quarta-feira, 31 de maio de 2023

VISÃO CEGA[1]

 

 

A capacidade de ver sem usar os olhos, também conhecida como visão paróptica, percepção dermo-óptica (DOP), hiperestesia, sinestesia, visão cutânea (visão da pele), visão extra-retiniana e biointroscopia.

O termo visão sem olhos foi popularizado pela primeira vez através da tradução para o inglês de um livro do famoso autor francês Jules Romains (Louis Farigoule) intitulado Vision Extra-R é tinienne(1920), que detalhou a pesquisa de Romains no desenvolvimento da extraordinária e pouco conhecida faculdade de ver sem o uso dos olhos. O livro não foi bem recebido, no entanto, e foi ridicularizado por seus colegas. Recusado o acesso a assuntos para experimentos posteriores, Romains abandonou sua pesquisa científica, voltou sua atenção para as artes literárias e tornou-se um poeta, dramaturgo e romancista mundialmente famoso.

Antes do livro de Romains, havia referências esparsas à visão sem olhos do século XVII em diante. O cientista britânico Robert Boyle referiu-se ao relatório de um médico sobre um cego que podia distinguir cores pelo tato. No século XVIII, Jonathan Swift incluiu uma estranha referência nas Viagens de Gulliver (1726) a um cego que podia distinguir as cores das tintas pelo tato e pelo olfato. Ao longo do século XIX, houve relatos médicos ocasionais de transposição da visão para diferentes áreas do corpo.

Dez anos após a publicação do livro de Romains, Manuel Shaves, de São Paulo, Brasil , testou quatrocentos pacientes cegos e relatou que cerca de uma dúzia deles parecia ter a faculdade de "visão da pele", alguns sendo capazes de distinguir cores.

Durante a década de 1930, um artista de caminhada sobre o fogo da Caxemira chamado Kuda Bux demonstrou o que se dizia ser uma visão sem olhos diante de um distinto painel médico. Embora fortemente vendado, com pedaços de massa sobre os olhos e com folha de metal, ataduras de lã e camadas de gaze, Bux não teve dificuldade em ler livros. Ele deu uma demonstração semelhante em Montreal , no Canadá , em 1938, e em 1945, durante uma turnê pelos Estados Unidos, ele andou de bicicleta pela Times Square , em Nova York , com os olhos fortemente vendados. No entanto, surgiram muitas dúvidas sobre as performances de Kuda Bux devido a alegações como as do mágico de palco Milbourne Christopher, que sugeriu que havia defeitos na venda.

Em 1963, o cientista russo IM Goldberg relatou seus experimentos com Rosa Kuleshova em um artigo na revista Soviet Psychology and Psychiatry. Durante o mês de setembro anterior, Goldberg havia demonstrado a capacidade de Kuleshova de ler textos impressos comuns com os dedos da mão direita quando a visão normal era completamente excluída. Rosa também sabia determinar tons de cores em papéis e objetos. O termo percepção dermo-óptica tornou-se estabelecido.

Após a publicação dos experimentos com Kuleshova, Richard P. Youtz, psicólogo do Barnard College, da Universidade de Columbia , em Nova York , experimentou a Sra. P. Stanley, uma dona de casa de 42 anos. Youtz concluiu que a detecção de cores pelas pontas dos dedos era um fenômeno real e acreditava que cerca de 10% da população universitária feminina testada por ele tinha a habilidade de forma rudimentar.

Mesmo antes dos relatórios sobre Kuleshova, uma história de abril de 1965 da Associated Press relatou que Vichit Sukhakarn, de Bangkok , estava ensinando cegos a ver por hipnose. Sukhakarn afirmou que, se os voluntários se concentrassem profundamente no pensamento de "ver através das bochechas", as terminações nervosas da pele se tornavam tão sensíveis que os impulsos eram transmitidos ao cérebro e convertidos em imagens visuais. Alguns de seus sujeitos cegos foram capazes de "ler" um jornal ou "assistir" um filme com suas bochechas. Ele abriu uma instituição para crianças cegas na Tailândia e encontraram indivíduos de 8 a 14 anos muito suscetíveis ao treinamento. Suas descobertas estavam de acordo com os experimentos de Romains, sugerindo que alguma luz hipnótica ou fator sugestionável auxiliava no desenvolvimento da visão sem olhos.

Em 1966, Yvonne Duplessis no Centre D'Eclairagisme começou a reviver a pesquisa francesa sobre a visão sem olhos com a ajuda de uma bolsa da Parapsychology Foundation. Duplessis treinou voluntários cegos para "ver" objetos tanto à distância (percepção paróptica) quanto pelo toque (percepção dermo-óptica). Os voluntários também desenvolveram a capacidade de distinguir cores pela visão sem olhos, que alguns investigadores acreditam ser capaz de desenvolver principalmente por meio do uso dos dedos, bochechas ou região epigástrica, todas áreas sensíveis da pele. A faculdade parece facilitada pela leve sugestão hipnótica.

A pesquisa de Duplessis foi apresentada em um artigo na Primeira Conferência Internacional sobre Psicotrônica, realizada em Praga , Tchecoslováquia , em 1974. Na conferência, um pequeno grupo de pesquisa da Polônia , liderado por Lech Stefanski (fundador da Seção Internacional de Parapsicologia), relatou experimentos semelhantes. Embora haja contra-relatos sugerindo que tais resultados foram obtidos por causa de controle imperfeito ou trapaça, o número significativo de resultados positivos encorajou alguns pesquisadores parapsicológicos.

 

Literatura

§  Duplessis, Yvonne. "Dermo-optical Sensitivity and Perception." International Journal of Biosocial Research 7, no. 2 (1985).

§  Goldberg, I. M. "On Whether Tactile Sensitivity Can be Improved by Exercise." Soviet Psychology and Psychiatry 2, no. 1 (1963).

§  Romains, Jules [Louis Farigoule]. Vision Extra-Rétinienne. 1920. Translated by C. K. Ogden as Eyeless Sight: A Study of Extra-Retinal Vision and the Paroptic Sense. New York: G. P. Putnam's Sons, 1924. Reprint, New York: Citadel Press, 1978.

terça-feira, 30 de maio de 2023

UM CASO DE LOUCURA CAUSADA PELO MEDO DO DIABO[1]

 


Allan Kardec

 

Numa cidadezinha da antiga Borgonha, que nos abstemos de citar, mas que poderíamos fazê-lo, caso necessário, existe um pobre velho que a fé espírita sustenta em sua miséria, vivendo penosamente da venda ambulante de quinquilharias pelas localidades vizinhas. É um homem bom, compassivo, prestando serviços sempre que se oferece ocasião, e certamente acima de sua posição pela elevação de seus pensamentos. O Espiritismo lhe deu a fé em Deus e na imortalidade, a coragem e a resignação.

Um dia, num de seus giros, encontrou uma jovem viúva, mãe de várias crianças que, após a morte do marido, a quem adorava, perdida de desespero e vendo-se sem recursos, perdeu a razão completamente. Atraído pela simpatia para essa grande dor, procurou ver essa infeliz mulher, a fim de julgar se o seu estado era irremediável. A miséria em que a encontrou redobrou sua compaixão; mas, como também fosse pobre, só lhe podia dar consolo.

Eu a vi várias vezes, disse ele a um de nossos colegas da Sociedade de Paris, que o conhecia e tinha ido vê-lo; um dia eu lhe disse, em tom de persuasão, que aquele que ela lamentava não estava perdido para sempre; que estava perto dela, embora não o visse, e que eu podia, se ela quisesse, fazê-la conversar com ele. A estas palavras, seu rosto pareceu alegrar-se; um raio de esperança brilhou em seus olhos apagados. – “Não me enganareis?” perguntou ela; “Ah! se isto pudesse ser verdade!”

Sendo bom médium escrevente, obtive na sessão uma curta comunicação de seu marido, que lhe causou doce satisfação. Vim vê-la várias vezes, e de cada vez seu marido conversava com ela por meu intermédio; ela o interrogava e ele respondia de maneira a não lhe deixar qualquer dúvida sobre a sua presença, porque lhe falava de coisas que eu mesmo ignorava; encorajava-a, exortava-a à resignação e lhe garantia que um dia iriam encontrar-se.

Pouco a pouco, sob o império dessa doce emoção e desses pensamentos consoladores, a calma voltou à sua alma, a razão lhe voltava a olhos vistos e, ao cabo de alguns meses, estava completamente curada e pôde entregar-se ao trabalho, que devia alimentá-la e aos filhos.

Essa cura fez grande sensação entre os camponeses do vilarejo. Assim, tudo ia bem; agradeci a Deus por me haver permitido arrancar essa infeliz da opressão do desespero; também agradeci aos Espíritos bons por sua assistência, pois todo o mundo sabia que essa cura tinha sido produzida pelo Espiritismo, com o que eu me regozijava. Mas eu tinha o cuidado de lhes dizer que nisso nada havia de sobrenatural, explicando-lhes o melhor que podia os princípios da sublime Doutrina, que dá tanta consolação e já fez tão grande número de pessoas felizes.

Esta cura inesperada inquietou vivamente o padre do lugar; ele visitou a viúva, que tinha abandonado completamente, desde a sua moléstia. Dela ficou sabendo como e por quem ela e os filhos foram curados; que agora tinha a certeza de não estar separada do marido; que a alegria que sentia, a confiança que isto lhe dava na bondade de Deus, a fé de que estava animada tinham sido a principal causa de seu restabelecimento.

Ai! Todo o bem no qual eu pusera tanta perseverança em produzir ia ser destruído; o cura fez vir a infeliz viúva à paróquia; começou por lançar a dúvida em sua alma; depois fez que ela acreditasse que era um demônio, que eu não operava senão em seu nome, que ela agora estava em seu poder; e agiu tão bem que a pobre mulher, que ainda carecia dos maiores cuidados, fragilizada por tantas emoções, recaiu num estado pior do que da primeira vez. Hoje por toda parte só vê diabos, demônios e o inferno. Sua loucura é completa e devem conduzi-la a um hospício de alienados.

 

O que havia causado a primeira loucura daquela mulher? O desespero. O que lhe havia restituído a razão? As consolações do Espiritismo. O que a fez recair numa loucura incurável? O fanatismo, o medo do diabo e do inferno. Este fato dispensa qualquer comentário. Como se vê, o clero fez mal em pretender, como tem feito em muitos escritos e sermões, que o Espiritismo leva à loucura, quando, com justiça, se lhe pode devolver o argumento. Aliás, aí estão as estatísticas oficiais para provar que a exaltação das ideias religiosas entra em parte notável nos casos de loucura. Antes de lançar a pedra em alguém, seria prudente ver se ela não poderá cair sobre si mesmo.

Que impressão esse fato deve produzir na população daquele vilarejo? Certamente não será em favor da causa sustentada pelo Sr. cura, porque o resultado material está sob os olhos. Se ele pensa em recrutar partidários pela crença no diabo, engana-se redondamente, e é triste ver a Igreja fazer dessa crença uma pedra angular da fé[2].



[1] Revista Espírita – Fevereiro/1869 – Allan Kardec

[2] Vide A Gênese segundo o Espiritismo, capítulo XVII, 27

segunda-feira, 29 de maio de 2023

JOAQUIM ANTONIO DE S. THIAGO[1]

 


 

O Professor Joaquim Antonio de S. Thiago foi notável pioneiro do Espiritismo no Estado de Santa Catarina.

Filho de Peregrino Servita de S. Thiago e de Dona Maria Augusta de S. Thiago, ambos catarinenses, nasceu no dia 25 de Outubro de 1857, na cidade de Florianópolis (SC).

Era irmão mais moço do ilustre engenheiro doutor Polidoro Olavo de S.Thiago, jornalista e político, que chegou a vice-governador do Estado de Santa Catarina e que, em 20 de Abril de 1890, criou, na Federação Espírita Brasileira, a “Assistência aos Necessitados”, de existência ininterrupta até os dias de hoje.

Joaquim S. Thiago fez seus estudos preliminares no Colégio “Santíssimo Salvador”, de Florianópolis, dirigido pelos padres jesuítas, continuando-os no Rio de Janeiro, onde frequentava um curso particular de português e matemática mantido pelo seu irmão acima mencionado.

Espírito de grande sensibilidade e de uma ternura inigualável por sua mãe, Joaquim S. Thiago, à notícia do seu falecimento, ocorrido em virtude da dedicação com que se entregara D. Maria Augusta ao tratamento dos enfermos de febre amarela, que na época fazia inúmeras vítimas em São Francisco do Sul, regressou a essa cidade, onde seus pais residiam. E nunca mais daí se ausentou, a não ser acidentalmente, para exercer funções eletivas, pois fora deputado à constituinte estadual, como seu irmão Polidoro.

Em São Francisco do Sul foi sempre – e com que dedicação e elevação moral e cívica! – preceptor da mocidade. Sucediam-se as gerações, e o mesmo professor ali estava para encaminhá-las no amor da cultura e do bem. Até 1886 foi professor particular e, desse ano até 1916, professor público. Republicano histórico, a política, entretanto, por muito pouco tempo o seduziu. Preferiu entregar-se a obras de assistência social e ao cultivo das belas letras, nas quais adquiriu, como autodidata, extraordinário realce.

Casou em 1880 com D. Clara Almeida de S. Thiago, descendente da família Campos e Almeida, e natural do Rio de Janeiro. Ela exercia em São Francisco do Sul as funções de professora pública, ensinando música, sobretudo. Do casamento houve sete filhos, que receberam educação esmerada.

No desempenho de suas tarefas no magistério, o casal S. Thiago deu belos exemplos de abnegação e do mais alto espírito construtivo.

Não sabemos ao certo quando Joaquim S. Thiago se tornou espírita, iniciado pelo seu irmão Polidoro, mas pode-se afirmar que ele foi um dos pioneiros do Espiritismo em Santa Catarina. “Comecei a ser feliz” – escreveu o nosso biografado em seu Livro Íntimo – “desde o dia em que meu irmão Polidoro, a quem rendo aqui profundo preito de gratidão, transfundiu em meu coração os sagrados ensinos da doutrina espírita que abracei com toda a sinceridade e firme convicção”. Iniciando a sementeira do Evangelho no seu próprio lar, teve a felicidade de ver todos os filhos vinculados estreitamente ao trabalho espírita, e hoje o seu nome é invocado por uma descendência que se eleva a mais de cem pessoas, entre filhos, netos e bisnetos, todos militantes no Espiritismo.

Em 21 de Julho de 1895, fundava em sua casa, com outros companheiros, entre eles a virtuosa e notável médium D. Maria Amélia de Miranda e Silva, o Centro Espírita “Caridade de Jesus”, que funcionou, sob a sua presidência, até 1916, reconstituindo-se, sob a direção do Professor Arnaldo Claro de S. Thiago, em 1924. Essa entidade espalhou e continua espalhando muitos benefícios à população francisquense. Tinha um órgão de divulgação doutrinária – “A Revelação”, que reapareceu mais tarde e continua até hoje a sua missão construtiva.

De 1895 em diante, o Professor Joaquim S. Thiago redobrou seus esforços na propagação da Doutrina Espírita, na assistência aos necessitados e na educação do povo.

Orador, jornalista e dramaturgo, sabia aprimorar, pelo seu esforço de autodidata, os atributos intelectuais inatos.

Na tribuna foi sempre um evangelizador, quer falasse aos operários, aos rudes trabalhadores, em cujos corações ganhara amizades perduráveis, quer se dirigisse aos adeptos do Espiritismo, cujos princípios professava e punha em prática na família, na escola e na sociedade, ainda que injuriado e caluniado por adversários da nova doutrina, que chegaram até o insulto material, apedrejando o Centro Espírita “Caridade de Jesus”, quando este funcionava na casa do seu confrade Joaquim Simplício da Silva, casa situada na esquina da rua Fonte com a rua Marechal Floriano.

No jornalismo só se ocupava de assuntos austeros, predicando virtudes cívicas e morais. No teatro exerceu influência benéfica, escrevendo dramas de fundo moral, que muito contribuíram para a educação das gerações de sua época. Desses dramas, há ainda um inédito – “Vicentina”, achando-se dois outros publicados: “A Enjeitada” e “A Órfã”, ambos de caráter espírita. Além dessas obras teatrais, há um trabalho didático de sua lavra, mui valioso, que mereceu do Conselho Superior da Instrução Pública de Santa Catarina, então sob a presidência do teatrólogo e poeta Horácio Nunes Pires, referencias enaltecedoras. Publicado esse trabalho para servir de livro de leitura nas catorze escolas mantidas pela antiga Colônia de Pescadores Z-2, “Nossa Senhora da Graça”, muito contribuiu para a divulgação de ideias nobres e elevadas entre os praieiros catarinenses.

O Professor Joaquim S. Thiago utilizou-se, ainda, da imprensa local para explicar ao povo os princípios espíritas e, quando faltava a imprensa, recorria à publicação de folhetos, sendo que o último, em 25 de Agosto de 1916, às vésperas de sua desencarnação, foi escrito para defender a Doutrina Espírita contra os ataques de um sacerdote da Igreja Católica.

Desencarnou em S. Francisco do Sul (SC) em 5 de Outubro de 1916. Homem austero, de conduta irrepreensível, intransigentemente honesto, devotado ao ministério do ensino e da caridade, não se compreende, conforme escreveu seu filho Arnaldo de S. Thiago in “História da Literatura Catarinense”, Rio de Janeiro, 1957, que um dos governos de Santa Catarina tenha mandado substituir o nome desse egrégio preceptor da mocidade, no Grupo Escolar de Joinvile, que assim fora denominado, consoante o seguinte oficio número 394, de 20 de Janeiro de 1927, remetido ao Professor Arnaldo S. Thiago: “Tenho a honra de comunicar a V.S. que o Exmo. Sr. Dr. Adolpho Konder, Governador do Estado, assinou ontem o decreto número 2.017, convertendo as escolas reunidas em Grupos Escolares de 2ª Classe, dando-lhes os nomes de professores que exerceram abnegada e brilhantemente o magistério público, no Estado. Outrossim, comunico-vos com a mais viva satisfação que o Grupo Escolar de 2ª Classe da cidade de Joinvile tomou o nome de Grupo Escolar Professor Joaquim S. Thiago, tradição viva do professor que votou o melhor de sua existência para educar e instruir a infância, cooperando assim para a grandeza de nossa Pátria. Mâncio da Costa – Diretor de Instrução”.

O valor social e o prestigio de que desfrutou, entre os seus contemporâneos, levaram a Academia Catarinense de Letras a fazê-lo patrono de uma cadeira daquele sodalício intelectual, a de número 21, ocupada presentemente por um dos seus filhos.

O Professor Joaquim Antonio de S. Thiago foi um lidimo valor da Doutrina Espírita, abnegado apostolo da Caridade, cultivando no mais alto grau o espírito de humildade. Seu nome está hoje vinculado a diversos Centros Espíritas de Santa Catarina e ao “Bezerra de Menezes”, do Andaraí, no Rio de Janeiro, aos quais ele vem dando sua esclarecida assistência, dos planos da Espiritualidade.

Cultura polimorfa, além dos livros já citados, deixou muitos inéditos de profunda beleza espiritual, nos quais se revela um escritor fluente, de muita imaginação, sabendo extrair de simples temas, como a semente, por exemplo, um mundo de verdades filosóficas e de reflexões altamente educativas e moralizadoras.

Mais pelos exemplos que pelo ensino oral ou escrito, o Professor Joaquim S. Thiago permanece inesquecível na comunidade espírita de Santa Catarina, querido e respeitado pelos seus reais serviços em bem do próximo.

sábado, 27 de maio de 2023

SABER CALAR-SE, DEIXANDO FALE OUTRO MAIS TOLO[1]

 

Why Silence Is Often the Best Response to a Verbal Attack -  Taylor Linn


Orson Peter Carrara

 

Os extremos e radicalismos de opiniões têm colocado muito a perder, desde amizades sólidas que se desfazem até desdobramentos lamentáveis de incidentes com grandes prejuízos morais e materiais, inclusive. Em muitos casos evoluindo até para tragédias.

O título da abordagem não é meu e indicarei a fonte mais adiante. O falar ou escrever tentando convencer pouco ou nulo efeito produz. Melhor é calar e deixar que o tempo mostre a realidade nesses conflitos de relacionamento, individual e coletivo.

Saber ser surdo diante de zombarias variadas é muito mais produtivo e eficaz que alimentar guerras e disputas de posturas. Desprezos, humilhações de qualquer gênero, preconceitos ou agressividades em suas variadas expressões nada resolvem e só agravam as dificuldades.

Essa posição diferente de calar, fazer-se surdo, aguardar o tempo e a presença da verdade, é a melhor postura, ou, em outras palavras, é caridade moral, como indicado no capítulo 13 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 9, em página assinada por Irmã Rosália, em Paris, em 1860.

No texto intitulado “A caridade material e a caridade moral”, inserido no capítulo citado, o espírito autor indica (separei didaticamente):

1.       Auxiliai os infelizes, o melhor que puderdes. (referindo-se ao auxílio material que todos podemos prestar, com desdobramentos marcantes no texto citado);

2.       A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas. (onde se incluem comportamentos de resignação, tolerância, humildade perante o próximo, igualmente com bons exemplos na continuidade do texto).

E é nessa base que o autor cita o célebre ensino de Jesus: “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles”, sugere o amparo ao mais necessitado, incluindo também os benefícios colhidos mais tarde em função do bem que pudermos fazer e de nunca repelir, maltratar ou desprezar qualquer pessoa.

O texto é muito belo, e sei que o leitor já o conhece, mas convido para nova releitura, pelas expressões atuais e muito benéficas de seu conteúdo, em favor da paz geral.

E como destaca Irmã Rosália:

a.       Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se deixando fale outro mais tolo que ele;

b.       Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer;

c.       Não ver o sorriso de desdém com que vos recebem aqueles que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós.

E finalizo aqui o que foi usado no início do texto, ainda no primeiro parágrafo do citado item 9: “Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais os ódios, nem ressentimentos”, referindo-se aos ensinos de Jesus e já citados acima.

Percebem-se claramente os benefícios da caridade material e moral, recursos indispensáveis para uma vida social de equilíbrio e harmonia. Eles, tais benefícios, socorrem a carência material, evitam a agressividade daí decorrente e, melhor, previnem os conflitos intermináveis de opiniões e radicalismo que nada resolvem, só agravam as ocorrências.

Estando em paz, somos mais senhores de decisões que resolvem e superam os obstáculos naturais da vida humana, cuja finalidade é o nosso amadurecimento.



[1] O CONSOLADOR - Ano 17 - N° 824 - 21 de Maio de 2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano17/824/ca6.html

sexta-feira, 26 de maio de 2023

DORIAN GRAY E O REFLEXO DE NOSSOS ATOS[1]

 


Marcelo Anátocles Ferreira - maio/2023

 

O escritor inglês Oscar Wilde criou um intrigante personagem: Dorian Gray[2], que vive uma dualidade angustiante. Por um processo misterioso, ele consegue um quadro pintado com o seu próprio rosto e com a seguinte característica: na pintura ele envelhece, enquanto permanece jovem na vida real. Tinha Dorian Gray uma expressão pura, quase angelical, que é retratada na pintura inicial.

Ao longo da história, ele sofre ao perceber que seu rosto no quadro vai perdendo a pureza na medida em que pratica atos reprováveis.  As marcas dos seus equívocos deformam seu rosto na pintura e as características da vileza vão marcando negativamente o retrato, apesar de, fisicamente, ele permanecer com a expressão original. Aí surge a angústia do personagem: por que não manteve sua beleza original? Seria possível recuperá-la também no quadro? Vale a pena conhecer a obra para saber como isso termina.

Devemos refletir como nossos atos, positivos ou não, marcam a nossa existência e como podemos buscar o caminho do embelezamento da alma, mesmo não dispondo de um retrato como o do personagem de Oscar Wilde.

Aprendemos, na Doutrina Espírita, que fomos criados por Deus, simples e ignorantes e que, através de múltiplos renascimentos, vamos evoluindo. Assim ampliamos o conceito de nós mesmos para entender que somos imortais, com muitas vidas pretéritas, com uma excelente oportunidade no presente e com muitas vidas futuras que estamos a desenhar. Somos viajantes do tempo.

Aprendemos que a Lei da Evolução, que nos impulsiona para frente, está associada à Lei da Justiça, com a qual aprenderemos a andar corretamente. É a luta reencarnatória, cujo objetivo é a nossa evolução.

A ideia de justiça é dar a cada um o que lhe pertence, ou seja, dar a cada um segundo suas obras.

Tudo que ocorre em nossas vidas, de bom e de ruim, está vinculado a esse mecanismo de evolução e de causa e efeito, um processo pedagógico criado para o nosso aprendizado. Acertos e erros fazem parte de nosso crescimento.

Na atual fase evolutiva, temos o sofrimento muito presente em nossas vidas. Allan Kardec estuda esse tema em vários tópicos de sua obra. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo[3], nos apresenta as causas atuais e anteriores das nossas aflições e sua justiça. Parte de um pressuposto lógico básico. Deus é soberanamente justo e bom. Portanto, toda aflição tem que ter uma causa justa, atual ou remota.

Assim, vamos entendendo que tudo se encadeia e que todos os nossos atos têm consequências. As marcas de nossas ações não ficam em um retrato externo, como o de Dorian Gray, mas em nossa intimidade.

Em O Livro dos Espíritos[4], Allan Kardec indaga aos benfeitores onde está escrita a Lei de Deus, e a resposta é clara e objetiva: na consciência. É, portanto, também dentro de nós que fica arquivado o conjunto de nossos atos.

Quando agimos corretamente, temos reações positivas que nos estimulam a prosseguir fazendo o bem. Quando agimos em desacordo com a Lei de Deus, as consequências nos farão sofrer.

Nosso primeiro dever é despertar essa consciência.

Torres Pastorino[5], fala sobre esse despertar da consciência:

Somos como lâmpadas poderosíssimas e acesas, mas revestidas de grossa lama, que não deixa transparecer a luz que existe internamente.

Como retirar essa lama e deixar essa luz brilhar? Como despertar essa consciência e compreender melhor a Lei de Deus?

O benfeitor Camilo, através da abençoada mediunidade de Raul Teixeira, nos ensina[6]:

Representando o cerne da personalidade, a consciência se perpetua ao longo das diversas transformações por que passa a criatura. Mais adiante, acrescenta: Estando as leis de Deus na consciência, o espírito terá sempre a possibilidade de escolher, mensurar e avaliar suas ações, muito embora essa possibilidade esteja atrelada ao nível de progresso alcançado pelo ser espiritual.

Camilo prossegue ensinando que a Justiça Divina é perfeita justamente porque as avaliações de nossos atos são individuais e de acordo com nossa evolução, sendo apreciados todos os aspectos, quer da vontade, quer dos mais íntimos pensamentos.

Será na obra O Céu e o Inferno[7], que Allan Kardec aprofundará esse tema em  Código Penal da Vida Futura.

Logo no primeiro item, esclarece o Codificador que todo sofrimento está ligado a uma imperfeição. Por consequência, toda imperfeição leva ao sofrimento. Ao contrário, a perfeição, ou seja, os atos corretos, nos levam à felicidade e atenuam nosso sofrimento.

Quanto mais imperfeições, maiores os sofrimentos. Por outro lado, corrigidas as imperfeições e semeados atos nobres, minoramos os sofrimentos e caminhamos para a felicidade. O futuro feliz está nas mãos de cada um e a felicidade pode ser construída desde agora. Percebemos aí uma Pedagogia Divina, que nos educa através da perfeita Lei de Causa e Efeito.

O autoconhecimento provoca o almejado despertar da consciência. Fundamental o mergulho interior para entender se o sofrimento tem causa nesta ou em outra vida. E precisamos buscar a causa, a imperfeição, a falha de origem que causa o sofrimento. Corrigida a imperfeição, cessará o sofrimento.

O poeta Castro Alves, pelas mãos de Francisco Cândido Xavier, escreve[8]:

É a dor que através dos anos,

Dos algozes, dos tiranos,

Anjos puríssimos faz,

Transmutando os Neros rudes

Em arautos de virtudes,

Em mensageiros de Paz.

 

Aprendemos que[9]:

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.

Dessa forma, nesse mergulho interior e nessa transformação moral, transmutamos dor em aprendizado, despertando a consciência e embelezando a alma.

Kardec prossegue, apresentando um mapa para nossa felicidade. Ele nos fala do caminho da correção e de suas três fases: o arrependimento, a expiação e a reparação.

O arrependimento é a primeira etapa. É quando nos damos conta do equívoco, vemos que erramos e começamos a sofrer. Esse sofrimento é o início da expiação. A expiação, ensina Kardec, consiste nos sofrimentos físicos e morais consequentes do equívoco.

Aí vem a necessária reparação, que consiste em fazer o bem àqueles a quem havíamos feito mal. Como nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo, a reparação se opera fazendo-se o que deveria ser feito e foi descurado, cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas.

O benfeitor Camilo[10] é claro:

[…] quando se agride a uma pessoa, em qualquer nível, ou por qualquer razão, é à lei divina que se está desatendendo. Mais adiante, prossegue: […]caberá ao ofensor dar conta do seu desequilíbrio ante a Consciência Cósmica, contra a qual agiu.

A nossa ação desequilibrada atinge a Lei de Deus, o que o benfeitor intitula Consciência Cósmica. Temos que reparar nossa ação perante essa Lei. Com relação aos nossos atos, preceitua Camilo6:

Um sistema perfeito de autoimpressão, à base de sutilíssimas energias, deixa registrado na viva tela perispiritual se o indivíduo deixou de agir consoante as leis sábias do Criador por imaturidade do senso moral, por falta de mais profunda percepção da consciência, ou por negligência, má vontade ou mesmo por maldade.

A reparação é o reequilíbrio perante essa Lei, com o apagar dessa marca.

De acordo com os ensinamentos de Kardec, o objetivo da dor é nos alertar para a imperfeição. Temos que reparar o equívoco justamente para que, através de atos positivos, seja possível atingir a perfeição, o correto.

O premiado filme Gandhi[11], mostra que Mahatma Gandhi fez greve de fome visando o cessar das agressões entre hindus e muçulmanos, provocadas por conflitos entre a Índia e o Paquistão. Várias pessoas se aproximavam do líder pacifista indiano e depunham as armas pedindo que ele parasse com a greve de fome. Em determinado momento, um hindu joga um pedaço de pão no rosto de Gandhi exigindo que ele o coma, porque não queria levar a morte dele para o inferno. Gandhi, com a voz muito fraca, pergunta porque ele iria para o inferno. O homem, expressando sofrimento, responde que, para vingar a morte de sua família pelos muçulmanos, tinha matado uma criança muçulmana. Gandhi lhe pergunta se ele queria a chave do céu, e, ante o silêncio, disse que procurasse e adotasse uma criança, da mesma idade da que tinha sido morta por ele. Mas que escolhesse uma criança muçulmana e a criasse com hábitos e cultura muçulmanos.

Vejamos a beleza do ensinamento: ao adotar uma criança, ele estaria equilibrando o ato de matar. Mas, como odiava os muçulmanos, ao criar uma criança muçulmana com hábitos e cultura muçulmanos, aprenderia a admirar aquele povo, o ódio terminaria e ele resolveria seu problema com a Lei de Deus. Seria feliz.

Kardec ensina que, nesse processo de aprendizado, quando buscamos corrigir a imperfeição e reparar o mal, devemos, preferencialmente, fazer o bem que tenha relação com o mal praticado, compensando-se e aprendendo de forma mais rápida e eficaz. Exatamente a fórmula apresentada por Gandhi ao homem em desespero.

Lembramos a máxima trazida por Pedro[12]:

Acima de tudo, tende amor intenso uns para com os outros porque o amor cobre a multidão dos pecados.

Será o aprendizado provocado pelo sofrimento somado, abreviado ou substituído pelo aprendizado trazido pelo amor que levará ao equilíbrio, ao reajuste com a Lei Divina e com a Consciência.

Para concluir, as palavras do Codificador[13], que resumem essas reflexões e apontam para o embelezamento pretendido por Dorian Gray e por todos nós:

O caminho da felicidade a todos se abre amplo, como a todos as mesmas condições para atingi-la. A lei, gravada em todas as consciências, a todos é ensinada. “Deus faz da felicidade o prêmio do trabalho e não do favoritismo, para que cada qual tivesse o seu mérito”.

Assim Allan Kardec encerra seu Código Penal da Vida Futura13:

A cada um segundo suas obras, no Céu como na Terra: – tal é a lei da Justiça Divina.



[1] MUNDO ESPÍRITA - Maio de 2023 Número 1666 Ano 91 - http://www.mundoespirita.com.br/?materia=dorian-gray-e-o-reflexo-de-nossos-atos

[2] WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: Abril, 1981.

[3] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013. cap. V.

[4] ______. O Livro dos Espíritos. Brasília: FEB, 2013. pt. 3, cap. I, q. 621.

[5] PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1964. v. 1. Esquema eterno da missão de Jesus.

[6] TEIXEIRA, J. Raul. Justiça e Amor. Pelo espírito Camilo. Niterói: Fráter, 1996. cap. II, item 4.

[7] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013. cap. VII, item Código penal da vida futura.

[8] XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo. Por Diversos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1978. Marchemos!

[9] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013. cap. XVII, item 4.

[10] TEIXEIRA, J. Raul. Justiça e Amor. Pelo Espírito Camilo. Niterói: Fráter, 1996. cap. V, item 4.

[11] Gandhi. Filme. Dirigido por Richard Attenborough, 1982.

[12] BÍBLIA, N. T. I Pedro. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 4, vers. 8.

[13] KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013. cap. VII, item Código penal da vida futura.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

INALTERÁVEL FELICIDADE[1]

 


Miramez              

 

Primeira classe. Classe única. Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservem distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.

Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.

Questão 113 /O Livro dos Espíritos

 

Vamos novamente falar dos Espíritos puros, aqueles que gozam de inalterável felicidade, almas já livres das reencarnações. Sem nenhum carma para se esgotar, Espíritos que já passaram por todas as experiências, por todos os aprendizados, no tocante à compreensão, ao Amor e a Sabedoria.

Eles não raciocinam, por não precisarem mais da razão; eles sabem - isso é o bastante para compreendermos a posição que ocupam na escala da vida. Ainda sabemos pouco da vida íntima desses Espíritos, por nos faltarem sentidos desenvolvidos no campo da nossa percepção. São os ministros de Deus; são os agentes da Luz, capazes de interpretar fielmente à vontade do Senhor e executá-la com a maior perfeição.

Quando falamos de Espíritos puros, não cabe neste conceito fração alguma de erro que se possa imaginar; o amor nesses corações é sublimado e desconhecido na Terra. É um amor universal, cheio de justiça e bondade. Os Espíritos puros captam os pensamentos do Criador – se assim podemos dizer – até nos raios de luz que são despejados em todas as direções pelos astros. Compreendem as leis do Senhor pela atmosfera cósmica que circula o mundo, e que em tudo está registrado, por meios invisíveis, mas reais, nas coisas que nos circundam.

O que merecemos é gerado dentro de nós, por dispositivos que ainda muitos desconhecem. É por isso que intuímos em todas as mensagens espirituais para que a fé não fique esquecida, e a caridade seja praticada com as possibilidades de quem nos ouça ou leia. O perdão deve ser uma constante para todos, e o Amor, a força poderosa capaz de libertar as criaturas. Desta maneira, cada um pode gerar a sua própria felicidade, e sentirá um bem-estar indizível permanentemente, como fruto dos seus esforços no bem comum. Os Espíritos felizes não foram criados assim; eles conquistaram a parte que lhes tocou, por misericórdia do Criador.

A maior mensagem espiritual entregue a Terra foi pela presença de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os três anos de Sua pregação, a Sua presença visível de mais de trinta anos, pouco significam, em comparação aos séculos de preparo para Sua majestosa descida; e esse tempo foi todo empregado na limpeza do planeta e preparo das criaturas, a fim de receberem a Boa Nova do Reino de Deus. Milhares e milhares de Espíritos elevados, dotados de amor puro no coração, vieram antes e depois do Mestre, para ajudá-Lo na disseminação das verdades, o que ainda se processa, por misericórdia de Deus, a fim de que os homens nasçam de novo com mais compreensão, despertando o homem novo dentro do homem velho.

A mensagem espírita, que Allan Kardec teve a felicidade de entregar aos homens, foi orientada diretamente por Jesus, e Ele continua assistindo e orientando o progresso desta mensagem que desperta as criaturas para a libertação espiritual. Ele continua nos chamando; necessário se faz que levantemos e andemos com Ele, para a Luz de Deus. Qualquer pessoa pode ter assistência pessoal desses agentes de Deus, os Espíritos puros: depende do esforço que faz na educação de si mesmo.



[1] Filosofia Espírita – Volume 3 – João Nunes Maia

quarta-feira, 24 de maio de 2023

PRESSENTIMENTO[1]

 

Francisco Goya - Tristes pressentimentos do que está por vir


Dean Radin

 

Desde a década de 1990, parapsicólogos têm realizado pesquisas sobre uma forma inconsciente de precognição denominada pressentimento. Usando técnicas experimentais bem estabelecidas em psicofisiologia, descobriu-se que os sujeitos em experimentos controlados antecipam inconscientemente estímulos aos quais são expostos aleatoriamente, em um grau altamente significativo estatisticamente. O efeito é pequeno, mas os resultados foram amplamente replicados.

 

Fundo

A psicofisiologia é a disciplina científica que estuda as interações mente-corpo. Envolve o desenvolvimento de técnicas para estudar correlações entre o mundo interno da experiência subjetiva, incluindo percepção, cognição e emoção, e o mundo externo de respostas corporais objetivas, incluindo os sistemas nervoso e cardiovascular. Essa disciplina tem se tornado cada vez mais importante no estudo da natureza dos fenômenos psíquicos porque fornece maneiras objetivas de sondar a mente inconsciente, que é onde se pensa que a informação psíquica surge pela primeira vez[2]. Tais impressões, operando abaixo do nível da mente consciente, podem se manifestar como mudanças sutis no corpo e podem ser notadas na forma de calafrios, apertamento do estômago ou outras sensações viscerais, palpitações cardíacas e a presença de arrepios[3].

A ideia de que a mente tem aspectos conscientes e inconscientes é frequentemente rastreada às origens da psicanálise e de Sigmund Freud (1856-1939)[4]. Mas há indicações muito anteriores de que as pessoas suspeitavam que a mente é composta de mais do que consciência consciente. As lutas entre a mente consciente e inconsciente podem ser vistas na peça de Shakespeare, A Tempestade. De uma perspectiva metafísica, o conceito de alma, assumido como um componente do eu essencial, mas não parte da experiência consciente cotidiana[5], remete às origens da história humana. E os indícios de que influências inconscientes desempenharam um papel na prática xamânica vão para os tempos pré-históricos[6].

Hoje, o estudo do comportamento inconsciente é um tema quente na psicologia e nas neurociências. A visão predominante é que a consciência é um componente importante da mente, mas é apenas um verniz em comparação com influências poderosas à espreita nas profundezas[7]. O inconsciente constrói defesas para proteger a mente consciente de pensamentos ou memórias emocionalmente dolorosas; influencia o que vemos e enviesa nossas decisões. Isso significa que nosso senso da realidade cotidiana é mediado por muitos filtros e, portanto, não é surpreendente que impressões psíquicas sutis sejam geralmente sobrecarregadas por preocupações mais urgentes e imediatas. Também não surpreende, portanto, que esses efeitos psíquicos estudados em laboratório possam ser difíceis – mas felizmente não impossíveis – de produzir sob demanda.

A detecção de influências inconscientes em reações corporais não fornece o mesmo tipo ou nível de detalhe que está disponível para a consciência consciente. Mas fornece uma maneira de explorar a atividade mental que, de outra forma, não está disponível. Usando tais técnicas, a telepatia tem sido explorada procurando correlações na atividade cerebral entre pares de amigos isolados ou distantes. A clarividência e a precognição têm sido estudadas medindo mudanças na atividade cerebral, frequência cardíaca, condutância da pele e dilatação da pupila quando uma pessoa descreve com precisão versus imprecisão alvos distantes no espaço ou no tempo. A precognição tem sido estudada medindo respostas fisiológicas antes de ser exposto a estímulos imprevisíveis. E as interações psicocinéticas têm sido investigadas através do estudo de estados fisiológicos durante períodos de influência bem-sucedida versus malsucedida de sistemas físicos distantes.

 

Pressentimento

Como a literatura sobre métodos psicofisiológicos na pesquisa psi é vasta, este artigo se concentra em apenas um tópico: o pressentimento. O termo refere-se a uma forma inconsciente de precognição, ou seja, pré-sentimento (sentimento) em comparação com pré-conhecimento (cognição). A hipótese básica em um experimento de pressentimento é que a atividade fisiológica registrada antes de um evento imprevisível se correlacionará com a resposta fisiológica observada após a exposição a esse evento.

Em uma experiência típica de pressentimento, você pode estar dirigindo pela estrada em uma rota feita mil vezes antes. Você se aproxima de um cruzamento com uma luz de sinal. Seu sinal é verde, os carros no cruzamento estão todos esperando pacientemente em seu sinal vermelho, mas em vez de fazer o que você costuma fazer - acelerar para passar pelo cruzamento antes que o sinal mude - por algum motivo estranho você simplesmente não se sente bem com esse cruzamento. Então você se aproxima com cautela e desacelera. De repente, um carro que estava escondido por um grande caminhão explode o sinal vermelho em alta velocidade. Você percebe para seu choque que, se você não tivesse diminuído a velocidade, seu carro teria sido atingido em alta velocidade, causando um acidente grave. Esse sentimento estranho que fez com que você desacelerasse, ou mudasse seu comportamento habitual de alguma forma, é como o pressentimento comumente se manifesta no mundo cotidiano.

A ideia de que o futuro pode afetar o passado (ou o presente) pode parecer violar uma ou mais leis físicas. Mas não é bem assim. Na escala macroscópica, Einstein mostrou que espaço e tempo são flexíveis e relativos, não absolutos estritos. E na escala quântica, modelos para efeitos retrocausais são tópicos de discussão séria[8]. Tudo isso diz que nossas melhores teorias do mundo físico são, na verdade, compatíveis com a característica mais intrigante dos fenômenos psíquicos – elas não são limitadas por fronteiras espaciais ou temporais. Assim, os efeitos pressentimentais podem parecer estranhos, mas a única coisa que violam é o bom senso cotidiano. E a ciência mostrou que o senso comum, que se baseia na experiência sensorial comum, é uma visão muito limitada da realidade.

 

Estudos Iniciais de Pressentimento

Talvez a origem dos experimentos de pressentimento tenha sido uma proposta oferecida pelo estatístico britânico Irving J. Good. Em 1961, ele relatou uma ideia mencionada por seu irmão (em 1946) em uma edição de 1961 do Journal of Parapsychology. Good escreveu:

Um homem é colocado em um quarto escuro, no qual uma luz é piscada em momentos aleatórios do tempo ... O EEG (eletroencefalograma) do homem é gravado em uma faixa de uma fita magnética, e os flashes de luz em outra. A fita é então analisada estatisticamente para ver se o EEG mostra alguma tendência a prever os flashes de luz[9].

Cerca de quinze anos depois, Jerry Levin e James Kennedy, membros da equipe do Instituto J.B. Rhine de Parapsicologia da Universidade Duke (agora conhecido como Centro de Pesquisa do Reno) na época, testaram uma ideia semelhante à de Good. Eles exploraram se a Variação Negativa Contingente (CNV), um indicador inconsciente de ondas cerebrais de antecipação, poderia detectar um estímulo que apareceria no futuro em um momento aleatório[10]. O experimento resultou em diferença significativa na resposta da CNV. Vários anos depois, John Hartwell replicou seu projeto e viu resultados na direção prevista. Mas os efeitos foram pequenos e não estatisticamente significativos[11].

Na mesma época, o físico Zoltan Vassy relatou um experimento que combinava elementos de telepatia e pressentimento[12]. Em um momento imprevisível, um "remetente" recebeu um choque elétrico; três segundos depois, um “receptor” distante também recebeu um choque. A condutância da pele do receptor foi examinada ao mesmo tempo em que o emissor ficou chocado para ver se a experiência do emissor poderia alertá-lo. Seis das dez sessões experimentais mostraram reações significativas nos receptores, mas dado que o design confundia telepatia e pressentimento, não estava claro a que os receptores estavam respondendo.

 

Literatura Contemporânea

Duas décadas depois, Dean Radin desenvolveu um novo tipo de experimento de pressentimento. Em 1997, enquanto estava na Universidade de Nevada, ele projetou um experimento que usava fotografias que variavam de calmas a emocionalmente positivas e negativas. As fotos foram apresentadas em ordem aleatória, e as imagens emocionais foram utilizadas para evocar o contexto mais frequentemente associado a experiências precognitivas espontâneas. Radin previu que, se as pessoas inconscientemente sentissem o que estavam prestes a ver, seu sistema nervoso simpático deveria ser ativado antes de ver imagens emocionais, mas deveria manter a calma antes de fotos calmas. O desfecho, detectado por meio de alterações na condutância da pele, foi estatisticamente significativo[13].

Mais tarde naquele ano, o psicólogo da Universidade de Amsterdã Dick Biderman relatou uma replicação bem-sucedida[14]. Isso levou a inúmeras replicações usando uma ampla gama de medidas fisiológicas, incluindo frequência cardíaca, fluxo sanguíneo periférico, dilatação da pupila, atividade elétrica cerebral e oxigenação do sangue cerebral[15]. Os estímulos utilizados nas replicações também tiveram uma ampla variação, desde fotografias calmas e emocionais, até rostos tristes e felizes, sons altos versus silêncio, e flashes de luz ou nenhum flash. A maioria desses experimentos usou geradores de números verdadeiramente aleatórios (RNG) para selecionar os estímulos futuros, de modo que ninguém, mesmo incluindo o computador usado para controlar o experimento, sabia qual estímulo estava prestes a aparecer. Este foi um recurso de design importante, porque eliminou a possibilidade de que pistas pudessem ser dadas sobre a identidade do próximo alvo.

 

Meta-Análises de Pressentimento

Em 2011, mais de três dúzias de replicações de pressentimento foram relatadas por laboratórios em todo o mundo. Psicólogo da Universidade de Pádua Patrizio Tressoldi[16] usou técnicas meta-analíticas convencionais para determinar o tamanho médio do efeito (uma medida padronizada do efeito), a homogeneidade (quão semelhantes foram os efeitos em diferentes experimentos), os resultados estatísticos gerais (probabilidade dos resultados em comparação com o acaso), o fator de Bayes (isto é, grosso modo, a razão da probabilidade de um efeito existir versus não existir), e uma estimativa do efeito gaveta do arquivo (isto é, o número de estudos fracassados não relatados necessários para eliminar os resultados estatísticos dos experimentos publicados).

Tressoldi encontrou 37 experimentos de pressentimento, envolvendo um total de 1.064 sujeitos. O tamanho geral do efeito foi um d de Cohen de 0,26, que aliás é quase idêntico ao tamanho médio do efeito relatado em 25.000 experimentos conduzidos ao longo de um século de pesquisa em psicologia social[17]. A partir disso, sabemos que a magnitude dos efeitos pré-pressentimentais está em completo alinhamento com o que é comumente observado em uma ampla gama de testes comportamentais.

Em outras palavras, o pressentimento é considerado anômalo dentro da ciência não porque não possamos demonstrá-lo em laboratório – porque podemos – mas sim porque ainda não entendemos o que é a consciência, ou do que ela é capaz, ou como conceitos fundamentais como tempo e causalidade estão relacionados a ela.

O desfecho estatístico combinado para os 37 estudos foi associado com chances contra chance de 6,3 × 1017, ou seja, 625.000.000.000.000.000 para 1. Isso permite que a hipótese nula de que o pressentimento não existe seja rejeitada (ou, para evitar a confusa linguagem dupla-negativa dos testes de hipótese, nos permite considerar seriamente a ideia de que o pressentimento de fato existe).

Tressoldi então calculou o fator de Bayes. Essa métrica fornece uma maneira diferente de interpretar a força da evidência a favor ou contra uma hipótese. De acordo com Jeffreys[18], se um fator de Bayes é menor que três para um, a hipótese pode ser interpretada como "pouco vale a pena mencionar". A evidência em dez para um pode ser considerada "substancial", é "forte" em trinta para um, "muito forte" em 100 para um, e além de 100 para um a evidência é "decisiva". No caso dos estudos de pressentimento, a razão do fator de Bayes foi de 28 trilhões para um. Este número impressionante não significa que o pressentimento observado em laboratório seja um efeito extremamente grande ou surpreendentemente robusto, porque não é esse o caso. Em vez disso, significa que o efeito foi replicado com sucesso por muitos pesquisadores. É a repetibilidade que nos dá confiança de que o efeito é genuíno.

Tressoldi então determinou que a estimativa da gaveta de arquivos era de 954, o que significa que para cada um dos 37 estudos conhecidos outros 26 deveriam ter sido realizados, mas não relatados porque todos falharam. Isso foi considerado implausível.

Um ano após a meta-análise de Tressoldi, outra foi publicada pela neurocientista Julia Mossbridge, da Universidade Northwestern, e seus colegas[19]. Mossbridge considerou todos os experimentos de pressentimento conhecidos publicados até então (2010), mas para restringir o escopo da análise, cada estudo foi obrigado a compartilhar três características: uma análise estritamente pré-planejada, medidas fisiológicas humanas registradas antes de estímulos imprevisíveis e um resultado claramente previsível antes e depois dos estímulos.

Mossbridge encontrou 49 experimentos pré-presunçosos publicados e inéditos. Desses, 26 estudos de sete laboratórios se enquadraram nos três critérios. O resultado foi um tamanho de efeito semelhante ao encontrado por Tressoldi (d de Cohen = 0,21). A probabilidade global do tamanho do efeito foi associada com p < 2,7 × 10-12, ou chances contra chance de 37 bilhões para um.

A análise também descobriu que experimentos de pressentimento de alta qualidade (com base na análise do design e métodos) estavam associados a tamanhos de efeito maiores, e que a estimativa da gaveta de arquivos variou de uma estimativa conservadora de 87 a uma estimativa mais liberal de 256 estudos "ausentes" fracassados. Além disso, alguns dos experimentos estudaram explicitamente se os resultados poderiam ter sido atribuídos a algum tipo de estratégia antecipatória, mas nenhuma evidência disso foi encontrada.

 

Pressentimento acidental

Ao contrário da maioria dos testes psi, os métodos usados em estudos de pressentimento são quase idênticos aos usados em milhares de experimentos psicofisiológicos convencionais. Se o pressentimento é um efeito real, ele deveria ter aparecido nesses outros experimentos, que foram conduzidos por outras razões. Dick Bierman colocou essa previsão à prova. Ele pesquisou na literatura convencional por experimentos semelhantes ao design de pressentimento e encontrou três casos em que os dados poderiam ser reexaminados[20]. Quando os dados foram combinados, o resultado foi significativamente concordante com o que o pressentimento preveria.

Com base nessa descoberta, Julia Mossbridge testou a ideia novamente com novos dados. Ela encontrou quatorze publicações candidatas e obteve os dados com sucesso em dois casos. Em um estudo, ela encontrou um efeito de pressentimento positivo na condutância da pele, frequência cardíaca e temperatura da pele. No outro estudo, ela descobriu que as mulheres que responderam fortemente a imagens selecionadas aleatoriamente também mostraram respostas significativas ao EEG antes que as imagens aparecessem[21].

Em conclusão, os experimentos de laboratório que estudam os efeitos do pressentimento são um avanço importante na pesquisa psi porque (a) fornecem um fenômeno repetível que permite uma exploração detalhada da natureza da precognição, (b) seguem procedimentos bem compreendidos em psicofisiologia e neurociência, tornando a natureza dos estudos mais palatável para os pesquisadores convencionais, e (c) sugerem que os efeitos psi estão escondidos à vista de todos, apenas esperando pacientemente por projetos mais inteligentes para revelá-los aos nossos olhos assustados.

 

Literatura

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Traduzido com Google Tradutor



[2] Carpinteiro (2012).

[3] Beloff e Reno (1981).

[4] Hauke (2006).

[5] Whyte (1960).

[6] Ellenberger (1970).

[7] Kihlstrom (1987); Kihlstrom, Mulvaney, Tobias, & Tobis (2000); Öhman (1999); Öhman (2000); Ornstein e Dewan (2008).

[8] Aharonov, Anandan, Maclay e Suzuki (2004); Aharanov & Tollaksen (2007); Chiao, Cohen, Leggett, Phillips e Harper (2011); Aharonov, Bergmann e Lebowitz (1964).

[9] Good (1961).

[10] Levin e Kennedy (1975).

[11] Hartwell (1978); Hartwell (1979).

[12] Vassy (1978).

[13] Radin (1997).

[14] Bierman e Radin (1997).

[15] Radin (2004); Radin e Lobach (2007); Hinterberger, Studer, Jäger, Haverty-Stacke e Walach (2007); Bierman e van Ditzhuyzen (2006); Bierman e Scholte (2002); Bierman e Radin (1998); Radin, Vieten, Michel e Delorme (2011); Bierman (2007); Broughton (2004); Wildey (2001); McCraty, Atkinson e Bradley (2004); McCraty, Atkinson e Bradley (2004); Bradley Gillin, McCraty & Atkinson (2011) La Pira, Gillin, McCraty, Bradley, Atkinson & Simpson (2013); Maio, Paulinyi e Vassy (2005); Tressoldi, Martinelli, Massaccesi e Sartori (2005); Tressoldi, Martinelli, Zaccaria e Massaccesi (2009); Tressoldi, Martinelli, Scartezzini e Massaccesi (2010); Spottiswoode & Maio (2003); Schönwetter, Ambach e Vaitl (2011); Don, McDonough e Warren (1998); Sartori, Massaccessi, Martinelli e Tressoldi (2004).

[16] Tressoldi (2011).

[17] Richard, Bond e Stokes-Zoota (2003).

[18] Jeffreys (1961).

[19] Mossbridge, Tressoldi & Utts, (2012).

[20] Bierman (2000).

[21] (2012).