segunda-feira, 31 de março de 2025

ISABEL SALOMÃO DE CAMPOS[1]


 

Isabel Salomão de Campos nasceu em Rochedo de Minas, Minas Gerais, em 22 de setembro de 1924. Filha dos libaneses Sr. Nagib Salomão e D. Chaíde Chible Salomão, cresceu junto a nove irmãos. Já em seu nono ano de vida, surgiram as primeiras manifestações mediúnicas.

Na escola, distinguiu-se, demonstrando responsabilidade e visão além daquela favorecida pela vida no campo. O respeito que nutria por seus deveres e pelos direitos do próximo fazia-a uma jovem especial, que despertava grande admiração. Findo o curso primário, manifestou o desejo de educar as crianças da redondeza. Tendo seu pai ao lado, D. Isabel construiu carteiras e paredes, conscientizando a vizinhança da importância dos estudos e alfabetizando inclusive os adultos da região.

Com a ajuda da família, aos 14 anos, ergueu a Escola Rural Mista Bom Jardim. Logo em seguida, foi nomeada pelo município, chamando a atenção dos inspetores escolares por sua habilidade com a turma, principalmente em se tratando de classe multiseriada (três séries em uma única turma). Aos 17 anos, mudou-se com a família para Juiz de Fora, e a jovem Isabel, foi trabalhar no Instituto de Laticínios “Cândido Tostes”, onde, através da ilustre figura de Dr. Vicentino Mazzini, ouviu falar pela primeira vez em Espiritismo.

Começou, então, a participar efetivamente das reuniões espíritas, constatando que tudo o que se a apresentava ela já conhecia e que as “coisas” que via e ouvia desde a infância eram presenças de espíritos.

Em 1947, casou-se com Ramiro Monteiro de Campos, militar, professor e advogado.

Após o nascimento da filha, transferiram-se para Fortaleza, levando também o filho adotivo. Retornaram três anos depois. A família crescia, o terceiro filho nascera em Fortaleza e, mais tarde, outros dois, em Juiz de Fora. De 58 anos de um casamento feliz, teve cinco filhos, onze netos e dois bisnetos.

Proprietária de uma butique, via sua loja diariamente repleta de pessoas que para lá se dirigiam, a fim de ouvi-la. Por orientação espiritual, deveria escolher entre a profissão e o trabalho espiritual, não que ao espírita tal fato não seja permitido, era especificamente o seu caso. Disse-lhe o mentor: “Seja qual for a sua opção, você será bem sucedida”. E ela optou: fechou a butique e foi atender o povo sofrido e desalentado. Nascia um trabalho que é realizado até hoje, o de orientação às pessoas carentes de esclarecimento e aos corações angustiados e deprimidos, que chegam dos mais variados lugares do país, perfazendo um atendimento a mais de cento e oitenta mil pessoas nestes 60 anos de trabalho.

D. Isabel recebeu títulos e comendas, entre elas, Comenda Daniel Pinto Corrêa da Associação Comercial de Juiz de Fora; Título de Cidadã Honorária; Comenda Henrique Halfeld e do Sesquicentenário de Juiz de Fora, entregue a 150 personalidades, inclusive pós mortém, sendo a única presença feminina como pessoa física, em 2004; Troféu Mulheres do Novo Século; Troféu Voluntário das Gerais, pela Fiemg, na cidade de Ouro Preto. Lançou o CD Momentos de Paz e Jesus Amigo, é autora de três livros e inúmeros artigos. Sua vida e sua obra se confundem.

Todo seu trabalho tem como finalidade, no sentido mais amplo da expressão, o bem estar social com a manutenção e ampliação da assistência às camadas menos favorecidas da nossa sociedade, distribuindo mensalmente 4,5 toneladas de alimentos. Sua mediunidade de cura é alvo do interesse de vários segmentos, tendo sido apresentada por duas vezes no Globo Repórter e igualmente no Fantástico, programas veiculados pela Rede Globo de Televisão. É convidada por jovens, professores, empresários e médicos para proferir palestras. Rompendo os limites das naturais necessidades do ser humano, dedica mais de 10 horas do dia ao trabalho junto ao povo, atendendo todos que batem à porta da “A Casa do Caminho”, que se mantém aberta diuturnamente, por um ideal seu, pois esclarece que a dor não tem dia nem hora. Orienta pessoalmente cada setor desta Comunidade desde a sua fundação.

Foi pioneira ao criar, em 1979, o Plantão de Socorro Espiritual, que com uma equipe de plantonistas devidamente preparados por ela, atende diariamente mais de 500 ligações em suas 24h de pleno funcionamento.

O que me deixa feliz é que tudo isso acontece por causa do Evangelho de Jesus.

 Isabel Salomão de Campos

Conforme o Portal g-1, “de acordo com familiares, Isabel Salomão estava com a saúde mais debilitada e chegou a ser transferida para o CTI da unidade de saúde, mas não resistiu.

Faleceu na madrugada em 11/11/2024, aos 100 anos. Ela estava internada no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, desde o dia 3 de novembro.

Segundo a Federação Espírita Brasileira, a médium é uma das personalidades mais destacadas da doutrina no país, ao lado de Chico Xavier, que atuou até os 92 anos, e Divaldo Franco, que tem 97 anos”.

sexta-feira, 28 de março de 2025

QUAL A DIFERENÇA ENTRE SOLIDÃO E SOLITUDE? E POR QUE FICAR SOZINHO PODE FAZER BEM A SAÚDE[1].

 


Andre Biernath - Role, da BBC News Brasil em Londres - 21 março 2025

 

Por um lado, a solidão é considerada uma epidemia, com efeitos comparáveis ​​a fumar 15 cigarros por dia.

Por outro, em um mundo cheio de informações e interações sociais, ficar sozinho por um tempo pode ser uma coisa boa para a saúde mental.

Mas como você pode equilibrar o isolamento com um tempo para si?

Frankenstein, de Mary Shelley, discute a rejeição e o isolamento de um monstro criado durante um esforço científico. A pintura O Grito, feita por Edward Munch, retrata um homem desesperado que parece agonizar sem uma única pessoa para apoiá-lo. Na música Eleanor Rigby, os Beatles observam "as pessoas solitárias" e questionam "de onde elas vêm".

Esses são apenas três exemplos de como as ideias de solidão e de solitude são tópicos populares em todas as formas de arte — e têm um enorme impacto na sociedade e em como nos sentimos nas interações sociais.

É inegável que esse assunto ganhou ainda mais relevância na última década.

Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a solidão uma "preocupação global de saúde pública" e lançou um comitê internacional para lidar com essa questão.

Porém, ao mesmo tempo, somos constantemente inundados por mensagens, e-mails, notificações de mídia social e outras informações que podem ser opressivas — e reforçam a necessidade de ficar sozinho por um tempo.

É possível evitar a solidão e se sentir conectado a uma comunidade por meio de interações significativas, e ainda ter espaço para a solitude e momentos de autorreflexão?

A BBC fez essas questões para especialistas e pesquisadores — e eles também compartilharam algumas dicas práticas para atingir esse equilíbrio em nossas vidas diárias, como você confere a seguir.

 

A diferença entre solitude e solidão

A solidão é uma "emoção subjetiva e desagradável" que surge quando você sente "uma baixa qualidade nos relacionamentos sociais em relação ao que gostaria de ter", explica Andrea Wigfield, diretora do Centro de Estudos da Solidão da Universidade Sheffield Hallam, no Reino Unido.

Especialistas sugerem que a solidão aparece quando você sente que a qualidade de seus relacionamentos pessoais é pior do que deseja.

Ou, ao comparar os relacionamentos que tem com os de colegas, se sente insatisfeito porque as suas amizades parecem mais fracas e desinteressantes.

Enquanto uma pessoa isolada pode rapidamente se tornar solitária, também é verdade que é possível se sentir sozinho no meio de uma multidão.

A sensação de que você não pertence — ou de que a qualidade de suas conexões não é forte o suficiente — pode rapidamente levar a essa emoção subjetiva e desagradável, alerta a professora Wigfield.

Embora seja um problema antigo, a solidão se tornou um desafio para milhões durante os lockdowns prolongados e o distanciamento social obrigatório da pandemia de covid-19. Isso deixou muitas pessoas isoladas em casa.

Já a solitude, por outro lado, é mais um estado temporário e pode trazer um momento bem-vindo de tranquilidade.

Trata-se de um período em que você está fisicamente só e não interage com ninguém nas redes sociais, explica a psicóloga Thuy-Vy Nguyen, pesquisadora do Laboratório de Solitude da Universidade de Durham, no Reino Unido.

 

O que a solidão faz com o corpo?

A solidão faz mal à saúde. Um estudo recente da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelou uma associação entre o isolamento social e o aumento do risco de doenças cardíacas, AVC, diabetes tipo 2 e até uma maior suscetibilidade a infecções.

Wigfield acrescenta que também há evidências crescentes de que a solidão pode levar à demência, depressão, ansiedade e um risco elevado de morrer por todas as causas.

O que está por trás dessa ligação ainda não está claro.

Os médicos acreditam que isso acontece por causa de um aumento do estresse no corpo e à falta de estimulação cognitiva relacionada ao isolamento — o que piora as condições de saúde mental.

A OMS estima que uma em cada quatro pessoas mais velhas esteja socialmente isolada e entre 5 e 15% dos adolescentes enfrentam a solidão.

Além da idade, grupos específicos também correm maior risco de se tornarem solitários.

É o caso de imigrantes, minorias étnicas, refugiados, pessoas da comunidade LGBTQ+, cuidadores e pessoas com condições de saúde crônicas.

 

Como superar a solidão?

Nos últimos anos, vários governos lançaram iniciativas para enfrentar a epidemia de solidão.

O tema ganhou relevância na agenda política à medida que os custos milionários desse fenômeno para serviços de saúde, previdência social e a economia se tornaram evidentes.

Pesquisas mostram que o voluntariado pode ser uma estratégia de prevenção eficaz nesse contexto.

Em Hong Kong, um teste com 375 voluntários que prestavam serviços à comunidade local destacou que doar o tempo livre para uma causa em que você acredita pode aliviar a solidão, especialmente em adultos mais velhos.

Enquanto isso, países como Austrália e Holanda adotam uma abordagem diferente, ao investir e incentivar a troca intergeracional.

Gerações mais velhas e mais novas são encorajadas a se reunir em espaços compartilhados, como centros comunitários ou blocos habitacionais com áreas comuns.

Há também a prática crescente de "prescrição social" por médicos no Reino Unido.

A ideia é, em vez de indicar medicamentos, encaminhar pacientes que estão extremamente isolados para serviços e atividades que conectam as pessoas — como encontros em cafés e bares, aulas de artesanatos ou outros eventos sociais.

A psiquiatra da infância e adolescência Holan Liang explica, de uma perspectiva social, desenvolver comunidades tolerantes que colaboram — onde todos têm um lugar e um propósito — é outra estratégia eficaz.

"Sempre verificar como as pessoas ao redor estão, promover a gentileza e ajudar os outros previne a solidão", diz Liang, que também é autora do livro A Sense of Belonging ("Senso de Pertencimento", em tradução livre).

Do ponto de vista individual, especialistas disseram à BBC que todos devem ficar de olho no nível de satisfação e na qualidade de seus próprios relacionamentos e amizades.

Vale ficar atento aos sinais de solidão — como sentimentos persistentes de tristeza e pouca vontade de socializar ou sair de casa.

Os sinais de alerta podem também incluir uma sensação de distanciamento — ou seja, não se sentir conectado com os outros ou com os lugares e espaços ao redor.

 

Existe um estigma sobre a solitude?

A professora Nguyen ressalta que, como uma espécie social, os humanos dependem de uma rede coesa que obedece a certas regras comunitárias para sobreviver.

Como parte disso, "tendemos a apenas destacar a importância das interações sociais e de estarmos juntos", aponta a pesquisadora.

"Nesse sentido, a solidão é estigmatizada", diz Nguyen.

Mas um dos efeitos imediatos da solidão é acalmar, apontam as pesquisas.

Um estudo da Universidade de Reading, no Reino Unido, mostrou que momentos de solidão podem trazer benefícios e prejuízos em termos de bem-estar.

Os pesquisadores acompanharam 178 adultos por 21 dias. Durante esse período, os participantes tiveram que preencher diários e responderam questionários para medir o estresse, a satisfação com a vida, a autonomia e a solidão.

O experimento revelou que passar mais horas sozinho estava associado a uma redução de estresse, além de uma sensação de liberdade para escolher e ser você mesmo — o que, de acordo com os autores, sugere um "efeito calmante" da solitude.

No entanto, durante os dias com mais horas de isolamento da sociedade, os participantes relataram um sentimento de solidão ou menos satisfação com a vida.

 

Como encontrar momentos significativos de solitude

As evidências mostram que a solitude fornece um espaço para a regulação emocional, além de uma sensação de liberdade e autonomia.

Esses momentos para si podem ser uma ferramenta particularmente útil para períodos de maior estresse, ou em um determinado dia em que você sente que há muita coisa acontecendo.

Nesse sentido, a solitude pode ser uma boa do ponto de vista da saúde mental. Mas passar tempo sozinho pode ser pesado demais para algumas pessoas.

A professora Nguyen recomenda construir os tempos de solitude aos poucos, até que eles se tornem um hábito regular.

"Sempre que as pessoas me perguntam como tirar proveito da solitude, uma coisa que recomendo é começar pequeno, com apenas 15 minutos por dia", sugere ela.

Durante esses curtos períodos, você pode avaliar como se sente e o que gosta de fazer. Com o passar dos dias, é possível expandir esse tempo sozinho, minuto a minuto.

"Às vezes, as pessoas querem começar uma desintoxicação e decidem cortar o tempo nas telas ou o uso das redes sociais radicalmente. Isso pode gerar um desconforto e você não vai querer repetir essa experiência novamente no futuro", pondera ela.

Mas há um limite para a solitude?

O estudo da Universidade de Reading citado anteriormente revelou que as pessoas passavam a se sentir solitárias e menos satisfeitas nos dias em que passavam mais horas sozinhas.

Para Nguyen, o equilíbrio perfeito não deve ser quantificado em horas, mas, sim, em termos de qualidade.

Ela ressalta que algumas pesquisas mostram que a solidão começa quando estamos sozinhos por 75% do tempo que passamos acordados.

"Mas isso realmente depende de cada indivíduo e de como você se sente a cada dia", acredita ela.

E o que fazer durante esses minutos de desconexão da sociedade?

Os especialistas sugerem encontrar atividades que sejam estimulantes, mas também proporcionem descanso e relaxamento.

Vários hobbies e atividades são compatíveis com a solitude, como leitura, jardinagem, caminhadas na natureza, ouvir música, cozinhar e fazer artesanato.

quinta-feira, 27 de março de 2025

O QUE CRIAMOS[1]

 


Miramez

 

Por que, deixando a Terra, não deixam aí os Espíritos todas as más paixões, uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes?

Vês nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam, perdem esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que alimentaram paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os envolve, conservando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente desprendido da matéria. Só por momentos ele entrevê a verdade, que assim lhe aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.

Questão 229/ O Livro dos Espíritos

 

A Terra, sendo material visível, palpável, certamente que a ela se ajusta tudo que se refere à semelhança de sua estrutura. As paixões dos Espíritos se encontram em faixa diferente e elas acompanham, por leis espirituais, o seu criador. Assim, pode enfraquecer, e mesmo desaparecer, pela vontade daquele que as alimenta.

Quando a alma parte do mundo físico por justiça divina e mesmo humana, ela leva consigo as suas paixões, que atravessam com ela o túmulo sem nenhuma dificuldade, pois isso é uma disposição da alma que, pelo tempo, deve se educar com os resultados indesejáveis das suas criações inferiores.

Tudo que criamos afiniza-se a nós e, de certa forma, se encontra ligado ao criador por fios invisíveis, mas sólidos, de maneira a nos trazer a paz ou a espada.

Eis porque necessitamos muito do Cristo; Ele é o salvador incondicional nos nossos caminhos, nunca se esquecendo dos Seus tutelados. Ele deixou o Evangelho como herança para toda a humanidade, e graças aos céus, ele, o Evangelho, já se encontra conhecido por todo o mundo. Os seus divinos preceitos já vibram em muitos corações de boa vontade.

A missão da Doutrina dos Espíritos é, pois, fazer reviver o Cristo em todos os corações, e deixar que o Mestre nasça em cada criatura, sob as bênçãos de Deus. As leis naturais nos provam a verdade; conhecendo que carregamos as nossas mazelas morais e que elas nos perseguem onde quer que seja, procuremos neutralizar essas forças incômodas, passando a criar a luz em forma de virtudes, e esse esforço será sempre abençoado pelos céus na presença dos Anjos de Deus.

Se as paixões nos acompanham depois da chamada morte do corpo, a inteligência nos diz que devemos suspendê-las antes que chegue a hora de partir da Terra para o mundo espiritual. O nosso conselho, de irmão que se encontra do lado oposto do encarnado, é que se deve começar o esforço de purificação hoje, agora, sem perda de tempo, porque todo trabalho para melhorar moralmente é assistido pelos benfeitores da espiritualidade maior, quando não enviam companheiros que procuram trabalho no afã de também se melhorarem, para que nesse serviço de caridade, todos sejam beneficiados pelo amor.

Devemos nos certificar de que tudo que criamos nos acompanha onde estagiamos. Se construímos a paz, essa paz faz parte das nossas atividades, mas se semeamos a maldade nas suas variadas formas, ela nos persegue em variados matizes, de modo que somente a verdade que se transforma em amor, pode nos socorrer, limpando a nossa mente e tranquilizando a consciência pela vivência dos preceitos de Jesus, que sempre libertam.

A Terra em si nada tem a ver com- as nossas criações; o que é dela, fica nela, o que vibra em outra dimensão, permanece girando e vivendo sob o comando do criador.

A nossa felicidade é que o Espírito é imortal em todas as suas atividades, e é puro em todo o seu conteúdo, visto que as mãos de Deus nada fariam impuro e imperfeito. Somente a verdade domina nossos sentimentos e tem perfeita afinidade com os nossos corações. Tudo que não afiniza com o amor será, hoje ou amanhã, desfeito pelas nossas modificações e a razão esclarecida nos indicará o caminho certo para encontrarmos o Mestre, que nunca fica separado dos Seus tutelados, porque o Seu amor ultrapassa todos os obstáculos e vence todas as dificuldades.

Se vivemos dentro da atmosfera que criamos, e respiramos os próprios pensamentos onde gravamos nossas ideias, ao conhecermos essa verdade, passamos a modificar a nossa vida, e o melhor caminho é aquele que conhecemos pelo nome de Jesus Cristo.



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 5 – João Nunes Maia

quarta-feira, 26 de março de 2025

PESQUISA PSI NA RÚSSIA[1]

 


Guy Lyon Playfeira

 

Pesquisas psi limitadas, mas significativas, foram realizadas na Rússia desde o século XIX.

 

Século XIX

O interesse público russo em assuntos relacionados a psi, como xamanismo e cura não médica, existia muito antes do início da pesquisa sistemática. As atividades amplamente divulgadas dos mesmeristas, e mais tarde dos hipnotizadores, foram as principais responsáveis ​​pelo fortalecimento desse interesse, que foi ainda mais estimulado pelo rápido crescimento do movimento espiritualista em meados do século XIX. Os chamados "fenômenos superiores" do mesmerismo e da hipnose, como a comunidade de sensações e a clarividência viajante - ou "visão remota", como veio a ser conhecida - eram de especial importância para observadores com mentalidade científica, como os professores A.M. Butlerov e Nikolai Wagner.

A visita de D.D. Home à Rússia em 1871 intensificou esse interesse, assim como uma excursão anterior do hipnotizador dinamarquês Carl Hansen. Em 1875, a Physical Society of the University of St Petersburg criou um comitê para investigar fenômenos psi, presidido por Dmitri I. Mendeleyev, o primeiro cientista russo a ganhar renome mundial, por sua tabela periódica de elementos. Naquela época, vários mesmeristas e hipnotizadores como Pashkov, Betling, Artemsky e Feldman desfrutaram de uma breve celebridade, antes de desaparecerem na obscuridade, embora relatos de alguns de seus feitos mais bem-sucedidos tenham sido publicados no Rebus, um 'Weekly Journal of Psychism', que apareceu entre 1881 e 1916. Alguns deles foram descritos em grande detalhe, como o estudo do superintendente do hospital psiquiátrico Dr. A.N. Khovrin sobre as habilidades clarividentes de sua paciente 'Miss M.[2]'

 

Pós-1917

A publicação em 1895 de Psychology of Crowds, de Gustave Le Bon, despertou interesse oficial, embora mais por razões políticas do que científicas. Sabe-se que influenciou Hitler e Mussolini, bem como os primeiros bolcheviques, notavelmente o autor Maxim Gorky, que estava interessado na possibilidade de hipnose telepática em massa, e pode ter ajudado a tornar o estudo disso politicamente e academicamente aceitável, graças à sua influência pessoal sobre Lenin. A The University of St. Petersburg (renomeada Leningrado após a morte de Lenin em 1924) logo se estabeleceu como o centro da pesquisa psi acadêmica, dominada por dois cientistas notáveis, o reflexologista internacionalmente conhecido Vladimir M. Bekhterev (1857-1927) e seu aluno, o fisiologista Leonid L. Vasiliev (1891-1966).

Pode parecer surpreendente que um regime em que o materialismo era a única doutrina permitida permitiu que o Institute of Brain Research da universidade criasse uma Comissão para o Estudo da Sugestão Mental, e igualmente surpreendente que um dos primeiros sujeitos a ser testado nela tenha sido um cachorro, um fox terrier animado chamado Pikki. Ele era o artista estrela nos shows de circo de seu dono Vladimir Durov, nos quais Durov parecia estar controlando seus cães não apenas pelo apito ultrassônico que ele usava, mas também por sua mente. Por sugestão de Durov, Bekhterev realizou uma série de experimentos com Pikki (sem o apito), o que não lhe deixou dúvidas de que o cachorro estava de fato respondendo a ordens não ditas, como se sua consciência tivesse se misturado com a de seu dono. Esta não foi uma descoberta nova, mas lembrou afirmações semelhantes do aluno de Mesmer, o Marquês de Puységur, que relatou sua capacidade de "mudar completamente as ideias" de um de seus pacientes, e do hipnotizador britânico C.H.Townshend, que declarou em seu livro de 1844, Facts in Mesmerism, que "uma mente origina movimento em dois corpos".

Uma demonstração pública de "controle mental" foi dada por outro aluno de Bekhterev, Konstantin Platonov, que fez uma demonstração improvisada dessa técnica agora esquecida, em um congresso de 1924 em Leningrado, no qual ele foi capaz de induzir o sono à distância e fora da vista do sujeito, embora à vista do público. Vasiliev posteriormente repetiu essa técnica em várias ocasiões, mas, apesar de tais experimentos aventureiros, Bekhterev e Vasiliev estavam determinados a identificar a suposta explicação materialista para a técnica empregada e estavam igualmente determinados a replicar a alegação do psiquiatra italiano Fernando Cazzamalli de que havia tal explicação. No entanto, como Vasiliev teve que admitir, "a hipótese eletromagnética da sugestão mental, embora certamente corroborada por uma série de fatos, ainda assim encontra uma série de dificuldades e contraindicações que ainda não foram eliminadas". Como sua pesquisa subsequente, envolvendo indução telepática à distância, deixou claro, eles nunca existiram, e ele pode ter se arrependido de ter publicado um artigo em 1926 intitulado ‘Biological Foundations of Thought Transmission[3]'.          

 

Pós-1945

As atitudes oficiais soviéticas em relação à pesquisa psi oscilaram de um extremo ao outro, e vice-versa. Quando ficou evidente que não havia tais fundamentos, as atitudes endureceram, psi sendo descartado em uma enciclopédia de 1956 como "antissocial e impossível". No entanto, apenas quatro anos depois, o Institute of Brain Research abriu um departamento dedicado a ele, recebendo vários relatos pessoais de membros do público. Em uma entrevista no Komsomolskaya Pravda um ano antes de sua morte, Vasiliev revelou que havia recebido "centenas ou mais" relatos, como um em que uma mulher descreveu uma alucinação vívida do rosto de seu filho que mais tarde coincidiu com o momento de sua morte. "Como", ele perguntou, "podemos explicar o fato de que correntes tão fracas como as do cérebro de um homem podem dar origem a eletromagnética direcionada capaz de ser transmitida por dezenas, centenas, até milhares de quilômetros?" Isso equivalia a uma admissão de que sua busca por uma explicação materialista da telepatia havia falhado. No entanto, sua reputação como o principal parapsicólogo da Rússia permanece intacta.

A publicação em 1970 de Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain, de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, despertou considerável interesse por seus relatos de pesquisa no período pós-Vasiliev, e para tais "extrasensores" (como os soviéticos preferiam chamar seus médiuns), como Nina Kulagina, que foi capaz de demonstrar sua habilidade de mover pequenos objetos, sendo frequentemente filmada fazendo isso, e a equipe de Karl Nikolayev e Yuri Kamensky, que aparentemente foram capazes de repetir os experimentos em telepatia de longa distância relatados por Vasiliev. Uma equipe de pesquisadores de um instituto técnico de Moscou conhecido como "Popov Group" também parecia estar continuando a pesquisa de Leningrado, sob a direção de Ippolit M. Kogan, embora com menos ou nenhum apoio oficial.

Uma das integrantes desse grupo, Larissa Vilenskaya, emigrou para os EUA em 1981, adotando o nome de Laura Faith, e publicou uma quantidade substancial de material sobre o estado da pesquisa psi soviética passada e presente. Isso incluiu uma abrangente Bibliography of Parapsychology contendo 171 páginas de referências a trabalhos técnicos e populares sobre 'psicotrônica, psicoenergética, psicobiofísica e problemas relacionados' publicados na URSS desde 1920. O trabalho foi seguido por cinco edições da Parapsychology in the USSR (1981–82) e quinze da Psi Research (1982–86), que continham artigos sobre todos os aspectos do trabalho atual no campo, alguns inéditos na União Soviética.

 

Pós-1991

Pouco se sabia na época sobre a continuidade da pesquisa após o fim da União Soviética e o renascimento da Rússia em 1991. Foi uma surpresa saber em 2014 que tal pesquisa de fato havia continuado, não em uma universidade ou outro órgão acadêmico, mas no coração do Committee for State Security (KGB) e suas organizações sucessoras, e também nos níveis mais altos de vários departamentos do exército. Membros seniores destes agora admitiram ter feito uso regular de "extrasensores" (médiuns) cuidadosamente selecionados e completamente treinados em vários contextos militares e de segurança, mesmo na linha de frente de batalha, como na campanha da Chechênia. Um incidente, a frustração de uma tentativa de sequestro de uma aeronave, foi descrito em grande detalhe pelos oficiais da KGB envolvidos: eles reconheceram publicamente o papel desempenhado pelo sujeito estrela azerbaijano Tofik Dadashev na resolução da situação potencialmente fatal, pela qual ele recebeu um prêmio oficial.

Os militares também expressaram opiniões que lembravam as dos alquimistas que acreditavam que seu real propósito não era a transformação de metais básicos em ouro, mas sim dos próprios alquimistas. Como disse o ex-Chefe do Estado-Maior General, General Mikhail Kolesnikov, "o mundo não será conquistado por armas, mas por um ser humano qualitativamente novo que estaria próximo de Deus, um humano com consciência cósmica". Seu colega Tenente-General Alexei Savin foi igualmente direto quando descreveu seus métodos de treinamento não convencionais com recrutas "que tinham vivido vidas pobres, chatas e muitas vezes semi-criminosas em pequenas cidades provinciais e, como resultado, estavam cheios de cinismo". Ele continuou:

Para despertar a curiosidade deles e engajar seu interesse, escolhi táticas psicologicamente apropriadas, trouxe estudantes extravagantes e exibi seus poderes psi, e contei histórias sobre pesquisas incomuns. Consegui sintonizar esses estudantes suspeitos com o comprimento de onda certo. Sintonizei seus cérebros, por assim dizer, com o fluxo de energia vindo do campo de dados da Terra.

Os resultados foram notáveis. "Algo aconteceu com seus cérebros", Savin declarou. Alguns até se viram diagnosticando e curando pessoas. Os cadetes se tornaram "missionários de ideias iluminadas, que então levaram para as massas. ... Esta era minha supermissão, e eu a havia cumprido."

Pode não ter sido bem a missão que Lenin tinha em mente para criar um "novo homem", ou pelos seguidores das aspirações de Le Bon para o controle das massas. No entanto, há sinais de que uma educação completa do tipo pioneira de Savin poderia trazer a transformação pessoal à qual os alquimistas aspiravam[4].

Resta saber se a profecia de Edgar Cayce de 1944 finalmente se tornará realidade, ou seja,

cada homem viverá para seu semelhante. O princípio nasceu. Levará anos para que ele se cristalize, mas da Rússia vem novamente a esperança do mundo.

 

Literatura

§  May, E.C., Rubel, V., McMoneagle, J., & Auerbach, L. (2015). ESP Wars East & West: An Account of the Military Use of Psychic Espionage as Narrated by the Key Russian and American Players. Hertford, North Carolina, USA: Crossroads Press.

§  Vasiliev, L.L. (1976). Experiments in Distant Influence. London: Wildwood House.

§  Zielinski, L. (1968). Hypnotism in Russia. In Abnormal Hypnotic Phenomena (Vol. 3), ed. by E.J. Dingwall, 3-105. London: J. & A. Churchill.

 

Traduzido com Google Tradutor



[2] Zielinski (1968).

[3] Vasiliev (1976).

[4] May et al.(2015).

terça-feira, 25 de março de 2025

AS FLORES (Dissertações Além Túmulo)[1]

 


Allan Kardec

 

Observação – Esta comunicação e a seguinte foram obtidas pelo Sr. F..., do qual já falamos em nosso número de outubro, a propósito dos Obsedados e Subjugados; por elas poderemos julgar a diferença que existe entre a natureza dessas comunicações atuais e as antigas. Sua vontade triunfou completamente da obsessão de que era vítima, e seu Espírito mau não reapareceu. Estas duas comunicações foram-lhe ditadas por Bernard Palissy.

 

As flores foram criadas no mundo como símbolos da beleza, da pureza e da esperança.

Por que não imagina o homem, que vê as corolas se abrirem todas as primaveras, e as flores murcharem para se transformarem em frutos deliciosos, que sua vida também florirá para dar lugar a frutos eternos? Essas flores jamais perecerão, como não perece a mais frágil obra do Criador. Coragem, pois, homens que tombais no caminho; levantai como o lírio, após a tempestade, mais puros e radiosos. Como as flores, os ventos vos açoitam por todos os lados, vos derrubam e vos arrastam pela lama; mas, quando o Sol reaparece vossas cabeças se erguem, mais nobres e mais altivas.

Amai, pois, as flores; elas são o emblema de vossa vida e não temais corar por serdes a elas comparados. Tende-as nos vossos jardins, nas vossas casas e, até mesmo, em vossos templos, pois que estarão bem em qualquer parte; em todos os lugares elas convidam à poesia, elevando a alma dos que as sabem compreender.

Não foi nas flores que Deus manifestou todas as suas magnificências? De onde conheceríeis as suaves cores com que o Criador alegrou a Natureza, se não fossem as flores? Antes que o homem tivesse cavado as entranhas da terra para encontrar o rubi e o topázio, havia flores diante de si e essa infinita variedade de matizes já o consolava da monotonia da crosta terrestre. Amai, pois, as flores: sereis mais puros e mais ternos; sereis, talvez, mais crianças, mas crianças queridas de Deus, e vossas almas simples e sem mácula serão acessíveis a todo o seu amor, a toda alegria com a qual ele aquecerá os vossos corações.

As flores querem ser cuidadas por mãos esclarecidas; a inteligência é necessária para a sua prosperidade; durante muito tempo laborastes em erro na Terra ao deixar esse cuidado a mãos inábeis que as mutilavam, imaginando embelezá-las. Nada é mais triste que as árvores arredondadas ou pontiagudas de alguns de vossos jardins: verdadeiras pirâmides de verdura, que fazem o efeito de um monte de feno. Deixai a Natureza tomar seu impulso sob mil formas diversas: aí está a graça. Feliz o que sabe admirar a beleza de uma haste que balança, semeando sua poeira fecundante; feliz o que vê em suas cores brilhantes um infinito de graça, de finura, de colorido, de matizes que fogem e se buscam, se perdem e se reencontram. Feliz o que sabe compreender a beleza da gradação dos tons!

Desde a raiz escura, que se consorcia à terra, como se fundem as cores até o vermelho escarlate da tulipa e da papoula! (Por que esses nomes rudes e bizarros?) Estudai tudo isso e notai as pétalas que saem umas das outras como gerações infinitas até seu completo desabrochar sob a abóbada celeste.

As flores não parecem deixar a Terra para se lançar em direção a outros mundos? Não parece que muitas vezes vergam, dolorosas, a cabeça, por não se poderem elevar ainda mais alto? Por sua beleza, não imaginamos que estejam mais perto de Deus? Imitai-as, pois, e vos tornareis sempre cada vez maiores, cada vez mais belos.

Vossa maneira de aprender botânica também é deficiente: não basta saber o nome de uma planta. Exorto-vos, quando tiverdes tempo, a que também trabalheis numa obra desse gênero. Transfiro para mais tarde as lições que vos queria transmitir nestes dias; elas serão mais úteis quando tivermos em mãos a sua aplicação. Então, falaremos do gênero de cultura, dos locais que lhes convêm, da disposição do edifício para arejamento, e da salubridade das habitações.

Se fizerdes imprimir isto, suprimi os últimos parágrafos; seriam levados à conta de anúncios.



[1] REVISTA ESPÍRITA – dezembro/1858 – Allan Kardec

segunda-feira, 24 de março de 2025

JUVANIR BORGES DE SOUZA[1]

 


 

Juvanir Borges de Souza, Dr. Juvanir, como era também conhecido, foi figura sempre atuante no movimento espírita.

Natural da mineira Cataguazes, nasceu em 13 de abril de 1916, num berço espírita. Em sua cidade natal realizou os estudos primário e secundário, formando-se em Direito no ano de 1942, pela Universidade do Brasil, no antigo Distrito Federal, hoje Rio de Janeiro, onde passou a residir e a advogar, tornando-se procurador da Previdência Social, cargo em que se aposentou.

Foi tarefeiro do Centro Espírita Bezerra de Menezes, do bairro do Estácio, passando, a partir de 1948, a dedicar-se de forma mais intensa à Federação Espírita Brasileira - FEB, da qual foi membro do Conselho Superior, a partir de 1966; diretor-tesoureiro, em 1975; e vice-presidente, a partir e 1977.

Em agosto de 1990, Dr. Juvanir tornou-se o 14ª Presidente da Federação Espírita Brasileira, permanecendo na função até 2001.

Com seu espírito entusiasta e conciliador, apoiou importantes iniciativas na área da infância e juventude, intensificando os estudos do Esperanto e a produção e distribuição editorial. No campo da literatura, aliás, foi responsável por cinco obras, todas elas publicadas pela FEB: Tempo de transição (1988), Tempo de renovação (1989), O que dizem os Espíritos sobre o aborto (2001) e Novos tempos e Amai-vos. Instruí-vos, ambas de 2002.

Juvanir Borges de Souza desencarnou na madrugada de 5 de junho de 2010, no Rio de Janeiro, aos 94 anos de idade, de causas naturais.

Deixa, fisicamente, a esposa Yola Carvalho Borges de Souza, com quem esteve casado por 68 anos, uma filha e três netos.

O sepultamento do corpo aconteceu no mesmo dia, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, às 16h. A prece de despedida foi feita pelo atual Presidente da FEB, Nestor João Masotti, que recordou os esforços do já saudoso companheiro e o exemplo que deixa para todos os espíritas, não só de trabalho como de vivência dos postulados do Espiritismo.



[1] FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO PARANÁ - https://www.feparana.com.br/topico/?topico=738

sexta-feira, 21 de março de 2025

AVENTURA EXTRACONJUGAL NUMA PERSPECTIVA EMMANUELINA[1]

 


Jorge Hessen

 

A infidelidade conjugal é uma característica que atravessa culturas e gerações, suscitando reflexões profundas sobre relações afetivas, confiança e as complexas emoções humanas.

Frequentemente motivada por insatisfações emocionais, falta de conexão ou mera busca por novidade, essa experiência pode trazer para alguém.

A questão adultério para comentarmos doutrinariamente importa recorrermos à sentença do Cristo que diz: “atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado”.

Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência.

Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos.

Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.

O Espírito Emmanuel diz que é curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença.

Porém sem sombra de dúvida, dos milenares e tristes episódios afetivos que reverberam na consciência humana, ainda resta, por ferida sangrenta no organismo da coletividade, o adultério que, futuramente, será classificado na patologia da doença da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado.

Quando cada criatura é respeitada em sua essência, e o amor se consagra como um vínculo divino — mais de alma para alma do que de corpo para corpo —, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal iluminando suas vidas, o conceito de adultério se torna distante do cotidiano.

A compreensão da paz ao coração humano, e a chamada desventura afetiva perderá sentido.

Sobre o equívoco de quem se desvia na aventura extraconjugal não dispomos de recursos e de juízos para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular em matéria de amor, reclamando compreensão.

À vista disso, segundo Emmanuel no livro “Vida e Sexo,

muitos de nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos, um dia!

Por essas razões, auscultemos nos recessos profundos da consciência a oportuna advertência do Benfeitor que diz:

diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em condições de censurar alguém, escutemos, no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.



[1] O CONSOLADOR - Ano 18 - N° 913 - 9 de Março de 2025 - https://www.oconsolador.com.br/ano18/913/ca2.html

quinta-feira, 20 de março de 2025

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO[1]

 


Miramez

 

Em que sentido se devem entender estas palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo?

Respondendo assim, o Cristo falava em sentido figurado. Queria dizer que o seu reinado se exerce unicamente sobre os corações puros e desinteressados. Ele está onde quer que domine o amor do bem. Ávidos, porém, das coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra, os homens com ele não estão.

Questão 1018 / O Livro dos Espíritos

 

"O meu reino não é deste mundo", dizia Jesus, Certamente que o reino do Mestre não era deste planeta; ele está acima das cogitações humanas, por não existirem inferioridades nos planos em que Jesus habita.

A esfera resplandecente, onde Jesus vibra, é de puro amor, e foi esse amor que o Divino Mestre veio nos mostrar para a nossa felicidade. Mesmo vivendo na Terra por algum tempo, Ele respirava em plano diferente, onde a harmonia e a paz existem com abundância. Bem assim, o Cordeiro de Deus manifestava outro entendimento espiritual e desejava despertar o reino do Seu amor nos corações das criaturas, como a semente de Deus, para germinar eternamente no ambiente da consciência.

O Cristo era e é a fonte inesgotável de vida para toda a humanidade, como podemos ver nos registros do evangelista:

No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e explanou:

Se alguém tem sede, venha a mim e beba.

João, 7:37

O Divino Senhor é, pois, um manancial de luzes com cambiantes de vida na diferenciação das nossas necessidades. Se temos sede, vamos ao Senhor, onde há fartura de água e de alimento espiritual para todas as nossas carências. "O meu reino não é deste mundo", dizia Jesus com propriedade, ajustando assim os pensamentos de todas as criaturas em busca de outras esperanças para fugir das paixões inferiores, alcançando a fé que eleva, a amor que alegra os corações e a caridade que salva a alma de todas as investidas do erro.

O reino da Terra, por assim dizer, é ainda um ambiente onde as trevas dominam a maior parte, no entanto, a luz tem o dever de dominar essas trevas e de fazer nascer nos corações o reino de Jesus, pelos princípios da leis de amor, justiça e da paz. E para seguir nosso Senhor Jesus Cristo, meu irmão, haverás de sofrer as consequências de onde haja a maior parte do mal, no entanto, deves sofrer com paciência, que a vida e a própria lei, te compensarão, de acordo com o que já conquistaste em favor dos que sofrem.

Não te entregues às investidas das trevas; elas sabem por onde começar a te dominar, e em muitos casos é pela lisonja, para que desperte em teu coração a vaidade, depois o egoísmo e o orgulho. Daí, vão investindo em teus sentimentos, até o domínio do teu coração, de modo que ficarás cego e surdo para as coisas reais do amor verdadeiro.

Não deves alimentar as trevas que rondam a tua mente com falsas promessas. Se queres combater o mal, anda no bem, que esse bem te garante a vida, te garantindo a paz. Sê dócil ao convite do Cristo, que Ele tem livre acesso aos mínimos departamentos da tua consciência, e sabe aliviá-la para a harmonia celestial.

Convém observar as leis naturais que te cercam, passando a obedecê-las. O mundo de Jesus é o mundo do amor, da caridade e da pura fraternidade espiritual, capazes de nos levar à verdadeira felicidade. Tudo tem o traço da nossa conquista, por isso devemos lutar, mas com as armas que Jesus nos ensinou, primeiramente no trabalho honesto, e nesta linha o Evangelho nos fornece todas as diretrizes da vida, para conhecermos a nós mesmos e ganhar mais vida dentro da vida de Deus.



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 20 – João Nunes Maia

quarta-feira, 19 de março de 2025

SAI BABA[1]

 


Erlendur Haraldsson

 

Sathya Sai Baba (1926–2011) foi um líder religioso indiano conhecido mundialmente por "milagres", como produzir objetos do nada. Esses fenômenos ostensivamente psíquicos superaram em muito qualquer coisa relatada no Ocidente e foram testemunhados por milhares de pessoas. Apesar das alegações de trapaça, nenhuma evidência firme foi encontrada que os estabeleça como simples truques de mágica. Os parapsicólogos Karlis Osis e Erlendur Haraldsson fizeram duas visitas a Sai Baba no início dos anos 1970. Eles não conseguiram persuadi-lo a participar de testes em condições controladas; no entanto, eles foram capazes de observar os fenômenos de materialização em várias ocasiões.

 

Antecedentes de Sai Baba

Sathya Sai Baba nasceu em 23 de novembro de 1926 como Sathya Narayana Ratnakara Raju. Sua família era de agricultores pobres em Puttaparthi, uma vila remota no estado de Andra Pradesh, no sul da Índia. Ainda jovem, ele reunia crianças da vila para cantar canções religiosas. Desde a adolescência, se não antes, ele distribuía doces, flores e sorvetes que pareciam se formar na palma de sua mão ou no ar ao seu redor. Quando tinha treze anos, ele declarou que era a reencarnação de Sai Baba de Shirdi (1837–1918), um homem santo de uma pequena cidade perto de Mumbai que havia reunido um número considerável de seguidores e era influente na reconciliação de muçulmanos e hindus. Os discípulos começaram a se reunir, chamando-o de Sai Baba (pai santo) no lugar de seu nome de batismo.

Conforme a multidão crescia, seus devotos construíram o primeiro ashram em Puttaparthi. Pessoas se reuniram de todo o mundo para vê-lo, e em seus últimos anos, ela havia se tornado uma cidade onde tudo girava em torno do "homem milagre", servida por uma boa estrada e linha ferroviária, e eventualmente também um aeroporto. Sai Baba morreu aos 84 anos em 24 de abril de 2011, em Puttaparthi.

 

Visões religiosas de Sai Baba

Sai Baba se via principalmente como um líder religioso. Ele enfatizava a unidade essencial de todas as religiões, declarando que não importa a qual fé uma pessoa pertence, apenas que ele ou ela seja um bom membro daquela religião. Ele era famoso por ditos como:

§  Mãos que ajudam são mais sagradas que lábios que rezam.

§  Não há oração mais frutífera do que servir ao próximo.

§  Amar é dar e perdoar.

§  Perdoe as falhas do outro, mas trate as suas com rigor.

Mais sobre as visões religiosas de Sai Baba podem ser encontradas nesta entrevista de 1976  na  revista Blitz News[2]. 

 

'Milagres' de Sai Baba

Os parapsicólogos Karlis Osis e Erlendur Haraldsson  fizeram duas visitas a Sai Baba em 1973 e 1974. Eles tentaram, mas não conseguiram persuadi-lo a participar de testes em condições controladas; no entanto, eles foram capazes de observar os fenômenos de materialização em várias ocasiões. Haraldsson continuou a investigar fenômenos associados a Sai Baba durante visitas posteriores à Índia, conforme descrito em seu livro,  Miracles are my Visiting Cards  ( Modern Miracles,  em sua edição americana), em 1987. Este livro foi reeditado pela White Crow Books em 2013 como  Modern Miracles. Sathya Sai Baba: The Story of a Modern Day Prophet[3].

Conforme documentado por Osis e Harldsson, os fenômenos observados em relação a Sai Baba variaram de leituras psíquicas a aparições, curas e efeitos de luz. Os mais frequentes foram materializações de vibuti, a "cinza sagrada" usada em rituais hindus, que Sai Baba rotineiramente produzia em abundância, aparentemente extraindo-a do ar. Da mesma forma, ele frequentemente presenteava com pequenos presentes aqueles ao seu redor, tipicamente doces e pequenos e intrincados itens de joias que continham ouro e metais preciosos, ocasionalmente também ornamentos maiores. A rotina de Sai Baba era levar as pessoas para entrevistas duas vezes por dia, geralmente várias de cada vez, e talvez um total de cinquenta a sessenta pessoas, das quais até dois terços poderiam receber um presente materializado.

Alguns dos fenômenos relatados estão na escala dos milagres do Novo Testamento, por exemplo, a materialização de refeições inteiras[4]. Outro desses, descrito a Osis e Haraldsson em sua visita de 1973, ocorreu da seguinte forma: Um homem de posses de Bangalore, Ranjoth Singh, viajou para Puttaparthi em seu carro, mas não tinha gasolina suficiente para a viagem de volta. Ele contou isso a Sai Baba, que pediu a seu jovem devoto, Amarendra Kumar, para buscar um balde e encher o tanque de gasolina do carro com água. Sai Baba então disse a Ranjoth que ele poderia dirigir de volta para Bangalore, o que ele conseguiu fazer. Conversando mais tarde com os investigadores, Amarendra Kumar disse que ele simplesmente despejou baldes de água no tanque vazio.

 

Observações de Osis e Haraldsson

Na primeira manhã de sua visita ao ashram de Puttaparthi, Sai Baba os convidou para sua sala de entrevista. Todos os presentes sentaram-se no chão. Sai Baba acenou com a mão em um movimento circular e vibuti apareceu em sua mão, que ele deu a eles. Ele acenou com a mão novamente e agora um grande anel de ouro estava na palma de sua mão. Ele o colocou no dedo de Osis dizendo que era um presente para ele. O anel se encaixava perfeitamente, um lindo ornamento com uma grande imagem esmaltada de Sai Baba em cores envolta nele. A imagem era segurada por quatro pequenos entalhes que se projetavam sobre ela da moldura circular dourada, fixando-a como se ela e o anel fossem uma peça sólida.

Osis expressou admiração pelo anel, mas continuou dizendo que ele e Haraldsson estavam principalmente interessados ​​em realizar pesquisas científicas sobre os talentos únicos de Sai Baba, a fim de descartar qualquer ideia de que fossem meros truques de mágica. Seguiu-se uma longa conversa sobre o valor da pesquisa científica. Sai Baba não menosprezou a ciência, mas parecia pensar que a ciência nunca poderia explicar milagres. Ele afirmou que só usava milagres para o bem daqueles que acreditavam nele, e nunca para exibição. Para ele, o que importava era uma vida pura e religiosa que pudesse levar os homens a uma maior compreensão. Os investigadores continuaram a insistir na importância da ciência. Mas não prevaleceram.

Haraldsson perguntou a Sai Baba como ele conseguiu fazer o que fez. Sai Baba respondeu que pensou, imaginou e então o objeto veio à existência – foi tão simples quanto isso.

Sai Baba disse que a vida espiritual e diária devem ser entrelaçadas como um rudraksha duplo . Quando perguntado sobre o significado de rudraksha, Sai Baba não conseguiu explicar, nem seu intérprete sabia. Haraldsson perguntou a ele várias vezes, agora um tanto irritado por não estarem chegando a lugar nenhum. Sai Baba tentou em vão explicar. Então ele pareceu perder a paciência, acenou com a mão e abriu-a na frente de Haraldsson, dizendo: 'É isso'. Em sua palma estava um objeto: dois grãos de fruta meio crescidos juntos, cada um pouco maior que um caroço de ameixa e com dobras como um cérebro.

Haraldsson pegou o ornamento, observou-o cuidadosamente e entregou-o a Osis, que fez o mesmo, então o entregou ao intérprete que olhou e o devolveu a Sai Baba. Sai Baba o segurou entre os dedos, soprou e o deu a Haraldsson, dizendo: "Este é um presente para você". Haraldsson observou que o rudraksha duplo agora tinha escudos de ouro acima e abaixo dele, mantidos juntos por uma fina corrente de ouro. No topo do escudo superior havia uma pequena cruz dourada e sobre ela uma pequena pedra preciosa vermelha. Era, sem dúvida, uma bela peça.

Em seu retorno a Londres, Haraldsson o examinou com um joalheiro. O ouro foi encontrado com pelo menos 22 quilates e a pedra era um rubi genuíno. Um rudraksha duplo em si é raro: o Botanical Survey of India não conseguiu garantir um bom exemplo, embora a Smithsonian Institution em Washington possua uma corrente deles, comprada do espólio de um marajá indiano. Eles são parcialmente envoltos em ouro, como o dado a Haraldsson.

Osis e Haraldsson fizeram uma segunda visita em 1974, mas novamente falharam em persuadir Sai Baba a participar dos experimentos. Nessa ocasião, ele pareceu ficar impaciente e disse a Osis: "Olhe para o seu anel". A pedra impressa com a imagem de Sai Baba havia desaparecido dele. Os investigadores procuraram por ela no chão, mas nenhum vestígio dela foi encontrado. A moldura e os entalhes que deveriam segurar a pedra estavam intactos. Para que ela tivesse caído da moldura, teria sido necessário dobrar pelo menos um dos entalhes ou quebrar a pedra. Nenhum dos dois aconteceu. Sai Baba comentou provocativamente: "Este foi meu experimento".

Os dois homens estavam sentados no chão a cerca de cinco ou seis pés de Sai Baba quando ele chamou a atenção para o desaparecimento da pedra. Eles não apertaram as mãos dele ao entrar na sala, nem Sai Baba estendeu a mão para tocá-los. Osis sentou-se de pernas cruzadas com as mãos nas coxas. Haraldsson observou o anel momentos antes do incidente, assim como dois visitantes estrangeiros; neste momento, a pedra estava claramente presente.

Os objetos que Sai Baba produzia eram de uma grande variedade, às vezes em resposta a uma situação específica ou em resposta a um pedido direto de um visitante. Em uma ocasião, os investigadores estavam do lado de fora com Sai Baba quando Haraldsson recebeu um doce dele, aparentemente adquirido por seu método usual de acenar com a mão no ar. Outra vez, a dupla o viu produzir um grande colar de 20 a 29 polegadas de comprimento que continha uma variedade de pedras preciosas intercaladas por pequenas peças de ouro.

Osis e Haraldsson falaram com muitas pessoas que testemunharam ter vivenciado tais ocorrências, por exemplo, sendo presenteadas com uma estatueta de uma divindade a pedido, ou um anel contendo uma imagem da divindade favorita de um visitante. Eles também ouviram relatos de objetos grandes sendo produzidos, como uma tigela do tamanho de um prato de jantar, e uma cesta de doces de vinte polegadas de diâmetro.

 

Intrusão em Sonhos

Gopal Krishna Yachendra descreveu o seguinte incidente para Haraldsson. Ele era filho do rajá de Venkatagiri, que conheceu Sai Baba no início de sua carreira e desejou convidá-lo para seu palácio. Ele ordenou que seu filho o buscasse, mas Gopal recusou, dizendo que não tinha interesse em gurus ou swamis. Naquela noite, ele acordou de um sonho logo após adormecer. Sai Baba veio até ele e lhe trouxe uma deliciosa manga, que ele adorou. O sonho mudou tudo: Gopal se vestiu rapidamente e partiu com seus assistentes, chegando a Puttaparthi na hora do almoço no dia seguinte. Ao se aproximarem, viram Sai Baba parado do outro lado do rio e, antes que pudessem falar, Sai Baba disse: "A manga fez você correr até aqui". Isso convenceu Gopal de que os talentos de Sai Baba eram reais.

 

Cura

C.T.K. Chari, professor de filosofia no Madras Christian College , descreveu uma experiência pessoal excepcional em relação a Sai Baba, a cura de sua jovem filha. Desde o nascimento, a criança,

mostrou emagrecimento e, mais tarde, desenvolveu infecções pulmonares frequentes e febres. Dois médicos diagnosticaram uma doença congênita do sistema circulatório, intimamente associada ao coração. Um eminente cardiologista em Déli identificou-o como um caso de persistência do canal arterial: um canal ou ducto “extra”, que persiste após o nascimento, conectando a aorta com a artéria pulmonar e impedindo a eficiência do coração.

A condição só era curável por cirurgia. Chari continua:

Nesta fase, Sai Baba conheceu a menina e sua mãe. Ele desaconselhou a cirurgia e "aprovou" dois comprimidos brancos para a criança engolir. Desde então, suas infecções pulmonares e febres diminuíram, e seu crescimento tem sido perfeitamente normal. Ela agora é uma jovem mulher casada com um filho[5].

 

Bilocação

Dizia-se que Sai Baba havia desaparecido e reaparecido em um lugar tão distante que não poderia ter feito isso por meios comuns ou, às vezes, era visto em dois lugares ao mesmo tempo (bilocação). Osis e Haraldsson investigaram um caso que ocorreu em Kerala, na costa sudoeste da Índia, entrevistando os envolvidos. Sai Baba visitou a casa de uma família onde uma jovem estava doente, aparecendo de repente na porta. Ele iniciou uma cerimônia sagrada na qual hinos religiosos foram cantados; membros da família e vizinhos todos participando. Foi assumido que Sai Baba estava visitando Kerala e aproveitou a oportunidade para passar na casa da família. Mas depois foi descoberto que não era esse o caso: naquela época ele estava visitando o palácio do rajá de Venkatagiri, na costa leste da Índia. Osis observou a assinatura de Sai Baba no livro de visitas da família Venkatagiri no dia em que ele apareceu em Kerala[6].

 

Crítica e Controvérsia

As acusações feitas contra Sai Baba eram principalmente de dois tipos: que ele realizava proezas por meio de mágica comum e que era culpado de crimes como abuso sexual e fraude financeira.

Basava Premanand, um mágico indiano cético em relação aos fenômenos psíquicos, atacou Sai Baba como um da classe de "homens-deuses" fraudulentos, descrevendo métodos pelos quais seus feitos poderiam ser falsificados[7]. Ele tentou, sem sucesso, processar Sai Baba em 1986, sob a alegação de que sua suposta materialização de objetos de ouro violava as regulamentações financeiras indianas. Em 1976, Hosur Narasimhaiah , vice-reitor da  Universidade de Bangalore , desafiou Sai Baba a se submeter à investigação de um comitê científico, mas Sai Baba recusou, dando origem a controvérsias na mídia indiana.

No Ocidente, uma considerável publicidade na mídia seguiu-se às alegações de abuso sexual por parte de um antigo devoto, Alaya Rahm, que foram posteriormente exageradas e amplificadas por céticos indianos como Premanand, mas sem evidências de apoio[8].

 

Vídeo da Crônica de Deccan

Em 1992, o Deccan Chronicle, um jornal diário sediado em Hyderabad, publicou uma 'exposição' de primeira página com base em imagens de televisão de uma função na cidade, que, segundo ele, mostrava Sai Baba secretamente pegando uma grande corrente de ouro de um assistente e então alegando tê-la materializado. O incidente foi investigado por Haraldsson e Richard Wiseman, um psicólogo britânico e mágico amador. A dupla visitou os escritórios do jornal, onde entrevistaram o editor relevante e adquiriram uma cópia da fita de vídeo. Eles também viram uma série de cartas enviadas após a exposição, incluindo uma não publicada que contestava a interpretação do incidente pelo jornal em detalhes.

Antes de examinar a fita em profundidade, os investigadores tiveram a qualidade aprimorada com equipamento especializado. No entanto, isso não a melhorou a ponto de ser possível interpretar o que ela mostrava com alguma certeza. Eles concluíram:

A breve gravação em vídeo contém um movimento da mão de Sai Baba que está aberto a diferentes interpretações e, portanto, parece suspeito para alguns (em maior ou menor grau) e não para outros. Teria dado a Sai Baba uma oportunidade de receber um objeto da mão de seu assistente, especialmente se este último tivesse alguma habilidade em entregar um objeto desse tipo e tamanho. Se ele fez isso ou não, não pode ser visto na fita. A declaração feita pelo  Deccan Chronicle  de que Sai Baba "pega a corrente de ouro de seu assistente" não é corroborada pela fita nem pela foto que eles imprimem. Embora pareça suspeito, não oferece nenhuma evidência inequívoca de fraude[9].

 

Argumentos contra a fraude

Ex-Devotos

Os defensores apontaram vários fatores que contam contra explicações em termos de fraude. Um é que os feitos teriam exigido uma preparação extensiva, de um tipo impossível de esconder dos associados pelos quais Sai Baba estava cercado. Aqueles próximos a ele teriam tido acesso aos seus aposentos pessoais, e ele certamente não teria sido capaz de esconder deles os objetos que ele mais tarde produziu – na verdade, ele teria que depender de outros para obtê-los. Ao longo de um período de décadas, muitas pessoas deixaram o ashram para se casar, se aposentar ou simplesmente seguir uma vida diferente. Pelo menos alguns expressaram desilusão com seu antigo guru, por exemplo, que ele prometeu curas para pessoas doentes que de fato não se recuperaram. No entanto, é impressionante que nenhum ex-devoto tenha se apresentado com acusações de trapaça.

Haraldsson entrevistou dois ex-devotos que eram extremamente críticos de aspectos de sua personalidade, mas disseram que não tinham motivos para duvidar da genuinidade dos milagres que observavam. M. Krishna se converteu ao cristianismo, tendo sido próximo de Sai Baba na década de 1950. Ele disse a Haraldsson que gostava particularmente de kova, um doce pegajoso que não estava disponível em Puttaparthi. Às vezes, ele pedia a Baba para lhe dar uma kova, e uma sempre era produzida. Ele não acreditava que Baba pudesse tê-la escondido em suas roupas.

Um segundo ex-devoto, Varadu, relatou que em uma ocasião Sai Baba produziu um pequeno medalhão com sua própria imagem no centro, cercado por diamantes e outras pedras preciosas. Ele disse: 'Quem puder segurá-lo, poderá mantê-lo'. Mas ninguém conseguia segurá-lo; ele escorregava de suas mãos, seja por imaginação ou hipnotismo, eles não sabiam dizer. Sai Baba disse: 'Volte para onde quer que você tenha vindo', e ele desapareceu.

 

Falta de restrições

A habilidade de Sai Baba de materializar objetos não parecia ser restringida de forma alguma. Ele a realizava com facilidade em qualquer circunstância: sentado em seu ashram, caminhando do lado de fora, mesmo viajando em carros e aviões.

Sai Baba frequentemente produzia objetos em resposta a pedidos que ele não seria capaz de prever facilmente, como frutas fora de estação.

Em um incidente observado por Osis e Haraldsson, ele derramou uma quantidade de doces na palma da mão de alguém e os distribuiu para o resto do grupo. Então, uma pessoa que não estava presente pediu para receber um doce também, e Sai Baba produziu mais deles.

Os feitos às vezes também excediam em muito o que seria esperado até mesmo do mais talentoso mágico, por exemplo, a produção de refeições fumegantes ao ar livre.

 

Defensores

Embora alguns acadêmicos e mágicos de palco indianos tenham alegado fraude, essa suspeita está longe de ser uniforme. Um mágico indiano, Dr. Fanibunda, observou Sai Baba de perto e também o filmou extensivamente, rapidamente se convencendo de que os fenômenos eram genuínos.

Vários cientistas proeminentes na Índia tiveram a oportunidade de observar Sai Baba por um longo período, incluindo o Dr. S Bhagawantam, ex-diretor do All India Institute of Science, e o Dr. VK Gokak, ex-presidente da Bangalore University. Ambos os homens contaram a Haraldsson e Osis sobre fenômenos inexplicáveis ​​que eles observaram em uma variedade de circunstâncias.

 

Literatura

§  Chari, C.T.K. (1978). Letter to the Editor. Journal of the American Society for Psychical Research 72, 66-69.

§  Datta, T. (2008). Sai Baba: God-man or con man?. BBC News, 23 January.

§  Haraldsson, E. (1987). "Miracles are my Visiting Cards": An Investigative Report on Psychic Phenomena Associated with Sri Sathya Sai Baba. London: Century-Hutchinson.

§  Haraldsson, E. (2013). Modern Miracles. Sathya Sai Baba: The Sory of a Modern Day Prophet. Guilford, UK: White Crow Books.

§  Haraldsson, E., & Osis, K. (1977). The appearance and disappearance of objects in the presence of Sri Sathya Sai Baba. Journal of the American Society for Psychical Research 71, 33-43.

§  Haraldsson, E., & Wiseman, R. (1995). Reactions to and assessment of a videotape on Sathya Sai Baba. Journal of the Society for Psychical Research 60, 203-13.

§  Jones, L. (1992). Scourge of the Godmen. The Skeptic, vol. 6, no. 3, 6-7.

§  Karanjia, R.K. (1976). Interview with Sri Sathya Sai Baba. Blitz News Magazine, September.

§  Osis, K., & Haraldsson, E. (1976). OOBEs in Indian swamis: Sathya Sai Baba and Dadaji. In Research in Parapsychology 1975, ed. by J.D. Morris, W.G. Roll, & R.L. Morris, 147-50. Metcuhen, New Jersey, USA: Scarecrow Press.

§  Murphet, H. (1971). Sai Baba, Man of Miracles. London: Frederick Muller.

§  Padmanaban, R. (2000). Love Is My Form. Bangalore, India: Sai Towers Publishing,.

§  Schulman, A. (1971). Baba. New York: Viking.

 

Traduzido com Google Tradutor

 

Vide:  https://www.facebook.com/watch/?v=1373788309327445



[2] Karanjia (1976).

[3] Haraldsson (1987, 2013).

[4] Haraldsson & Osis (1977); Osis & Haraldsson (1979).

[5] Chari (1978), 67.

[6] Osis & Haraldsson (1976).

[7] Jones (1992).

[8] Datta (2008).

[9] Haraldsson & Wiseman (1995).