Em 1997 comemorou-se o
centenário de nascimento de Francisco Raitani, terceiro ocupante da cadeira
número 6 da Academia Paranaense de Letras.
Nasceu na cidade de Rio Grande,
Rio Grande do Sul, no dia 23 de setembro de 1897, Filho de Felício Raitani e
Vicência Comena Raitani.
Fez o curso básico em Curitiba,
cidade na qual se enraizou, pois a ela chegou aos cinco anos de idade. Exerceu,
primordialmente, o magistério, níveis secundário e superior. No Instituto de
Educação dedicou-se à disciplina de História Geral e do Brasil; na Faculdade de
Ciências Econômicas lecionou Prática Jurídica e na Faculdade de Direito
tornou-se auxiliar de ensino de Direito Civil, Comercial e do Trabalho.
Jornalista nos idos de 1950, exerceu as funções de redator-chefe do jornal “O
Dia” e, na “Gazeta do Povo”, manteve durante longo tempo uma coluna intitulada
Gazeta Jurídica. No jornal “Mundo Espírita” exerceu as funções de
co-redator-chefe, escrevendo ao mesmo tempo a coluna Nossa Crônica. Foi
nomeado, em 1924, auxiliar da Procuradoria Fiscal da Prefeitura Municipal de
Curitiba. Em seguida, delegado de Polícia de Costumes. Advogado do Estado,
atingiu o ápice da carreira de subconsultor do Quadro da Consultoria Geral do
Estado. Foi um dos fundadores da Associação dos Servidores Públicos do Paraná.
A Associação dos Magistrados do
Paraná concedeu-lhe o primeiro título de Sócio Honorário. Manteve constante
atividade intelectual. Sua obra máxima, em dois volumes, Prática de Processo
Civil, publicada pela Editora Saraiva (e que já completou o cinquentenário,
desde a primeira edição) vem sendo atualizada ano a ano por seus descendentes,
recebida sempre com a maior atenção pelos estudantes e profissionais do
Direito. Tornou-se figura notável nas letras jurídicas. Viveu na modéstia, como
advogado e professor, jamais se deixando embair pelas ambições materiais.
Bastante conhecido pela obra
realizada, recebeu, ainda em vida, muitas homenagens de reconhecimento. Dentre
as atividades exercidas, em 12 de janeiro de 1936, foi incluído no Conselho
Deliberativo da Federação Espírita do Paraná, tornando-se efetivo em abril do
mesmo ano. Participou, durante mais de 30 anos, não só do Conselho
Deliberativo, como ofereceu o brilho de sua inteligência em todas as ocasiões
em que foi chamado a contribuir, especialmente, nas reuniões interestaduais,
onde se estudavam, através de congressos, seminários, simpósios, encontros ou
eventos outros de natureza doutrinário-federativa, os interesses da Doutrina.
Representou a Federação Espírita
do Paraná em diversas ocasiões, com elevados propósitos, revelando conhecimento
profundo da Doutrina Espírita e das questões administrativas que envolviam o
movimento espírita de unificação. Expositor consciente, convicto e profundo conhecedor,
sabia transmitir, com clareza, os princípios básicos do Espiritismo, em seu
tríplice aspecto. Médium atuante, recebia, pela psicografia, mensagens
assinadas por respeitáveis espíritos.
Foi co-redator do jornal
"Mundo Espírita", assinando a coluna "Nossa Crônica" por
longos anos, desde que Lins de Vasconcellos
transferiu sua redação do Rio de Janeiro para Curitiba, tornando-o órgão
doutrinário da Federação Espírita do Paraná, em 1953.
Autor de programa de lições do
Evangelho à Luz da Doutrina Espírita, destinado às crianças, aprovado durante o
Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, em 11 de
julho de 1948, ocasião em que, juntamente com João Ghignone e Abibe Isfer,
representou o Paraná naquele conclave. Em 1949, foi designado para participar
do Congresso de Educadores Espíritas, realizado em São Paulo, representando o
Paraná.
Em 3 de outubro de 1949, ao lado
de João Ghignone, participou do Congresso Pan-americano, no Rio de Janeiro,
representando o Paraná, marcando presença na reunião que ensejou a assinatura
do "Pacto-Áureo", na sede da Federação Espírita Brasileira, no dia 5
de outubro do mesmo mês, que se constituiu no grande marco de unificação dos
espíritas brasileiros e a criação do Conselho Federativo Nacional, cujo
primeiro representante do Paraná foi o Dr. Lins de Vasconcellos.
Em outubro de 1951 participou do
2º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, juntamente com seus companheiros de
Diretoria da FEP, João Ghignone, Abibe Isfer e Honório Melo, com destacada
atuação em prol do fortalecimento e ampliação do Pacto-Áureo e aprimoramento do
processo federativo-doutrinário.
Em 1957, juntamente com João
Ghignone, Maria da Paz Ribeiro, Maura Barcellos, Lucy Terezinha Lurenço e Renê
Rizental, participou do 1º Congresso de Orientação de Escolas de Evangelização,
em Juiz de Fora - MG, ocasião em que a delegação do Paraná visitou Francisco Cândido Xavier
(em Pedro Leopoldo) e José Pedro de Freitas (Arigó), em Congonhas.
Em 1961, nos dias 19 e 25 de
janeiro, em Curitiba, integrou uma equipe de coordenação do Encontro de
Federativas Estaduais do Sul, evento este que contou com representações dos
Estados de Minas Gerais, Guanabara, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul, bem como do Vice-Presidente da Federação Espírita Brasileira, Dr. Armando de Assis.
Fizeram parte da referida comissão mais os seguintes confrades, entre outros:
João Ghignone, Abibe Isfer, Maria da Paz Ribeiro, Honório Melo, Walter do
Amaral e Carlos Gambus.
Em 1962, nos dias 20 e 21 de
abril, integrou uma comissão de estudos no simpósio Centro-Sulino − que tratou
de assuntos de interesse geral para o movimento espírita, versando sobre os
temas: Doutrina, Unificação, Educação, Mocidade Espírita e Assistência Social,
juntamente com os confrades Lauro Schleder, Honório Melo, Walter do Amaral,
Lucio Kafka, Adolfo Ricks Junior, Maria da Paz Ribeiro e Otavio Ulisséia.
Em 20 de junho de 1960, fez
parte da comissão que elaborou o documento "Nova Organização Federativa −
Normas e Instruções", para uso das entidades do quadro federativo da FEP,
nomeada pelo Conselho Deliberativo. Desencarnou em 13 de maio de 1971.
Em 16 de maio de 1971, o
Conselho Deliberativo da FEP, reunido, prestou-lhe sentida homenagem, conforme
carta enviada à sua esposa, Sra. Alzira Brito Raitani, assinada pelo Presidente
da Federação, João Ghignone, datada de 19 de maio do mesmo ano:
"(...) Ficamos nós, da equipe de "Mundo
Espírita", sem a presença física de um companheiro sempre querido:
FRANCISCO RAITANI. Seu exemplo de firmeza, dignidade e amor à causa espírita,
ficará com todos nós, como incentivo, refletindo nas páginas do valoroso jornal
a que ele pertenceu. O velho Raitani, como nós o chamávamos, às vezes, era um
jurista, professor de Direito, jornalista vigoroso, polemista, mas sobretudo um
homem de bem, companheiro leal, um espírita de afirmações. Não fazia praça do
seu saber, mas era também um professor que também ensinou pelas atitudes, além
da cultura jurídica. Quem o via de perto, com aparência um tanto prussiana,
alto, sisudo, tinha a impressão de um tipo fechado, de pouca conversa. No
entanto era, na realidade, um homem de alma aberta e de inteligência arejada.
Fizemos excursão pelo interior do Paraná... Faz alguns anos, e ele já andava
doente, mas a chama do ideal nunca se apagou naquela alma forte. (...)".
Assim se expressou seu grande companheiro e amigo Deolindo Amorim.
"(...) Esse o Raitani a quem - na hora suprema em
que seu corpo material baixa à campa, e seu vigoroso e esclarecido espírito
alça voo pelo infinito em fora - nós, seus irmãos e amigos da Federação
Espírita do Paraná, do seu Conselho Deliberativo e da redação e oficinas de
"Mundo Espírita", tributamos esta pequenina mas expressiva homenagem.
E o adeus de agora, já a ceder lugar a saudade que fica... O Raitani bem o
merece.
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