Carlos Gomes – Núcleo Espírita Fraternidade e Amor – NEFA, Itajubá, MG - 24/05/2017
— RESUMO —
Este artigo tem por
objetivo apresentar algumas pesquisas em relação ao pensamento, de acordo com a
ciência e o espiritismo. A escolha do tema justifica-se pela dificuldade de
alguns grupos mediúnicos em realizar um trabalho de qualidade. Assim, tendo em
vista que a comunicação mediúnica se dá via pensamento, pensou-se em discutir o
assunto. Para esse propósito foi utilizado como metodologia a revisão
bibliográfica, selecionando alguns autores que pesquisam o assunto como Miguel
Nicolelis, José e Maria de Lourdes Andreeta, Mauro Maldonato, Hermínio Miranda,
Suely Caldas Schubert, dentre outros. Autores espíritas e não espíritas. Ao se
realizar a leitura de forma qualitativa constata-se que ainda há muitas dúvidas
sobre a formação do pensamento e sua transmissão. No entanto, alguns pontos em
comum podem ser observados, como o fato de o pensamento ser emitido em forma de
ondas e vibrações e, ainda, ser capaz de sintonizar-se com outras ondas. Esse
fato leva à conclusão de que, para um trabalho mediúnico profícuo cabe ao
médium procurar melhorar sua faixa vibratória, lendo sempre livros
doutrinários, observando as suas faculdades e se auto corrigindo. Deve
recolher-se na oração e preocupar-se com o seu aperfeiçoamento e abnegação, com
a cultura e o desinteresse, para que sejam mais sutilizados os pensamentos e
aguçando as percepções mediúnicas.
Palavras-chave: pensamento, mediunidade, espiritismo.
INTRODUÇÃO
O século atual tem sido
considerado o século da comunicação ou da informação. Nunca se falou com tanta
gente, de tão variadas regiões e em tão pouco espaço de tempo. A tecnologia vem
pesquisando formas cada vez mais avançadas de facilitar o processo de
comunicação. De acordo com Hoyos Guevara (2007) em uma sociedade cada vez mais
digitalizada, parece que alimentar o cérebro de informação passa a ser tão natural
como alimentar o físico para desempenhar as funções fisiológicas.
No entanto, há uma forma de
comunicação tão antiga quanto o próprio homem e que necessita ser investigada e
compreendida, a comunicação via pensamento. Com toda essa tecnologia
apresentada o homem ainda não compreende como se forma o pensamento, nem
tampouco que a comunicação mental seja possível. Faltam à ciência, instrumentos
para averiguar esse processo.
Sob o ponto de vista espiritual,
o Espiritismo, codificado por Allan Kardec há 160 anos vem apresentar elementos
científicos que contribuem para essa questão. Hoje já existem vários
pesquisadores nessa área, com a edição de vários livros sobre o assunto.
O neurocientista Miguel
Nicolelis é um dos pesquisadores nessa área e revelou que ainda não se
conseguiu chegar a uma abrangente teoria do pensar. Ainda se atribui ao
neurônio, como célula do sistema nervoso, a responsabilidade sobre o
processamento de sinais de comunicação em todo o sistema, mas não consegue, por
si só, emitir sequer um pensamento ou mesmo gerar um comportamento.
Para a ciência materialista,
reducionista e cartesiana, as conexões neurais (sinapses) seriam as
responsáveis pela formação do pensamento. Entretanto, em livros didáticos de
fisiologia médica, autores como Arthur Guyton e outros, admitem não ser
possível ainda conhecer os mecanismos neurais do pensamento e da memória.
Pesquisadores espíritas como Hermínio
Miranda, não acreditam que o pensamento seja gerado no cérebro e pelo
cérebro. Para ele o pensamento apenas percorre os circuitos cerebrais, como um
reflexo, não como origem.
Diante da presente discussão e
sabendo-se que uma reunião mediúnica acontece utilizando-se tão somente dos
pensamentos dos médiuns em conexão com os pensamentos dos Espíritos
comunicantes, pensou-se em discutir essa questão no presente artigo, mesmo
porque, alguns dirigentes de trabalhos mediúnicos relatam certa dificuldade em
relação à equipe de trabalhadores que, em geral, não tem correspondido ao que
se espera de um trabalho mediúnico de qualidade.
Estabelece-se assim a seguinte
questão:
A partir do estudo do pensamento, como utilizá-lo de forma
eficaz, mormente para um trabalho mediúnico?
A metodologia utilizada foi a
revisão bibliográfica, em livros que abordam pesquisas da ciência tradicional e
da ciência espírita com autores como Miguel Nicolelis, Fritijof Capra, Mauro
Maldonato, Núbor Facure, Hermínio Miranda, Allan Kardec, dentre outros.
O objetivo do trabalho é
apresentar a formação do pensamento no indivíduo, sob a perspectiva científica
e espiritual, bem como a forma de qualificá-lo para que se torne uma boa via de
conexão com outros pensamentos, tornando o trabalho mediúnico mais profícuo.
Procurou-se dividir o artigo nos
seguintes itens: o pensamento, segundo a ciência, trazendo alguns conceitos
científicos; recentes pesquisas científicas, incluindo a questão quântica; a
visão espírita do pensamento, segundo alguns pesquisadores; a importância do
pensamento em um trabalho mediúnico; finalizando com a função do médium na
qualificação dos pensamentos, as considerações finais e referências
bibliográficas.
O Pensamento
segundo a Ciência
“Penso, logo existo”,
disse Descartes em seu livro “Discurso do Método”, publicado em 1637, dando
início ao racionalismo científico que tem, desde então, influenciado gerações e
gerações no mundo ocidental, colocando a razão humana como única forma de
existência. Uma visão reducionista que, por mais pesquisa se realize, ainda não
consegue dar todas as respostas aos fenômenos da natureza, mormente no que se
refere à vida.
Segundo Nicolelis (2011), os
avanços científicos e clínicos obtidos durante o século passado, aplicando a
visão reducionista, não conseguiram atingir o mais cobiçado de todos os
objetivos da neurociência: uma abrangente teoria do pensar. Para ele, enquanto
o neurônio individual constitui a unidade anatômica como elemento básico de processamento
de sinais do sistema nervoso, ele não é capaz, por si só, de gerar nenhum
comportamento e, em última análise, nem sequer um pensamento.
Para Andreeta (2010), mesmo dispondo de
técnicas e aparelhagens sofisticadas, os cientistas ainda não conseguiram
desvendar satisfatoriamente a questão do relacionamento entre o cérebro e a
mente.
Toda essa discussão tem origem
em 1810 quando Gall publica sua “Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em
geral e do Cérebro em especial”. Nesse momento surge, efetivamente, a ciência
do cérebro. Ele atribui assim ao encéfalo, mais particularmente aos hemisférios
cerebrais, a sede de todas as faculdades intelectuais e morais.
Ainda hoje a discussão dos
neurocientistas gira em torno dos neurônios como a base para o pensamento.
Chegam a afirmar que a unidade neural do pensamento são os neurônios, e o
conjunto de neurônios ou a rede neural são os responsáveis por influenciar os
comportamentos e por produzir processos cognitivos, como raciocínio, abstração,
memória, atenção, entre outras funções. Assim, as conexões neurais (sinapses)
seriam as responsáveis pela formação do pensamento.
Dessa forma, o córtex cerebral
(a porção mais superficial do cérebro, conhecida também como substância
cinzenta) desempenharia os papeis principais do pensamento, pois é ali que eles
seriam elaborados e se tornariam conscientes.
Os livros acadêmicos que se
utilizam da pesquisa científica moderna, apresentam dificuldade em discutir o
fenômeno da consciência, dos pensamentos e da aprendizagem, porque, ainda não é
possível conhecer os mecanismos neurais do pensamento e da memória (Guyton
& Hall, 2002).
Como ciência de investigação
objetiva, as evidências encontradas apontam que a destruição de grandes porções
do córtex cerebral não impede a pessoa de ter pensamentos, mas reduz a
profundidade dos pensamentos e, também, o grau de percepção do ambiente.
Segundo esses autores, o
pensamento é a consequência de um ‘padrão’ de estimulação de muitas partes do
sistema nervoso ao mesmo tempo e com uma sequência definida, provavelmente
envolvendo de modo mais importante o córtex, o tálamo, o sistema límbico e a
formação reticular superior do tronco encefálico. Essa é a chamada teoria
holística do pensamento.
Para Maldonato (2006), os
conhecimentos atuais não têm condições de explicar a mente em termos de leis
físicas; nem em seu conjunto, nem em seus processos isoladamente. Para esse
autor existe um afastamento profundo entre o conhecimento do mundo físico e os
próprios limites da mente. Sendo assim, o tipo de explicação apresentada pelas
ciências físicas não pode ser aplicado aos eventos mentais.
Jonhson (1994), por sua vez,
aponta que o cérebro tem sido comparado a um computador. Cada neurônio recebe
impulsos elétricos através dos dendritos, cujas milhares de ramificações
minúsculas levam sinais para dentro do corpo da célula. Se os sinais
excitatórios excederem os inibitórios, o neurônio é estimulado, enviando seu
próprio impulso através do prolongamento chamado axônio. Este alimenta, através
de junções chamadas sinapses, os dendritos de outras células. Um simples
neurônio pode receber sinais de milhares de outros neurônios; seu axônio pode
se ramificar repetidamente, enviando sinais para mais outros milhares.
Segundo esse autor, o que se
sabe é que o cérebro quando exposto a um novo acontecimento, um único padrão de
neurônio é ativado de algum modo. Dentro da vasta rede de células do cérebro,
uma constelação é estimulada. Considerada sua unidade anatomofisiológica,
estima-se que no cérebro humano exista aproximadamente 15 bilhões destas
células, responsáveis por todas as funções do sistema através de trilhões de
sinapses.
Facure (2001) explica que o
fluxo do pensamento é contínuo, produzindo ideias e imagens que atingem a
consciência numa profusão como ondas de maior ou menor intensidade. Certos
estados emocionais aumentam significativamente o fluxo do pensamento. A
meditação ou a simples reflexão aquieta a mente e o pensamento parece flutuar
lentamente.
Miranda (2010) não acredita que
o pensamento seja gerado no cérebro e pelo cérebro. Para ele o pensamento
apenas percorre seus circuitos a velocidade ultra luminosas, praticamente
instantâneas. Ele afirma que o cérebro não trabalha com substâncias materiais e
sim com impulsos de energia, embora possa comandar a produção de substâncias em
diferentes partes do organismo.
No entanto, embora as pesquisas
realizadas pela ciência caminhem no sentido de relacionar o pensamento ao
funcionamento dos neurônios, no cérebro, não há ainda evidências suficientes
para se comprovar que essa seja a sua origem. Talvez essa dificuldade esteja no
fato apontado por Boaventura de Souza Santos (2006) de que ainda nos
alimentamos do modelo racional dominante da ciência moderna desde a revolução
científica do século XVI.
Para esse autor aquilo que não é quantificável
não é relevante para a ciência. Conhecer significa, então, dividir e
classificar para depois determinar relações sistemáticas entre o que se
separou. Esse modelo é também totalitário, na medida em que nega o caráter racional
a todas as formas de conhecimento que se não pautarem pelos seus princípios
epistemológicos e pelas suas regras metodológicas.
O que há de novo na Ciência
Para os conhecimentos antigos
(Andreeta, 2010) a consciência é uma energia em vibração. A consciência seria,
assim, um instrumento da manifestação de uma Consciência Maior. Fisicamente o
autor conceitua consciência como um conjunto de valores e conhecimentos que se
expressam através de campos de energias organizadas. Assim sendo, o conceito
ensinado pelos antigos e demonstrado atualmente pela Física Quântica é de que a
Consciência Cósmica se manifesta no mundo físico através dos seres humanos,
através da vontade consciente de um observador.
A partir do advento da Física
Quântica e da explicação de que o mundo é quântico Andreeta (2010) conclui que
a consciência humana passou a ser mais importante do que a matéria,
propriamente dita. Para essa ciência a mente parece ser a origem de tudo que
está manifestado.
A Física Quântica surge a partir
dos resultados experimentais obtidos no início do século XX que mostravam que a
luz possuía um estranho comportamento quando incidia sobre a matéria. Nesses
experimentos a luz parecia se comportar como um feixe de partículas, não como
uma onda como previam os conhecimentos tradicionais.
Andreeta (2010) explica que a
luz se movimenta de um lado a outro em forma de onda, mas, quando interage com
a matéria, apresenta sua face corpuscular. Assim, é preciso admitir que
elementos de dimensões mais sutis possam interferir nos fenômenos físicos. O
planeta está constantemente sendo bombardeado por pacotes de energia, os quanta,
e que são trocados constantemente uns com os outros, com tamanhos e frequências
diferentes.
O mundo, de acordo com as novas
descobertas, é formado, em sua essência, por ondas. É preciso voltar os olhares
para esse novo mundo e para novas formas de pensar desde então. O mundo passa a
ser classificado como quântico.
Outra descoberta importante citada pelo autor
é que “todos os corpos materiais possuem as suas frequências próprias de
vibração e entram em ressonância com uma onda externa quando essa possui a
mesma frequência. Todos os corpos, portanto, emitem e recebem a mesma
frequência de vibração.” (ibid., p. 110).
Zohar (2004) acredita que a
consciência humana desempenha um papel criativo na formação da realidade
física. Ela também afirma que a teoria quântica deverá finalmente contribuir
para uma nova visão de mundo, com suas próprias e distintas dimensões
epistemológicas, morais e espirituais.
Para a autora, a visão de mundo
cartesiana foi necessária ao cultivo da física de Newton e a todo progresso
tecnológico que seguiu em sua esteira, mas numa cultura pós-cristã ela é
filosófica e espiritualmente estéril.
Quanto à consciência, Zohar
(2004) reforça que aqueles que estão procurando uma sede fixa para ela presumem
que sua fonte deve estar na capacidade funcional do cérebro em si. Havendo,
então, um vínculo necessário entre os estados físicos do cérebro e a
consciência ou os estados mentais, embora a natureza exata dessa ligação ainda
seja um dos grandes mistérios tanto da ciência, quanto da filosofia.
Supõe a autora que haja um elo
vital entre o processo do pensamento e o processo quântico, entre nós e os
elétrons. Para ela a dualidade mente-corpo (mente-cérebro) no homem é um
reflexo da dualidade onda-partícula, que é subjacente a tudo que existe. Assim,
o ser humano seria um minúsculo microcosmo do ser cósmico.
Capra (2003) anuncia que está
surgindo uma concepção unificada da vida, da mente e da consciência. Para ele a
consciência humana encontra-se inextricavelmente ligada ao mundo social da
cultura e dos relacionamentos interpessoais.
O autor afirma ainda que nos
últimos anos, o estudo da mente a partir da perspectiva sistêmica floresceu e
se tornou um grande campo interdisciplinar de estudos, chamados de ciência da
cognição, que transcende as estruturas tradicionais da biologia, da psicologia
e da epistemologia. Com os resultados desses estudos, a nova concepção sobre
cognição envolveria todo o processo da vida, incluindo a percepção, as emoções
e o comportamento.
O que há em comum entre as
pesquisas apresentadas é que a mente, o pensamento, seria transmitido através
de ondas, que se associam com outras ondas mentais, as quais se encontram em
sintonia vibratória. Embora sua origem ainda necessite de mais pesquisas, os
seus efeitos já podem ser comprovados.
O que diz o
Espiritismo
Denis
(2012) ressalta que o pensamento se exterioriza por radiações em harmonia com a
sua própria natureza. Que adquirem maior potência e brilho à medida que essas
radiações são mais elevadas.
Ele destaca também que quando um
Espírito deseja se comunicar com um encarnado, ele aciona, por suas forças
intuitivas, o aparelho vibratório que nele existe. Havendo equilíbrio nos
fenômenos a comunhão dos pensamentos será realizada. O pensamento do Espírito,
antes de penetrar o cérebro do médium, contorna-o, e, somente quando encontra
um ponto vulnerável, é que faz vibrar suas células.
Para Franco
(2015) o pensamento não procede do cérebro, sua função é a de registrá-lo e
externá-lo. O pensamento é a exteriorização da mente, que independe da matéria
e se origina no Espírito. O Espírito expressa o pensamento em todas as direções
e utiliza-se do cérebro para comunicar suas ideias com as outras pessoas.
Cerqueira Filho (2010) diz que o
pensamento é a estrutura profunda, originado na mente do Espírito, decodificado
de uma forma superficial, por meio verbal, que é a mensagem, as palavras usadas
para decodificar o pensamento. A energia mental é um atributo do Espírito que,
no entanto, necessita do cérebro para se manifestar.
Schubert
(2010) explica que, quando se pensa são emitidas vibrações que traduzem os
desejos daquele que pensa, tendências e impulsos, vibrações que entram em
sintonia com outros que se encontram na mesma faixa. Porque os seres humanos
encontram-se imersos num imenso oceano de pensamentos e vibrações, ao qual dá-se
nome de psicosfera do planeta.
No livro “Entre a Terra e o Céu”
(FEB, 2015) há uma explicação espiritual de que o corpo do Espírito é
constituído de matéria rarefeita, sendo regido pelos centros de força que,
vibrando em sintonia uns com os outros, com o influxo da mente, criam um campo
eletromagnético, no qual o pensamento vibra em um circuito fechado. Assim
sendo, cada ser vibra em determinada onda, e, dependendo da mente, maior ou
menor será o influxo vibratório do pensamento. Esse influxo está sempre de
acordo com as experiências adquiridas e arquivadas no Espírito.
Pires
(1995) conceitua mente como um centro espiritual de controle e comunicação, que
se manifesta através do cérebro. As ideias e sentimentos são permutadas com
pessoas que vivem juntas e com espíritos afins. Ele cita a descoberta da
antimatéria e dos universos paralelos, que reforçam essa ideia dizendo que o
mundo material e o antimaterial se interpenetram.
Em se tratando de comunicação
mediúnica o autor afirma que as vibrações psíquicas do Espírito, irradiadas do
seu corpo energético, atingem o corpo energético (períspirito) do médium,
estabelecendo-se a empatia entre ambos. Essa indução acontece de forma tão
intensa que os pensamentos e as emoções do Espírito refletem-se no
comportamento mediúnico.
A importância do Pensamento em um Trabalho Mediúnico
Em O Livro dos Espíritos,
capítulo IX, de acordo com as informações recebidas, Kardec afirma que os
Espíritos influem em nossos pensamentos, de tal forma que há situações em que
são eles que nos dirigem. Essa afirmação foi obtida dos próprios Espíritos:
Vossa alma é um
Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só
tempo, sobre o mesmo assunto, e frequentemente bastante contraditórios. Pois
bem; nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa
na incerteza, porque tendes em vós duas ideias que se combatem. (KARDEC, 2001).
Kardec (1992) faz uma analogia
entre as ondas e raios sonoros existentes no ar, com as ondas e raios de
pensamento existentes na substância etérea ou nos fluidos, no qual todo o
universo encontra-se imerso. Sendo assim, o pensamento seria capaz de criar
imagens fluídicas, que se refletem no envoltório do Espírito, como num vidro.
Por isso um Espírito pode “ler” o que o outro está pensando, e ver o que não é
perceptível aos olhos do corpo.
Ainda segundo esse autor, os
fluidos são influenciados pelo pensamento, podendo estar impregnados de
qualidades boas ou más, de acordo com a vibração, pureza ou impureza dos
sentimentos. Os fluidos que cercam os maus Espíritos são viciados, enquanto que
aqueles que recebem a influência dos bons Espíritos são puros.
O pensamento do
Espírito encarnado age sobre os fluidos espirituais como o dos Espíritos
desencarnados; ele se transmite de Espírito a Espírito pela mesma via, e, segundo
seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos circundantes. (KARDEC, 1992, p. 249).
A partir dessa afirmativa é
importante enfatizar que os fluidos do ambiente são modificados pela projeção
dos pensamentos do Espírito. Sendo assim, numa reunião de pessoas são
irradiados pensamentos diversos. Se o conjunto é harmonioso, a impressão é
agradável, se é discordante, a impressão é penosa.
Kardec (1992) explica também que
o homem procura as reuniões homogêneas ou simpáticas, onde sabe que pode haurir
novas forças morais, recuperando, inclusive, as perdas fluídicas, que tem pela
irradiação diária dos seus pensamentos, assim como recupera, pelos alimentos,
as perdas do corpo material.
Cada indivíduo (Kardec, 1989)
caminha com um grupo de companheiros invisíveis, de acordo com seu caráter,
gostos e comportamento. Quando o médium participa de uma reunião mediúnica,
leva consigo esses companheiros que influenciam a assembleia e as comunicações.
Por isso o autor reforça que uma reunião perfeita seria aquela em que todos os
membros, imbuídos de igual amor ao bem e à caridade, conduzissem com eles os
bons Espíritos.
Uma reunião é
um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são as resultantes de todas as
dos seus membros, e formam como um feixe; ora, esse feixe terá tanto mais força
quanto for mais homogêneo. (KARDEC,
1989, p. 392)
Assim, para que uma reunião
mediúnica alcance resultados sérios e úteis, deve primar pela homogeneidade de
pensamentos. Para isso faz-se mister o recolhimento e a comunhão de
pensamentos. Nessas reuniões a afinidade dos pensamentos do médium com o
Espírito comunicante é fundamental. Caso contrário, o médium pode alterar as
respostas e assimilá-las às suas próprias ideias e inclinações.
O Papel do Médium na Qualificação dos Pensamentos
Miranda (1998) esclarece que,
embora as reuniões mediúnicas contem com a proteção e o amparo de Espíritos de
boa vontade, não se pode esquecer da parte que compete aos encarnados. Segundo
ele, o que garante a estabilidade de um bom grupo mediúnico é o equilíbrio
psíquico, emocional dos seus membros.
O autor enfatiza o papel do
pensamento do médium em seu procedimento diário, porque forma uma “atmosfera
psíquica” em volta de cada um. Em consequência disso, o médium deve estar em
constante vigilância consigo mesmo e com os seus pensamentos.
Miranda (1998) adverte também
que o médium, mais do que qualquer outro, precisa estar vigilante, atento,
ligado a algum grupo de trabalho sério, lendo sempre livros doutrinários,
observando suas faculdades e se auto corrigindo. Ele é um ser humano
ultrassensível, de psicologia complexa, incumbido de interpretar e transmitir o
pensamento de um desencarnado, podendo suas faculdades sofrer várias
influências.
Xavier
e Vieira
(1973), sob a inspiração do Espírito André Luiz alertam sobre o fato do
desconhecimento, no mundo, da Lei do Campo Mental, que rege a moradia
energética do Espírito, possibilitando às criaturas assimilarem as influências
afins. Sendo assim, um médium nunca agirá à feição de um autômato, mas como uma
consciência limitada às suas possibilidades e às disposições da própria
vontade.
Admitida ao
círculo da atividade espiritual, recolherá na oração o reflexo condicionado
específico para exteriorizar as oscilações mentais próprias, no rumo da
entidade desencarnada que mais de perto lhe comungue as ideações. (XAVIER, VIEIRA, 1973, p.132)
Quanto mais o médium se
preocupar com o seu aperfeiçoamento e abnegação, com a cultura e o
desinteresse, mais lhe serão sutilizados os pensamentos, aguçando as percepções
mediúnicas.
Os autores afirmam que a
conjugação de ondas mentais surge em todos os fatos mediúnicos. A mente do
médium passa a emitir as oscilações que lhe são próprias, às quais se entrosam
aquelas da entidade comunicante, com vistas a certos fins.
Quase toda a exteriorização
fisiológica no intercâmbio pertence ao médium, cujos traços característicos
assinalam as manifestações. O pensamento do médium age e reage com os
pensamentos do Espírito comunicante, irradiando para este seu estado psíquico
que varia de acordo com seu estado emocional e de conduta a que se afeiçoe.
No estágio atual em que o ser
humano se encontra o seu pensamento sempre capta vibrações subalternas que o
assaltam, levando-o à fadiga e à irritação. Essas ondas podem vir de Espíritos desencarnados,
que se encontram em posição de angústia e que se afinizam com eles ou dos
próprios encarnados que se encontrem desequilibrados.
Para isso forçoso é
utilizarem-se do mecanismo da prece, para elevar suas próprias vibrações para
planos mais sublimados, a fim de recolherem as ideias transformadoras de
Espíritos amigos e benevolentes, que contribuem com a evolução de todos os
seres.
Métodos da Pesquisa
Para a execução dessa pesquisa
foi escolhido o método de revisão bibliográfica. Procurou-se, a partir da
leitura de livros e artigos a respeito do tema a fundamentação teórica.
Esta metodologia tem caráter
qualitativo e apresenta como objetivo selecionar conceitos resultantes de
pesquisas, procurando no presente contexto, realizar reflexões sobre o problema
em questão.
Considerações Finais
Após a leitura de diferentes
autores na área pode-se concluir que ainda são necessárias mais pesquisas sobre
o tema, pois, os próprios pesquisadores afirmam que o mecanismo de formação dos
pensamentos ainda é desconhecido pela ciência, mesmo com os avanços da
neurociência nos últimos tempos.
Enquanto a ciência tradicional,
cartesiana e reducionista continua explicando o pensamento através do
funcionamento dos neurônios e suas conexões (ou sinapses), há outros pesquisadores
afirmando que o estudo da mente transcende as estruturas tradicionais da
biologia, da psicologia e da epistemologia.
Com o advento da física
quântica, novos olhares foram acrescentados à explicação sobre a formação do
pensamento. Para essa ciência a mente parece ser a origem de tudo que está
manifestado. A partir dessa descoberta admite-se que elementos de dimensões
mais sutis possam interferir nos fenômenos físicos. O mundo passa a ser
formado, em sua essência, por ondas, permitindo com que todos os corpos emitam
e recebam frequências vibratórias.
Para o Espiritismo a mente se
origina no Espírito e independe da matéria para se manifestar. O cérebro teria
a função de registrá-lo, não de originá-lo. Essa doutrina afirma, ainda, que
existe na Terra uma camada formada pelo conjunto de pensamentos e vibrações,
denominada psicosfera. As vibrações oriundas do pensamento de cada indivíduo,
circulando nessa camada, entrariam em sintonia com outros de mesma faixa
vibratória.
Mesmo que a ciência não tenha a
resposta final sobre o pensamento, é possível identificar alguns pontos em
comum, principalmente no que diz respeito a sua imaterialidade e sua emissão
por meio de ondas e vibrações, sendo capaz de sintonizar com outras ondas.
O pensamento, de acordo com o Espiritismo,
é capaz de criar imagens fluídicas, que se refletem no envoltório do Espírito,
encarnado ou não. Sendo assim, numa reunião de pessoas são irradiados
pensamentos diversos. Se o conjunto é harmonioso, a impressão é agradável, se é
discordante, a impressão é penosa.
Para a questão formulada nesse
artigo, conclui-se que o médium, por formar uma “atmosfera psíquica” em volta
de si, deve, por consequência, estar em constante vigilância consigo mesmo e
com os seus pensamentos. Cabe aos médiuns procurar ligar-se a algum grupo de
trabalho sério, lendo sempre livros doutrinários, observando suas faculdades e
se auto corrigindo.
O médium deve também conscientizar-se de que é
um ser humano ultrassensível, de psicologia complexa, incumbido de interpretar
e transmitir o pensamento de um desencarnado, podendo suas faculdades sofrer
várias influências.
No compromisso de uma atividade
espiritual, deve recolher-se na oração e preocupar-se com o seu aperfeiçoamento
e abnegação, com a cultura e o desinteresse, para que sejam mais sutilizados os
pensamentos, aguçando as percepções mediúnicas. Eis aí a forma, apresentada
pelos próprios Espíritos, de se educar os pensamentos para um trabalho
mediúnico profícuo.
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Terra e o Céu. 27ª ed. Brasília: FEB, 2015.
§
ZOHAR, Danah O
Ser Quântico: uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência,
baseada na nova física. Trad. Maria Antônia Van Acker 14. ed. São Paulo: Best
Seller, 2004.