segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

ARMANDO DE OLIVEIRA ASSIS[1]

  


Nascido em 27 de março de 1911, na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo, foram seus pais Francisco Ribeiro de Assis, dentista, e Adélia de Oliveira Assis. Como cidadão, veio a desempenhar saliente papel na obra da previdência social, estando também destinado a dar valioso concurso à obra de difusão da doutrina espírita no Brasil e no mundo. Começou modestamente a preparar-se para essas futuras tarefas na sua própria cidade natal, em cujo Grupo Escolar fez os estudos primários, ao mesmo tempo em que recebia também o primeiro toque de iluminação de sua consciência infantil pela luz da doutrina espírita. Frequentava a residência do seu tio Pedro Camargo (o Vinícius), autêntico educador e renomado espírita que, aos domingos, reunia em torno de si os filhos e todos os sobrinhos, entre os quais se achava o então pequeno Armando. Completados os estudos primários, deixou a cidade natal para iniciar em Juiz de Fora, Minas Gerais, no Instituto Grambery, os estudos secundários. Ali, entretanto, não os concluiu, vindo a completá-los no Rio de Janeiro, no internato do Colégio Pedro II. Nesta mesma cidade conquistou o diploma de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da então Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro). No exercício da profissão, consagrou-se especialmente ao Direito Social, nos campos do seguro social e da previdência, em que se notabilizou pela grande vocação e competência, desdobrando-se em atividades profissionais, didáticas e autorais de subido valor. Em 1937 foi admitido como secretário, por concurso, no antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), sendo efetivado no ano seguinte. Fez, então, brilhante carreira, servindo com grande dedicação ao seu país.

Como espírita, Armando de Oliveira Assis foi verdadeiramente notável.

- "Posso dizer que nasci em berço espírita, uma vez que em minha cidade natal residia meu tio Pedro Camargo, conhecido nas lides espiritistas pelo pseudônimo de Vinícius. Por isso, desde a minha infância fui educado sob a orientação desse tio, à luz da doutrina espírita, e inaugurando a minha trajetória, no campo religioso, nas reuniões dominicais que ele realizava regularmente em sua residência. Ali, reuniam-se os seus filhos, todos os sobrinhos e, ainda, os amiguinhos que se aprestavam a lá comparecer. Foi, portanto, no mais cordial e no mais aprazível ambiente familiar que iniciei a minha formação religiosa, sob a condução desse lúcido espírito a que todos hoje reverenciamos, ainda e sempre, com o pseudônimo de Vinícius."

Portanto, se os seus pais não eram espíritas militantes, deviam ser pelo menos simpatizantes, do contrário não deixariam que o pequeno filho de seis para sete anos frequentasse a casa do tio Vinícius. A esse período infantil, tranquilo e construtivo, seguiu-se a juventude, já no Ginásio Grambery, e a plena mocidade, no Internato do Pedro II e na Faculdade de Direito, sempre sob a influência dos princípios espíritas hauridos na infância. Mais adiante, porém, sobreveio um período de vacilação e tremenda luta interior, em que, todavia, saiu vitoriosa a consciência da responsabilidade formada à luz da doutrina.

A crise foi logo depois superada, e daí em diante Armando de Oliveira Assis firmou seus passos no caminho que o levaria à realização das suas muitas, difíceis e dignificantes tarefas na seara espírita. Sua mais significativa contribuição se expressou principalmente como participante da administração da FEB em sucessivas diretorias e, notadamente, na tribuna espírita. Não só na da própria FEB, ocupada por ele com frequência, como nas de diversos centros de todo o país. Sua palavra era fácil, fluente, boa e amena, por isso mesmo persuasiva, sempre estimada e bem recebida. Tinha excepcionais qualidades docentes e as suas preleções apresentavam características de acendrado didatismo, qualidades já manifestadas em suas atividades nos numerosos cursos que ministrou como profissional.

Após aquele período perigoso por que passara, ao procurar a Casa de Ismael não mais deixou de frequentá-la. Até que em 1949 começou a participar da sua diretoria como 2º secretário, convidado que fora pelo então presidente Antônio Wantuil de Freitas. Sucessivamente reeleito durante cinco anos, em 1954 passou a vice-presidente, cargo que ocupou por 15 anos. Ao lado de Antônio Wantuil de Freitas viu nascer, na memorável reunião de 5 de outubro de 1949 – a Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro –, o Pacto Áureo e, desde então, foi ele um dos mais convictos defensores da chamada Unificação.

Entre as grandes inclinações de Armando de Oliveira Assis era notória aquela em que revelava o seu interesse pelos jovens. Tanto que, quando assumiu a presidência da FEB, encampou ideia de Luciano dos Anjos e extinguiu o Departamento de Infância e Juventude, integrando os jovens efetivamente em todas as atividades da instituição, lado a lado com os adultos. A departamentalização é um erro, que distancia os jovens e termina por desinteressá-los da doutrina. O novo entendimento aplicado na FEB foi exposto na série de artigos de Luciano dos Anjos, publicada no Reformador durante o ano de 1973 e, mais tarde, editada no livro do mesmo nome – O Atalho – pelas Publicações Lachâtre.

Armando de Oliveira Assis serviu devotadamente, ao longo de 25 anos, à Casa-Máter do Espiritismo, com relevantes serviços a ela prestados. Enfermo há algum tempo, estivera internado no Hospital dos Servidores do Estado, onde foi acometido, durante o tratamento, de pneumonia que superou bem. Mas, desde então, seu organismo não mais se equilibrou completamente. Convalescendo em casa, passou a ser assistido por sua esposa, Helena de Assis, seus filhos e demais familiares, quando sofreu parada cardíaca e desencarnou.

Armando de Oliveira Assis desencarnou no dia 1º de dezembro de 1988, cerca das quatro horas da madrugada, em sua residência, na Rua Amoroso Costa nº 257, na Muda, aos 78 anos de idade.

Ao sepultamento do corpo, ocorrido no cemitério da Ordem Terceira da Penitência, compareceram a Federação Espírita Brasileira, representada pelo presidente Francisco Thiesen, pelo vice-presidente Juvanir Borges de Souza, diretores e assessores, além dos antigos companheiros de diretoria Abelardo Idalgo Magalhães, Luciano dos Anjos e Aglaée Queiroz Carvalho. O diretor Lauro de Oliveira S. Thiago pronunciou breves palavras terminando com uma prece dirigida a Deus em intenção do estimado confrade.

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