quarta-feira, 30 de abril de 2025

REENCARNAÇÃO E FOBIAS[1]

 


K.M. Wehrstein

 

Memórias espontâneas de "vidas passadas" em crianças são frequentemente acompanhadas de fobias que correspondem a traumas lembrados, especialmente aqueles que resultaram em morte. Este artigo resume resultados de pesquisas que comprovam essa ligação.

 

Introdução

Em um estudo de 1990, o pioneiro pesquisador em reencarnação, Ian Stevenson, define fobias como "medos irracionais cuja magnitude excede em muito a força do estímulo observável". Fobias infantis são extremamente comuns na população em geral, afirma ele, citando três pesquisas que mostram incidências de 90% entre as idades de dois e quatorze anos, 58% entre seis e doze anos e 22% entre dois e sete anos, respectivamente[2].

Em um trabalho anterior, Stevenson escreve que, embora muitos desses medos possam ser atribuídos a um evento assustador vivenciado pela criança, a sugestões de um dos pais ou à imitação de outra pessoa que manifesta a fobia, para muitos, "nenhuma dessas explicações comuns se aplica porque um evento ou influência apropriadamente formativa de pessoas ao redor não pode ser descoberto[3]". Essa tendência foi notada já na década de 1890, observa Stevenson, citando o psicólogo do século XIX G. Stanley Hall, que sugeriu uma origem remota para esses medos inexplicáveis ​​e se referiu à noção de metempsicose (reencarnação) de Platão, sem realmente oferecê-la como explicação.

Em sua própria pesquisa, Stevenson rapidamente descobriu que crianças que se lembravam de vidas passadas frequentemente apresentavam fobias que correspondiam a traumas que emergiam em suas declarações sobre suas vidas passadas, especialmente a morte. Outros pesquisadores também constataram o mesmo ao analisar os aspectos comportamentais de casos infantis investigados.

 

Prevalência

Stevenson e colegas descobriram que, de 387 indivíduos que se lembravam de uma vida passada, 141 (36%) haviam sofrido pelo menos uma fobia relacionada. Variações culturais foram encontradas; entre os casos resolvidos (casos em que a encarnação anterior da criança foi identificada com razoável certeza), a menor incidência foi encontrada em casos indianos (16%) e a maior na seita drusa no Líbano (51%)[4].

 

Fobias relacionadas à forma de morte em vidas passadas

Fobias entre crianças que se lembravam de vidas passadas, descobriu Stevenson, 'quase sempre' correspondem à maneira como sua vida anterior terminou e, principalmente, estão relacionadas a mortes violentas, ocorrendo muito mais raramente após mortes naturais[5]. No entanto, há exceções, como no caso de Parmod Sharma, cuja encarnação anterior havia morrido de gastroenterite após se empanturrar de iogurte contaminado, e que ele próprio tinha aversão a iogurte[6].

Stevenson descobriu que, entre 47 indivíduos que aparentemente se afogaram em uma encarnação anterior, trinta (64%) apresentavam fobia de água. Um estudo de 1993 mostrou que, em cinquenta casos clínicos de fobia de água na infância na população em geral, em 28 (56%) os pais não conheciam nenhuma experiência ou influência traumática que pudesse explicá-la; o medo surgiu no momento do primeiro contato da criança com a água[7]. Tais casos podem ser explicados por afogamentos em vidas passadas, sugeriu Stevenson.

Da mesma forma, entre trinta indivíduos que aparentemente morreram de uma picada de cobra na encarnação anterior, treze (43%) exibiram fobia de cobras[8]. Além disso, dez (40%) tinham marcas de nascença relacionadas à ferida ou a tentativas de tratá-la[9].

U Po Thwai, de Mianmar, lembrou-se de ter sido um encantador de serpentes em sua vida passada, que terminou quando uma cobra o picou; sem conseguir ajuda de emergência, ele morreu no dia seguinte. Ele começou sua nova vida com um amor por cobras; quando criança, ele pegava pequenas cobras e brincava de encantador de serpentes com elas. No entanto, entre os dezesseis e dezoito anos, ele teve alucinações com cobras e seu fascínio se transformou em terror. Essa fobia durou pelo menos até a meia-idade[10].

 

Generalização, Transferência e Associação Sensorial

Stevenson cita estudos anteriores para mostrar que fobias frequentemente envolvem generalização ou transferência (medo de estímulos que se assemelham abstratamente à causa do trauma) ou associação sensorial (medo desencadeado por estímulos sensoriais que se assemelham aos estímulos sensoriais do trauma).

 

Exemplos de generalização ou transferência

Quando jovem, Daw Aye Myint, de Mianmar, tinha medo de todos os homens com cerca de 25 anos, a idade do homem que a assassinou em sua encarnação anterior[11].

Maung Nyunt, também de Mianmar, morreu ao cair de uma charrete que dirigia em sua vida anterior. Em sua vida atual, ele demonstrava medo de dirigir charretes e de altura em geral[12].

Ngozi Uduji, uma igbo nigeriana, foi identificada, por meio de um defeito congênito, como a reencarnação de um primo de seu pai, morto em um bombardeio na Guerra da Biafra. Ela tinha medo de aviões, da visão e do som de armas e de homens brancos, possivelmente se lembrando de homens brancos que serviram como pilotos mercenários de aviões para o Exército Nigeriano[13].

 

Exemplos de Associação Sensorial

Ma Myint Thein, de Mianmar, nasceu com dedos faltando e deformados. Na infância, ela relatou ter sido assassinada por homens armados com espadas e indicou o local onde isso aconteceu[14].

Necati Çaylak, da Turquia, relembrou a vida de um homem que morreu em um acidente de carro em uma ponte. Quando criança, ele chorou ao ver a ponte pela primeira vez e parecia ter medo de atravessá-la. O medo perdurou até os dez anos de idade[15].

 

Expressão precoce

Em alguns casos, observa Stevenson, as fobias se manifestam antes mesmo que a criança fale sobre a vida passada ou sequer consiga falar. Quando bebê, Shamlinie Prema, do Sri Lanka, manifestava uma extrema aversão a banhos, esforçando-se tanto que eram necessárias três pessoas para segurá-la. Ela também demonstrava medo de ônibus. Quando conseguiu falar, começou a falar de uma vida passada, eventualmente identificada como a de uma menina que se afogou aos 11 anos após pular de um ônibus em um arrozal[16].

Sujith Lakmal Jayaratne, do Sri Lanka, demonstrou medo de caminhões aos oito meses de idade; a palavra inglesa "lorry" (locomotiva) foi uma das primeiras palavras que pronunciou. Quando conseguiu falar frases, descreveu ter morrido após ser atropelado por um caminhão ao entrar bêbado na rua. Suas muitas outras declarações relacionadas a uma vida passada a identificaram como a de um indivíduo que havia morrido dessa forma[17].

 

Fobias em Casos Sem Memórias

Em alguns casos pesquisados, a origem de uma fobia foi atribuída a memórias de vidas passadas, e não pelo próprio indivíduo, mas sim pelos parentes. Derek Pitnov, um membro da tribo Tlingit do Alasca, tinha uma marca de nascença em forma de diamante que, segundo anciãs locais, lembrava o ferimento de lança que matou seu tio-bisavô Chak-nik-kooh. Desde a infância, Pitnov demonstrava fobia de armas brancas: não brincava com facas e tinha uma aversão extrema à furadeira de baioneta[18].

Uma vida passada foi identificada no caso de Maung Sein Nyunt, de Mianmar, por meio de um sonho anunciador vivenciado por sua mãe, uma marca de nascença semelhante a uma mancha na pele da pessoa anterior e uma fobia: na vida anterior, ele se afogou enquanto nadava em um lago e, em sua vida atual, demonstrou medo de água até meados da adolescência[19].

 

Fobias Múltiplas

Daw Tin Hla, de Mianmar, relembrou a vida de um homem que havia sido brutalmente assassinado com uma espada, com os primeiros golpes cortando seus dedos e o último atingindo seu pescoço. Além de ter nascido sem dedos, a menina sofria de múltiplas fobias relacionadas. Seu medo de sangue era tão intenso que a deixava fisicamente doente, a ponto de se ver incapaz de ajudar uma amiga com a mão machucada. Ela temia espadas e facas grandes que pudessem ser usadas como armas, embora não tivesse medo de facas de cozinha. Sentia-se desconfortável se alguém a tocasse no pescoço. Em qualquer grupo, ela se recusava a ficar na retaguarda, preferindo ficar no meio e, assim, protegida por outras pessoas em caso de ataque. Essas fobias persistiram até a idade adulta[20].

 

Duração

Stevenson escreve que as fobias infantis relacionadas a mortes passadas tendem a ser mais intensas quando as crianças falam com mais frequência sobre suas memórias, geralmente entre os dois e os quatro anos de idade. Elas tendem a desaparecer junto com as próprias memórias à medida que a criança cresce, mas às vezes podem persistir. Stevenson cita o caso de uma criança pequena que tinha um medo acentuado da pessoa que assassinou sua encarnação anterior. Aos onze anos, ele ainda temia o assassino, mas não conseguia se lembrar do porquê; aos treze, isso não acontecia mais, mas ele se lembrava de que já o temera antes.

 

Transtorno de estresse pós-traumático

O parapsicólogo Erlendur Haraldsson conduziu estudos psicológicos com crianças que se lembravam de vidas passadas para testar o argumento de que alegações de memórias de vidas passadas indicam distúrbios psicológicos. Em dois estudos no Sri Lanka[21] e um terceiro no Líbano[22], utilizando listas de verificação psicológicas padrão, ele e seus coautores descobriram que crianças que se lembravam de vidas passadas tinham bom desempenho social, mas tendiam a ser tensas e nervosas, perfeccionistas, ansiosas e nervosas, argumentativas, propensas a explosões de raiva, temperamentais e um tanto obsessivas em comparação com outras crianças. Nos testes de tendências dissociativas, as crianças que se lembravam de vidas passadas obtiveram pontuações mais altas.

Os pesquisadores verificaram conflitos e sinais de negligência ou abuso que pudessem explicar esses achados, mas não encontraram nada de notável. Haraldsson observa que fobias relacionadas a vidas passadas contribuíram claramente para essas pontuações, assim como mudanças aparentes de personalidade, à medida que as crianças alternavam entre reviver a vida passada e viver a vida atual[23]. Especialistas em transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) apontaram que tais características são comuns entre pessoas que sofreram traumas identificáveis. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um diagnóstico de TEPT requer três critérios:

§  O paciente foi exposto a um evento ou situação 'de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica'.

§  O paciente sofre com lembranças e "reviver" persistentemente o estressor em "flashbacks" intrusivos, memórias vívidas.

§  O paciente tem dificuldade para adormecer ou manter o sono, irritabilidade ou explosões de raiva, dificuldade de concentração, hipervigilância e resposta de sobressalto exagerada.

Haraldsson observou semelhanças entre os resultados do seu estudo e os critérios da OMS. Ele também observou que crianças com memórias de mortes violentas de vidas passadas frequentemente parecem se lembrar delas de forma intrusiva, a ponto de revivê-las. Consequentemente, ele postula que pelo menos algumas crianças com memórias de vidas passadas sofrem de TEPT.

Mais indicações são fornecidas por um estudo americano realizado pelo pesquisador de reencarnação Jim Tucker e F.D. Nidiffer, no qual duas das quinze crianças participantes que se lembravam de uma vida anterior demonstraram comportamento dissociativo significativo[24]. Em outro lugar, Tucker escreve:

'Nos casos em que a pessoa anterior morreu de morte não natural, mais de 35% das crianças demonstram um medo intenso do modo de morte, o tipo de comportamento evitativo que faz parte dos critérios oficiais do DSM [ Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders] para TEPT[25]'.

 

Ajudando crianças com fobias relacionadas a vidas passadas

Em seu livro "Children’s Past Lives" (Vidas Passadas de Crianças), a regressista e pesquisadora de reencarnação infantil Carol Bowman oferece conselhos aos pais cujos filhos sofrem com fobias e outras emoções dolorosas decorrentes de vidas passadas. Ela enfatiza que os pais devem ter a mente aberta, não julgar e ser calmos, e recomenda que se evoque a história com delicadeza, especialmente se ela envolver a morte, para descobrir o que pode estar causando os sintomas. No entanto, os pais não devem insistir se a criança se mostrar relutante em falar ou insistir demais enquanto ela estiver emocionada[26].

Bowman recomenda fortemente permitir a liberação das emoções em vez de desencorajá-las[27].  Ela também alerta os pais a não rejeitarem relatos de morte como perigosos ou mórbidos, nem tentarem suprimi-los, mas recomenda ajudar a criança a manter as memórias e emoções enquanto elas estão presentes, como potenciais oportunidades de cura[28].

 

Literatura

§  Bowman, C. (1997). Children’s Past Lives: How Past Life Memories Affect Your Child. New York: Bantam Books.

§  Cook, E.W., Pasricha, S., Samararatne, G., Maung, W., & Stevenson, I. (1983). A review and analysis of “unsolved” cases of the reincarnation type: Part II, A comparison of features of solved and unsolved cases. Journal of the American Society for Psychical Research 77, 115-35.

§  Haraldsson, E. (1995). Personality and abilities of children claiming previous-life memories. Journal of Nervous and Mental Disease 183/7, 445-51.

§  Haraldsson, E., Fowler, P., & Periyannanpillai, V. (2000). Psychological characteristics of children who speak of a previous life: A further field study in Sri Lanka.  Transcultural Psychiatry 37, 525-44.

§  Haraldsson, E. (2003). Children who speak of past-life experiences: Is there a psychological explanation? Psychology and Psychotherapy: Theory Research and Practice 76/1, 55-67.

§  Haraldsson, E., & Matlock, J.G. (2016). I Saw a Light and Came Here: Children’s Experiences of Reincarnation. Hove, UK: White Crow Books.

§  Menzies, R.G., & Clarke, J.C. (1993). The etiology of childhood water phobia. Behavior Research and Therapy 31, 499-501.

§  Stevenson, I. (1974). Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. (rev. ed.) Charlottesville, Virginia, USA: University Press of Virginia.

§  Stevenson, I. (1977a). The explanatory value of the idea of reincarnation. Journal of Nervous and Mental Disease 164/5, 305-26.

§  Stevenson I. (1977b). Cases of the Reincarnation Type, Vol II: Ten Cases in Sri Lanka. Charlottesville, Virginia, USA: University Press of Virginia.

§  Stevenson, I. (1980). Cases of the Reincarnation Type, Vol III: Twelve Cases in Lebanon and Turkey. Charlottesville, Virginia, USA: University Press of Virginia.

§  Stevenson, I. (1990). Phobias in children who claim to remember previous lives. Journal of Scientific Exploration 4/2, 243-54.

§  Stevenson, I. (1997a). Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects (vol. 1.) Westport, Connecticut, USA: Praeger.

§  Stevenson, I. (1997b). Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects (vol. 2.) Westport, Connecticut, USA: Praeger.

§  Stevenson, I. (2003). Children Who Remember Previous Lives: A Question of Reincarnation. (rev. ed.) Jefferson, North Carolina, USA: McFarland.

§  Tucker, J.B. (2013). Return to Life: Extraordinary Cases of Children Who Remember Past Lives. New York: St. Martin’s Press.

§  Tucker, J.B., & Nidiffer, F.D. (2014). Psychological evaluation of American children who report memories of previous lives. Journal of Scientific Exploration 28, 583-94.

 

Traduzido com Google Tradutor



[2] Stevenson (1990), 243.

[3] Stevenson (1977a), 312.

[4] Cook, Pasricha, Samararatne, Maung e Stevenson (1983), Tabela 5, 126.

[5] Stevenson (1990), 247.

[6] Stevenson (1974), 109-27.

[7] Menzies e Clarke (1993).

[8] Stevenson (2003), 183.

[9] Stevenson (1997a), 997.

[10] Stevenson (1997a). 681-83.

[11] Stevenson (1997a), 227-34.

[12] Stevenson (1997a), 606-9.

[13] Stevenson (1997b), 1330-35.

[14] Stevenson (1997b), 1200-15.

[15] Stevenson (1980), 299-323.

[16] Stevenson (1977b), 15-42.

[17] Stevenson (1977b), 235-80.

[18] Stevenson (1966/74), 252-59.

[19] Stevenson (1997b), 705-8.

[20] Stevenson (1997b), 1215-22.

[21] Haraldsson (1995), Haraldsson, Fowler e Periyannanpillai (2000).

[22] Haraldsson (2003).

[23] Haraldsson & Matlock (2016), 116-17. Todas as informações nesta seção foram extraídas desta fonte, exceto quando indicado de outra forma.

[24] Tucker e Nidiffer (2014).

[25] Tucker (2013), 141.

[26] Bowman (1997), 262-63.

[27] Bowman (1997), 270.

[28] Bowman (1997), 271-72.

terça-feira, 29 de abril de 2025

CAMINHO DA VIDA[1]

 


Allan Kardec

 

A questão da pluralidade das existências há desde longo tempo preocupado os filósofos e mais de um reconheceu na anterioridade da alma a única solução possível para os mais importantes problemas da psicologia. Sem esse princípio, eles se encontraram detidos a cada passo, encurralados num beco sem saída, donde somente puderam escapar com o auxílio da pluralidade das existências.

A maior objeção que podem fazer a essa teoria é a da ausência de lembranças das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências inconscientes umas das outras; deixar um corpo para tomar outro sem a memória do passado equivaleria ao nada, visto que seria o nada quanto ao pensamento; seria uma multiplicidade de novos pontos de partida, sem ligação entre si; seria a ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente, a mais doce e consoladora esperança do futuro; seria, afinal, a negação de toda a responsabilidade moral.

Semelhante doutrina seria tão inadmissível e tão incompatível com a justiça divina, quanto a de uma única existência com a perspectiva de uma eternidade de penas por algumas faltas temporárias. Compreende-se então que os que formam semelhante ideia da reencarnação a repilam; mas, não é assim que o Espiritismo no-la apresenta.

A existência espiritual da alma, diz ele, é a sua existência normal, com indefinida lembrança retrospectiva. As existências corpóreas são apenas intervalos, curtas estações na existência espiritual, sendo a soma de todas as estações apenas uma parcela mínima da existência normal, absolutamente como se, numa viagem de muitos anos, de tempos a tempos o viajor parasse durante algumas horas.

Embora pareça que, durante as existências corporais, há solução de continuidade, por ausência de lembrança, a ligação efetivamente se estabelece no curso da vida espiritual, que não sofre interrupção. A solução de continuidade, realmente, só existe para a vida corpórea exterior e de relação, e a ausência, aí, da lembrança prova a sabedoria da Providência que assim evitou fosse o homem por demais desviado da vida real, onde ele tem deveres a cumprir; mas, quando o corpo se acha em repouso, durante o sono, a alma levanta o voo parcialmente e restabelece-se então a cadeia interrompida apenas durante a vigília.

A isto ainda se pode opor uma objeção, perguntando que proveito pode o homem tirar de suas existências anteriores, para melhorar-se, dado que ele não se lembra das faltas que haja cometido. O Espiritismo responde, primeiro, que a lembrança de existências desgraçadas, juntando-se às misérias da vida presente, ainda mais penosa tornaria esta última. Desse modo, poupou Deus às suas criaturas um acréscimo de sofrimentos. Se assim não fosse, qual não seria a nossa humilhação, ao pensarmos no que já fôramos!

Para o nosso melhoramento, aquela recordação seria inútil. Durante cada existência, sempre damos alguns passos para a frente, adquirimos algumas qualidades e nos despojamos de algumas imperfeições. Cada uma de tais existências é, portanto, um novo ponto de partida, em que somos qual nos houvermos feito, em que nos tomamos pelo que somos, sem nos preocuparmos com o que tenhamos sido. Se, numa existência anterior, fomos antropófagos, que importa isso, desde que já não o somos? Se tivemos um defeito qualquer, de que já não conservamos vestígio, aí está uma conta saldada, de que não mais nos cumpre cogitar. Suponhamos que, ao contrário, se trate de um defeito apenas meio corrigido: o restante ficará para a vida seguinte e a corrigi-lo é do que nesta devemos cuidar.

Tomemos um exemplo: um homem foi assassino e ladrão, e foi punido, quer na vida corpórea, quer na vida espiritual; ele se arrepende e corrige do primeiro pendor, porém, não do segundo. Na existência seguinte, será apenas ladrão, talvez um grande ladrão, porém, não mais assassino.

Mais um passo para diante e já não será mais que um ladrão obscuro; pouco mais tarde já não roubará, mas poderá ter a veleidade de roubar, que a sua consciência neutralizará.

Depois, um derradeiro esforço e, havendo desaparecido todo vestígio da enfermidade moral, será um modelo de probidade. Que lhe importa então o que ele foi?

A lembrança de ter acabado no cadafalso não seria uma tortura e uma humilhação constantes?

Aplicai este raciocínio a todos os vícios, a todos os desvios, e podereis ver como a alma se melhora, passando e tornando a passar pelos cadinhos da encarnação. Não terá sido Deus mais justo com o tornar o homem árbitro da sua própria sorte, pelos esforços que empregue por se melhorar, do que se fizesse que sua alma nascesse ao mesmo tempo que seu corpo e o condenasse a tormentos perpétuos por erros passageiros, sem lhe conceder meios de purificar-se de suas imperfeições? Pela pluralidade das existências, nas suas mãos está o seu futuro. Se ele gasta longo tempo a se melhorar, sofre as consequências dessa maneira de proceder: é a suprema justiça; a esperança, porém, jamais lhe é interdita.

A seguinte comparação é de modo a tornar compreensíveis as peripécias da vida da alma:

Suponhamos uma estrada longa, em cuja extensão se encontram, de distância em distância, mas com intervalos desiguais, florestas que se tem de atravessar e, à entrada de cada uma, a estrada, larga e magnífica se interrompe, para só continuar à saída. O viajor segue por essa estrada e penetra na primeira floresta. Aí, porém, não dá com caminho aberto; deparasse-lhe, ao contrário, um dédalo inextricável em que ele se perde. A claridade do Sol há desaparecido sob a espessa ramagem das árvores. Ele vagueia, sem saber para onde se dirige. Afinal, depois de inauditas fadigas, chega aos confins da floresta, mas extenuado, dilacerado pelos espinhos, machucado pelos pedrouços. Lá, descobre de novo a estrada e prossegue a sua jornada, procurando curar-se das feridas.

Mais adiante, segunda floresta se lhe antolha, onde o esperam as mesmas dificuldades. Mas, ele já possui um pouco de experiência e dela sai menos contundido. Noutra, topa com um lenhador que lhe indica a direção que deve seguir para se não transviar. A cada nova travessia, aumenta a sua habilidade, de maneira que transpõe cada vez mais facilmente os obstáculos. Certo de que à saída encontrará de novo a boa estrada, firma-se nessa certeza; depois, já sabe orientar-se para achá-la com mais facilidade. A estrada finaliza no cume de uma montanha altíssima, donde ele descortina todo o caminho que percorreu desde o ponto de partida. Vê também as diferentes florestas que atravessou e se lembra das vicissitudes por que passou, mas essa lembrança não lhe é penosa, porque chegou ao termo da caminhada. É qual velho soldado que, na calma do lar doméstico, recorda as batalhas a que assistiu. Aquelas florestas que pontilhavam a estrada lhe são como que pontos negros sobre uma fita branca e ele diz a si mesmo: “Quando eu estava naquelas florestas, nas primeiras, sobretudo, como me pareciam longas de atravessar! Figuravas-me que nunca terminaria; tudo ao meu derredor me parecia gigantesco e intransponível. E quando penso que, sem aquele bondoso lenhador que me pôs no bom caminho, talvez eu ainda lá estivesse! Agora, que contemplo essas mesmas florestas do ponto onde me acho, como se me apresentam pequeninas! Afigurasse-me que de um passo teria podido transpô-las; ainda mais, a minha vista as penetras e lhes distingo os menores detalhes; percebo até os passos em falso que dei.

Diz-lhe então um ancião:

— Meu filho, eis-te chegado ao termo da viagem; mas, um repouso indefinido causar-te-á tédio mortal e tu te porias a ter saudades das vicissitudes que experimentaste e que te davam atividade aos membros e ao Espírito. Vês daqui grande número de viajantes na estrada que percorreste e que, como tu, correm o risco de transviar-se; tens experiência, nada mais temas: vai-lhes ao encontro e procura com teus conselhos guiá-los, a fim de que cheguem depressa.

 

Replica o nosso homem:

— Irei com alegria, entretanto, pergunto: por que não há uma estrada direta desde o ponto de partida até aqui? Isso forraria aos viajantes o terem de atravessar aquelas abomináveis florestas.

Retruca o ancião:

— Meu filho atenta bem e verás que muitos evitam a travessia de algumas delas: são os que, tendo adquirido mais de pronto a experiência necessária, sabem tomar um caminho mais direto e mais curto para chegarem aqui. Essa experiência, porém, é fruto do trabalho que as primeiras travessias lhes impuseram, de sorte que eles aqui aportam em virtude do mérito próprio. Que é o que saberias, se por lá não houvesses passado? A atividade que houveste de desenvolver, os recursos de imaginação que precisaste empregar para abrir caminho aumentaram os teus conhecimentos e desenvolveram a tua inteligência.

Sem que tal se desse, serias tão noviço quanto o eras à partida. Ao demais, procurando safar-te dos tropeços, contribuíste para o melhoramento das florestas que atravessaste.

O que fizeste foi pouca coisa, imperceptível mesmo; pensa, contudo, nos milhares de viajores que fazem outro tanto e que, trabalhando para si mesmos, trabalham, sem o perceberem, para o bem comum. Não é justo que recebam o salário de suas penas no repouso de que gozam aqui?

Que direito lhes caberia a esse repouso, se nada houvessem feito?       

Responde o viajor:

— Meu pai numa das florestas, encontrei um homem que me disse: “Na orla há um imenso abismo a ser transposto de um salto; mas, de mil, apenas um só o consegue; todos os outros lhe caem no fundo, numa fornalha ardente e ficam perdidos sem remissão. Esse abismo eu não o vi.

Responde o Ancião:

— Meu filho, é que ele não existe, pois, do contrário, seria uma cilada abominável, armada a todos os que para cá se dirigem. Bem sei que lhes cabe vencer dificuldades, mas igualmente sei que cedo ou tarde as vencerão. Se eu houvera criado impossibilidades para um só que fosse, sabendo que esse sucumbiria, teria praticado uma crueldade, que avultaria imenso, se atingisse a maioria dos viajores.

Esse abismo é uma alegoria, cuja explicação vais receber.

Olha para a estrada e observa os intervalos das florestas.

Entre os viajantes, alguns vês que caminham com passo lento e semblante jovial; vê aqueles amigos, que se tinham perdido de vista nos labirintos da floresta, como se sentem ditosos, por se haverem de novo encontrado ao deixarem-na.

Mas, a par deles, outros há que se arrastam penosamente; estão estropiados e imploram a compaixão dos que passam, pois que sofrem atrozmente das feridas de que, por culpa própria, se cobriram, atravessando os espinheiros.

Curar-se-ão, no entanto, e isso lhes constituirá uma lição da qual tirarão proveito na floresta seguinte, donde sairão menos machucados. O abismo simboliza os males que eles experimentam e, dizendo que de mil apenas um o transpõe, aquele homem teve razão, porquanto enorme é o número dos imprudentes; errou, porém, quando disse que aquele que ali cair não mais sairá. Para chegar a mim, o que tombou encontra sempre uma saída. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída aos que estão no fundo do abismo; vai amparar os feridos que se arrastam pela estrada e mostrar o caminho aos que se embrenharam pelas florestas.

A estrada é a imagem da vida espiritual da alma e em cujo percurso esta é mais ou menos feliz. As florestas são as existências corpóreas, em que ela trabalha pelo seu adiantamento, ao mesmo tempo que na obra geral. O caminheiro que chega ao fim e que volta para ajudar os que vêm atrasados figura os anjos guardiães, os missionários de Deus, que se sentem venturosos em vê-lo, como, também, no desdobrarem suas atividades para fazer o bem e obedecer ao supremo Senhor.



[1] OBRAS PÓSTUMAS – Allan Kardec

segunda-feira, 28 de abril de 2025

LINDA DIAS DE ALMEIDA[1]

 
 


Linda Dias de Almeida, uma das conhecidas e respeitadas lideranças do movimento espírita de Birigui, SP, nasceu em 3 de março de 1908, em Matão, SP.

Filha de Felício Luchini e Amélia Travelini Luchini,  teve cinco irmãos. Casou-se com João Dias de Almeida, em 17 de outubro de 1926, na cidade de  São Carlos, SP, onde ele trabalhava como tipógrafo em  empresa que imprimia o periódico espírita O Clarim, editado por Cairbar Schutel. Dessa união tiveram seis filhos.

De São Carlos a família se mudou para São Paulo. Linda, de mediunidade latente,  começou a sentir as primeiras manifestações ostensivas. O esposo, que era  conhecedor dos princípios espíritas, foi buscar orientação em um Centro Espírita. Ali, ambos receberam o chamado, sob orientação de Felicio Luchini, pai e guia espiritual de Linda, para fixarem residência em Birigui, a 516 quilômetros de São Paulo.

Em 5 de janeiro de 1940, pais e filhos desembarcaram na estação ferroviária de Birigui, e deram início às sessões espíritas e de atendimento às pessoas que os procuravam em sua residência.

Estabeleceram-se no comércio com uma loja de presentes e também iniciaram a atividade agrícola, trabalhos que possibilitaram o sustento da família e a arrojada construção da sede do Centro Espírita Amor e Caridade que, fundado aos 28 de janeiro de 1940,  em 1941 estava funcionando no amplo salão recém-construído.

Em 29 de junho de 1945, inauguraram o Asilo da Velhice e dos Desamparados, pois inexistia qualquer entidade similar em Birigui.

Aos 2 de fevereiro de 1947,  fundaram o Sanatório Felício Luchini, obra destinada ao tratamento de doentes mentais e dependentes químicos em regime de internação, cuja denominação passou posteriormente a ser Hospital Felício Luchini. Para completar a infraestrutura filantrópica, promovida pelo casal Linda e João, através do Centro Espírita Amor e Caridade, foi inaugurado, em 12 de junho de 1949, o Lar José Maria Lisboa, destinado a abrigar crianças desamparadas e prepará-las para a vida em sociedade.

De segunda a sábado, Linda atendia, de manhã e à tarde, as pessoas que vinham em busca de alívio para suas enfermidades, aconselhamento ou orientação, às quais nunca faltaram palavras de consolação, esperança e fé, medicamento espiritual para suas dores morais.

Médium de muitos recursos, as comunicações se processavam através de sua psicofonia inconsciente. Pela mediunidade intuitiva e pela vidência, captava o pensamento dos Espíritos que davam orientação aos trabalhos de assistência a encarnados e desencarnados.

Tempos depois, à prática se aliou o estudo, nas atividades doutrinárias e assistenciais do Centro Espírita.

É difícil traçar o perfil de Linda, com os matizes mais sutis, porque sua personalidade apresentava um conjunto de características, das quais se sobressaíam a firmeza e a doçura; o amor ao próximo e a fé ativa.

Ao abraçar sua missão, adotou o mandamento máximo de Jesus: Amar o próximo como a si mesmo, porque é a mais completa expressão da caridade. Como médium de estirpe, nunca deixou de praticar o bem, consolar os aflitos, acalmar os desesperados, operar reformas morais, amparar e educar o menor abandonado, agasalhar a velhice desamparada, atender aos enfermos, sobretudo no campo da saúde mental, cujas obras assistenciais, construídas ao lado do seu esposo João, bem testemunharam.

Linda desencarnou a 3 de outubro de 2004.



[1] FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO PARANÁ - https://www.feparana.com.br/topico/?topico=2808

sexta-feira, 25 de abril de 2025

EM LEGÍTIMA SUSPEIÇÃO, REPELI, REJEITAI, PODAI SEM PIEDADE[1]

 


Orson Peter Carrara

 

As palavras são fortes, mas necessárias. Muitos abusos são efetivados por falta dessa rejeição que a suspeição propõe. E quando continuamente aceitos, os desdobramentos são lamentáveis.

Tais orientações estão no texto conclusivo de Erasto sobre a Influência moral do médium nas comunicações mediúnicas. A advertência, na íntegra, consta do item 230 de O Livro dos Médiuns, em sua segunda parte, exatamente no capítulo XX – “Influência Moral do Médium”.

É neste item que se encontra a conhecida e sempre citada frase: “(...) vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”, quase no final do capítulo. O capítulo é todo um roteiro para médiuns ou não, face ao claro conteúdo sobre como a moral do médium influi no conteúdo de uma comunicação mediúnica. São vários itens, do 226 (este desdobrado em outras 12 subquestões) a 230 (neste último está o estudo conclusivo sobre o tema).

É conteúdo para constante consulta e estudo. Palestrantes, dirigentes, coordenadores de estudo ou de reuniões mediúnicas e mesmo médiuns, deveríamos todos sempre revisar o capítulo – até para uma autoavaliação de nós mesmos –, utilizando-o também para debates e intercâmbios doutrinários em estudos, palestras, entrevistas e encontros para ampliar o conhecimento na questão.

Mas, para despertar ainda mais a atenção do leitor, transcrevemos parcialmente alguns trechos que muito chamam a atenção, constituindo verdadeiras advertências que previnem as distorções e as decepções na prática mediúnica, todos extraídos exclusivamente do citado item 230, como indicado:

a.       (...) é que um exame severo e escrupuloso se faz necessário, porquanto, de envolta com essas coisas aproveitáveis, Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim de iludir a boa-fé dos que lhes dispensam atenção.

b.       Devem riscar-se, então, sem piedade, toda palavra, toda frase equívoca e só conservar do ditado o que a lógica possa aceitar, ou o que a doutrina já ensinou. (...)

c.       (...) Onde, porém, a influência moral do médium se faz realmente sentir, é quando ele substitui, pelas que lhe são pessoais, as ideias que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir e também quando tira da sua imaginação teorias fantásticas que, de boa-fé, julga resultarem de uma comunicação intuitiva. É de apostar-se então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio Espírito do médium. (...)

d.       (...) Contra este escolho terrível vêm igualmente chocar-se as personalidades ambiciosas que, em falta das comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras como sendo desses Espíritos. Daí a necessidade de serem, os diretores dos grupos espíritas, dotados de fino tato, de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas das que não o são e para não ferir os que se iludem a si mesmos. (...)

e.        (...) Desde que uma opinião nova venha a ser expedida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai destrambelhadamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. (...)

Claro que, como dissemos, as transcrições são parciais e nosso objetivo é estimular o estudo integral do referido item, com as principais citações, mas a íntegra textual é muito oportuna, atual e de uma lógica inquebrantável.

Todavia, a inspiração para essa abordagem com tal seleção surgiu do final do texto, que também transcrevo parcialmente, oferecendo ao leitor mais uma pérola de Erasto, sempre atento a nos prevenir de decepções e a nos proteger do que a ambição é capaz de produzir:

(...) Se, pois, agora, um médium, qualquer que ele seja, se tornar objeto de legítima suspeição, pelo seu proceder, pelos seus costumes, pelo seu orgulho, pela sua falta de amor e de caridade, repeli, repeli suas comunicações, porquanto aí estará uma serpente oculta entre as ervas. (...)

Daí tirei o título do artigo. A severidade de Erasto é necessária, face às ingenuidades que ainda nos permitimos no contato com os espíritos, levando-se em conta a imaturidade que ainda nos caracteriza e mesmo a ignorância – de não saber, claro – sobre os princípios doutrinários do Espiritismo e seus intensos e infinitos desdobramentos.

Muitos de nós nos deixamos levar por seduções variadas, aceitando tudo com muita facilidade e, pior, sem análise do bom senso e do discernimento. Ele recomenda: em legítima suspeição, repeli suas comunicações. Essa rejeição, esse podar e sem piedade – como ele também destaca – não é agressivo, é protetivo, para evitar desdobramentos ainda mais prejudiciais. Tanto para o médium, como para o grupo.

Cabe ao grupo discernir sobre a suspeição, quando e como ocorre, analisando, avaliando, inclusive com a caridade da fraternidade que não pode ser esquecida. Mas é preciso muita firmeza, senão caminhamos com aceitação fácil para a fascinação, no capítulo a obsessão.

Para a ação da rejeição, como acima citado, a caridade não pode estar ausente. Mas é preciso que a firmeza doutrinária se faça presente, evitando os desastres bem próprios que a leviandade e a ignorância são capazes de produzir. O bom senso e a caridade indicarão o caminho de ação.

Vamos lá consultar o item 230 e O Livro dos Médiuns? Que tal? Não é uma boa dica? 



[1] O CONSOLADOR - Ano 18 - N° 917 - 6 de Abril de 2025 - https://www.oconsolador.com.br/ano18/917/ca7.html