Joanna de Ângelis - Médium: Divaldo Pereira Franco
A mais pungente dor moral,
pertinaz e profunda, é a que decorre da separação imposta pela morte física.
Nada que se lhe equipare,
considerando as injunções que impõe, de tal modo que dilacera os tecidos sutis
da alma.
Mesmo quando aguardada ou
almejada, constitui surpresa, graças ao convite vigoroso que faz em relação à
única realidade de que ninguém se pode eximir: a imortalidade!
Sorrateira, arrebata os afetos e
carrega os adversários, produzindo inusitada emoção que sempre aflige,
particularmente quando se trata dos amores, aos quais se tem vinculado o
coração.
Enigmática, transfere os seres
de um para outro estágio de vida, mas não os aniquila.
Libertação para uns, ensejando
felicidade e triunfo; após as caminhadas rudes faz-se grilheta e cárcere para a
consciência que se intoxicou pelos vapores da insensatez, ou que cultivou os
cardos da criminalidade a que se submeteu, em demorada constrição.
Concessão divina, é
incompreendida por aqueles que amam a ilusão e se arrogam a fatuidade do poder
terreno.
A ninguém poupa e a todos
iguala, temporariamente, para selecioná-los logo depois, através dos títulos
morais de que não te rebeles ante as conjunturas da morte, que te separou,
momentaneamente, do ser a quem amas.
Não será definitiva tal
circunstancia.
Tem paciência e espera,
preparando-te para o reencontro que logo mais se dará.
Os teus afetos te aguardam,
esperançosos. Não os decepciones com a revolta ou com o desespero
injustificado.
Eles vivem como também viverás.
Anteciparam-te na viagem, mas
não se apartaram, realmente, de ti.
Não os vês, mas estão ao teu
lado...
Se os amas, estão contigo, se os
detestas, vinculam-se a ti.
Não os fixes às memórias
inditosas, aos impositivos da paixão, às condições da tua dor.
Luariza a saudade, mediante a
certeza de reencontrá-los.
Assim, utiliza as tuas horas
disponíveis para produzir no Bem, pensando neles, orando por eles, convertendo
moedas em pães, flores transitórias em reconforto para outros seres que padecem
privações.
Se desejares fazer mais, coloca
alguém arrancado dos braços da orfandade ou da miséria, da velhice ou da
viuvez, no lugar deles, no lar, e ajuda por amor a eles.
Bendirão teu gesto e
acercar-se-ão mais de ti, ajudando-te também.
Essa dor angustiante e abatedora
diminui quando o amor se desdobra em direção do sofrimento humano, por afeição
e gratidão dos que morreram, e vivem.
No Calvário, rompendo o silêncio
dominador, à hora extrema, Jesus, antes da libertação total, fez-nos o precioso
legado de entregar Sua mãe a João e este àquela, como a legislar que a mais
alta expressão do amor é a doação da vida a outras vidas, por tributo de
carinho à Sua vida.
Medita e enxuga o pranto da
saudade, transformando-o em esperanças de felicidade porvindoura.
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