Natal[1]
Ei, você, aonde vai com tanta
pressa?
Eu sei que você tem pouco
tempo...
Mas, será que poderia me dar uns
minutos da sua atenção?
Percebo que há muita gente nas
ruas, correndo como você.
Para onde vão todos?
Os shoppings estão lotados...
Crianças são arrastadas por pais
apressados, em meio ao torvelinho...
Há uma correria generalizada...
Alimentos e bebidas são
armazenados...
E os presentes, então? São
tantos a providenciar...
Entendo que você tenha pouco
tempo.
Mas, qual é o motivo dessa
correria?
Percebo, também, luzes
enfeitando vitrines, ruas, casas, árvores...
Mas, confesso que vejo pouco
brilho nos olhares...
Poucos sorrisos afáveis, pouca
paciência para uma conversa fraternal...
É bonito ver luzes, cores,
fartura...
Mas seria tão belo ver sorrisos
francos...
Apertos de mãos demorados...
Abraços de ternura...
Mais gratidão...
Mais carinho...
Mais compaixão...
Talvez você nunca tenha notado
que há pessoas que oferecem presentes por mero interesse...
Que há abraços frios e
calculistas...
Que familiares se odeiam, sem a
mínima disposição para a reconciliação.
Mas, porque você me emprestou
uns minutos do seu precioso tempo, gostaria de lhe perguntar novamente: Para
que tanta correria?
Em meio à agitação, sentado no
meio-fio, um mendigo, ébrio, grita bem alto: Viva Jesus. Feliz Natal!
E os sóbrios comentam: É louco!
E a cidade se prepara... Será
Natal.
Mas, para você que ainda tem
tempo de meditar sobre o verdadeiro significado do Natal, ouso dizer:
O Natal não é apenas uma data
festiva, é um modo de viver.
O Natal é a expressão da
caridade...
E quem vive sem caridade
desconhece o encanto do mar que incessantemente acaricia a praia, num vai-e-vem
constante...
Natal é fraternidade...
E a vida sem fraternidade é como
um rio sem leito, uma noite sem luar, uma criança sem sorriso, uma estrela sem
luz.
Mas o Natal também é união...
E a vida sem união é como um
barco furado, um pássaro de asas quebradas, um navegante perdido no oceano sem
fim.
E, finalmente, o Natal é pura
expressão de amor...
E a vida sem amor é desabilitada
para a paz, porque em sua intimidade não sopra a brisa suave do amanhecer, nem
se percebe o cenário multicolorido do crepúsculo.
Viver sem a paz é como navegar
sem bússola em noite escura... É desconhecer os caminhos que enaltecem a alma e
dão sentido à vida.
Enfim, a vida sem amor... Bem, a
vida sem amor é mera ilusão.
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