Nascido em 27 de março de 1911,
na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo, foram seus pais Francisco Ribeiro
de Assis, dentista, e Adélia de Oliveira Assis. Como cidadão, veio a
desempenhar saliente papel na obra da previdência social, estando também destinado
a dar valioso concurso à obra de difusão da doutrina espírita no Brasil e no
mundo. Começou modestamente a preparar-se para essas futuras tarefas na sua
própria cidade natal, em cujo Grupo Escolar fez os estudos primários, ao mesmo
tempo em que recebia também o primeiro toque de iluminação de sua consciência
infantil pela luz da doutrina espírita. Frequentava a residência do seu tio
Pedro Camargo (o Vinícius), autêntico educador e renomado espírita que, aos
domingos, reunia em torno de si os filhos e todos os sobrinhos, entre os quais
se achava o então pequeno Armando. Completados os estudos primários, deixou a
cidade natal para iniciar em Juiz de Fora, Minas Gerais, no Instituto Grambery,
os estudos secundários. Ali, entretanto, não os concluiu, vindo a completá-los
no Rio de Janeiro, no internato do Colégio Pedro II. Nesta mesma cidade
conquistou o diploma de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade
Nacional de Direito da então Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal
do Rio de Janeiro). No exercício da profissão, consagrou-se especialmente ao
Direito Social, nos campos do seguro social e da previdência, em que se
notabilizou pela grande vocação e competência, desdobrando-se em atividades
profissionais, didáticas e autorais de subido valor. Em 1937 foi admitido como
secretário, por concurso, no antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI), sendo efetivado no ano seguinte. Fez, então, brilhante
carreira, servindo com grande dedicação ao seu país.
Como espírita, Armando de
Oliveira Assis foi verdadeiramente notável.
- "Posso dizer que nasci em
berço espírita, uma vez que em minha cidade natal residia meu tio Pedro
Camargo, conhecido nas lides espiritistas pelo pseudônimo de Vinícius. Por
isso, desde a minha infância fui educado sob a orientação desse tio, à luz da
doutrina espírita, e inaugurando a minha trajetória, no campo religioso, nas
reuniões dominicais que ele realizava regularmente em sua residência. Ali,
reuniam-se os seus filhos, todos os sobrinhos e, ainda, os amiguinhos que se
aprestavam a lá comparecer. Foi, portanto, no mais cordial e no mais aprazível
ambiente familiar que iniciei a minha formação religiosa, sob a condução desse
lúcido espírito a que todos hoje reverenciamos, ainda e sempre, com o
pseudônimo de Vinícius."
Portanto, se os seus pais não
eram espíritas militantes, deviam ser pelo menos simpatizantes, do contrário
não deixariam que o pequeno filho de seis para sete anos frequentasse a casa do
tio Vinícius. A esse período infantil, tranquilo e construtivo, seguiu-se a
juventude, já no Ginásio Grambery, e a plena mocidade, no Internato do Pedro II
e na Faculdade de Direito, sempre sob a influência dos princípios espíritas
hauridos na infância. Mais adiante, porém, sobreveio um período de vacilação e
tremenda luta interior, em que, todavia, saiu vitoriosa a consciência da
responsabilidade formada à luz da doutrina.
A crise foi logo depois
superada, e daí em diante Armando de Oliveira Assis firmou seus passos no
caminho que o levaria à realização das suas muitas, difíceis e dignificantes
tarefas na seara espírita. Sua mais significativa contribuição se expressou
principalmente como participante da administração da FEB em sucessivas
diretorias e, notadamente, na tribuna espírita. Não só na da própria FEB,
ocupada por ele com frequência, como nas de diversos centros de todo o país.
Sua palavra era fácil, fluente, boa e amena, por isso mesmo persuasiva, sempre
estimada e bem recebida. Tinha excepcionais qualidades docentes e as suas
preleções apresentavam características de acendrado didatismo, qualidades já
manifestadas em suas atividades nos numerosos cursos que ministrou como
profissional.
Após aquele período perigoso por
que passara, ao procurar a Casa de Ismael não mais deixou de frequentá-la. Até
que em 1949 começou a participar da sua diretoria como 2º secretário, convidado
que fora pelo então presidente Antônio Wantuil de Freitas. Sucessivamente
reeleito durante cinco anos, em 1954 passou a vice-presidente, cargo que ocupou
por 15 anos. Ao lado de Antônio Wantuil de Freitas viu nascer, na memorável
reunião de 5 de outubro de 1949 – a Grande Conferência Espírita do Rio de
Janeiro –, o Pacto Áureo e, desde então, foi ele um dos mais convictos
defensores da chamada Unificação.
Entre as grandes inclinações de
Armando de Oliveira Assis era notória aquela em que revelava o seu interesse
pelos jovens. Tanto que, quando assumiu a presidência da FEB, encampou ideia de
Luciano dos Anjos e extinguiu o Departamento de Infância e Juventude, integrando
os jovens efetivamente em todas as atividades da instituição, lado a lado com
os adultos. A departamentalização é um erro, que distancia os jovens e termina
por desinteressá-los da doutrina. O novo entendimento aplicado na FEB foi
exposto na série de artigos de Luciano dos Anjos, publicada no Reformador
durante o ano de 1973 e, mais tarde, editada no livro do mesmo nome – O Atalho
– pelas Publicações Lachâtre.
Armando de Oliveira Assis serviu
devotadamente, ao longo de 25 anos, à Casa-Máter do Espiritismo, com relevantes
serviços a ela prestados. Enfermo há algum tempo, estivera internado no
Hospital dos Servidores do Estado, onde foi acometido, durante o tratamento, de
pneumonia que superou bem. Mas, desde então, seu organismo não mais se
equilibrou completamente. Convalescendo em casa, passou a ser assistido por sua
esposa, Helena de Assis, seus filhos e demais familiares, quando sofreu parada
cardíaca e desencarnou.
Armando de Oliveira Assis
desencarnou no dia 1º de dezembro de 1988, cerca das quatro horas da madrugada,
em sua residência, na Rua Amoroso Costa nº 257, na Muda, aos 78 anos de idade.
Ao sepultamento do corpo,
ocorrido no cemitério da Ordem Terceira da Penitência, compareceram a Federação
Espírita Brasileira, representada pelo presidente Francisco Thiesen, pelo
vice-presidente Juvanir Borges de Souza, diretores e assessores, além dos
antigos companheiros de diretoria Abelardo Idalgo Magalhães, Luciano dos Anjos
e Aglaée Queiroz Carvalho. O diretor Lauro de Oliveira S. Thiago pronunciou
breves palavras terminando com uma prece dirigida a Deus em intenção do
estimado confrade.
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