Orson Peter Carrara
Estive pensando nos conflitos de
relacionamento, nas dificuldades todas que aí estão, inclusive nas artimanhas e
intrigas de bastidores, em empresas, famílias, conhecidos, colegas e mesmo nas
atividades voluntárias compartilhadas nas instituições movidas pelo ideal
religioso, das variadas denominações no Brasil; estava meditando sobre os
ciúmes, as manipulações, os desrespeitos, as agressões, as acusações e críticas
sempre reinantes, nos comentários maldosos e mesmo nos desprezos calculados,
nos crimes entre cônjuges, nos abandonos de crianças e idosos, nas enfermidades
surgidas de abalos emocionais… campo vasto a se abrir quando começamos a pensar
nos dramas humanos e na nossa mediocridade moral….
Foi quando me deparei com o
trecho abaixo. Ele consta do livro “Roteiro”, de Emmanuel, e está no capítulo 1
– O Homem ante a vida.
Foi inevitável. Ao ler, nesse
momento de tantas dificuldades que nos afetam a todos, em âmbito familiar,
social, profissional, nacional…. Pude constatar: achei a razão maior. Achei o
“fio da meada”. Eis a causa. Acompanhe atentamente. Peço ler vagarosamente…
Eis:
(…) Confinado ao
reduzido agrupamento consanguíneo a que se ajusta ou compondo a equipe de
interesses passageiros a que provisoriamente se enquadra, sofre a inquietação
do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor. Não sabe dar sem receber, não consegue
ajudar sem reclamar e, criando o choque da exigência para os outros, recolhe
dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com
raras possibilidades de auxiliar e ser auxiliado (…)
Sugiro releia. E vá pensando nas
dificuldades que tem constatado. O amigo leitor se surpreenderá ao encaixar no
acanhado ponto de vista que ainda nos situamos – seja no agrupamento familiar
ou na equipe de interesses passageiros –, alimentando ilusões e pretensões
descabidas, buscando autopromoção , exigindo além do equilíbrio, tentando
imposições ou mesmo agredindo muitas vezes, seja com a omissão ou as posturas
que não se conectam ao dever do bem que nos cabe.
Aí surgem os choques variados
que temos experimentado, fruto todos de nossa imaturidade e mesmo leviandade
muitas vezes. E pior, criando barreiras para ajudarmos e nos ajudarmos na
superação de todas essas lamentáveis mazelas morais.
Claro que isso não é nenhuma
novidade. Todos já sabemos. O título foi para provocar curiosidade e levar ao
precioso trecho do texto de Emmanuel.
O capítulo em questão é muito
valioso e aborda as grandezas da vida, mas nos faz reconhecer a pequenez que
ainda nos situamos. A solução continua na vivência cristã que teimamos em nos
manter afastados. Estamos convocados a essa nova postura. Seja por gratidão à
vida, seja pelo dever de progredir, seja para sairmos da mediocridade que ainda
estamos. A vida conspira a nosso favor e o dever que se apresenta é respeitar a
vida em toda sua amplitude.
Nenhum comentário:
Postar um comentário