Richard Simonetti
A iminência da morte dispara um
curioso processo de reminiscência. O moribundo revive, em curto espaço de tempo,
as emoções de toda a existência, que se sucedem em sua mente como um prodigioso
filme com imagens projetadas em velocidade vertiginosa.
É uma espécie de balanço
existencial, um levantamento de débito e crédito na contabilidade divina, definindo
a posição do Espírito ao retomar à Espiritualidade, em face de suas ações boas
ou más, considerando‐se que poderão favorecê‐lo somente os valores que "as
traças não roem nem os ladrões roubam", a que se referia Jesus, conquistados
pelo esforço do Bem.
Trata‐se de um mecanismo
psicológico automático que pode ser disparado na intimidade da consciência sem
que a morte seja consumada. São frequentes os casos em que o "morto"
ressuscita, espontaneamente ou mediante a mobilização de recursos variados.
Há médicos que vêm pesquisando o
assunto, particularmente nos Estados Unidos, onde se destaca o doutor Raymond
A. Moody Júnior, que no livro "Vida Depois da Vida" descreve
experiências variadas de pessoas declaradas clinicamente mortas.
Vale destacar que esses relatos
confirmam as informações da Doutrina Espírita. Os entrevistados reportam-se ao
"balanço" de suas existências. Abordam, também, temas familiares aos
espíritas, como: corpo espiritual ou perispírito; a dificuldade de perceber a
condição de "morto"; o contato com benfeitores espirituais e
familiares; a facilidade em "sentir" o que as pessoas estão pensando;
a possibilidade de volitar, com incrível sensação de leveza; a visão dos
despojes carnais e as impressões extremamente desagradáveis dos que tentaram o suicídio.
As pesquisas revelaram que tais
fenômenos são frequentes, envolvendo pacientes variados, e que estes geralmente
silenciam a respeito, temendo ser julgados mentalmente debilitados.
Em "O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO" Allan Kardec comenta que a universalidade dos princípios
espíritas (concordância nas manifestações dos Espíritos, obtidas através de
múltiplos médiuns em diversos países), garante sua autenticidade, já que seria
impossível uma coincidência tão generalizada.
Da mesma forma a autenticidade
das pesquisas do Dr. Moody é demonstrada estatisticamente pelos relatos de centenas
de pacientes que retornaram do Além, abordando os mesmos aspectos a que nos
referimos, não obstante professarem diferentes concepções religiosas,
situarem‐se em variadas posições culturais e sociais e residirem em regiões diversas.
A experiência de reviver a
própria existência em circunstâncias dramáticas pode representar para o
redivivo uma preciosa advertência, conscientizando‐o de que é preciso investir
na própria renovação, a fim (de não se situar "falido" no Plano
Espiritual quando efetivamente chegar sua hora).
[1] Quem tem medo
da Morte? – Richard Simonetti
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