terça-feira, 27 de dezembro de 2016

BALANÇO[1]



Richard Simonetti
 

A iminência da morte dispara um curioso processo de reminiscência. O moribundo revive, em curto espaço de tempo, as emoções de toda a existência, que se sucedem em sua mente como um prodigioso filme com imagens projetadas em velocidade vertiginosa.
É uma espécie de balanço existencial, um levantamento de débito e crédito na contabilidade divina, definindo a posição do Espírito ao retomar à Espiritualidade, em face de suas ações boas ou más, considerando‐se que poderão favorecê‐lo somente os valores que "as traças não roem nem os ladrões roubam", a que se referia Jesus, conquistados pelo esforço do Bem.
Trata‐se de um mecanismo psicológico automático que pode ser disparado na intimidade da consciência sem que a morte seja consumada. São frequentes os casos em que o "morto" ressuscita, espontaneamente ou mediante a mobilização de recursos variados.
Há médicos que vêm pesquisando o assunto, particularmente nos Estados Unidos, onde se destaca o doutor Raymond A. Moody Júnior, que no livro "Vida Depois da Vida" descreve experiências variadas de pessoas declaradas clinicamente mortas.
Vale destacar que esses relatos confirmam as informações da Doutrina Espírita. Os entrevistados reportam-se ao "balanço" de suas existências. Abordam, também, temas familiares aos espíritas, como: corpo espiritual ou perispírito; a dificuldade de perceber a condição de "morto"; o contato com benfeitores espirituais e familiares; a facilidade em "sentir" o que as pessoas estão pensando; a possibilidade de volitar, com incrível sensação de leveza; a visão dos despojes carnais e as impressões extremamente desagradáveis dos que tentaram o suicídio.
As pesquisas revelaram que tais fenômenos são frequentes, envolvendo pacientes variados, e que estes geralmente silenciam a respeito, temendo ser julgados mentalmente debilitados.
Em "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO" Allan Kardec comenta que a universalidade dos princípios espíritas (concordância nas manifestações dos Espíritos, obtidas através de múltiplos médiuns em diversos países), garante sua autenticidade, já que seria impossível uma coincidência tão generalizada.
Da mesma forma a autenticidade das pesquisas do Dr. Moody é demonstrada estatisticamente pelos relatos de centenas de pacientes que retornaram do Além, abordando os mesmos aspectos a que nos referimos, não obstante professarem diferentes concepções religiosas, situarem‐se em variadas posições culturais e sociais e residirem em regiões diversas.
A experiência de reviver a própria existência em circunstâncias dramáticas pode representar para o redivivo uma preciosa advertência, conscientizando‐o de que é preciso investir na própria renovação, a fim (de não se situar "falido" no Plano Espiritual quando efetivamente chegar sua hora).




[1] Quem tem medo da Morte? – Richard Simonetti

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