quinta-feira, 18 de julho de 2019

SIMPATIA[1]



Miramez

Dois seres que se conhecem e se amam, podem se encontrar em uma outra existência corporal e se reconhecerem?
‒ Reconhecer-se, não; mas, ser atraído um para o outro, sim. Frequentemente, essas ligações íntimas fundadas sobre uma afeição sincera, não têm outra causa. Dois seres se aproximam, um do outro, por circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que são o fato da atração de dois Espíritos que se procuram na multidão.
Não seria mais agradável, para eles, se reconhecerem?
‒ Nem sempre; a lembrança de existências passadas teria inconvenientes maiores do que acreditais. Depois da morte, eles se reconhecerão e saberão o tempo que passaram juntos.
Questão 386/Livro dos Espíritos

A simpatia entre dois seres é força poderosa que se enraíza em vidas passadas. Certamente que nem todos reconhecem seus parceiros de outras existências, no entanto, há criaturas mais dotadas de sensibilidades que percebem amigos e inimigos de épocas recuadas. Se juntos foram felizes, dá-lhes um grande prazer esse reencontro; quando infelizes, gera-se logo antipatia entre os dois.
A perda de conhecimento às vezes é um aparo para os dois em processo de novas atividades, sem o qual não poderiam crescer, voltando ao ponto anterior, fomentando suas paixões descabidas e, às vezes, perturbando famílias já constituídas. O reconhecimento pleno dos seres que antes viveram juntos entravaria o progresso. Se fosse conveniente, eles voltariam juntos; no entanto, não poderemos generalizar. Quando Deus acha bom, coloca os dois em caminho para que se encontrem, desde quando os frutos desse encontro sejam bons, não como pensamos, mas como o Senhor acha melhor. A Doutrina dos Espíritos é fonte de amor.
Ela nos ensina a fazer simpatias enobrecidas no Evangelho de Jesus, e é capaz de nos mostrar o amor nas bases da fraternidade pura, de modo a libertar as criaturas das induções inferiores. A simpatia entre dois seres é tão agradável, e é um estimulo para o seu adiantamento, quando eles descobrem no reencontro a razão de viver para Cristo.
O ideal de Deus para os homens é melhorar e subir, conhecendo a verdade. Se fomos feitos simples e ignorantes, isso não quer dizer que não tenhamos a semente da perfeição na nossa intimidade; ela existe dormindo em nós, para ser despertada com o tempo e o nosso esforço, agindo sob as bênçãos de Deus, que usa o canal divino das mãos de Jesus Cristo.
Cultivemos a simpatia onde quer que formos; desfaçamos todas as inimizades, por onde passarmos. Nessa transformação de paixões para a vida de amor é que a felicidade aparece no fundo da consciência. Mais tarde, o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo, como também o orgulho, deverão desaparecer das cogitações humanas. A geração do porvir chegará à Terra já predisposta a esse esquecimento do mal, para edificar o bem com Jesus.
Quando dois seres se sentirem atraídos um para o outro, devem meditar nessa atração, e cuidar para que esse encontro seja realmente para o bem dos seus destinos. Assim também, ao encontramos alguém que nos instile o ódio, não percamos a oportunidade de fazer-lhe o bem que pudermos, pois essa antipatia é sinal de inimizade no passado. Toda incompatibilidade deve aparecer dos caminhos dos Espíritos, encarnados ou fora da carne.
Depois desse trabalho de perdão, devemos abrir os corações para que sejam invadidos pela força da fraternidade, que nos fará irmãos ante a presença de Deus, na figura de Jesus.
O reconhecimento total das simpatias e das antipatias somente se dá quando se encontrarem novamente no mundo espiritual. Sentirão, ali, a felicidade, se souberam educar seus sentimentos e perdoar as ofensas. Qualquer esforço nesse sentido é louvável, porque mãos espirituais se encontram em torno de todas as criaturas, ajudando-as a melhorar.
Não devemos esquecer de amar a Deus sobre todas as coisas, mas também ao próximo como a nós mesmos. Diz Jesus que aí esta a lei os profetas.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

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