Sandro Fontana
Rigor e boa
metodologia evidenciam a gravação real de vozes em ambiente controlado
Para os ainda não
familiarizados, o termo EVP significa Fenômeno Eletrônico de Voz (electronic
voice phenomena) e possui sim “ligação intima” com a TCI, este ultimo querendo
dizer: Transcomunicação Instrumental.
O termo EVP tomou forma para
evitar o pressuposto de que espíritos estão se comunicando pelas vozes que
surgem, sendo assim o termo (EVP) é mais abrangente, cientifico e fica aberto a
hipóteses que pesquisadores venham a oferecer sobre o fenômeno que ocorre da
mesma forma que na TCI.
Nos últimos anos o meio
cientifico vem se voltando a pesquisas desse gênero, desde os adeptos a tais
pesquisas até os mais céticos.
Temos que admitir que ao longo
de muitos anos vem-se trazendo material abundante que parecem evidenciar que
espíritos se comunicam, dentro é claro, dos limites ainda não totalmente
descobertos que tal tecnologia expõe. No entanto, ao longo dos anos, vem-se criticando
muito a TCI, principalmente pelos métodos utilizados. Dentre as principais
criticas temos a pareidolia,
isto é, uma necessidade que nosso cérebro possui para dar sentido a coisas,
imagens e sons que possam surgir em formas e intensidade ínfimas.
De todos, não estão errados os
que criticam, afinal quem já teve oportunidade de ouvir um áudio de TCI
certamente ficou sem entender como algumas pessoas conseguem decifrar os ruídos
e transforma-los em palavras. Bom, esperem aí, nesse caso precisamos de uma
melhor visão sobre a temática. Há uma categorização de vários níveis de sons,
uns mais inteligíveis e outros não. Ok, mas mesmo assim como é que alguns
conseguem entender o que a maioria não entende?
Talvez uma boa explicação para
isso seja o hábito ou então o “acostumar de ouvido” para a compreensão de tais
sons.
É muito comum um leigo, à
transmissões entre aviões ou rádios de HF, não conseguirem entender o que é
falado entre as conversas, no entanto os profissionais que os utilizam
amplamente (e diariamente) o fazem com muita facilidade. Esse fato vem
demonstrando que o argumento cético não tem se sustentado, ao menos para os
áudios mais nítidos.
Outra crítica constante à TCI
vem sendo o ruído de fundo utilizado para se captar as vozes eletrônicas.
Para os mais leigos no assunto,
vale enfatizar que o processo utilizado hoje para gravações desses fenômenos
eletrônicos é o seguinte:
1) Pega-se um gravador qualquer,
podendo ser o próprio computador;
2) Sintoniza-se um rádio
deixando-o em estação aberta (sem sintonia alguma) ou então se pode utilizar um
ruído previamente gravado;
3) Faz-se evocações e perguntas,
deixando o gravador captando o ruído de fundo por algum tempo;
4) Após a captação o experimentador
/ pesquisador deve digitalizar o som (se já não o foi feito no computador) e
utilizar um programa editor de som para mais facilmente encontrar e editar as amplitudes
captadas (em geral o SoundForge ou Audacity);
Com base nas informações acima,
podemos melhor entender como os críticos atuam, onde o outro foco é exatamente:
Os ruídos de fundo.
Um das criticas mais intensas é
a utilização de fundo que se baseia em fonemas previamente gravados, por esse
motivo o meio cientifico rejeita qualquer ruído que se baseie em algo que possa
gerar a pareidolia, por exemplo, um ruído branco (chiado do radio ou TV) não
pode induzir um pesquisador a ouvir algo, a menos que uma interferência ocorra
no momento da gravação, por outro lado, a utilização de fonemas misturados (uma
série de palavras faladas e sobrepostas) é rechaçado facilmente por qualquer
crítico, principalmente os melhores preparados que sabem que variações de sons
e indutâncias podem repercutir facilmente no engano ao cérebro, mesmo comparando
o áudio original com o captado.
De um modo geral, toda a crítica
é necessária e bem vinda, principalmente quando se aplica ao método e não a
crença de qualquer um. Esse foi um dos motivos que motivou a pesquisadora
Anabela Cardoso a unir um grupo de estudiosos e replicar o fenômeno dentro de
vários rigores científicos, unindo uma série de criticas e aprimorando o método
em si.
Embora alguns pesquisadores já
tenham tentado e sem sucesso, isso parece dar mais subsídios para que a
evidência esteja rumo ao espiritismo, e não a um fenômeno paranormal em si.
No ano de 2001, o pesquisador
Imants Baruss, do Departamento de Psicologia da University of Western Ontario,
King’s College publicou artigo científico no Journal of Scientific Exploration
(Vol. 15, No. 3, pp. 355–367, 2001) relatando seus insucessos em tentar replicar
o fenômeno. Para os pseudo-céticos isso pareceu demonstrar que tudo não passa
de uma fraude ou fato raro de ocorrer (pareidolia), no entanto, a olhos bem
atentos, o advento só veio a denotar mais evidência para a comunicação
espiritual como maior fator possível, haja visto que os grupos de TCI atuam considerando
a hipótese espiritual e não somente evocações vagas. Outro fator contra a
hipótese PSI surge pelo fato do pesquisador desejar que tal fenômeno ocorra e o
fato foi que nada ocorreu, mesmo Baruss (e sua equipe) demonstrando o desejo do
fenômeno.
É importante entender que o
termo EVP deixa em aberto a fonte que gera o fenômeno, sendo assim temos, mais
uma vez, um grupo se dividindo entre o paranormal e o espiritual. De um lado
pesquisadores convictos de que as vozes que surgem são oriundas de espíritos,
baseados em todos os seus estudos e observações, e de outro, um grupo que
desacredita em tal hipótese e passa a busca em explicá-la de forma mais
tradicional.
Tudo leva a crer que as
evidências atuais já denotam que a explicação de fraude e materialista não surtem
mais efeito devido ao abundante material exposto e estudado, não sendo mais
cabíveis para explicar a ocorrência dos fenômenos.
De posse do conhecimento de
muitas criticas, a pesquisadora Anabela Cardoso elaborou um perfeito método
cientifico que abrangia todos os quesitos. Ela utilizou cabine blindada para as
gravações, evitando assim captações ou interferências exteriores; Gravou previamente
um ruído branco de fundo, evitando a possibilidade de interferência magnética
de fonte transmissora (“calando a boca” de muitos críticos que explicavam a
fenomenologia por esse meio) e utilizou equipamento profissional para a
captação.
Os resultados foram
incrivelmente positivos, trazendo avanço para pesquisadores espiritas, pois denotou
que alguns equipamentos (como microfone) fazem diferença na captação das vozes
e para a comunidade cientifica em geral.
Até o presente momento eu não
encontrei critica alguma ao trabalho dela, parece que os céticos “se calaram”
diante de tal evidência e parece que, ao se tocar no assunto, todos fogem ou
tentam deixar esse trabalho escondido, afinal isso "derruba" o materialismo
de tal forma que faltou coragem de alguns para admitir que podem estar errados.
Para o meio espirita cientifico,
os resultados da pesquisa de Anabela Cardoso demonstram que a mediunidade pode
ser eletrônica e que temos que avançar muito nela ainda. É um tanto
incompreensível o motivo de alguns espiritas mais moralistas ou ortodoxos irem
contra a TCI, defendendo a hipótese de que a tecnologia e avanço nesse campo
possa a deteriorar a doutrina. A pesquisa de Schwartz, publicada em nossa
edição anterior, já demonstrou que precisamos rever muitos dos conceitos
mediúnicos em geral e este estudo de Anabela traz a tona questões que
precisamos repensar: como se explicar o fenômeno?
Já tive oportunidade de participar
de várias sessões, lideradas pela pesquisadora Suely Raimundo, e verificar a
seriedade e comprometimento com este tipo de trabalho, principalmente no
tocante às possíveis explicações de como o fenômeno ocorre. Eu mesmo, por vezes
já fiquei elaborando hipóteses e, somando meu conhecimento a cada evento, vou concluindo
que uma das hipóteses prováveis pode ser o fenômeno de voz direta, onde há
relatos de pesquisas do passado, tanto por ingleses como franceses, de ouvirem
a voz audível.
Em sua pesquisa, Anabela relata
que microfones mais sensíveis oferecem melhores resultados, isso pode nos levar
a supor que o fenômeno recorrente seja em intensidade muito fraca e que, mesmo
nossos ouvidos não captando aquele exato instante da comunicação, a tecnologia
vem e “nos brinda” com os gravadores, para que seja possível ouvirmos depois dos
trabalhos, o que foi captado.
Outra hipótese que se mantém
“ativa”, entre os pesquisadores de TCI, é de que possam existir estações
transmissoras de radiofrequência “do outro lado”, essa hipótese em si não deve
ser descartada pois o fenômeno de materialização de radiofrequências é
totalmente possível.
Os desafios estão aí e as
evidências também, cabe um trabalho sério e longo para avançarmos nesse campo
tecnológico.
Para os leitores interessados na
temática, os mesmos podem acessar o artigo original publicado por Anabela na
revista NeuroQuantology.
Para maiores informações sobre o assunto, o leitor pode
visitar os sites: