vezes erramos tentando fazer o que nos parece melhor em determinadas circunstâncias.
Reconheça seus erros, reveja os sentimentos e valores que o levaram a cometer deslizes e adotar comportamentos errados, abra-se consigo mesmo. Você certamente já se deu conta disso, mas não custa perguntar: Você já se deu conta de que você mesmo é sua única companhia obrigatória? Que você vai acompanhar você para o resto dessa vida e para além dela, para sempre? Você já percebeu que você está com você em todos os momentos da sua vida, bons e maus, aproveitando os benefícios e sofrendo os malefícios? Se importe mais consigo mesmo. Respeite mais a si mesmo. E, acima de tudo, seja seu melhor amigo! Abra-se consigo mesmo, conte de seus velhos medos, de suas vergonhas, fraquezas que só você conhece. Cure essas feridas, seja amoroso consigo. Você precisa de você.
Perdoe-se! Faça as pazes com você, e comece já a mudar seu padrão de pensamentos e sentimentos. Controle seus pensamentos, eles são determinantes para o que você faz de você. Ame mais, comece por amar a você mesmo. Se não amar a você, como vai amar a seu próximo? Devemos amar o próximo como a nós mesmos, e devemos amar muito ao nosso próximo. Isso quer dizer que você deve amar-se muito, muito mesmo. Devemos perdoar ao próximo: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.  A quem você acha que está pedindo para perdoar as suas ofensas do mesmo modo que você perdoa a quem o ofendeu? Quem você acha que julga seus erros e ofensas? Deus? Não, Deus não julga, essa parte compete a nós mesmos, manifestações de Deus que somos.
Somos nós que nos julgamos, somos nós que nos condenamos e somos nós que na maioria das vezes nos esquecemos de nós mesmos no fundo do cárcere da autopunição. Depois de já ter cumprido a pena a que inconscientemente nos impomos, ficamos esquecidos na masmorra suja do remorso inútil esperando por nossa própria clemência. Então tenha consideração por você mesmo, reveja seus conceitos, tome mais cuidado com suas atitudes para com você mesmo e para com o próximo. Acima de tudo, seja um vigilante atento dos seus pensamentos. Conduza seus pensamentos para o lado positivo das coisas, pois tudo na vida tem seu lado bom, quando queremos vê-lo. É muito importante que você perdoe ao próximo. Na verdade, é imprescindível. Mas antes disso, perdoe a si mesmo.
Já está mais do que na hora.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

ACHEI A CAUSA[1]



Orson Peter Carrara

Estive pensando nos conflitos de relacionamento, nas dificuldades todas que aí estão, inclusive nas artimanhas e intrigas de bastidores, em empresas, famílias, conhecidos, colegas e mesmo nas atividades voluntárias compartilhadas nas instituições movidas pelo ideal religioso, das variadas denominações no Brasil; estava meditando sobre os ciúmes, as manipulações, os desrespeitos, as agressões, as acusações e críticas sempre reinantes, nos comentários maldosos e mesmo nos desprezos calculados, nos crimes entre cônjuges, nos abandonos de crianças e idosos, nas enfermidades surgidas de abalos emocionais… campo vasto a se abrir quando começamos a pensar nos dramas humanos e na nossa mediocridade moral….
Foi quando me deparei com o trecho abaixo. Ele consta do livro “Roteiro”, de Emmanuel, e está no capítulo 1 – O Homem ante a vida.
Foi inevitável. Ao ler, nesse momento de tantas dificuldades que nos afetam a todos, em âmbito familiar, social, profissional, nacional…. Pude constatar: achei a razão maior. Achei o “fio da meada”. Eis a causa. Acompanhe atentamente. Peço ler vagarosamente… Eis:
(…) Confinado ao reduzido agrupamento consanguíneo a que se ajusta ou compondo a equipe de interesses passageiros a que provisoriamente se enquadra, sofre a inquietação do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor. Não sabe dar sem receber, não consegue ajudar sem reclamar e, criando o choque da exigência para os outros, recolhe dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com raras possibilidades de auxiliar e ser auxiliado (…)

Sugiro releia. E vá pensando nas dificuldades que tem constatado. O amigo leitor se surpreenderá ao encaixar no acanhado ponto de vista que ainda nos situamos – seja no agrupamento familiar ou na equipe de interesses passageiros –, alimentando ilusões e pretensões descabidas, buscando autopromoção , exigindo além do equilíbrio, tentando imposições ou mesmo agredindo muitas vezes, seja com a omissão ou as posturas que não se conectam ao dever do bem que nos cabe.
Aí surgem os choques variados que temos experimentado, fruto todos de nossa imaturidade e mesmo leviandade muitas vezes. E pior, criando barreiras para ajudarmos e nos ajudarmos na superação de todas essas lamentáveis mazelas morais.
Claro que isso não é nenhuma novidade. Todos já sabemos. O título foi para provocar curiosidade e levar ao precioso trecho do texto de Emmanuel.
O capítulo em questão é muito valioso e aborda as grandezas da vida, mas nos faz reconhecer a pequenez que ainda nos situamos. A solução continua na vivência cristã que teimamos em nos manter afastados. Estamos convocados a essa nova postura. Seja por gratidão à vida, seja pelo dever de progredir, seja para sairmos da mediocridade que ainda estamos. A vida conspira a nosso favor e o dever que se apresenta é respeitar a vida em toda sua amplitude.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

INFLUÊNCIA DA MATÉRIA[1]



Miramez

O organismo não exerce influência sobre os atos da vida? Se ele exerce influência, não o faz com prejuízo do livre-arbítrio?
‒ O Espirito, certamente, é influenciado pela matéria que o pode entravar em suas manifestações. Eis por que, nos mundos onde os corpos são menos materiais que sobre a Terra, as faculdades se desdobram com mais liberdade, mas o instrumento não dá a faculdade. De resto, é preciso distinguir aqui as faculdades morais das faculdades intelectuais; se um homem tem o instinto de homicida, é seguramente seu Espírito que o possui e que lhe transmite, mas não seus órgãos. Aquele que anula seu pensamento para não se ocupar senão com a matéria, torna-se semelhante ao bruto, e pior ainda, ele nem sonha mais em se precaver contra o mal, e é nisto que é culpado, visto que age assim por sua vontade.
Questão 846/Livro dos Espíritos

A matéria tem grande influência sobre o Espírito, entretanto, esse deve esforçar-se para a sua devida libertação, e para tanto deve renunciar a muitos impulsos que os instintos animais o possam envolver.
A alma encarnada é capaz de grandes coisas, desde quando conheça a verdade. Jesus desceu à Terra, dos planos resplandecentes, para dotar de poderes a alma envolvida na carne, visando a disciplinar as investidas inferiores.
A matéria precisa de nós como precisamos dela. Ela veio da mesma fonte divina donde viemos. Matéria e Espírito se confundem, por serem originárias da mesma fonte; o que separa uma do outro, é o que chamamos de tempo de evolução.
A matéria pode embaraçar as manifestações do Espírito, mas, se não fosse ela, como testar a alma nos caminhos a percorrer? Todos os impulsos instintivos, toda vontade, todos os feitos da alma envolvida na carne vêm do Espírito, porém a matéria gávea[2] da alma influencia pelas baixas vibrações, de modo que a luz viva no clima das trevas. Enquanto o Espírito não se emancipar das paixões inferiores, ele ainda receberá e acomodará na mente influências negativas do plano inferior em que habita.
Nesta luta, matéria e Espírito, um prendendo e o outro libertando, aparece, no cenário do mundo e no ambiente dos corações dos homens e almas na Terra, o Mestre Jesus, para nos ajudar a ficarmos livres de todas as influências do plano físico. Quantos já se tornaram livres conhecendo a verdade com o Cristo despertado no coração? Muitos e muitos. Para reconhecer que Jesus é o Cristo que havia de vir, basta uma simples olhada no próprio Evangelho; como Seus feitos, nunca houve no mundo nada igual. João anotou, no capítulo nove, versículo trinta e dois:
Desde que há mundo, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.
Pelo exame do Velho Testamento, podemos ver como era a Sua vida, praticando feitos como esse; é o filho de Deus operando maravilhas e é esse mesmo Jesus que nos trouxe os meios de nos libertarmos da influência da matéria, cuja prisão muito nos serve para despertarmos os dons de vida que Deus nos deu.
Cabe ao ser humano, mesmo em ambiente negativo, esforçar-se para escolher o bem e viver o amor, e é desse esforço que a luz passa a surgir. Para reconhecer uma alma, o caminho é verificar a sua vida; os seus feitos dizem o que ela é, porque não é a matéria nem tão pouco o ambiente que exercem a ação, mas a alma que se movimenta na carne. As influências são necessárias como campo de luta, como escola.
O verdadeiro aprendizado é individual, dado a cada um segundo as suas obras. O homem que faz esforço para melhorar espiritualmente recebe assistência dos bons Espíritos, sendo induzido para os melhores caminhos. O organismo, é certo que traz certa influência, contudo, o Espírito é o comandante, e não a matéria.
Jesus já dizia que é necessário o escândalo, mas afirmava: Ai daquele por quem o escândalo vier. E nós dizemos: é necessária a matéria, mas ai daquele que se entregar à sua influência, em aumento dos impulsos negativos, oriundos de baixa vibração do físico!




[1][1] Filosofia Espírita – Volume 17 – João Nunes Maia
[2] Matéria gávea = matéria que aprisiona

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Ainda não é telepatia, mas estamos chegando lá[1]



Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/03/2019

Hardware para telepatia
Interfaces neurais, ou interfaces cérebro-computador, permitem controlar dispositivos externos pelo "pensamento" - tipicamente são usadas intenções de movimento de um membro, e não exatamente uma ideia abstrata do tipo "Eu quero isto", ou "Eu quero aquilo".
Assim, é natural pensar que um próximo estágio no desenvolvimento dessas neurointerfaces possa permitir a transferência direta de informações entre pessoas, do cérebro de uma para o cérebro de outra.
Embora se imagine que isto possa estar muito distante no futuro, uma equipe internacional de pesquisadores acaba de publicar um artigo alegando terem dado um passo importante nesse rumo. Eles desenvolveram uma interface neural que permite distribuir uma tarefa cognitiva entre diversas pessoas.
Em seus testes, a equipe usou a interface cérebro-cérebro para estimar os estados cerebrais de cada participante e distribuir uma carga cognitiva entre os membros do grupo, que estavam realizando juntos uma tarefa comum.
A interface permitiu compartilhar a carga de trabalho entre todos os participantes, dependendo do desempenho cognitivo de cada pessoa estimado a partir de sua atividade cerebral elétrica.

Rede de cérebros
Vladimir Maksimenko e seus colegas da Alemanha, Espanha e Rússia colocaram dois voluntários para resolver juntos uma tarefa de classificação de imagens ambíguas apresentadas em uma tela. Cada um dos voluntários tinha sua atividade cerebral monitorada em tempo real por eletroencefalogramas.
A classificação de imagens altamente ambíguas exige um grande esforço cognitivo em comparação com a identificação de imagens mais claras. A equipe forçou uma sobrecarga cognitiva aumentando a duração do experimento (40 minutos) e fazendo pausas curtas entre a apresentação das imagens (5 a 7 segundos). Assim, os voluntários foram obrigados a manter um alto nível de concentração durante o experimento.
No primeiro estágio, cada voluntário fez a tarefa separadamente, o que permitiu detectar nos sinais cerebrais a carga cognitiva e os períodos de fadiga, mostrando momentos de perda de atenção e momentos de recuperação, durante os quais a concentração voltava a aumentar.
No segundo estágio, a interface neural avaliava continuamente a carga cognitiva no cérebro de cada um dos participantes e, de acordo com o resultado, distribuía a tarefa para cada um deles, mostrando imagens menos ambíguas ou aumentando o tempo entre as imagens para quem estivesse mais cansado, e aumentando a carga para quem se mostrava mais concentrado. Tudo foi feito de modo a manter o mesmo tempo total para a tarefa e mostrar o mesmo número de imagens.
"Nós demonstramos que a eficiência da equipe pode ser aumentada devido à redistribuição do trabalho entre os participantes, de modo que a carga de trabalho mais difícil recaia sobre o operador que apresenta desempenho máximo. Por fim, nós demonstramos que a interação humano-humano é mais eficiente na presença de um certo retardo determinado pelos ritmos cerebrais. Os resultados obtidos são promissores para o desenvolvimento de uma nova geração de sistemas de comunicação baseados na atividade cerebral neurofisiológica de pessoas interagentes", escreveu a equipe.
"Os resultados obtidos podem ser um ponto de partida para o desenvolvimento de sistemas de comunicação neural entre pessoas que permitam 'sentir' as condições do outro, resultando em uma interação mais eficiente", disse o professor Alexander Pisarchik, da Universidade Politécnica de Madri.

Bibliografia:
Artigo: Increasing Human Performance by Sharing Cognitive Load Using Brain-to-Brain Interface
Autores: Vladimir A. Maksimenko, Alexander E. Hramov, Nikita S. Frolov, Annika Lüttjohann, Vladimir O. Nedaivozov, Vadim V. Grubov, Anastasia E. Runnova, Vladimir V. Makarov, Jürgen Kurths, Alexander N. Pisarchik
Revista: Frontiers in Neuroscience
DOI: 10.3389/fnins.2018.00949

terça-feira, 23 de julho de 2019

O PERISPÍRITO DESCRITO EM 1805[1]




Extraído da obra alemã “Os fenômenos místicos da vida humana”, por Maximilien Perty, Professor da Universidade de Berna – Leipzig e Heidelberg, 1861.
Sob o título de “Aparição real de minha mulher após sua morte” – Chemnitiz, 1804 – o doutor Woetzel publicou um livro que causou grande sensação nos primeiros anos deste século. O autor foi atacado em vários escritos, principalmente por Wieland, que o leva ao ridículo na Euthanasia. Durante uma doença de sua mulher, Woetzel tinha pedido a esta última que lhe aparecesse após sua morte; ela lhe prometeu. Mais tarde, porém, a rogo do marido, ela se desligou da promessa. Todavia, algumas semanas depois de sua morte, um vento violento pareceu soprar no quarto, embora estivesse fechado; a luz quase se apagou; uma pequena janela na alcova abriu-se e, a despeito da fraca claridade que reinava, Woetzel viu a forma de sua mulher, a dizer-lhe em voz doce: “Charles, sou imortal; um dia nos reveremos.” A aparição e estas palavras consoladoras se repetiram mais tarde, uma segunda vez. A mulher mostrou-se de vestido branco, com o mesmo aspecto que tinha antes de morrer. Um cão que não se havia mexido quando da primeira aparição, agitou-se e descreveu um círculo, como se estivesse em redor de uma pessoa conhecida.
Numa segunda obra sobre o mesmo assunto (Leipzig, 1805), o autor fala de convites que lhe teriam sido dirigidos para desmentir todo o assunto, “pois, do contrário, muitos sábios seriam forçados a renunciar ao que, até então, tinham julgado como opiniões verdadeiras e justas, e porque a superstição aí encontraria um alimento.” Mas ele já havia pedido ao conselho da Universidade de Leipzig que lhe permitisse prestar juramento a respeito. O autor desenvolve sua teoria. Segundo ele, “a alma, depois da morte, seria envolvida por um corpo etéreo, luminoso, por meio do qual poderia tornar-se visível; que poderia usar outras vestimentas, por cima desse envoltório luminoso; que a aparição não tinha agido sobre o seu sentido interior, mas unicamente sobre os sentidos exteriores”.
Como se vê, só falta a esta explicação a palavra perispírito. Contudo, Woetzel se equivoca quando julga que a aparição só atua sobre os sentidos exteriores, e não sobre o sentido interior. Sabe-se hoje que é o contrário que ocorre. Mas talvez ele tivesse querido dizer que estava perfeitamente desperto, e não em estado de sonho, o que, provavelmente, lhe teria feito pensar que havia percebido a aparição apenas pela visão corporal, uma vez que não conhecia as propriedades do fluido perispiritual, nem o mecanismo da visão espiritual.
Aliás, lendo-se a erudita obra do Sr. Pezzani, sobre a Pluralidade das Existências, tem-se a prova de que o conhecimento do corpo espiritual remonta à mais alta antiguidade, e que só o nome de perispírito é moderno. São Paulo o descreveu em sua primeira epístola aos Coríntios, capítulo XV. Woetzel o reconheceu apenas pela força do raciocínio. Tendo-o estudado nos numerosos fatos que observou, o Espiritismo descreveu as suas propriedades e deduziu as leis de sua formação e de suas manifestações.
Quanto ao que se refere ao cão, nada há nisto de surpreendente. Diversos fatos parecem provar que certos animais sentem a presença dos Espíritos. Na Revista Espírita de junho de 1860 [vide “O Espírito e o Cãozinho”, publicado neste blog em 26/09/2017], citamos um exemplo que tem notável analogia com o de Woetzel. Não está mesmo provado positivamente que não os possam ver. Nada haveria de impossível que, em certas circunstâncias, por exemplo, os cavalos que se assustam e se recusam, obstinadamente, a avançar sem motivo conhecido, sofram o efeito de uma influência oculta.




[1] Revista Espírita – Janeiro/1865 – Allan Kardec

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Adélia Rueff[1]




Nascida em Pinhal, Estado de São Paulo, no dia 5 de Junho de 1868 e desencarnada na mesma cidade, no dia 2 de Fevereiro de 1953, com 84 anos de idade.
Desde o seu surgimento na Terra, no ano de 1857, o Espiritismo enfrentou tenaz resistência por parte da religião majoritária do Brasil. Entretanto, na década de 1930, essa pressão acentuou-se de maneira inusitada, fazendo-se sentir em toda a sua intensidade.
Na cidade de Pinhal, o clima não era diferente. Entretanto, como Deus situa em cada cidade um Espírito que desenvolve tarefas pioneiras e santificantes, aquele núcleo populacional do Estado de São Paulo, não poderia constituir exceção, por isso ali reencarnou o Espírito missionário de Adélia Rueff, mais conhecida por "tia Adélia", que teve a oportunidade ímpar de desenvolver santificante trabalho em favor do esclarecimento dos seus semelhantes, alicerçada na recomendação de Jesus do "Amai-vos uns aos outros".
A fim de propiciar aos nossos leitores uma apagada súmula biográfica dessa grande vida, passamos a transcrever um substancioso trabalho elaborado pelo confrade João Batista Laurito, atual presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo, que teve a oportunidade feliz de com ela conviver, locupletando-se com os frutos sazonados que ela tão bem sabia doar aos que usufruíram de sua benfazeja orientação espiritual.
Foi exatamente em 1936 que tive os meus olhos abertos para as claridades fulgurantes da Doutrina Consoladora. Embora nascido em berço espírita, foi somente nesse ano que, indo residir em Pinhal, a fim de estudar na "Escola Agrícola", conheci o "Centro Espírita Estrela da Caridade", brilhante fanel de luzes na Região Mojiana, centro de irradiação de caridade e amor a todos os que tinham a oportunidade de frequentá-lo.
Essa Casa foi fundada em 11 de janeiro de 1911 e, desde o dia de sua fundação até 1950, ininterruptamente, foi essa célula de fraternidade, sábia e amorosamente presidida por sua fundadora Adélia Rueff (Tia Adélia), assim chamada, porque solteira, abrigou em seu lar enorme contingente de sobrinhos de outras cidades, que na idade própria buscavam Pinhal, para aculturamento escolar, fato que durou muitos anos. E esses sobrinhos eram tantos, que generalizaram entre outras pessoas, a alcunha "Tia Adélia. (João Batista Laurito)
O Dr. Francisco Silviano de Almeida Brandão, por ocasião de sua colação de grau como médico, houvera feito uma promessa no final do século 19 que se tudo transcorresse bem por ocasião de sua formatura, abriria um Centro Espírita, pois já nessa época professava a crença reencarnacionista. Mas como as coisas na ocasião eram, além de difíceis, o espírito popular muito antagônico, foi postergando a ideia até desencarnar. No mundo espiritual, viu a necessidade do cumprimento da promessa, e surgindo a primeira oportunidade, comunicou-se com Tia Adélia, pedindo- lhe que cumprisse por ele a promessa. Assim nasceu o "Centro Espírita Estrela da Caridade".
Durante cinco anos, moramos com ela. E às terças e sábados, às 19:30 horas, lá estávamos no "Estrela da Caridade", e a sua voz, firme, inflexível, embora mansa e doce, ainda ecoa em nossos ouvidos, quando iniciava a sessão declamando: "Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade... e ao encerrar: Sublime estrela, farol das imortais falanges...
Nasceu no dia 5 de junho de 1868, ali mesmo em Pinhal, predestinada a somente servir, não casou. Durante toda a sua fértil existência, amou e deu tanto de si aos outros, que formou em seu derredor uma auréola de inenarrável admiração. Médium de exuberantes proporções bastava a imposição de suas compassivas mãos, para aliviar instantaneamente as pessoas, que a procuravam com tanta avidez, sem lhe permitir sossego ou descanso.
Certa feita ela viajou. E nós, que aos domingos aproveitávamos para dormir até bem mais tarde, sem nenhuma alegria ou boa vontade, atendemos 17 pessoas que a procuraram para tomar passes, das 8 às 12 horas. Uma ocasião, um confrade de Jacutinga ‒ Minas Gerais ‒, viajou, a pé, 26 quilômetros para presenteá-la com um saquinho de feijão verde, numa atitude de comovedora gratidão.
A mesa diretora dos trabalhos era formada. Na cabeceira principal sentava Tia Adélia, sob uma iluminada Estrela de lâmpadas coloridas, símbolo do Centro. Na outra cabeceira, o Vice-Presidente, Zé Café. As laterais para os médiuns, Dona Ordalha, Tereza, Idalina, Dona Eugênia, e a extraordinária Dona Adélia Neto, que quando recebia o Guia Espiritual do Centro "Irmão Silviano", se colocava de pé, abria os olhos, e de uma criatura tímida e simples, embora bela, se transformava num tribuno imponente e erudito. Pudera, médium inconsciente dando passividade ao Espírito Dr. Francisco Silviano de Almeida Brandão, médico, Presidente do Estado de Minas Gerais. Na porta de entrada, controlando com vigilância e severidade a admissão dos frequentadores, a Mariana e a Rosa Domiciano, zeladoras do grupo.
Viajando em charretes, excepcionalmente em automóveis e quase sempre a pé, lá ia Tia Adélia, à periferia Pinhalense e aos sítios vizinhos, cumprindo a predestinação de sua encarnação como lídima missionária do Cristo: atendendo aos aflitos, curando os obsediados, levantando os caídos, vestindo as viúvas, alimentando as crianças e amparando os velhos.
Que criatura extraordinária! Doce, mansa, boa. Jamais a vimos encolerizada, jamais a vimos levantar a voz. À medida que envelhecia, fruto de dois acidentes graves, se curvava, se encarquilhava, tornando-se menor. Fatos que nunca a fizeram perder a paciência. Olhos vivos, argutos, mente clara, pensamento limpo, conselheira oficial de quase toda a população pinhalense.
Fato que lhe proporcionou tributo de grande admiração, respeito e afeição por seus contemporâneos.
Descrever fatos do desenvolvimento espírita de "Tia Adélia" no campo da benemerência, seria tarefa que preencheria um enorme livro.
Médium de determinação na crença do trabalho doutrinário, deixava sempre para segundo plano a necessidade de repouso físico, aproveitando todo tempo disponível no atendimento dos mais necessitados do caminho.
Por ocasião das festividades comemorativas no "Estrela da Caridade", Tia Adélia, com muito carinho e inteligência, preparava seus discursos e em pé, inflamada, ereta, impressionava os presentes ao transmitir seus inequívocos conhecimentos a respeito da Doutrina. Empolgava tanto as suas palestras, que os menos avisados, desconhecedores das virtudes mediúnicas, não conseguiam reconhecê-la na oradora.
Os frequentadores do "Centro Espírita Estrela da Caridade", chegavam a venerar a tal ponto o Guia Espiritual do Grupo, Irmão Silviano, que narraremos um acontecimento inusitado para o conhecimento dos leitores:
Em determinada ocasião, brincávamos com um grupo de crianças, quando uma garota nos contou algo muito sério. Exigimos dela que jurasse se aquilo era verdade. E ela, jurou por Deus que tudo quanto dissera representava a expressão da verdade. Não aceitamos o juramento e retrucamos: jurar por Deus não interessa; você jura pelo "Irmão Silviano"? ‒ Era exigir demais dela, que não teve coragem de ratificar o juramento, pois para jurar em nome do "Irmão Silviano" só se fosse inabalável verdade.

A residência de Tia Adélia era mais frequentada que o Centro Espírita. Era gente que entrava, era gente que saía, uns tomando passes, outros recebendo conselhos e orientações. Aos domingos verdadeiras filas se formavam, alguém querendo ser grato empunhava uma cesta de laranjas, um feixe de verduras; outro, uma braçada de flores, pacotes de cereais, frangos, ovos, lenha rachada, frutas etc... Guardávamos tudo. Na segunda-feira, iniciávamos a caminhada inversa dos presentes. Eram necessitados de toda sorte que iam visitá-la, e após o passe reparador, a palavra conselheira e amiga, e um agradozinho representado por ovos, frutas, legumes, flores. Tudo que vinha no domingo saía na segunda-feira, numa vivência "Dai de graça o que de graça receberdes".




[1] Os Grandes Vultos do Espiritismo – Paulo Alves Godoy

sábado, 20 de julho de 2019

EM FACE DA MORTE [1]



Joanna de Ângelis - Médium: Divaldo Pereira Franco


A mais pungente dor moral, pertinaz e profunda, é a que decorre da separação imposta pela morte física.
Nada que se lhe equipare, considerando as injunções que impõe, de tal modo que dilacera os tecidos sutis da alma.
Mesmo quando aguardada ou almejada, constitui surpresa, graças ao convite vigoroso que faz em relação à única realidade de que ninguém se pode eximir: a imortalidade!
Sorrateira, arrebata os afetos e carrega os adversários, produzindo inusitada emoção que sempre aflige, particularmente quando se trata dos amores, aos quais se tem vinculado o coração.
Enigmática, transfere os seres de um para outro estágio de vida, mas não os aniquila.
Libertação para uns, ensejando felicidade e triunfo; após as caminhadas rudes faz-se grilheta e cárcere para a consciência que se intoxicou pelos vapores da insensatez, ou que cultivou os cardos da criminalidade a que se submeteu, em demorada constrição.
Concessão divina, é incompreendida por aqueles que amam a ilusão e se arrogam a fatuidade do poder terreno.
A ninguém poupa e a todos iguala, temporariamente, para selecioná-los logo depois, através dos títulos morais de que não te rebeles ante as conjunturas da morte, que te separou, momentaneamente, do ser a quem amas.
Não será definitiva tal circunstancia.
Tem paciência e espera, preparando-te para o reencontro que logo mais se dará.
Os teus afetos te aguardam, esperançosos. Não os decepciones com a revolta ou com o desespero injustificado.
Eles vivem como também viverás.
Anteciparam-te na viagem, mas não se apartaram, realmente, de ti.
Não os vês, mas estão ao teu lado...
Se os amas, estão contigo, se os detestas, vinculam-se a ti.
Não os fixes às memórias inditosas, aos impositivos da paixão, às condições da tua dor.
Luariza a saudade, mediante a certeza de reencontrá-los.
Assim, utiliza as tuas horas disponíveis para produzir no Bem, pensando neles, orando por eles, convertendo moedas em pães, flores transitórias em reconforto para outros seres que padecem privações.
Se desejares fazer mais, coloca alguém arrancado dos braços da orfandade ou da miséria, da velhice ou da viuvez, no lugar deles, no lar, e ajuda por amor a eles.
Bendirão teu gesto e acercar-se-ão mais de ti, ajudando-te também.
Essa dor angustiante e abatedora diminui quando o amor se desdobra em direção do sofrimento humano, por afeição e gratidão dos que morreram, e vivem.
No Calvário, rompendo o silêncio dominador, à hora extrema, Jesus, antes da libertação total, fez-nos o precioso legado de entregar Sua mãe a João e este àquela, como a legislar que a mais alta expressão do amor é a doação da vida a outras vidas, por tributo de carinho à Sua vida.
Medita e enxuga o pranto da saudade, transformando-o em esperanças de felicidade porvindoura.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

SINTONIA DA ATITUDE[1]



Richard Simonetti

Segundo os princípios da Mediunidade, vivemos todos em permanente regime de permuta psíquica, sintonizados com faixas vibratórias a que nos ajustamos.
O indivíduo perturbado é alguém que sintonizou com correntes de extremo negativismo, enquanto que estará a caminho da santidade aquele que, vencidas as limitações humanas, mantiver uma sintonia positiva, em comunhão com as esferas mais altas.
O Homem, regra geral, é um ser milenarmente viciado em atitudes negativas, assimilando, assim, com lamentável frequência, vibrações tóxicas que o desajustam espiritualmente, da mesma forma que sofre constantes distúrbios digestivos quem não faz uso de alimentação adequada.
Faz parte da higiene mental, na preservação da estabilidade íntima, o esforço por eliminar elementos de sintonia negativa. Para tanto, é necessário que saibamos distinguir o que são atitudes positivas e atitudes negativas.

Se dizemos: "Oh! Meu Deus, como sou infeliz! Ninguém me compreende!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Ajuda-me, Senhor, a compreender meu semelhante!" — será uma atitude positiva.
Se dizemos: "Não perdoo!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Não há o que perdoar!" — será uma atitude positiva.
Se dizemos: "Estou exausto! Não posso!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Hei de ter forças!" — será uma atitude positiva.
Se dizemos: "Não o tolero!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Provavelmente tivemos algum desentendimento no passado e Deus fez nossos caminhos cruzarem no presente para que nos reconciliemos!" — será uma atitude positiva.
Se dizemos: "Perdi o ente caro ao meu coração! Que desgraça! Tudo acabou para mim!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Deixou o exílio terrestre e tornou à pátria comum, onde, pela graça de Deus, nos reencontraremos um dia!" — será uma atitude positiva .
Se dizemos: "O Evangelho é a Luz do Mundo, mas sou muito imperfeito para viver seus ensinamentos!" — é uma atitude negativa.
Se dissermos: "Sou muito imperfeito, mas, com a proteção de Jesus, haverei de proceder como bom cristão!" — será uma atitude positiva.
Se dizemos: "O Espiritismo proclama que fora da caridade não há salvação, mas as lutas da existência absorvem todas as minhas atenções!" — é uma atitude negativa.

Se dissermos: "Minha luta é grande, mas não me faltarão meios de confortar os que sofrem e socorrer os necessitados, na conciliação dos interesses efêmeros do mundo com os interesses eternos do Espírito!" — será uma atitude positiva.

Se costumamos comentar nossas dificuldades e dores; se o nervosismo e a irritação nos visitam com assiduidade; se bradamos aos céus pelo peso de nossa cruz, isto significa que adotamos uma atitude negativa, insatisfeitos com a posição em que a Vida nos situou, a qual, deveríamos saber, é a que melhor nos convém, porque Deus conhece nossas reais necessidades.
A vitória sobre as limitações humanas e a plena valorização das oportunidades de edificação na jornada terrestre, são apanágios dos fortes, corajosos e otimistas, que silenciam em relação às suas atribulações e males; que buscam apenas o lado bom das pessoas; que se empolgam pela oportunidade de serem úteis e se esforçam em cumprir os ensinamentos cristãos.
Estes vivem positivamente e sintonizam com o Alto, no caminho de nobres realizações.
Raros, na Terra, desenvolvem esta capacidade em toda a sua plenitude, mas, quando tal acontece, surge um Francisco de Assis, a distribuir luzes e bênçãos, espírito de extraordinária positividade, que finalizava sua oração dizendo:
"Divino Mestre! Permiti que eu não procure tanto ser consolado quanto consolar; ser compreendido quanto compreender; ser amado quanto amar. Porque é dando que recebemos; perdoando é que somos perdoados, e é morrendo que nascemos para a Vida Eterna".

quinta-feira, 18 de julho de 2019

SIMPATIA[1]



Miramez

Dois seres que se conhecem e se amam, podem se encontrar em uma outra existência corporal e se reconhecerem?
‒ Reconhecer-se, não; mas, ser atraído um para o outro, sim. Frequentemente, essas ligações íntimas fundadas sobre uma afeição sincera, não têm outra causa. Dois seres se aproximam, um do outro, por circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que são o fato da atração de dois Espíritos que se procuram na multidão.
Não seria mais agradável, para eles, se reconhecerem?
‒ Nem sempre; a lembrança de existências passadas teria inconvenientes maiores do que acreditais. Depois da morte, eles se reconhecerão e saberão o tempo que passaram juntos.
Questão 386/Livro dos Espíritos

A simpatia entre dois seres é força poderosa que se enraíza em vidas passadas. Certamente que nem todos reconhecem seus parceiros de outras existências, no entanto, há criaturas mais dotadas de sensibilidades que percebem amigos e inimigos de épocas recuadas. Se juntos foram felizes, dá-lhes um grande prazer esse reencontro; quando infelizes, gera-se logo antipatia entre os dois.
A perda de conhecimento às vezes é um aparo para os dois em processo de novas atividades, sem o qual não poderiam crescer, voltando ao ponto anterior, fomentando suas paixões descabidas e, às vezes, perturbando famílias já constituídas. O reconhecimento pleno dos seres que antes viveram juntos entravaria o progresso. Se fosse conveniente, eles voltariam juntos; no entanto, não poderemos generalizar. Quando Deus acha bom, coloca os dois em caminho para que se encontrem, desde quando os frutos desse encontro sejam bons, não como pensamos, mas como o Senhor acha melhor. A Doutrina dos Espíritos é fonte de amor.
Ela nos ensina a fazer simpatias enobrecidas no Evangelho de Jesus, e é capaz de nos mostrar o amor nas bases da fraternidade pura, de modo a libertar as criaturas das induções inferiores. A simpatia entre dois seres é tão agradável, e é um estimulo para o seu adiantamento, quando eles descobrem no reencontro a razão de viver para Cristo.
O ideal de Deus para os homens é melhorar e subir, conhecendo a verdade. Se fomos feitos simples e ignorantes, isso não quer dizer que não tenhamos a semente da perfeição na nossa intimidade; ela existe dormindo em nós, para ser despertada com o tempo e o nosso esforço, agindo sob as bênçãos de Deus, que usa o canal divino das mãos de Jesus Cristo.
Cultivemos a simpatia onde quer que formos; desfaçamos todas as inimizades, por onde passarmos. Nessa transformação de paixões para a vida de amor é que a felicidade aparece no fundo da consciência. Mais tarde, o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo, como também o orgulho, deverão desaparecer das cogitações humanas. A geração do porvir chegará à Terra já predisposta a esse esquecimento do mal, para edificar o bem com Jesus.
Quando dois seres se sentirem atraídos um para o outro, devem meditar nessa atração, e cuidar para que esse encontro seja realmente para o bem dos seus destinos. Assim também, ao encontramos alguém que nos instile o ódio, não percamos a oportunidade de fazer-lhe o bem que pudermos, pois essa antipatia é sinal de inimizade no passado. Toda incompatibilidade deve aparecer dos caminhos dos Espíritos, encarnados ou fora da carne.
Depois desse trabalho de perdão, devemos abrir os corações para que sejam invadidos pela força da fraternidade, que nos fará irmãos ante a presença de Deus, na figura de Jesus.
O reconhecimento total das simpatias e das antipatias somente se dá quando se encontrarem novamente no mundo espiritual. Sentirão, ali, a felicidade, se souberam educar seus sentimentos e perdoar as ofensas. Qualquer esforço nesse sentido é louvável, porque mãos espirituais se encontram em torno de todas as criaturas, ajudando-as a melhorar.
Não devemos esquecer de amar a Deus sobre todas as coisas, mas também ao próximo como a nós mesmos. Diz Jesus que aí esta a lei os profetas.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Cientistas sonham com internet dos pensamentos[1]



Com informações da Frontiers in Neuroscience - 06/05/2019

Interface cérebro humano/nuvem
Imagine uma tecnologia que forneça acesso instantâneo ao conhecimento acumulado pela humanidade e à inteligência artificial para analisá-lo, simplesmente pensando em um tópico ou questão específica. Comunicações, educação, trabalho e o mundo como o conhecemos seriam transformados.
É nisto que está pensando uma colaboração internacional liderada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley e do Instituto de Manufatura Molecular dos Estados Unidos.
Nuno Martins e seus colegas preveem que o progresso exponencial em nanotecnologia, nanomedicina, inteligência artificial e computação levará ao desenvolvimento, ainda neste século, de uma "interface cérebro humano/nuvem", ou IC/N, que irá conectar neurônios e sinapses no cérebro a vastas redes de computação em nuvem em tempo real.

Nanorrobôs
O conceito IC/N (interface cérebro/nuvem) foi inicialmente proposto pelo futurólogo-autor-inventor Ray Kurzweil, que sugeriu que nanorrobôs neurais ‒ ideia de Robert Freitas, coordenador deste novo estudo ‒ poderiam ser usados para conectar o neocórtex do cérebro humano a um "neocórtex sintético" na nuvem.
Os nanorrobôs neurais propostos por Freitas forneceriam monitoramento e controle direto e em tempo real dos sinais que chegam e saem das células cerebrais ‒ ele também propôs nanorrobôs para substituir o sangue humano.
"Esses dispositivos navegariam na vasculatura humana, atravessariam a barreira hematoencefálica e se autoposicionariam com precisão entre, ou mesmo dentro, das células cerebrais", detalha Freitas. "Eles então transmitiriam sem fios informações codificadas de e para uma rede de supercomputadores baseada em nuvem para monitoramento do estado cerebral e extração de dados em tempo real".
Ainda não é telepatia, mas estamos chegando lá.

A internet dos pensamentos
Um "córtex na nuvem" permitiria o download de informações ao estilo Matrix para o cérebro, afirma o grupo.
"Um sistema IC/N [interface cérebro/nuvem] mediado por nanorrobótica neural poderia capacitar os indivíduos com acesso instantâneo a todo o conhecimento humano cumulativo disponível na nuvem, ao mesmo tempo em que melhoraria significativamente as capacidades de aprendizagem e inteligência humanas", defende o Dr. Nuno Martins.
A tecnologia também poderia nos permitir criar um futuro "supercérebro global" para conectar redes de cérebros humanos individuais e inteligências artificiais para possibilitar o pensamento coletivo.
"Embora ainda não seja particularmente sofisticado, um sistema humano experimental 'BrainNet' já foi testado, permitindo a troca de informações orientada pelo pensamento através da nuvem entre cérebros individuais. Ele usava sinais elétricos registrados através do crânio de 'remetentes', e estimulação magnética através do crânio de 'receptores', permitindo a execução de tarefas cooperativas.
Com o avanço da neural-nanorrobótica, vislumbramos a futura criação de 'supercérebros' que possam usar os pensamentos e o poder de pensar de qualquer número de humanos e máquinas em tempo real. Essa cognição compartilhada poderia revolucionar a democracia, melhorar a empatia e, em última instância, unir grupos em uma sociedade verdadeiramente global", sonha Martins.

Quando poderemos nos conectar?
Um dos gargalos nesse exercício de futurologia parece ser a transferência de dados neurais de/e para supercomputadores na nuvem.
Uma solução proposta pelos autores é o uso de "nanopartículas magnetoelétricas" para efetivamente amplificar a comunicação entre os neurônios e a nuvem.
"Essas nanopartículas já foram usadas em camundongos vivos para acoplar campos magnéticos externos a campos elétricos neuronais ‒ isto é, para detectar e amplificar localmente esses sinais magnéticos e assim permitir alterar a atividade elétrica dos neurônios", explica Martins. "Isso também poderia funcionar ao contrário: sinais elétricos produzidos por neurônios e nanorrobôs poderiam ser amplificados, via nanopartículas magnetoelétricas, para permitir sua detecção fora do crânio".
Colocar essas nanopartículas ‒ e os nanorrobôs ‒ com segurança dentro do cérebro humano através da circulação, contudo, é talvez o maior desafio dentre todos para viabilizar a interface cérebro/nuvem.
"Uma análise detalhada da biodistribuição e da biocompatibilidade das nanopartículas é necessária antes que elas possam ser consideradas para o desenvolvimento humano. No entanto, com estas e outras tecnologias promissoras para a IC/N se desenvolvendo a taxas cada vez maiores, uma 'internet dos pensamentos' pode se tornar uma realidade antes da virada do século," antevê Martins.

Bibliografia:
Artigo: Human Brain/Cloud Interface
Autores: Nuno R. B. Martins, Amara Angelica, Krishnan Chakravarthy, Yuriy Svidinenko, Frank J. Boehm, Ioan Opris, Mikhail A. Lebedev, Melanie Swan, Steven A. Garan, Jeffrey V. Rosenfeld, Tad Hogg, Robert A. Freitas Jr.
Revista: Frontiers in Neuroscience
DOI: 10.3389/fnins.2019.00112