quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DOIS ANOS DE PESQUISA EM EVP[1]


Sandro Fontana

 
Rigor e boa metodologia evidenciam a gravação real de vozes em ambiente controlado

 
Para os ainda não familiarizados, o termo EVP significa Fenômeno Eletrônico de Voz (electronic voice phenomena) e possui sim “ligação intima” com a TCI, este ultimo querendo dizer: Transcomunicação Instrumental.
O termo EVP tomou forma para evitar o pressuposto de que espíritos estão se comunicando pelas vozes que surgem, sendo assim o termo (EVP) é mais abrangente, cientifico e fica aberto a hipóteses que pesquisadores venham a oferecer sobre o fenômeno que ocorre da mesma forma que na TCI.
Nos últimos anos o meio cientifico vem se voltando a pesquisas desse gênero, desde os adeptos a tais pesquisas até os mais céticos.
Temos que admitir que ao longo de muitos anos vem-se trazendo material abundante que parecem evidenciar que espíritos se comunicam, dentro é claro, dos limites ainda não totalmente descobertos que tal tecnologia expõe. No entanto, ao longo dos anos, vem-se criticando muito a TCI, principalmente pelos métodos utilizados. Dentre as principais criticas temos a pareidolia[2], isto é, uma necessidade que nosso cérebro possui para dar sentido a coisas, imagens e sons que possam surgir em formas e intensidade ínfimas.
De todos, não estão errados os que criticam, afinal quem já teve oportunidade de ouvir um áudio de TCI certamente ficou sem entender como algumas pessoas conseguem decifrar os ruídos e transforma-los em palavras. Bom, esperem aí, nesse caso precisamos de uma melhor visão sobre a temática. Há uma categorização de vários níveis de sons, uns mais inteligíveis e outros não. Ok, mas mesmo assim como é que alguns conseguem entender o que a maioria não entende?
Talvez uma boa explicação para isso seja o hábito ou então o “acostumar de ouvido” para a compreensão de tais sons.
É muito comum um leigo, à transmissões entre aviões ou rádios de HF, não conseguirem entender o que é falado entre as conversas, no entanto os profissionais que os utilizam amplamente (e diariamente) o fazem com muita facilidade. Esse fato vem demonstrando que o argumento cético não tem se sustentado, ao menos para os áudios mais nítidos.
Outra crítica constante à TCI vem sendo o ruído de fundo utilizado para se captar as vozes eletrônicas.
Para os mais leigos no assunto, vale enfatizar que o processo utilizado hoje para gravações desses fenômenos eletrônicos é o seguinte:
1) Pega-se um gravador qualquer, podendo ser o próprio computador;
2) Sintoniza-se um rádio deixando-o em estação aberta (sem sintonia alguma) ou então se pode utilizar um ruído previamente gravado;
3) Faz-se evocações e perguntas, deixando o gravador captando o ruído de fundo por algum tempo;
4) Após a captação o experimentador / pesquisador deve digitalizar o som (se já não o foi feito no computador) e utilizar um programa editor de som para mais facilmente encontrar e editar as amplitudes captadas (em geral o SoundForge ou Audacity);
Com base nas informações acima, podemos melhor entender como os críticos atuam, onde o outro foco é exatamente: Os ruídos de fundo.
Um das criticas mais intensas é a utilização de fundo que se baseia em fonemas previamente gravados, por esse motivo o meio cientifico rejeita qualquer ruído que se baseie em algo que possa gerar a pareidolia, por exemplo, um ruído branco (chiado do radio ou TV) não pode induzir um pesquisador a ouvir algo, a menos que uma interferência ocorra no momento da gravação, por outro lado, a utilização de fonemas misturados (uma série de palavras faladas e sobrepostas) é rechaçado facilmente por qualquer crítico, principalmente os melhores preparados que sabem que variações de sons e indutâncias podem repercutir facilmente no engano ao cérebro, mesmo comparando o áudio original com o captado.
De um modo geral, toda a crítica é necessária e bem vinda, principalmente quando se aplica ao método e não a crença de qualquer um. Esse foi um dos motivos que motivou a pesquisadora Anabela Cardoso a unir um grupo de estudiosos e replicar o fenômeno dentro de vários rigores científicos, unindo uma série de criticas e aprimorando o método em si.
Embora alguns pesquisadores já tenham tentado e sem sucesso, isso parece dar mais subsídios para que a evidência esteja rumo ao espiritismo, e não a um fenômeno paranormal em si.
No ano de 2001, o pesquisador Imants Baruss, do Departamento de Psicologia da University of Western Ontario, King’s College publicou artigo científico no Journal of Scientific Exploration (Vol. 15, No. 3, pp. 355–367, 2001) relatando seus insucessos em tentar replicar o fenômeno. Para os pseudo-céticos isso pareceu demonstrar que tudo não passa de uma fraude ou fato raro de ocorrer (pareidolia), no entanto, a olhos bem atentos, o advento só veio a denotar mais evidência para a comunicação espiritual como maior fator possível, haja visto que os grupos de TCI atuam considerando a hipótese espiritual e não somente evocações vagas. Outro fator contra a hipótese PSI surge pelo fato do pesquisador desejar que tal fenômeno ocorra e o fato foi que nada ocorreu, mesmo Baruss (e sua equipe) demonstrando o desejo do fenômeno.
É importante entender que o termo EVP deixa em aberto a fonte que gera o fenômeno, sendo assim temos, mais uma vez, um grupo se dividindo entre o paranormal e o espiritual. De um lado pesquisadores convictos de que as vozes que surgem são oriundas de espíritos, baseados em todos os seus estudos e observações, e de outro, um grupo que desacredita em tal hipótese e passa a busca em explicá-la de forma mais tradicional.
Tudo leva a crer que as evidências atuais já denotam que a explicação de fraude e materialista não surtem mais efeito devido ao abundante material exposto e estudado, não sendo mais cabíveis para explicar a ocorrência dos fenômenos.
De posse do conhecimento de muitas criticas, a pesquisadora Anabela Cardoso elaborou um perfeito método cientifico que abrangia todos os quesitos. Ela utilizou cabine blindada para as gravações, evitando assim captações ou interferências exteriores; Gravou previamente um ruído branco de fundo, evitando a possibilidade de interferência magnética de fonte transmissora (“calando a boca” de muitos críticos que explicavam a fenomenologia por esse meio) e utilizou equipamento profissional para a captação.
Os resultados foram incrivelmente positivos, trazendo avanço para pesquisadores espiritas, pois denotou que alguns equipamentos (como microfone) fazem diferença na captação das vozes e para a comunidade cientifica em geral.
Até o presente momento eu não encontrei critica alguma ao trabalho dela, parece que os céticos “se calaram” diante de tal evidência e parece que, ao se tocar no assunto, todos fogem ou tentam deixar esse trabalho escondido, afinal isso "derruba" o materialismo de tal forma que faltou coragem de alguns para admitir que podem estar errados.
Para o meio espirita cientifico, os resultados da pesquisa de Anabela Cardoso demonstram que a mediunidade pode ser eletrônica e que temos que avançar muito nela ainda. É um tanto incompreensível o motivo de alguns espiritas mais moralistas ou ortodoxos irem contra a TCI, defendendo a hipótese de que a tecnologia e avanço nesse campo possa a deteriorar a doutrina. A pesquisa de Schwartz, publicada em nossa edição anterior, já demonstrou que precisamos rever muitos dos conceitos mediúnicos em geral e este estudo de Anabela traz a tona questões que precisamos repensar: como se explicar o fenômeno?
Já tive oportunidade de participar de várias sessões, lideradas pela pesquisadora Suely Raimundo, e verificar a seriedade e comprometimento com este tipo de trabalho, principalmente no tocante às possíveis explicações de como o fenômeno ocorre. Eu mesmo, por vezes já fiquei elaborando hipóteses e, somando meu conhecimento a cada evento, vou concluindo que uma das hipóteses prováveis pode ser o fenômeno de voz direta, onde há relatos de pesquisas do passado, tanto por ingleses como franceses, de ouvirem a voz audível.
Em sua pesquisa, Anabela relata que microfones mais sensíveis oferecem melhores resultados, isso pode nos levar a supor que o fenômeno recorrente seja em intensidade muito fraca e que, mesmo nossos ouvidos não captando aquele exato instante da comunicação, a tecnologia vem e “nos brinda” com os gravadores, para que seja possível ouvirmos depois dos trabalhos, o que foi captado.
Outra hipótese que se mantém “ativa”, entre os pesquisadores de TCI, é de que possam existir estações transmissoras de radiofrequência “do outro lado”, essa hipótese em si não deve ser descartada pois o fenômeno de materialização de radiofrequências é totalmente possível.
Os desafios estão aí e as evidências também, cabe um trabalho sério e longo para avançarmos nesse campo tecnológico.
Para os leitores interessados na temática, os mesmos podem acessar o artigo original publicado por Anabela na revista NeuroQuantology[3].
Para maiores informações sobre o assunto, o leitor pode visitar os sites:






[1] Revista Ciência Espírita – Edição 5 – Outubro/2015 - www.revistacienciaespirita.com  
[2] É um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. É comum ver imagens que parecem ter significado em nuvens, montanhas, solos rochosos, florestas, líquidos, janelas embaçadas e outros tantos objetos e lugares. Ela também acontece com sons, sendo comum em músicas tocadas ao contrário, como se dissessem algo. A palavra pareidolia vem do grego para, que é junto de ou ao lado de, e eidolon, imagem, figura ou forma.
[3] A Two-Year Investigation of the Allegedly - Anomalous Electronic Voices or EVP http://www.neuroquantology.com/index.php/journal/article/view/571

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