Sobre os nossos apegos terrenos,
precisamos lembrar de algo muito importante:
“Aquilo com o qual nos apegamos
no mundo, será o nosso sofrimento no plano espiritual.”
Essa máxima é muito importante
de ser compreendida, pois ela define nosso bem estar, nossa felicidade e nossa
paz… Ou define nossa dor, vazio e sofrimento após a morte.
Aquele que depende de uma coisa
para viver, como por exemplo, comida, compras, vícios, sexo, dinheiro,
patrimônio etc. vai sofrer muito quando chegar ao plano espiritual e perceber que
essas coisas não existem lá. Não existe comida no plano espiritual, pois o espírito
não precisa se alimentar.
Por isso, se você é dependente
da comida, se tem apego a ela, no plano espiritual você vai sofrer pela
ausência de comida. Vai desejar a comida e ela não estará lá. Quanto maior o
apego, maior será o seu sofrimento no plano espiritual quando você descobrir
que seu objeto de apego não está presente.
No plano espiritual somos muito
mais sensíveis do que no plano material. Quando estamos na Terra, revestidos
por um invólucro composto de matéria grosseira, essa roupagem que envolve o
espírito de certa forma nos protege de quem somos. Isso é positivo para o
humano encarnado, pois lhe dá mais tempo de realizar sua purificação interior e
se libertar de todas as suas imperfeições. No plano físico temos os desejos
relacionados ao corpo e seus prazeres. Mas na condição de espíritos, fora da
vida corpórea, aquele que não se libertou dos seus desejos em vida, permanece
com eles. O mais grave é que os desejos que ficam na memória do espírito, com
os quais ele se apegou, se apresentam de forma bem mais intensa e vívida.
O espírito que se acostumou em
comer carne, adora carne, está apegado à carne e não consegue se imaginar
vivendo sem comer carne, no plano espiritual vai sofrer muito com a ausência da
carne. Ele vai desejar a carne, e não poderá se alimentar de carne. Da mesma
forma o espírito de um fumante vai desejar o cigarro e não poderá mais sentir o
prazer do tabaco em seu organismo. O resultado dessa falta é apenas um…
sofrimento. O sofrimento pelos desejos não satisfeitos, pelos apegos, pelas
nossas dependências e vícios humanos, é muito forte. Muitos espíritos nessa
condição de ânsia pelos desejos materiais sentem-se tão carentes dos seus
objetos de apego que permanecem no plano material, errático e perturbados, para
poder usufrui-los.
É muito comum ver espíritos se
ligando a encarnados, em graves processos obsessivos, fumando junto com eles.
Ou espíritos alcoólatras que, quando desencarnam, não podem mais beber e,
assim, entram em “possessão” com os encarnados para beber junto com eles. Se o
encarnado obsedado por esses espíritos decide dar um ponto final e largar o
vício, esses espíritos podem assedia-lo intensamente, estimulando sua
necessidade pelo álcool, provocando no encarnado a sensação de carência, de
desprovimento, de privação, e assim, faze-lo voltar a beber. Nesse estado, o
encarnado pode ceder a esse apego e retornar o vício. Assim, os espíritos que
estão com ele continuarão bebendo junto com ele. Obviamente não se trata de
beber fisicamente, pois o espírito não tem mais corpo. Trata-se de incorporar
no encarnado e compartilhar com ele da sensação da bebida, do prazer na
ingestão do álcool.
De vez em quando vejo algumas
pessoas dizendo: “Sim, eu sei que tenho esse apego, mas ainda não consigo
larga-lo. No futuro eu me desapego”. Esse pensamento é muito perigoso, pois o
ser humano encarnado não sabe o momento de sua morte. Ele pode morrer daqui a
alguns segundos, como pode morrer daqui a 80 anos. Pode acontecer de alguém
deixar para depois a libertação dos seus apegos e morrer repentinamente, num
acidente de carro, num ataque cardíaco ou em outras condições. Quando isso
acontece, não praticamos o desapego e o sofrimento no plano espiritual será uma
realidade. O espírito que chega ao plano espiritual com todos os seus apegos,
não pode mais se libertar. Ou ele se liberta aqui na matéria, ou não se
liberta.
Estamos falando do sofrimento no
plano espiritual, mas é certo que o apego também gera sofrimento aqui mesmo, na
matéria. Uma pessoa muito apegada a sua casa, pode perder essa casa ainda em
vida e sofrer muito com isso. Uma pessoa muito apegada a seu dinheiro, pode
viver uma crise financeira e perder seu dinheiro e seus bens e também sofrer
muito com isso. Algumas pessoas muito apegadas podem até mesmo pensar em
suicídio, tal é seu grau de apego em relação àquilo que possuem. A depressão é
muitas vezes o resultado de apegos não satisfeitos muito arraigados dentro de
nós. Aquele que faz sua vida depender de uma coisa e depois a perde, pode
também perder sua vida quando seu apego não existe mais. Todos precisam
compreender que todo e qualquer tipo de apego deve ser extirpado de nossa vida,
por um motivo muito simples: nenhum desses objetos de apego existe no plano
espiritual. O plano espiritual, que é o plano real, não dispõe de qualquer
coisa que necessitamos na Terra. As necessidades do mundo são apenas do mundo…
elas não existem fora daqui. Por isso, quem se apega, sempre sofre pela perda,
seja na matéria, seja no plano do espírito.
Por outro lado, as pessoas não
tem noção da liberdade espiritual que conquistam quando se libertam dos seus
apegos terrenos. É uma liberdade impossível de se expressar em palavras, de tão
elevada, sublime e plena. Todos aspiram à liberdade, mas poucos são aqueles que
aceitam abrir mão de tudo o que nos aprisiona. Não é possível ser livre e viver
com apegos. O apego é o oposto da liberdade, assim como a escuridão é o oposto
da luz. Quem vive mergulhado em seus apegos, vive e morre preso e infeliz.
Aquele que, ao contrário, se solta de tudo e vive apenas pelo espírito que é,
esse é livre, totalmente livre… e infinitamente feliz após a morte.
Portanto, o desapego do que
existe no mundo não é apenas uma questão de moral espiritual, de evolução da
alma ou da aspiração à transcendência. É principalmente a melhor forma de
evitar o sofrimento, de nos proteger da carência, de superar a dor da perda de
algo que não podemos mais obter. E acredite: essa dor do apego, no plano
espiritual, é muito, muito sofrida.
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