Maria Modesto Cravo nasceu na
cidade de Uberaba-MG, em 16 de abril de 1899. Teve formação católica,
casando-se aos 17 anos com Nestor Cravo, em 1915. No ano seguinte transferiram
residência para Belo Horizonte e tiveram como filhos: Eurythmia, Euclydes,
Ermelinda, Eduardo, Erasto, Esdras e Erasmo.
Maria Modesto teve importante
participação no nascente movimento espírita em Uberaba, juntamente com a
participação de seu pai e sua tia.
Em documentos que tratam sobre
os planos pioneiros da doutrina em Uberaba, consta: "em 20 de março de
1910, reuniram-se na casa de José Villela de Andrade os irmãos em crença José
Villela de Andrade, Manoel Felippe de Souza, Anselmo Trezzi, João Augusto
Chave, Evarista Modesto dos Santos (irmã de João Modesto) e outros, para
tratarem dos meios de obter-se os recursos para a aquisição de um terreno e a
construção de um edifício, destinados à reunião e mais trabalhos que tinham o
objetivo de propagar a Doutrina Espírita".
Sentindo os primeiros fenômenos
mediúnicos em sua esposa, em forma de obsessão, o que acarretou inúmeros
problemas para a família, seu esposo buscou o aconselhamento espiritual,
recebendo como orientação que ela fosse ao encontro de Eurípedes Barsanulfo, na
cidade de Sacramento-MG.
Seu organismo estava fraco,
sendo realmente diagnosticada a influenciação, oriunda de espíritos infelizes.
Eurípedes indica tratamento físico e espiritual, através da fluidoterapia. Em
poucos dias, Maria Modesto apresentava significativa melhora, sendo convidada a
trabalhar na equipe mediúnica. Passado pouco tempo, já recuperada, Maria
Modesto é orientada por Eurípedes Barsanulfo para se mudar para Uberaba.
Em janeiro de 1919, um novo
local de trabalho é fundado na cidade mineira, o Ponto Bezerra de Menezes, ao
lado da casa de Maria Modesto, onde, juntamente com outros médiuns, ela passa a
servir de intermediária dos Benfeitores Espirituais, assistindo a enfermos.
Todavia, a assistência não se
limitava ao intercâmbio espiritual. Em 1922 inicia-se a realização do Natal dos
Pobres, beneficiando os necessitados que ali buscavam o amparo, além da
assistência prestada aos cegos, presidiários e outras instituições.
Pouco tempo depois de fundada a
sede social do Centro Espírita Uberabense, em 13 de maio de 1919, um fato
importante ocorre: a comunicação psicográfica através de Maria Modesto, do
luminoso espírito Ismael, designado pelo Cristo para organizar o trabalho da
propagação da Boa Nova no Brasil. Na época, a direção do Centro Espírita
Uberabense resolveu consultar a Federação Espírita Brasileira, para saber da
autenticidade da mensagem, sendo confirmada pelo próprio comunicante, na sede
da FEB.
Recebendo orientações de Bezerra
de Menezes, a respeito do trabalho desenvolvido do Ponto, o grupo recebe
orientação para iniciarem a construção do Sanatório Espírita de Uberaba, sendo
sua planta recebida mediunicamente por Maria Modesto. Em 6 de janeiro de 1928,
a pedra fundamental é lançada pelo presidente do Centro Espírita Uberabense,
médico sanitarista Henrique von Krugger Schroeder. Em 31 de dezembro de 1934 o
Sanatório é inaugurado, exercendo o cargo de diretor clínico, o Dr. Inácio
Ferreira.
Junto ao Sanatório Espírita, o
trabalho de Maria Modesto foi constante, tendo a benfeitora encontrado ainda
tempo para auxiliar na fundação da União da Mocidade Espírita de Uberaba
(UMEU), em 1940.
Em julho de 1963, devido a
sérios problemas de saúde, Maria Modesto Cravo transfere-se para Belo
Horizonte, retornando à Pátria Espiritual em 8 de agosto de 1964, vitimada pelo
câncer.
Casos Curiosos
Certo dia, enquanto residia em
Uberaba, ainda solteira, fui visitar dona Maria Modesto, como a chamavam.
Enquanto lá estávamos, ela foi
chamada, porque estava chegando um rapaz para ser internado, considerado louco.
A família já não aguentava mais.
Dona Maria Modesto começou a
conversar com os familiares e logo em seguida pediu a eles que o desamarrassem.
O rapaz chegou de
camisa-de-força.
- Mas, como? Arguiu o pai! Ele
está fora de si. Está muito violento e poderá agredir qualquer um de nós e até
vocês mesmos.
- Não, disse ela, ele não fará
isso. Por minha conta, tirem a camisa-de-força dele.
- Oh! Dona, então é por conta
sua, porque eu já não aguento mais. Pois bem, desamarraram o rapaz e ele
começou a conversar com ela, naturalmente, respondendo o que lhe era
perguntado, com todo respeito e tranquilidade.
De outra feita, estando Maria
Modesto já doente, em Belo Horizonte, para ser tratada pelo médico Water
Boechat, precisou fazer uma extração cirúrgica do dente. A cirurgia demorou por
mais ou menos três horas. Ela própria segurava o seu queixo, enquanto o
profissional batia o martelo para abalar o dente. O dentista estava muito
preocupado com o estado de saúde dela, pois sabia da doença que a acometia.
Dona Maria Modesto o acalmava dizendo:
- Fique tranquilo, está tudo
indo muito bem. Pode continuar.
No dia seguinte. Fomos visitá-la
em casa de sua filha. O médico chegou também para fazer seu exame de rotina.
Sabendo que o dentista estava
presente naquele momento, chamou-o e disse:
- Como foi você que fez a
extração cirúrgica, é bom que você venha participar do exame a que a
submeteremos.
Pediu a ela que mostrasse onde foi extraído o
dente. Qual não foi a surpresa do dentista quando viu que o local do dente
estava completamente cicatrizado, como se nada tivesse acontecido.
Yedda Pontes – Fonte Viva.
Bibliografia:
- História do Espiritismo em Uberaba - Carlos Baccelli.
- Fonte Viva. out/dez de 2002.
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