terça-feira, 30 de junho de 2015

A Força Psíquica. Os fluídos. O magnetismo[1]




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Negado muito tempo pelas corporações doutas, como negadas foram, por elas, a circulação do sangue, a vacina, o método antisséptico e tantas outras descobertas, o magnetismo, tão antigo quanto o mundo, acabou por penetrar no domínio científico sob o nome de hipnotismo.
É verdade que os processos diferem. No hipnotismo, é pela sugestão que se atua sobre o sensitivo, a princípio para o adormecer, e em seguida para provocar fenômenos. A sugestão é a subordinação de uma vontade a outra. O sensitivo se abandona ao experimentador e executa suas ordens, expressas pela palavra e pelo gesto, ou simplesmente pelo pensamento. Pode obter-se o mesmo resultado com as práticas magnéticas. A única diferença consiste nos meios empregados. Os dos hipnotizadores são, antes de tudo, violentos. Se podem curar certas afecções – e não é possível desconhecer que sua aplicação à terapêutica tenha dado resultados apreciáveis –, na maior parte das vezes ocasionam desordens no sistema nervoso e, com a continuação, desequilibram o sensitivo, ao passo que os eflúvios magnéticos, bem dirigidos, quer em estado de vigília, quer no sono, restabelecem com frequência a harmonia nos organismos perturbados.
Vimos que a sugestão pode ser exercida de perto ou de longe, tanto no plano visível quanto no invisível, quer por operadores humanos, quer por agentes ocultos. Permitindo ao indivíduo agir mentalmente sobre outro, sem o concurso dos sentidos, ela nos faz melhor compreender a ação do Espírito sobre o médium. O que, com efeito, pode obter o homem, cuja ação e poder são limitados, mesquinhos, restritos, uma inteligência desembaraçada dos obstáculos da matéria grosseira muito melhor o poderá: conseguirá influenciar o sensitivo, inspirá-lo, servir-se dele para realizar os fins que se propõe.
O magnetismo, considerado em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força psíquica por aqueles que abundantemente a possuem.
A ação do fluido magnético está demonstrada por exemplos tão numerosos e comprovativos que só a ignorância ou a má-fé poderiam hoje lhe negar a existência. Citemos um caso entre mil[2].
“O Sr. Boirac, reitor da Academia de Grenoble, foi vice-presidente da Sociedade Hipnótica de Paris, e abandonou o hipnotismo pelo magnetismo depois da seguinte experiência: entrando em casa um dia, à tarde, encontrou seu criado a dormir. O Sr. Boirac o avistou desde o patamar da escada em que se achava, e teve a ideia de tentar uma experiência magnética. Do lugar onde estava estendeu a mão direita na direção e à altura dos pés do criado adormecido. Após um ou dois minutos, tendo levantado a mão, viu, com surpresa, elevarem-se os pés do criado e acompanharem o movimento ascensional da mão. Renovou diversas vezes a experiência, e de todas elas os resultados foram idênticos”.
A vontade de aliviar, de curar – dissemos – comunica ao fluido magnético propriedades curativas. O remédio para os nossos males está em nós. Um homem bom e sadio pode atuar sobre os seres débeis e enfermiços, regenerá-los por meio de sopro, pela imposição das mãos e mesmo mediante objetos impregnados da sua energia. Opera-se mais frequentemente por meio de gestos, denominados passes, rápidos ou lentos, longitudinais ou transversais, conforme o efeito, calmante ou excitante, que se quer produzir nos doentes. Esse tratamento deve ser seguido com regularidade, e as sessões renovadas todos os dias até à cura completa.
Pode assim a pessoa, pela auto-magnetização, tratar-se a si mesma, descarregando com o auxílio de passes ou de fricções os órgãos enfraquecidos e impregnando-os das correntes de força desprendidas das mãos.
A fé vivaz, a vontade, a prece e a evocação dos poderes superiores amparam o operador e o sensitivo. Quando ambos se acham unidos pelo pensamento e pelo coração, a ação curativa é mais intensa.
A exaltação da fé, que provoca uma espécie de dilatação do ser psíquico e o torna mais acessível aos influxos do Alto, permite admitir e explicar certas curas extraordinárias operadas nos lugares de peregrinação e nos santuários religiosos.
Esses casos de curas são numerosos e baseados em testemunhos muito importantes para que se possa a todos pôr em dúvida. Não são peculiares a tal ou tal religião: encontram-se indistintamente nos mais diversos meios: católicos, gregos, muçulmanos, hindus, etc.
Livre de todo acessório teatral, de todo móvel interesseiro, praticado com o fim de caridade, o magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes, do pai de família, da mãe para seus filhos, de quantos sabem verdadeiramente amar.
Sua aplicação está ao alcance dos mais simples. Não exige senão a confiança em si, a fé no Poder Infinito que por toda a parte faz irradiar a vida e a força. Como o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, todos nós podemos impor as mãos e curar, se temos amor aos nossos semelhantes e o desejo ardente de os aliviar.
Quando o paciente se acha adormecido sob a influência magnética e parece oferecer-se à sugestão, não a empregueis senão com palavras de doçura e de bondade. Persuadi, em lugar de intimar. Em todos os casos, recolhei-vos em silêncio, sozinho com o paciente, e apelai para os Espíritos benfazejos que pairam sobre as dores humanas. Então sentireis descer do Alto sobre vós e propagar-se ao sensitivo o poderoso influxo. Uma onda regeneradora penetrará por si mesma até à causa do mal; e demorando, renovando semelhante ação, tereis contribuído para aligeirar o fardo das misérias terrestres.
Quando se observa o grande poder do magnetismo curativo e os serviços que já tem prestado à Humanidade, sente-se que nunca seria demasiado protestar contra as tendências dos poderes públicos, em certos países, no sentido de lhe embaraçar o livre exercício. Assim procedendo, eles violam os mais respeitáveis princípios, calcam aos pés os sagrados direitos do sofrimento. O magnetismo é um dom da Natureza e de Deus. Regular-lhe o uso, coibir os abusos, é justo. Impedir, porém, a sua aplicação seria usurpar a ação divina, atentar contra a liberdade e o progresso da Ciência e fazer obra de obscurantismo.
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[1] No Invisível - Léon Denis - FEB
[2] BULLETIN DE IA SOCIÉTÉ D'ETUDES PSYCHIQUES DE NANCY, fevereiro de 1901, Pág. 60.

Um mal que afeta milhões[1]


DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Caetano do Sul, SP (Brasil)

O “homem civilizado” não se sente seguro nem feliz no tocante à sua intimidade. Ainda que tenha atingido um aprimoramento e desenvolvimento sociocultural, obtido toda a comodidade da vida moderna, apesar de toda a rapidez dos meios de comunicação e de transporte, os quais facilitam empresas e negócios, a criatura humana não se sente isenta de angústias e apreensões.
Chamam civilização toda sociedade resultante de tal processo, ou o conjunto de suas conquistas, em especial, aquelas distintas por certo estágio de desenvolvimento. O que caracteriza uma sociedade civilizada é o seu progresso tecnológico, econômico e intelectual, suas realizações materiais elaboradas coletiva e individualmente em diversos níveis de cargo, segundo modelo das sociedades ocidentais modernas. A despeito das vantagens da vida moderna, homens e mulheres dos grandes centros urbanos não vivem lá muito felizes ao se deparar com súbitos empecilhos que lhes infelicitam a vida.
 Nesse caso, os filhos das urbes têm de reduplicar suas forças. Em meio à competitividade globalizada que as novas tecnologias de comunicação e de processamento de dados tornaram a luta pelos meios de subsistência mais acerba, todo o cuidado é pouco. Angústias profissionais, problemas familiares e outros distúrbios particulares ou coletivos causam a sensação de desamparo e receio, como os dos últimos nefastos incidentes de vandalismo, de brigas de torcidas organizadas, da onda de assaltos com mortes e outras tragédias.
Norte-americanos, europeus e orientais próximos vivem aturdidos, desconfiados, revoltados, com medo de súbitas ações de franco-atiradores, de terroristas. Em nosso país, permanece o clima de insegurança — o brasileiro não sofre a ação sistemática de terroristas políticos; mas, sofre com o terror de traficantes de drogas, enfim, da violência urbana generalizada.

Sensação de impotência, pessimismo.
Já ouvi algumas pessoas dizerem que, de vez em quando, ao acordar, sentem aquela sensação de impotência, de violentadas em seus direitos humanos e de cidadãs. Estas se confessaram pessimistas quanto ao futuro, temerosas. Nos grandes centros urbanos do nosso país, o receio do assalto, da bala perdida, do sequestro-relâmpago, a frustração pelas últimas ocorrências lamentáveis de corrupção na política... Consoante adágio popular, “a corda arrebenta sempre do lado mais fraco”...
Entendamos aqui por “lado mais fraco” o organismo físico. Como resultado dos abalos sociais e de toda a agitação, surge a ardência ou aperto no peito, o transpirar frio e abundante, a taquicardia, a palidez no rosto, o medo da morte ou de enlouquecer de vez — sinais vistos em milhões de pessoas. São, segundo os médicos, sintomas da “síndrome do pânico”, o “mal dos tempos”, ou “da vida moderna”. Há quem busque nas substâncias tóxicas um estado psíquico capaz de lhe assegurar uma melhora; mas tudo não passará de mero equívoco; pioram as crises.
As crises generalizadas da síndrome do pânico têm acometido muitos em quase todos os lugares do globo, homens e mulheres, idosos e jovens já as sofreram. Essa doença afeta de 1,5% a 2% das pessoas, conforme o médico Antonio Egidio Nardi, professor adjunto do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro[2]. Ainda por cima, as pessoas acabam por desenvolver certas fobias: de avião, de elevador, de multidão, de congestionamento de trânsito, etc., por isso, o acúmulo de atendidos em clínicas de emergência. Aliás, os médicos perceberam agora que o medo mórbido, a ânsia, a depressão, no fundo, resumem-se em coisas da alma...
Tem cura? Têm — mas de modo relativo, dependendo de cada caso e paciente. Não raro, as crises podem estar associadas ao abuso de alcoólicos, do tabagismo e das demais drogas que lesam a saúde. “A síndrome do pânico nada mais é que uma resposta de uma situação de estresse”, afirmou um psiquiatra, o dr. Steven Bruce, da Brown University, Rhode Island, EUA.

Terapia cognitiva comportamental
No conceito de alguns renomados psiquiatras, o que eles denominam “terapia cognitiva comportamental” pode curar tais transtornos. Essa prática consiste também no emprego de medicamentos antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos e os IRSS (antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina). A terapia cognitiva comportamental expõe o paciente a situações de estresse e, com o tempo, ele pode aprender a lidar com estas e até adquirir autodomínio, dependendo do caso, com o suporte dos tais medicamentos.
O diretor do Programa de Tratamento de Diagnóstico Duplo do Centro Médico de Harbor, na Universidade da Califórnia, EUA, John Tsuang, crê no bom êxito da terapia cognitiva comportamental. Embora outros médicos a subestimem, Tsuang põe confiança nesse método. “Ainda não sabemos ao certo como funcionaria; porém, sabemos que a mente pode ser bem forte na correção de comportamentos”, disse isso em outubro de 2004, durante conferência no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Salvador, BA.
Sob tal ponto de vista, concordamos com o diretor, uma vez que, nós, espíritas, sabemos acerca da importância da mente. De fato, ela é capaz de admiráveis casos; porém, esta tanto pode se aviltar sem cogitar do balanço moral da consciência, como pode se engrandecer espiritualmente através das dificuldades, superando ou resolvendo um problema de difícil resolução.

Que diz o Evangelho
O Evangelho segundo o Espiritismo diz que, no transcorrer de nossas existências físicas, acontece uma série de dissabores, cujas causas se encontram em nós mesmos, de acordo com nosso mau procedimento e excessos de toda a sorte. “O homem é, assim, num grande número de casos, o autor de seus próprios infortúnios”, afirmou Allan Kardec em sua exposição escrita[3].
Quer dizer, o homem não conhecerá mais que a aflição, se estacionar nas ideias obscuras da exterioridade, por isso a doença, para ele, ilógica. Escreveu o notável filósofo espírita, Léon Denis: “O homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento” [4].  Pensamentos de ansiedade, de insegurança e de malogro na maneira de proceder na alegria ou na dor e todo o conjunto de problemas atinentes a desequilíbrios são sintomas doentios da alma.
Alguns chegam mesmo a cometer suicídio, nos EUA e em outros países ditos de primeiro mundo, pensam em não continuar sofrendo, com “medo de morrer” ou de ficar loucos por causa de traumas causados pelo pânico, disse Bruce. O trabalho de psiquiatras brasileiros e estrangeiros é digno de todo o nosso respeito. Segundo os médicos preocupados em dar combate a esse sofrimento de ricos e pobres, o fundamental é o equilíbrio, além de exercícios, de uma dieta saudável, de alguma ocupação interessante, de atividades lúdicas.
E nós, por nossa vez, acrescentamos que, independente da terapia cognitiva, de exercícios e dietas saudáveis, de crença religiosa e de qualquer modo de pensar, todos somos filhos de um mesmo Pai, que é Deus, e Ele nos criou para que sejamos saudáveis, sobretudo, felizes. Em meio à aflição, procuremos jeito de ocorrer um famoso salmo: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” [5], principalmente você, caro leitor ou cara leitora, se “por acaso” lê estas linhas, estando angustiadamente inseguro (a), ansioso (a), com a autoestima em baixa por causa de algum dos mencionados sintomas.
Quanto a você, meu irmão ou minha irmã de fé espírita, oremos, vigiemos sem cessar (não o próximo, e sim nós mesmos!) conforme solicita nosso querido Mestre Jesus, o Médico dos Médicos. Espírita de verdade, conhecedor da sua Doutrina, não sente depressão nem teme coisa alguma porque, antes de tudo, confia plenamente (e sabe como ninguém por que confia) em Jesus, em Deus e na salutar influência dos bondosos Espíritos executores da Sua vontade.
Por último, reflitamos sobre importante receita do Espírito Emmanuel pela incomparável mediunidade psicográfica do bondoso e saudoso médium Francisco Cândido Xavier: “Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos nós. Justo é desejar firmemente a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar-se para a união com os planos superiores, insistir por sintonizar-se com as esferas mais altas. Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair” [6].



[2] Ramalho, Cristina. Mal dos tempos. In: Diálogo médico. Ano 31, nr. 1. São Paulo: Editora Livre, fevereiro/janeiro de 2005.  p. 54.
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 77. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (Feb), 1979. Capítulo 5.o, item 4, p. 102.
[4] DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 15 ed. Rio: Feb, 1989. Cap. 24, p. 355.
[5] ALMEIDA, Tradução de João Ferreira de. A bíblia sagrada. 100.000. ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1960. Cap. 23, vers. 1 a 6, p. 576.
[6] XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso (Espírito Emmanuel). 10. ed. Rio: Feb, 1984. Tema 8, p. 27.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Alzheimer: uma moléstia espiritual? É possível evitar[1]



 Américo Marques Canhoto, médico especialista, casado, pai de quatro filhos. Nasceu em Castelo de Mação, Santarém, Portugal. Médico da família desde 1978. Atualmente, atende em São Bernardo do Campo e São José do Rio Preto - Estado de São Paulo - BR.
Conheceu o Espiritismo em 1988. Recebia pacientes que se diziam indicados por um médico: Dr. Eduardo Monteiro.  Procurando por este colega de profissão, descobriu que esse médico era um espírito, que lhe informou: Alzheimer acima de tudo é uma moléstia que reflete o isolamento do espírito.
Queremos dividir com os leitores um pouco de algumas das observações pessoais a respeito dessa moléstia, fundamentadas em casos de consultório e na vida familiar - dois casos na família.
Achamos importante também analisar o problema dos cuidadores do doente.
Além de trazer à discussão o problema da precocidade com que as coisas acontecem no momento atual. Se tudo está mais precoce, o que impede de doenças com possibilidade de surgirem lá pelos 65 anos de idade apareçam lá pela casa dos 50 ou até antes?

Alerta
É incalculável o número de pessoas de todas as idades (até crianças) que já apresentam alterações de memória recente e de déficit de atenção (primeira fase da doença de Alzheimer). Lógico que os motivos são o estilo de vida atual, estresse crônico, distúrbios do sono, medicamentos, estimulantes como a cafeína e outros etc. Mas, quem garante que nosso estilo de vida vai mudar?
Então, quanto tempo o organismo suportará antes de começar a degenerar?
É possível que em breve tenhamos jovens com Alzheimer?

Alguns traços de personalidade das pessoas portadoras de Alzheimer
a.      Costumam ser muito focadas em si mesmas.
b.      Vivem em função das suas necessidades e das pessoas com as quais criam um processo de co-dependência e até de simbiose.
c.       Seus objetivos de vida são limitados (em se tratando de evolução).
d.      São de poucos amigos.
e.       Gostam de viver isoladas.
f.        Não ousam mudar.
g.      Conservadoras até o limite.
h.      Sua dieta é sempre a mesma.
i.        Criam para si uma rotina de 'ratinho de laboratório'.
j.        São muito metódicas.
k.      Costumam apresentar pensamentos circulares e ideias repetitivas bem antes da doença se caracterizar.
l.        Cultivam manias e desenvolvem TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) com frequência.
m.    Teimosas, desconfiadas, não gostam de pensar.
n.      Leitura os enfastia.
o.      Não são chegadas em ajudar o próximo.
p.      Avessas á prática de atividades físicas.
q.      Facilmente entram em depressão.
r.       Agressivas contidas.
s.       Lidam mal com as frustrações que sempre tentam camuflar.
t.        Não se engajam.
u.      Apresentam distúrbios da sexualidade como impotência precoce e frigidez.
v.      Bloqueadas na afetividade e na sexualidade. Algumas têm dificuldades em manifestar carinho, para elas um abraço, um beijo, um afago requer um esforço sobre-humano.

Gatilhos que costumam desencadear o processo
Na atualidade, a parcela da população que corre mais risco são os que se aposentam - especialmente os que se aposentam cedo e não criam objetivos de vida de troca interativa em sequência. Isolam-se.
Adoram TV porque não os obriga a raciocinar, pois não gostam de pensar para não precisar fazer escolhas ou mudanças.
Avarentos de afeto e carentes de trocas afetivas quando não podem vampirizar os parentes, deprimem-se escancarando as portas para a degeneração fisiológica e principalmente para os processos obsessivos. Nessa situação degeneram com incrível rapidez, de uma hora para outra.
 
Alzheimer e mediunidade
No decorrer do processo os laços fluídicos ficam tão flexíveis que eles falam com pessoas que não enxergamos nem sentimos.
Chegam a transmitir o que dizem os desencarnados ou são usados de forma direta para comunicações.
Esta condição fluídica permite que acessem com facilidade ao filme das vidas passadas (bem mais a última) - muitas vezes nesses momentos, nos nomeiam e nos tratam como se fossemos outras pessoas que viveram com eles na última existência e nos relatam o que 'fizemos' juntos, caso tenhamos vivido próximos na última existência.
Vale aqui uma ressalva, esse fato ocorre em muitos doentes terminais e em algumas pessoas durante processos febris.

Obsessão
É bem comum que a doença insidiosamente se instale através de um processo arquitetado por obsessores, pois os que costumam apresentar essa doença não são muito adeptos da ajuda ao próximo e do amor incondicional; daí ficam vulneráveis às vinganças e retaliações.
É raro que bons tarefeiros a serviço do Cristo transformem-se em Alzheimer.
Mas, quem é ou quais são os alvos do processo obsessivo?
O doente ou a família?


Alzheimer - o umbral para os ainda encarnados
O medo de dormir reflete, dentre outras coisas, as companhias espirituais nada agradáveis.
Os cuidadores desses pacientes tem mil histórias a contar e muitos depoimentos a fazer. Esse assunto merece muitos comentários.

 O que é possível aprender como cuidador?
Paciência, tolerância, aceitação, dedicação incondicional ao próximo, desprendimento, humildade, inteligência, capacidade de decidir por si e pelo outro. Amor.

 O problema da obsessão
Quem obsidia quem?
Cuidador e doente são antigos obsessores um do outro - não é preciso recuar muito no tempo, pois mesmo nesta existência, com um pouco de honestidade dá para analisar o processo em andamento; na dúvida basta analisar as relações familiares, como as coisas ocorreram.
Não foi possível? Não importa; basta que hoje, no decorrer do processo da doença, avaliemos o que nos diz o doente nas suas crises de mediunidade: você fez isso ou aquilo, agora vai ver! Preste muita atenção em tudo que o doente diz, pois aí, pode estar a chave para entendermos a relação entre o passado e o presente.

A dieta influencia
Os portadores da doença costumam ter hábitos de alimentação sem muita variação centrada em carboidratos e alimentos industrializados.
Descuidam-se no uso de frutas, verduras e legumes frescos, além de alimentos ricos em ômega 3 e ômega 6;
Devem consumir mais peixe e gorduras de origem vegetal (castanha do Pará, nozes, coco, azeite de oliva extra virgem, óleo de semente de gergelim).
Estudos recentes mostram que até os processos depressivos podem ser atenuados ou evitados pela mudança de dieta.

Doença silenciosa?
Nem tanto, pois avisos é que não faltam, desde a infância analisando e estudando as características da criança, é possível diagnosticar boa parte dos problemas que se apresentarão para serem resolvidos durante a atual existência.

Remédios resolvem?
Ajudar até que ajudam; mas resolver é impossível, ilógico e cruel se, possível fosse - pois, nem todos tem acesso a todos os recursos ao mesmo tempo.
Remédios usados sem a contrapartida da reforma no pensar, sentir e agir podem causar terríveis problemas de atraso evolutivo individual e coletivo; pois apenas abrandam os efeitos sem mexer nas causas. Tapam o sol com a peneira.

Remédios previnem?
Claro que não. Apenas adiam o inexorável. Quanto a isso, até os cientistas mais agnósticos concordam. Um dos mais eficazes remédios já inventados foram os grupos de apoio à terceira idade.
A convivência saudável e as atividades que possam ser feitas em grupo geram um fluxo de energia curativa. A doença de Alzheimer acima de tudo é uma moléstia que reflete o isolamento do espírito que se torna solitário por opção. O interesse pelos amigos é um bom remédio.

Qual a vacina?
É estudar as características de personalidade, caráter e comportamento dos que a vivenciam, para que não as repitamos. A melhor e mais eficiente delas é o estudo, o desenvolvimento da inteligência, da criatividade e a prática da caridade.

Quer evitar tornar-se um Alzheimer?
Torne sua vida produtiva, pratique sem cessar o perdão e a caridade com muito esforço e inteligência.
Muito mais há para ser analisado e discutido sobre este problema evolutivo que promete nos visitar cada dia mais precocemente...

Esperamos que esta pequena lição que o Dr.Américo nos proporcionou em sua palestra nos sirva para podermos ajudar pessoas com este mal.

Elaborado por: Iara Bretas
Enviado por e-mail
Solange Christtine Ventura

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS[1]



A desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão se procuram resolver, quando se considera apenas a vida atual.
A primeira questão que se apresenta é a seguinte: Por que todos os homens não são igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. Aliás, é uma questão matematicamente demonstrada que, supondo-se feita essa repartição, o equilíbrio seria rompido em pouco tempo, em virtude da diversidade de caracteres e aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente o necessário para viver, isso equivaleria ao aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem-estar da humanidade; que, portanto, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, desapareceria o estímulo que impulsiona as grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em alguns lugares, é para que dos mesmos ela se expanda, em quantidades suficientes, segundo as necessidades.
Admitindo-se isto, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos? Essa é ainda uma prova da sabedoria e da bondade de Deus.
Ao dar ao homem o livre-arbítrio, quis que ele chegasse, pela sua própria experiência, a discernir o bem e o mal, de maneira que a prática do bem fosse o resultado dos seus esforços, da sua própria vontade. Ele não deve ser fatalmente levado a um nem ao outro, pois então seria um instrumento passivo e irresponsável como os animais. A fortuna é um meio de prova-lo moralmente; mas como, ao mesmo tempo, é um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que permaneça improdutiva, e por isso que incessantemente a transfere. Cada qual deve possuí-la, para exercitar-se no seu uso e provar a maneira porque o sabe fazer.
Como há a impossibilidade material de que todos a possuam ao mesmo tempo, e como se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, e o melhoramento do globo sofreria com isso: cada qual a possui por sua vez. Dessa maneira, o que hoje não a tem, já a teve no passado ou a terá no futuro, numa outra existência, e o que hoje a possui poderá não tê-la mais amanhã. Há ricos e pobres porque, Deus sendo justo, cada qual deve trabalhar por sua vez. A pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação.
Lamentam-se, com razão, o triste uso que algumas pessoas fazem da sua fortuna, as ignóbeis paixões que a cobiça desperta, e pergunta-se se Deus é justo, ao dar a riqueza a tais pessoas.
E claro que se o homem só tivesse uma existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens terrenos; mas, se em lugar de limitar sua vida ao presente, considerar-se o conjunto das existências, vê-se que tudo se equilibra com justiça. O pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e estes não o têm para se vangloriarem do que possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos, nem de leis suntuárias, que se poderá remediar o mal. As leis podem modificar momentaneamente o exterior, mas não podem modificar o coração: eis porque têm um efeito temporário e provocam sempre uma reação mais desenfreada. A fonte do mal está no egoísmo e no orgulho. Os abusos de toda espécie cessarão por si mesmos, quando os homens se dirigirem pela lei da caridade.



[1] O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Capítulo XVI – item 8

domingo, 28 de junho de 2015

O Amor[1]




          O amor é a celeste atração das almas e dos mundos, a potência divina que liga os Universos, governa-os e fecunda; o amor é o olhar de Deus!
          Não se designe com tal nome a ardente paixão que atiça os desejos carnais. Esta não passa de uma imagem, de um grosseiro simulacro do amor. O amor é o sentimento superior em que se fundem e se harmonizam todas as qualidades do coração; é o coroamento das virtudes humanas, da doçura, da caridade, da bondade; é a manifestação na alma de uma força que nos eleva acima da matéria, até alturas divinas, unindo todos os seres e despertando em nós a felicidade íntima, que se afasta extraordinariamente de todas as volúpias terrestres.
          Amar é sentir-se viver em todos e por todos, é consagrar-se ao sacrifício, até à morte, em benefício de uma causa ou de um ser. Se quiserdes saber o que é amar, considerai os grandes vultos da Humanidade e, acima de todos, o Cristo, o amor encarnado, o Cristo, para quem o amor era toda a moral e toda a religião. Não disse ele: “Amai os vossos inimigos”?
          Por essas palavras, o Cristo não exige da nossa parte uma afeição que nos seja impossível, mas sim a ausência de todo ódio, de todo desejo de vingança, uma disposição sincera para ajudar nos momentos precisos aqueles que nos atribulam, estendendo-lhes um pouco de auxílio.
          Uma espécie de misantropia, de lassidão moral por vezes afasta do resto da Humanidade os bons Espíritos. É necessário reagir contra essa tendência para o insulamento; devemos considerar tudo o que há de grande e belo no ser humano, devemos recordar-nos de todos os sinais de afeto, de todos os atos benévolos de que temos sido objeto. Que poderá ser o homem separado dos seus semelhantes, privado da família e da pátria? Um ente inútil e desgraçado. Suas faculdades estiolam-se, suas forças se enfraquecem, a tristeza invade-o. Não se pode progredir isoladamente. É imprescindível viver com os outros homens, ver neles companheiros necessários, O bom humor constitui a saúde da alma. Deixemos o nosso coração abrir-se às impressões sãs e fortes. Amemos para sermos amados!
          Se nossa simpatia deve abranger a todos os que nos rodeiam, seres e coisas, a tudo o que nos ajuda a viver e mesmo a todos os membros desconhecidos da grande família humana, que amor profundo, inalterável, não devemos aos nossos genitores: ao pai, cuja solicitude manteve a nossa infância, que por muito tempo trabalhou em aplanar a rude vereda da nossa vida; à mãe, que nos acalentou e nos reaqueceu em seu seio, que velou com ansiedade os nossos primeiros passos e as nossas primeiras dores! Com que carinhosa dedicação não deveremos rodear-lhes a velhice, reconhecer-lhes o afeto e os cuidados assíduos!
          À pátria também devemos o nosso concurso e o nosso sacrifício. Ela recolhe e transmite a herança de numerosas gerações que trabalharam e sofreram para edificar uma civilização de que recebemos os benefícios ao nascer. Como guarda dos tesouros intelectuais acumulados pelas idades, ela vela pela sua conservação, pelo seu desenvolvimento; e, como mãe generosa, os distribui por todos os seus filhos. Esse patrimônio sagrado, ciências e artes, leis, instituições, ordem e liberdade, todo esse acervo produzido pelo pensamento e pelas mãos dos homens, tudo o que constitui a riqueza, a grandeza, o gênio da nação, é compartilhado por todos. Saibamos cumprir os nossos deveres para com a pátria na medida das vantagens que auferimos. Sem ela, sem essa civilização que ela nos lega, não seríamos mais que selvagens.
          Veneremos a memória desses que têm contribuído com suas vigílias e com seus esforços para reunir e aumentar essa herança; veneremos a memória dos heróis que têm defendido a pátria nas ocasiões criticas, de todos esses que têm, até à hora da morte, proclamado a verdade, servido à justiça, e que nos transmitiram, tingidas pelo seu sangue, as liberdades, os progressos que agora gozamos.
          O amor, profundo como o mar, infinito como o céu, abraça todas as criaturas. Deus é o seu foco. Assim como o Sol se projeta, sem exclusões, sobre todas as coisas e reaquece a natureza inteira, assim também o amor divino vivifica todas as almas; seus raios, penetrando através das trevas do nosso egoísmo, vão iluminar com trêmulos clarões os recônditos de cada coração humano. Todos os seres foram criados para amar. As partículas da sua moral, os germes do bem que em si repousam, fecundados pelo foco supremo, expandir-se-ão algum dia, florescerão até que todos sejam reunidos numa única comunhão do amor, numa só fraternidade universal.
          Quem quer que sejais, vós que ledes estas páginas, sabei que nos encontraremos algum dia, quer neste mundo, nas existências vindouras, quer em esfera mais elevada ou na imensidade dos espaços; sabei que somos destinados a nos influenciarmos no sentido do bem, a nos ajudarmos na ascensão comum. Filhos de Deus, membros da grande família dos Espíritos, marcados na fronte com o sinal da imortalidade, todos somos irmãos e estamos destinados a conhecermo-nos, a unirmo-nos na santa harmonia das leis e das coisas, longe das paixões e das grandezas ilusórias da Terra. Enquanto esperamos esse dia, que meu pensamento se estenda sobre vós como testemunho de terna simpatia; que ele vos ampare nas dúvidas, vos console nas dores, vos conforte nos desfalecimentos e que se junte ao vosso próprio pensamento para pedir ao Pai comum que nos auxilie a conquistar um futuro melhor.


[1] Depois da Morte – Leon Denis – Capítulo 49

sábado, 27 de junho de 2015

A questão da Justiça[1]


EDUARDO ALVES DE SÁ[2]

Foi um dos advogados portugueses de mais rija envergadura. Arguto e eloquente descobria modalidades e facetas novas à questão mais exausta. Recorria-se a ele sempre com a certeza prévia de se encontrar uma solução ao assunto mais intrincado.
Aqui nada nos passa despercebido; e, portanto não podia furtar-se a essa lei o convite, por duas vezes já feito, à minha manifestação.
Parece que é sobre leis que me queriam ouvir, visto ter sido homem de leis, e de leis ser quem me solicitou opinião. Pois apesar disso não tratarei das leis terrenas. Isso, aqui, tem tanto valor como um punhado de cascas d'alhos para um festim real; e bem farto fiquei delas aí para que, depois de me ter visto liberto de tão terrível pesadelo, volte a buscá-lo voluntariamente.
Quero dar conta de mim, mas para mais uma vez dizer o que pensei nos últimos tempos da minha estada nesse infecto planeta: que isto de leis e justiças é a consagração social do bandoleirismo e da desigualdade.
Apresenta-se a justiça com a máscara férrea da igualdade e da incorruptibilidade, mas não há quem viva nela, com ela e por ela, que não saiba que essa máscara a iguala a um mendigo mascarado de rei em uma cegada carnavalesca.
O estudo das leis equivale ao estudo dos pick­pockets ingleses para o furto. E' cada qual apurar a sua argúcia, a sua inteligência, a sua maneira, para melhor poder provar que o branco é preto e o preto é branco; e que onde está o A devia estar o Z do abecedário, e onde está o Z devia estar o A. Quem não tiver consciência nem bojo para dizer e fazer isso morre de fome e passa por uma nulidade desprezível.
Os meus principais triunfos, os principais louros por mim conquistados, que aureolaram o meu nome, raro representaram o triunfo da justiça. E é tão porco o ambiente que respiramos no convívio dos delinquentes, dos pulverulentos in-fólios, de sujos calhamaços de processos patifes, que inevitavelmente nos corrompemos, obliterando em nós a noção da justiça.
E' vulgar pormos todo o nosso empenho, todo o nosso mais feroz encarniçamento em procurar a absolvição de um patifão confesso e reconhecido, criatura que nem do nosso desprezo chega a ser digna; e quando o conseguimos, marcamos esse ato condenável sob o ponto de honestidade e justiça absoluta, como um notável triunfo da nossa carreira.
Não nos ensoberba nem nos vangloria levarmos a justiça à retidão de fazer justiça; o que nos envaidece é torcer as leis, subjugar os júris, enredarmos os juízes, esmagarmos os nossos colegas, e às vezes nossos amigos, com o poder da nossa argúcia, da nossa eloquência, e por vezes da nossa rabulice, afastando da vista de todos o que sob essa vista está, e fazendo-os ver só aquilo que queremos fazer ver.
Será uma pouca-vergonha! E', mas é o que a sociedade quer.
Ela, quando enverga o seu sujo trajo de matrona e de puritana, finge desaprovar esse modo de ser da justiça humana; mas, habitualmente, só enaltece aqueles que conseguem distinguir-se nesses processos de bandoleirismo legal.
Isso ai já me enojava, mas não podia deixar de viver disso. Era o hábito, era o vício, a paixão. Creio que os moços da limpeza municipal, nas suas horas de limpeza individual, se enojarão de carregar e limpar todos os detritos da matéria podre; mas é a sua vida.
Os advogados são os moços da limpeza social.
Carregam e limpam toda a porcaria moral.
São eles que veem o fundo da alma humana na Terra; são eles que veem, sem os poderem medir, os fundos e pavorosos abismos, negros e infectos, de muita consciência com que têm de lidar; como os pobres varredores municipais veem o fundo nauseabundo dos barris de lixo; e, conquanto lhes repugne o aspecto e o fedor, não podem alhear-se disso, porque é a sua vida.
A lei e a justiça, que deviam vestir de branco como a virgem na primeira comunhão, que deviam ser como a mulher de César, são isso que se vê.
E quem há de endireitar o carroção social, por modo que cada coisa se pusesse em seu eixo?
Ninguém. Não o endireitou o Cristo, ninguém o endireitará. E' assim. Porque tem de ser assim. Creio que o mundo, tal como é, representa os antigos juízos de Deus: quem estava inocente, podia pôr os pés nus sobre ferro candente, ou beijar um crucifixo em brasa, que se não queimaria, segundo era crença.
O mundo é um lameiro onde as almas são arremessadas: quem for justo e puro sai dele níveo e limpo como um arcanjo. A lama não o sujará; mas quem não tiver em si a suficiente dose de bondade e de justiça pura, sairá escorrendo lodo e fedendo a pus.
E não há coisa pior na Terra, senhores, do que a justiça injusta.
Viva Deus, porém, que ainda encontrei justiça justa, também; mas essa era tímida, escondida, como que envergonhada da sua pureza; e não fazia carreira. Vegetava, desamparada e pobre, como enteada de madrasta ruim. E todos vós a conheceis.
Manifesta-se na toga ruça do juiz, nas botas cambadas do escrivão; na habitação modesta e nos calotes ao tendeiro e ao alfaiate de todas as criaturas que servem o templo da justiça, desde o beleguim honesto, até o conselheiro honesto do Supremo.
Caracteres de têmpera rija, consciência impoluta, juízo são, culto venerando pela verdade. Podem errar, porque a sua vista os atraiçoou, a sua inteligência claudicou, a sua ciência não chegou à apreciação plena da justiça; mas fazem-no crentes de que serviram a Deus e à justiça, e vão, de consciência serena e tranquila, comer as sopas magras e dormir o sono dos justos e inocentes.
Quem os não conhece? Quem não os aponta?
Nos outros, os voluntários da justiça, os servitas da lei, advogados e procuradores, também há disso, também há. Há até muitos que são honestos dentro da sua desonestidade. Mas ai daqueles que só aceitem causas justas e que só pleiteiem pela verdade santa!
Morrem de fome, e têm de concluir por vender os seus códigos aos alfarrabistas e ir procurar vida nova. Não lhes aparecem clientes. Um cliente, em regra geral, tem só a noção de que a justiça é aquilo que ele deseja; e se um advogado lhe põe em dúvida essa justiça, o menos que lhe sucede, além de lhe não entregar a causa, é chamar-lhe estúpido. E' de todos os dias. Toda a gente sabe que é assim; e sendo-o, como o é em verdade, quem não há de buscar nas torcedelas dos artigos e parágrafos da babilônica coleção de leis de qualquer pais, as tangentes por onde se faça valer a justiça que cada qual julgue possuir?
E' um ofício como o de deitar tombas ou fazer púcaros de barro. Ora, sendo a justiça um oficio, de que os instrumentos são os códigos e as leis, como há de ser servida com retidão?
Quem pode crer a justiça na justiça, senão esporadicamente, como amostra da fazenda para lhe conservar o nome?
E queriam que eu falasse de leis...
Aqui têm. Falei sem querer.
E' que eu reputaria a máxima covardia da minha consciência, se na primeira vez que, depois de daí ter vindo, posso escancarar a minha janela sobre esse atoleiro, não berrasse a plenos pulmões o que penso de tudo isso, agora que presumo ver de alto e mais claro.
E eu, que sempre soube dizer o que pensava e queria, mesmo quando as conveniências e as amizades exigiam o contrário, não podia deixar de fazê-lo, quando não há sentimento nenhum no meu ser que me não impila a fazê-lo.
E' a verdade, é o remorso e a justiça, que me obrigam a dizer, que isso de leis e de justiça na Terra, é, em regra geral, o que há de mais imoral, ilegal e injusto, sob o ponto de vista da moralidade, da legalidade e da justiça absolutas, como depois da morte, as vimos encontrar na esplendorosa irradiação da vontade de Deus.
Aos que amam e praticam a justiça na Terra, como em justiça deve ser, saúdo-os.
Aos que a mercadejam, ofendem e prostituem, desprezo-os; como me desprezo a mim próprio por todas as vezes que o fiz, se algumas o fiz conscientemente.



[1] Extraído do livro “Do Pais da Luz” Psicografia do médium português Fernando de Lacerda.
[2] Eduardo Dally Alves de Sá , doutor em Direito pela Universidade de Coimbra, nasceu em Lisboa (1849-1906). Notável advogado, tomou parte nos processos mais célebre do seu tempo. Defendeu o contra-almirante Augusto de Castilho, quando respondeu em conselho de guerra por haver generosamente acolhido no navio do seu comando os oficiais e marinheiros revoltosos da Marinha brasileira (1894). Autor de: Dos Direitos da Igreja e do Estado; Comentários ao Código do Processo Civil; etc... - Lello Universal - Lello & Irmão - Porto

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A renovação exige coragem e perseverança[1]



LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

O trabalho de renovação das disposições íntimas vai exigir, de todo aquele que se proponha executá-lo, perseverança e determinação. Perseverança, por causa da necessidade da repetição contínua e sistemática na correção do desvio feito nos caminhos da existência, e determinação, para que não se abandone o comprometimento com essa nova atitude.
As ideias fantasiosas que temos sobre renovação deixam-nos manietados a outros erros, e iludidos na certeza de que a estamos realizando. Quase sempre, por desconhecimento, apenas trocamos o nome, o rótulo de antigos enganos, que insistimos em manter – nos apraz tal situação –, distorcendo o verdadeiro significado de tal fato. Esse engano, parece-nos, está ligado à noção equivocada de que estamos, realmente, comprometidos com a mudança e que a estamos realizando. Mas a verdade é que, se observarmos nossa conduta, poderemos perceber, muitas vezes, que insistimos em cometer os mesmos erros, fazendo as mesmas escolhas e guardando a certeza de que já havíamos superado essa fase. Todavia, a consciência dessa repetência permitirá que nos coloquemos em alerta, porque nos permitirá saber que, ainda, estamos no início da caminhada e distantes dessa superação.
As situações, nas quais somos chamados a dar testemunho daquilo que já aprendemos – e quase sempre supomos que já o fizemos –, constituem-se em excelentes vitrines para essas observações. São armadilhas que surgem para que nos testemos, para que tenhamos um parâmetro da nossa evolução, para que possamos medir o quanto, ainda, a paciência, a tolerância com as diferenças, o entendimento fraterno a quem nos agride, a capacidade de perdoar e esquecer e tantos outros, que imaginávamos já dominar, estão longe do ideal da prática amorosa que Jesus nos ensinou.
São decepções que infligimos a nós mesmos e que sacodem a nossa acomodação, no pouco que fizemos, mas que supomos ser muito. É importante lembrar aqui que qualquer avanço na senda do progresso é louvável e, às vezes, requer muito esforço de quem o executa. O que não pode ocorrer é a estagnação desse movimento renovador, com a justificativa de que muito já foi feito. Isso nos desequilibra e nos adoece física e emocionalmente, permitindo que, inúmeras vezes, sejamos alvos fáceis de aproximação de outras mentes em desalinho, sejam elas encarnadas ou desencarnadas.
Por essa razão, a superação de sentimentos inferiores, sob o ponto de vista de Jesus, como os de revide, vingança, vaidade, personalismo, por exemplo – expressões do egoísmo na vida de relação –, é de vital importância para a recuperação e manutenção do equilíbrio e da harmonia no âmbito da vida íntima. É essa condição que nos permitirá não sermos feridos pelas correntes aflitivas e conflitantes que nos cercam, proporcionando um outro olhar sobre essas armadilhas, um olhar com objetividade, dando a cada situação o justo peso de importância.
Para que isso ocorra, faz-se mister buscar conhecer nossos sentimentos – raiz de nossas escolhas –, dimensioná-los, estabelecendo prioridades para serem trabalhadas, com foco nas suas transformações, partindo do mais simples e, portanto, do mais fácil – aquele mais imediato, mais próximo, que está mais claro para nós – para o mais complexo e mais difícil.
O mais importante nesse processo, em última análise, é ter a coragem de identificar esses sentimentos malsãos, iniciar a tarefa de renovação e, depois, permanecer nesse caminho. Passeando entre a luz e a sombra, a razão e a emoção, nunca acertaremos a rota se não nos comprometermos com a mudança e perseverar nela, mesmo que se tenha de refazer os passos mil vezes.
Muitos de nós creem que somente a fé em Deus seja suficiente para que essas mudanças ocorram. Entretanto, a proposta de renovação, que Jesus nos convida a realizar, transcende a simples fé divina. Ela vai além e toca na essência do Espírito, na vontade genuína de realizá-la.  Daí, a presença dessas duas forças transformadoras em nós: a fé humana e a fé divina, porque, ainda que se aceite a soberana presença de Deus em nossa vida; ainda que a fé nos leve a adorá-lO em Espírito e Verdade; ainda que a Natureza O revele através das belezas que nos cercam, se não O sentirmos e mostrarmos ao mundo, através de nossas atitudes, nada terá sentido. Aceitar a Sua presença e não vê-lO no próximo é cegueira mental; adorá-lO em Espírito e Verdade e só colocá-lO em altares terrenos é diminuir-Lhe a majestade; e vê-lO revelado em Suas obras e não entendê-lO é olhar-se no espelho e não reconhecê-lO em si mesmo.
É na busca dessa identidade com o Criador que reside nossa luta renovadora. “O Pai e eu somos um só”, disse Jesus, mostrando que somente pela superação de nós mesmos e da materialidade na qual insistimos em permanecer, seremos livres e nos reconheceremos, finalmente, como filhos de Deus.





[1] O Consolador Ano 3 nº 146 - 21 de Fevereiro de 2010

O Espiritismo e a mulher[1]



Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas faculdades psíquicas. Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do novo Espiritualismo.
Mau grado às imperfeições inerentes a toda criatura humana, não pode a mulher, para quem a estuda imparcialmente, deixar de ser objeto de surpresa e algumas vezes de admiração. Não é unicamente em seus traços pessoais que se realizam, em a Natureza e na Arte, os tipos da beleza, da piedade e caridade; no que se refere aos poderes íntimos, à intuição e adivinhação, sempre foi ela superior ao homem. Entre as filhas de Eva é que obteve a antiguidade as suas célebres videntes e sibilas. Esses maravilhosos poderes, esses dons do Alto, a Igreja entendeu, na Idade Média, aviltar e suprimir, mediante os processos instaurados por feitiçaria[2].  Hoje encontram eles sua aplicação, porque é sobretudo por intermédio da mulher que se afirma a comunhão com a vida invisível.
Mais uma vez se revela à mulher em sua sublime função de mediadora, que o é em toda a Natureza. Dela provém à vida; é ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos cuidados. E essa função preponderante que desempenha no domínio da vida, ainda a vem preencher no domínio da morte. Mas nós sabemos que a morte e a vida são uma, ou antes, são as duas formas alternadas, os dois aspectos contínuos da existência.
Mediadora também é a mulher no domínio das crenças. Sempre serviu de intermediária entre a nova fé que surge e a fé antiga que definha e vai desaparecendo. Foi o seu papel no passado, nos primeiros tempos do Cristianismo, e ainda o é na época presente.
O Catolicismo não compreendeu a mulher, a quem tanto devia. Seus monges e padres, vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam antes um perigo.
A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de conhecer e cultivar a alma feminina. Suas faculdades se expandiam livremente nos mistérios. Sacerdotisa nos tempos védicos, ao altar doméstico, intimamente associada, no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto, por toda a parte era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida. A essa compreensão do papel que a mulher desempenha, nela personificando a Natureza, com suas profundas intuições, suas percepções sutis, suas adivinhações misteriosas, é que foi devida a beleza, a força, a grandeza épica das raças grega e céltica.
Porque, tal seja a mulher, tal é o filho, tal será o homem. É a mulher que, desde o berço, modela a alma das gerações. É ela que faz os heróis, os poetas, os artistas, cujos feitos e obras fulguram através dos séculos. Até aos sete anos o filho permanecia no gineceu sob a direção materna. E sabe-se o que foram as mães gregas, romanas e gaulesas. Para desempenhar, porém, tão sagrada missão educativa, era necessária a iniciação no grande mistério da vida e do destino, o conhecimento da lei das preexistências e das reencarnações; porque só essa lei dá à vida do ser, que vai desabrochar sob a égide materna, sua significação tão bela e tão comovedora.
Essa benéfica influência da mulher iniciada, que irradiava sobre o mundo antigo como uma doce claridade, foi destruída pela lenda bíblica da queda original.
Segundo as Escrituras, a mulher é responsável pela proscrição do homem; ela perde Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão. Uma passagem do Eclesiastes a declara “uma coisa mais amarga que a morte”. O casamento mesmo parece um mal: “Que os que têm esposas sejam como se não as tivessem”; exclama Paulo.
Nesse ponto, como em tantos outros, a tradição e o espírito judaico prevaleceram, na Igreja, sobre o modo de entender do Cristo, que foi sempre benévolo, compassivo, afetuoso para com a mulher. Em todas as circunstâncias a escuda ele com sua proteção; dirige-lhe suas mais tocantes parábolas. Estende-lhe sempre a mão, mesmo quando decaída. Por isso as mulheres reconhecidas lhe formam uma espécie de cortejo; muitas o acompanharão até à morte.
Durante longos séculos a mulher foi relegada para segundo plano, menosprezada, excluída do sacerdócio. Por uma educação acanhada, pueril, supersticiosa, a maniataram; suas mais belas aptidões foram comprimidas, conculcado e obscurecido o seu caráter[3].
A situação da mulher, na civilização contemporânea, é difícil, não raro dolorosa. Nem sempre a mulher tem por si os usos e as leis; mil perigos a cercam, se ela fraqueja, se sucumbe, raramente se lhe estende mão amiga. A corrupção dos costumes fez da mulher a vítima do século. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio – tal é a sorte de grande número de pobres criaturas em nossas sociedades opulentas.
Uma reação, porém, já se vai operando. Sob a denominação de feminismo, um certo movimento se acentua legítimo em seu princípio, exagerado, entretanto, em seus intuitos; porque, ao lado de justas reivindicações, enuncia propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas cópia, paródia do homem. O movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher e tende a transviá-la do destino que lhe está natural e normalmente traçado. O homem e a mulher nasceram para funções diferentes, mas complementares. No ponto de vista da ação social, são equivalentes e inseparáveis.
O moderno Espiritualismo, graças às suas práticas e doutrinas, todas de ideal, de amor, de equidade, encara a questão de modo diverso e resolve-a sem esforço e sem estardalhaço. Restitui à mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da Humanidade. Faz mais: reintegra-a em sua missão de mediadora predestinada, verdadeiro traço de união que liga as sociedades da Terra às do Espaço.
A grande sensibilidade da mulher a constitui o médium por excelência, capaz de exprimir, de traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, os altos ensinos dos Espíritos celestes. Na aplicação de suas faculdades encontra ela profundas alegrias e uma fonte viva de consolações. A feição religiosa do Espiritismo a atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que se estendem, para além do túmulo, aos entes desaparecidos. O perigo para ela, como para o homem, está no orgulho dos poderes adquiridos, na suscetibilidade exagerada. O ciúme, suscitando rivalidades entre médiuns, torna-se muitas vezes motivo de desagregação para os grupos.
Dai a necessidade de desenvolver na mulher, ao mesmo tempo em que os poderes intuitivos, suas admiráveis qualidades morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do sacrifício, numa palavra, o sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes à sua missão mediatriz.
O Materialismo, não ponderando senão o nosso organismo físico, faz da mulher um ser inferior por sua fraqueza e a impele à sensualidade. Ao seu contato, essa flor de poesia verga ao peso das influências degradantes, se deprime e envilece.
Privada de sua função mediadora, de sua imaculada auréola, tornada escrava dos sentidos, não é mais que um ser instintivo, impulsivo, exposto às sugestões dos apetites mórbidos. O respeito mútuo, as sólidas virtudes domésticas desaparecem; a discórdia e o adultério se introduzem no lar; a família se dissolve, a felicidade se aniquila. Uma nova geração, desiludida e céptica, surge do seio de uma sociedade em decadência.
Com o Espiritualismo, porém, ergue de novo a mulher a inspirada fronte; vem associar-se intimamente à obra de harmonia social, ao movimento geral das ideias. O corpo não é mais que uma forma tomada por empréstimo; a essência da vida é o espírito, e nesse ponto de vista o homem e a mulher são favorecidos por igual. Assim, o moderno Espiritualismo restabelece o mesmo critério dos celtas, nossos pais; firma a igualdade dos sexos sobre a identidade da natureza psíquica e o caráter imperecível do ser humano, e a ambos assegura posição idêntica nas agremiações de estudo.
Pelo Espiritismo se subtrai a mulher ao vértice dos sentidos e ascende à vida superior. Sua alma se ilumina de clarão mais puro; seu coração se torna o foco irradiador de ternos sentimentos e nobilíssimas paixões. Ela reassume no lar a encantadora missão que lhe pertence, feita de dedicação e piedade, seu importante e divino papel de mãe, de irmã e educadora, sua nobre e doce função persuasiva.
Cessa, desde então, a luta entre os dois sexos. As duas metades da Humanidade se aliam e equilibram no amor, para cooperarem juntas no plano providencial, nas obras da Divina Inteligência.




[1] No Invisível Léon Denis - FEB
[2] Ver Michelet, A FEITICEIRA, passim; Joseph Fabre, PROCESSO DE CONDENAÇÃO DE JOANA D'ARC, Delagrave, editor. A SRA. PIPER, diz: “A derradeira vitima dos processos de feitiçaria foi Ana Gaeldi, supliciada em Glaris (Suíça), a 7 de junho de 1874. Durante catorze séculos foram executados mais de meio milhão de homens e mulheres, sob pretexto de feitiçaria”.
[3] O Concilio de Mãcon (585) discutiu “se a mulher tem ou não tem alma”.