quinta-feira, 28 de março de 2024

SOFRIMENTO ETERNO[1]

 


Miramez

 

A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna?

− Sem dúvida, se ele fosse eternamente mau, ou seja, se jamais tivesse de se arrepender nem de se melhorar. Então sofreria eternamente. Mas Deus não criou seres eternamente voltados ao mal. Criou-os apenas simples e ignorantes, e todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade. Esta pode ser mais ou menos retardada, assim como há crianças mais ou menos precoces, mas cedo ou tarde ela se manifesta por uma irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da sua inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é portanto eminentemente sábia e benevolente, pois subordina essa duração aos esforços do Espírito, jamais lhe tirando o livre arbítrio: se dele fez mau uso, sofrerá as consequências disso. (SÃO LUÍS)

Questão 1006 / O Livro dos Espíritos

 

Não existe pena eterna para o Espírito. Certas religiões costumam amedrontar seus fiéis com penas eternas, porém, isto não existe, porquanto Deus é onisciente. Quando Ele nos criou, já sabia dos nossos destinos. Quando surgimos, foi na condição de simples e ignorantes, mas, com o passar do tempo, fomos despertando para a luz dos conhecimentos com certa liberdade de escolha. Se escolhemos mal as oportunidades, sofremos as consequências do mal que fizemos.

Podemos até dizer que o sofrimento é eterno, no entanto, a mesma alma não fica nele eternamente. Cada um sente o que precisa para o seu devido despertamento espiritual. O Espírito não tem condições de ser eternamente mau, por isso que não pode sofrer eternamente.

Seria um absurdo a alma ficar em zonas inferiores para sempre. Então as mãos que nos criaram, nos fizeram desiguais, algumas com predisposição para o mal e outras para o bem? O bem somente surge no coração das criaturas pela presença da maturidade espiritual, diante de múltiplas reencarnações, forja essa que leva o Espírito a saber discernir o bem do mal, a compreender a bondade de Deus e a respeitar as Suas leis.

Não acreditamos que certos indivíduos sejam materialistas; eles não o são porque as leis naturais da vida estão gravadas em todos, por determinação do Criador, e elas vibram nos corações como luz de Deus para lembrança da verdade.

Ao leitor, convidamos a meditar na natureza, nos fenômenos que a vida apresenta, desde o que envolve a menor partícula, até os acúmulos de estrelas. Deves olhar demoradamente, do grão de areia a toda a Terra, onde em tudo circula a vida com o esplendor daquele que tudo fez, e notarás entendimento em todas as coisas e a Inteligência Divina movendo tudo. Já meditaste sobre como se formam os teus pensamentos? De onde eles vieram? No teu organismo de carne, nas próprias células que trabalham corno motores divinos que recebem o toque de alguém e dão cumprimento às ordens?

Podes mudar de ideias; ao invés de sofrimento eterno, deves falar que temos trabalhos eternos. Quanto mais crescemos em Espírito, mais trabalhamos para a nossa harmonia e a de todas as criaturas. Harmonia com Jesus é amor com Deus. Isso é muito bom para a paz de todos nós.

Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador.

l Timóteo, 2:3

Tudo o que o Evangelho de Jesus nos apresenta é muito bom diante da consciência, por nos levar à paz interna. Quantos já experimentaram e estão vivendo felizes; conquistaram a si mesmos, amando e servindo sem distinção, criando condições elevadas para manter, a dignidade no coração! Deus nos criou adormecidos diante das leis naturais para progredir, e o tempo nos vai acordando.

Modificar a lei que nos garante a vida, não é nossa pretensão. Somente quem pode mudar a lei é o Criador, mesmo assim Ele não o faz, porque já as fez com toda a perfeição para a eternidade afora.

Não deves fazer mau uso destas leis, que as consequências serão terríveis, e a alma, mesmo por ignorância, passará a sofrê-las a fim de despertar. As faltas nos trazem tristeza, e a pureza d'alma converte-se em alegrias duradouras.



[1] Filosofia Espírita – Volume 20 – João Nunes Maia

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