Irmão X
Quando o desvelado orientador
chegou ao Planeta, encaminhando o aprendiz à experiência nova, o lar estava em
festa, na celebração do Ano Novo.
Musicas alegre embalavam a casa,
flores festivas enfeitavam a mesa lauta. Riam-se os jovens e as crianças,
enquanto os velhos bebiam vinhos de júbilo.
O devotado amigo abraçou o
tutelado e falou:
- Nova existência, meu filho, é
qual Ano Novo. Enche-se o coração das esperanças mais belas. Troca-se o passado
pelo presente. Rejubila-se a alma na oportunidade bendita.
Promessas divinas florescem no
coração.
O tempo é o tesouro infinito que
o Criador concede às criaturas. Não esqueças, todavia, que a concessão de um
tesouro é titulo de confiança e toda confiança traduz responsabilidade. Tanto
prejudica a obra de Deus o avarento que restringe a circulação dos valores,
como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas.
O tempo, desse modo, é benfeitor
carinhoso e credor imparcial simultaneamente. Na terra a maioria dos homens não
chegou ainda a compreendê-lo.
Os ignorantes perdem-no.
Os loucos matam-no.
Os maus envenenam-no.
Os indiferentes zombam dele.
Os vaidosos confundem-no.
Os velhacos enganam-no.
Os criminosos perturbam-no.
Riem-se dele os pândegos.
Os mentirosos ridicularizam-no.
Os tolos esquecem-no.
Os ociosos combatem-no.
Os tiranos abusam dele.
Os irônicos menosprezam-no.
Os arbitrários dominam-no.
Os revoltados acusam-no.
Aproveitam-no os trabalhadores
fiéis.
O tempo, contudo, meu filho,
pertence ao Senhor e ninguém pode subverter a ordem de Deus.
É por isso que, ao fim da
existência, cada um recebe conforme usou o divino patrimônio.
Vale-te, pois, da oportunidade
nova, sem olvidares o dever, convicto de que ninguém falará ou agirá no mundo,
em vão.
O homem precipita-se. O tempo
espera. O primeiro experimenta. O segundo determina.
Se atingires a alegria de
recomeçar, alcançarás, igualmente, o dia de acertar.
Lembra-te de que o tempo
ensinará aos ignorantes.
Anulará os loucos.
Envenenará os maus.
Zombará dos indiferentes.
Confundirá os vaidosos.
Esclarecerá os velhacos.
Perturbará os criminosos.
Surpreenderá os pândegos.
Ridiculizará os mentirosos.
Corrigirá os tolos.
Combaterá os ociosos.
Ferirá os tiranos.
Menosprezará os irônicos.
Prenderá os arbitrários.
Acusará os revoltados.
Compensará os trabalhadores
fieis.
Calou-se o venerável ancião.
Havia risos à mesa domestica
expectativa no candidato à reencarnação, sorrisos paternais no velhinho
experiente.
O sábio abraçou novamente o
discípulo e despediu-se rematando:
- Não te esqueças de que o tempo
é generoso nas concessões e justo nas contas. Vai, porém, meu filho, e não
temas.
Nesse instante, à maneira do
homem, cheio de esperanças, que penetra o Ano Novo, o aprendiz reingressou na
onda do nascimento.
[1] Pontos e
Contos – Irmão X - PsicoFrancisco C. Xavier
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