sábado, 27 de fevereiro de 2021

OS EXILADOS DA TERRA[1]

 


Rogério Miguez

 

Não devem ser muitos aqueles que militam no meio espírita sem conhecimento do deslocamento de alguns milhões de Espíritos, “convidados”, há milênios, a deixar a estrela de Capela e migrarem para a nossa Terra, na época, provavelmente, um mundo primitivo.

A referência básica para a descrição deste fato foi feita por Emmanuel na obra “A Caminho da Luz”[2].

De acordo com Emmanuel, eram Espíritos desajustados aos novos ritmos de evolução daquele orbe distante, devido ao alto grau de egoísmo e orgulho que até então os caracterizava, dificultando sobremaneira a caminhada daquela parte da Humanidade residente em Capela.

Da mesma forma que para cá vieram Espíritos que nos ajudaram muitíssimo, visto serem bem mais evoluídos intelectualmente do que aqueles que por aqui já se encontravam àquela época, igualmente é possível que da Terra muitos Espíritos também sejam “convidados” a se retirar, provisória ou definitivamente, em razão da persistência no mal, dificultando ou quase entravando a marcha dos homens de boa vontade.

Coincidentemente, a Terra atravessa um período propício a estas maciças migrações, ou seja, é chegada a hora de o planeta alcançar à condição de mundo de regeneração, permanecendo entre nós apenas os Espíritos comprometidos com o bem e com a verdade.

E como há candidatos a daqui partirem, passando a ser conhecidos no mundo para o qual serão enviados como os Exilados da Terra!

Basta observarmos os noticiários para nos convencermos da existência de incontáveis criaturas não dispostas a evoluírem moralmente, preferindo ainda agir sob o antigo lema de retribuir as possíveis injustiças com a espada.

São os belicosos habitantes de variadas nacionalidades, mantendo ainda a conduta voltada ao conflito, à beligerância, às conquistas materiais, aos abusos de toda ordem; outros, ainda, por incrível que pareça, armam-se para dizimar os seus “possíveis inimigos”, inclusive os que habitam a Pátria do Cruzeiro.

Além destes temos: os amantes da licenciosidade; os que desfrutam das ilusórias delícias oferecidas pela matéria; os adictos inveterados; os desvirtuados do sexo, mantendo continuados e extravagantes conúbios com a espiritualidade inferior; os detentores de riquezas mal ganhas e mal empregadas, que não se compadecem dos que passam fome; os políticos alucinados, os que desfrutam de seus cargos em detrimento do bem-estar da coletividade.

Diante de um quadro de tal natureza, em breve atingiremos o fundo do poço, fruto da continuada violência, da sensualidade exacerbada, dos escândalos de toda ordem, da corrupção desenfreada, das doenças em massa, que desafiam os especialistas. Não foi sem razão que o Mestre de Lyon asseverou: “[…] É preciso que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”[3].

Nesta hora grave, é sempre bom recordar o capítulo 20 do extraordinário livro O Evangelho segundo o Espiritismo, intitulado “Os trabalhadores da última hora”[4].

Sim, os espíritas, são exatamente os últimos chamados mencionados no título do capítulo da obra referida, alguns talvez reconvocados, recebendo agora a derradeira oportunidade de adquirir o direito de continuar embarcados na Nau Terra, rumando inexoravelmente para águas mais calmas e tranquilas, na imensidão dos mares siderais, onde a brisa fresca destes novos oceanos substituirá as intermináveis borrascas e tempestades que há bom tempo enfrentamos.

E o que têm feito os espíritas, a fim de que seus nomes não sejam inscritos no rol dos candidatos que mais tarde serão expulsos da Terra?

O expurgo já começou[5]. A espiritualidade nos dá notícias, desde meados do século passado, de que muitos desencarnam e não mais retornam; não conseguem o bilhete de volta… Para seus lugares foram e são destinados novos Espíritos de outro orbe, nem todos, ao que entendemos, exilados propriamente ditos, mas missionários, abnegados trabalhadores desejosos de nos dar uma mãozinha, reencarnando em massa para que saiamos em definitivo deste ciclo de repetição de provas e infindáveis expiações. Outros, entretanto, aportando agora na Escola Terra, experimentarão uma forma de exílio temporário, repetindo o padrão dos antigos exilados de Capela, intelectualizados, mas tardios quanto à evolução moral[6].

Na obra “Transição Planetária”[7], o autor informa que muitos dos Espíritos que desencarnaram durante o purificador tsunami que atingiu certas regiões asiáticas, já não retornam mais, e a razão se funda na conduta licenciosa vivenciada na região, tanto por parte dos habitantes locais, como dos de outras nacionalidades, que para lá se dirigiam com o objetivo exclusivo de experimentar os desvios de toda ordem na esfera sexual.

E nós, por que ainda continuamos vacilantes, a despeito de recebermos as mais elucidativas explicações e orientações sobre o funcionamento das Leis de Deus? Por que não pegamos com vontade a charrua e aramos o solo duro das próprias vidas, a fim de que dê frutos saborosos, quem sabe a cem por um?

Estaria o chamamento de Jesus acima de nossas forças? Precisamos de algo mais? Bons livros os temos aos milhares, exemplos também são inúmeros, provindos dos incansáveis batalhadores que nos antecederam e de alguns que conosco ainda partilham a jornada.

Já dispomos do Evangelho de Jesus e da rica literatura espírita, norteando as nossas ações; igualmente conhecemos as vidas dos mártires, testemunhos inolvidáveis em todos os tempos, para nos incentivar e inspirar! De que mais precisamos?

 

Fonte: Agenda Espírita Brasil



[2] XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. A Índia, it. Os arianos puros.

[3] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. questão 784.

[4] O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. it. 2.

[5] FRANCO, Divaldo P. Transição Planetária. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. cap. 2 – O visitante especial. p. 26.

[6] ______. cap. 3 – A mensagem revelação. p. 35 e 36.

[7] ______. cap. 6 – O serviço de iluminação. p. 62 e 63.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

PANDEMIA – VALE A PENA VIVER III[1]

 


José Lucas – Óbidos, Leiria, Portugal

 

A SOLIDÃO!

Já abordámos “o medo” e “a ilusão da morte”, ambas no âmbito da presente pandemia mundial da COVID19.

Desde Março de 2020 temos passado por vários confinamentos, contra os quais as pessoas se insurgem. Parafraseando o cientista, espírita, brasileiro, Eng.º Hernani Guimarães Andrade, “as opiniões são como os narizes, mas ninguém tem o direito de esmurrar o nariz do próximo, só por ser diferente”. Numa Sociedade organizada, o bem comum deve prevalecer sobre a opinião particular, bem como sobre os interesses pessoais. Quem decide, por vezes toma decisões difíceis, tendo em conta múltiplos pontos de vista e, nem sempre acerta.

Se em tempo de guerra não se limpam armas, como diz o povo, em tempo de pandemia devemos, em honestidade, fazer um esforço conjunto para que mais depressa tudo se resolva, pese embora as falhas estruturais do Estado, as falhas de cada um de nós, pois estamos a aprender a viver em Sociedade, reencarnação após reencarnação.

Certamente muitas pessoas passam grandes dificuldades, a vários níveis, habitacional, profissional, psicológico, alimentar, etc., mas, mesmo precários e com falhas, possuímos meios de entreajuda e de ajuda do Estado, que minimizam as situações.

Se olharmos para o planeta Terra, temos 80 milhões de refugiados, de deslocados, de pessoas que fugiram dos seus países, devido a guerras e outros fenómenos conjunturais.

80 milhões, são 8 vezes a população de Portugal. Gente que vive em tendas, em “campos de concentração”, outros nem tendas têm, sob um imenso calor ou temperaturas gélidas. Afinal, o nosso confinamento é um Hotel de 5 estrelas, onde comparativamente, não nos falta quase nada.

No entanto, há um fenómeno preocupante, que nos envolve a quase todos: a solidão!

Desabituados a preencher os espaços íntimos com leitura, meditação, repensar a vida, sermos solidários, ocuparmo-nos gratuitamente com quem está pior que nós, apenas pelo prazer de sermos úteis, as pessoas cansam-se de estar em casa.

Mantenhamos a chama da esperança dentro de nós, para que assim ela ilumine o caminho, por vezes escurecido pelas dificuldades do quotidiano, que também passarão…

Temos a solidão física, de quem vive sozinho, mas existe também a solidão psicológica, de quem se sente nesse estado interior, mesmo que rodeado de gente.

A Doutrina Espírita (Espiritismo) que não é mais uma religião ou seita, mas uma filosofia de vida, apresenta ao Homem uma proposta humanista, solidária, fraterna, tendo como lema “Fora da caridade não há salvação”, isto é, somente fazendo ao próximo, desinteressadamente, aquilo que desejamos para nós, evoluímos espiritualmente e sentimo-nos mais felizes e realizados.

Numa época em que quase todas as pessoas têm telefone, faça uma lista de pessoas que conhece, que possam eventualmente sentirem-se sozinhas e, envie uma SMS, faça um telefonema, crie uma periodicidade.

Se a moda pega, acabamos por fazer um uso útil e frutífero do telefone, em prol da Sociedade. Se devemos, por solidariedade, nas nossas preces, lembrar os que já estão no mundo espiritual, enviando-lhes pensamentos de ânimo e alegria, também temos a obrigação moral para com os que na Terra vivem em solidão, fazendo, dentro do possível a nossa parte.

Em 2018, o Primeiro-Ministro britânico, Theresa May criou o Ministério da Solidão, tendo em conta que no Reino Unido existem cerca de 9 milhões de pessoas que sofrem desta pandemia mundial, silenciosa, que mata mais que a maioria das doenças graves.

A chave do problema está na caridade, na fraternidade, no amor e no cuidado ao próximo, fazendo aos outros o que desejamos para nós, conforme ensinou Jesus de Nazaré.

Há múltiplas maneira de quebrar a solidão, linhas de apoio social, telefonar a um amigo, falar com um vizinho, telefonar a alguém.

Se mesmo assim não tiver ideias, contacte com o Centro de Cultura Espírita de Caldas da Rainha (www.cceespirita.wordpress.com), teremos todo o gosto em dar dois dedos de conversa, tentando sermos úteis.

Tudo passa na vida e, na certeza de que sempre estamos amparados pelos bons Espíritos que se interessam pelo nosso êxito, mantenhamos a chama da esperança dentro de nós, para que assim ela ilumine o caminho, por vezes escurecido pelas dificuldades do quotidiano que, também passarão…

 

 

Bibliografia:

Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo

                         - O Livro dos Espíritos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

AFINIDADE[1]

 


Miramez

 

Como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida?

‒ É necessário ser enviado ao meio em que possa sofrer a prova pedida. Pois bem: o semelhante atrai o semelhante, e para lutar contra o instinto do banditismo é preciso que ele se encontre entre gente dessa espécie.

Questão 260/O Livro dos Espíritos

 

Há Espíritos que podem escolher suas provas, mas, sempre dentro de uma escala de provações. Até a escolha deve obedecer a determinações. Liberdade maior, somente aos Espíritos Superiores.

Por vezes, o Espírito que tem certos defeitos a corrigir nasce em família com as mesmas faltas a serem corrigidas. Aí é que está sua maior prova, e a solução do problema está dentro dele.

Como nos fala O Livro dos Espíritos, uma alma que tem instintos de se apossar do alheio nasce em família que gosta de roubar; esse Espírito deve se esforçar, dentro do ambiente favorável ao erro, para se libertar daquilo que precisa para se tornar livre. Se renascer no lar já motivado pelo Evangelho, entre pessoas que já se limparam das mazelas das paixões inferiores, qual o esforço que ele terá que fazer para o seu aperfeiçoamento? Sabendo disso, escolhe lar compatível com as suas tendências. Isso é analogia de sentimentos. Atraímos o que somos, esta é a lei.

Quando um mundo passa para a escala de mundo superior, os Espíritos nele instalados, que se esquecerem da corrigenda, vão para outras moradas em plena conexão com os seus sentimentos. Essa é lei de justiça, e mesmo do amor. O Espírito inferior, que ainda não despertou para a realidade, indo morar em um mundo de luz, criará problemas inúmeros para os seus habitantes, que não merecem esse tipo de companhia.

Cada qual deve estagiar no lugar que a justiça indicar, locais esses que irão servir como escola, onde os processos grosseiros despertarão as qualidades nobres que se encontram latentes em todas as almas. Deus a ninguém desampara.

A Terra se aproxima dessa mudança, e quem a herdar será feliz, pois, não mais fará dívidas.

Quando a Terra mudar de dimensão, sair das provações para ser um mundo de regeneração, e daí para casa superior onde deverão habitar somente Espíritos de paz, os Espíritos inferiores não terão oportunidade de voltar a ela, mesmo querendo. Soframos, pois, com paciência, o que for necessário para a limpeza do fardo, no preparo para o paraíso, que pode ser a própria Terra.

O Cristo, através da Doutrina Espírita, vem anunciar o último aviso, de que o trigo se encontra maduro, e que a qualquer hora os ceifeiros virão à lavoura para colhê-lo e separá-lo do joio, que será queimado. Espíritas, aproveitai as oportunidades de renovação do vosso interior, e trabalhai com afinco no bem, fazendo da caridade a bandeira de luz que vos poderá guiar para a verdadeira fraternidade.

A lei dos iguais é absoluta, buscamos sempre estar ao lado daqueles que pensam do mesmo modo que nós. As ações pedem respostas e elas são do mesmo naipe, induzidas pela lei de justiça. O não façais aos outros o que não quereis para vós mesmos, é o melhor roteiro para quem quer tranquilizar a consciência.

O Espírito, ao chegar o momento de reencarnar, às vezes, não escolhe nascer entre pessoas de má vida, porém, as circunstâncias o induzem para tal. Não havendo outro recurso, ele aceita, e às vezes até escolhe isso, pois o caminho melhor é se redimir no mesmo ambiente em que errou. A perfeição exige luta, e para isso Jesus deu o maior dos testemunhos, subindo o Calvário com dignidade, perdoando e amando os que o injuriavam, dizendo que eles não sabiam o que faziam. Verdadeiramente, se eles soubessem, não fariam o que fizeram ao maior Espírito que já veio à Terra, protetor da humanidade, desde o princípio da formação do planeta.



[1] Filosofia Espírita – Volume 6 – João Nunes Maia

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

“ESPIRAL DA MORTE”: A FASE DERRADEIRA DA VIDA QUE OS CIENTISTAS TENTAM ENTENDER[1]

 


26 julho 2016

 

A morte é inevitável. Mas podemos prevê-la?

Alguns cientistas acreditam que sim. Segundo eles, experimentos com moscas-das-frutas revelaram uma nova e distinta fase da vida que anuncia seu fim: um estágio que chamam de espiral da morte ‒ na sua opinião, humanos também passam por ele.

Até 25 anos atrás, biólogos assumiam que havia apenas duas fases fundamentais da vida: infância e vida adulta, uma divisão que todos nós reconhecemos.

A infância é marcada pelo rápido crescimento e desenvolvimento, um estágio que precede nossa maturidade sexual. Durante essa fase, as chances de morrermos são constantemente pequenas.

A vida adulta começa quando atingimos a maturidade sexual, e a chance de morrermos nela também é pequena: nessa fase, estamos em nosso auge e mais propensos a procriar.

Mas, na medida em que o tempo avança, nossos corpos envelhecem e se degradam: a cada ano que passa, nossa probabilidade de morrer aumenta.

 

Complexidade

Nos anos 90, cientistas perceberam que a vida era um pouco mais complexa do que isso. E identificaram outra fase dela, pela qual os membros mais velhos de nossa sociedade passam ‒ a terceira idade.

A distinção da terceira idade para o restante da vida adulta é o padrão único de mortalidade. Se um homem de 60 anos tem uma chance muito maior de morrer que um de 50, uma pessoa com 90 tem praticamente a mesma chance que uma de 100.

"As taxas de mortalidade de estabilizam", explica Laurence Mueller, da Universidade da Califórnia, nos EUA.

A razão pela qual a estabilização ocorre ainda é alvo de intenso debate ‒ não há um argumento definitivo.

Mueller e seu colega de pesquisas, Michael Rose, dedicaram-se a procurar por sinais biológicos. "Queríamos saber se a reprodução ou a fecundidade feminina seguiam o mesmo padrão", explica.

Eles concentraram seus estudos no animal de laboratório preferido dos biólogos ‒ a mosca-das-frutas.

"Usamos 2.828 fêmeas e colocamos cada uma em um recipiente com dois machos. Todos os dias movíamos as fêmeas para um novo recipiente e contávamos quantos ovos tinham posto. Fizemos isso até que todas tivessem morrido".

As moscas normalmente vivem por diversas semanas, e os resultados iniciais pareciam ser desapontadores: as taxas de fertilidade não se estabilizaram de forma óbvia quando as moscas chegaram perto do final de suas vidas.

Mas eles notaram depois que uma mosca próxima da morte não tinha a mesma taxa de fertilidade de uma de mesma idade que teria mais algumas semanas de vida ‒ o número de ovos postos despencou nos 15 dias finais.

Mueller e Rose batizaram essa fase de "a espiral da morte", e desde 2007 vêm procurando por mais evidências dela.

Cinco anos mais tarde, descobriram que o ciclo de fertilidade de moscas macho seguia o mesmo padrão de declínio. E neste ano, conseguiram prever se uma mosca morreria em determinado dia apenas avaliando o quão fértil tinha sido nos três dias anteriores ‒ ignorando outras informações, como a idade do inseto.

E os pesquisadores não são os únicos a estabelecer conexões entre fertilidade e morte.

James Curtsinger, da Universidade de Minnesota (EUA), também faz experiências com envelhecimento e morte em moscas-das-frutas, e seu trabalho tem conclusões semelhantes.

Mas o cientista também descobriu que essa queda de fertilidade não depende da idade ‒ por isso, ele acredita que a espiral da morte é um conceito vago.

Sua terminologia é aposentadoria ‒ e ela é fácil de identificar em fêmeas. Começa no momento em que uma falha em colocar um único ovo.

Uma fêmea é capaz de colocar 1,2 mil ovos durante sua vida. Então, se passa um dia inteiro sem fazê-lo, isso é sinal de que algo está muito errado.

Mas Curtsinger não tem uma explicação para essa ligação forte entre fertilidade e morte.

James Carey, da Universidade da Califórnia, acredita que isso seja mais um sinal de que a reprodução tem um custo para pais, em especial para as fêmeas ‒ mulheres podem ter problemas dentais, por exemplo, como consequência de terem muitos filhos.

Mais de dez anos atrás, Carey e seus colegas demonstraram que conseguiam alterar a longevidade de ratos se alterassem seu ciclo reprodutivo ‒ fizeram transplantes de ovários em fêmeas, e as ratas viveram mais do que o esperado após a cirurgia.

"Encontramos sinais de que fêmeas com novos ovários tinham corações mais saudáveis do que as que não passaram por transplantes", diz Carey.

Mueller continua convicto de que pessoas destinadas a morrer de causas naturais passarão por um momento "espiral".

Ele cita um estudo na Dinamarca em que um grupo de voluntários nonagenários de um asilo passou por uma bateria de testes para checar força, coordenação e agilidade mental.

Anos mais tarde, eles voltaram ao local e descobriram que as pessoas que tinham morrido eram as que tinham registrado os piores resultados.

Ele acredita que seu trabalho com as moscas pode revelar estratégias para atrasar a morte, de forma que o declínio comece dias antes, em vez de semanas. "Seria interessante ficarmos saudáveis que nem todo mundo até bem perto de nossa morte".

O sucesso dessa empreitada pode representar mais qualidade de vida para humanos.

 

 

Leia a versão original dessa reportagem (em inglês) no site BBC Earth

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O PRÍNCIPE DE HOHENLOHE, MÉDIUM CURADOR[1]

 



Allan Kardec

 

A mediunidade curadora está na ordem do dia, e tudo quanto se liga a esta questão oferece um interesse de atualidade.

Tomamos do Vérité, de Lyon, de 21 de outubro de 1866, o artigo seguinte sobre as curas do príncipe de Hohenlohe, que fizeram grande sensação na época. Esta notícia faz parte de uma série de artigos muito instrutivos sobre os médiuns curadores.

A este respeito, sentimo-nos felizes por constatar que o Vérité, que está no seu quarto ano, prossegue com sucesso o curso de suas sábias e interessantes publicações, que projetam luz sobre a história do Espiritismo e no-lo mostram em toda parte, na antiguidade como nos tempos modernos. Se, sobre certos pontos, não partilhamos de todas as opiniões de seu principal redator, o Sr. A. P..., não deixamos de reconhecer que, por suas laboriosas pesquisas, ele presta à causa um serviço real, que todos os espíritas sérios apreciam.

Com efeito, provar que a Doutrina Espírita atual é a síntese de crenças universalmente espalhadas, partilhadas por homens cuja palavra faz autoridade e que foram nossos primeiros mestres em filosofia, é mostrar que ela não se assenta sobre a base frágil da opinião de um só. Que desejam os espíritas, senão encontrar o maior número possível de aderentes às suas crenças?

Para eles, isto deve ser uma satisfação e, ao mesmo tempo, uma consagração de suas ideias, encontrá-las mesmo antes deles. Jamais compreendemos que homens de bom-senso tenham podido concluir contra o Espiritismo moderno que ele não é o primeiro inventor dos princípios que proclama, ao passo que aí está precisamente o que constitui uma parte de sua força e deve acreditá-lo. Alegar a sua ancianidade[2] para denegri-lo, é mostrar-se soberanamente ilógico, e tanto mais desajeitado quanto ele jamais se atribuiu o mérito da primeira descoberta. É, pois, equivocar-se estranhamente sobre os sentimentos que animam os espíritas, atribuir a estes ideias muito estreitas, e uma tola pretensão pensar em molestá-los, objetando-lhes que o que professam era conhecido antes deles, quando os espíritas são os primeiros a explorar o passado para aí descobrir os traços da ancianidade de suas crenças, que fazem remontar às primeiras idades do mundo, porque são fundadas em leis da Natureza, que são eternas.

Nenhuma grande verdade saiu, com todas as suas peças, do cérebro de um indivíduo; todas, sem exceção, tiveram precursores, que as pressentiram ou as entreviram em algumas partes. O Espiritismo se honra, pois, de contar os seus por milhares e entre os homens mais justamente considerados. Pô-los à luz é mostrar o número infinito de pontos pelos quais ele se liga à história da Humanidade.

Mas em parte alguma o Espiritismo encontra-se completo; sua coordenação em corpo de doutrina, com todas as suas consequências e suas aplicações, sua correlação com as ciências positivas, é uma obra essencialmente moderna, mas por toda parte encontram-se os seus elementos esparsos, misturados a crenças supersticiosas de que foi preciso fazer a triagem. Se se reunissem as ideias que se acham disseminadas na maioria das filosofias modernas, nos escritores sacros e profanos, os fatos inumeráveis e infinitamente variados que se produziram em todas as épocas, e que atestam as relações do mundo visível e do mundo invisível, chegar-se-ia a constituir o Espiritismo tal qual é hoje: é o argumento invocado contra ele por certos detratores. Foi assim que ele procedeu? É uma compilação de ideias antigas rejuvenescidas pela forma? Não; ele saiu todo inteiro das observações recentes, mas, longe de se julgar diminuído pelo que foi dito e observado antes dele, sente-se fortificado e engrandecido.

Uma história do Espiritismo antes da época atual ainda está por fazer. Um trabalho desta natureza, feito conscienciosamente, escrito com precisão, clareza, sem desenvolvimentos supérfluos e fastidiosos, que tornariam penosa sua leitura, seria uma obra eminentemente útil, um documento precioso a consultar. Seria antes uma obra de paciência e de erudição que uma obra literária, e que consistiria principalmente na citação das passagens dos diversos escritores que emitiram pensamentos, doutrinas ou teorias que se acham no Espiritismo de hoje. Aquele que fizer esse trabalho com seriedade terá muito merecido da Doutrina.

Voltemos ao nosso assunto, do qual, sem o querer, nos desviamos um pouco, mas talvez não sem utilidade.

O Espiritismo moderno não descobriu nem inventou a mediunidade curadora e os médiuns curadores, como não descobriu nem inventou os outros fenômenos espíritas. Desde que a mediunidade curadora é uma faculdade natural, submetida a uma lei, como todos os fenômenos da Natureza, deve ter-se produzido em diversas épocas, como o constata a História; mas estava reservado ao nosso tempo, com o auxílio das novas luzes que possuímos, lhe dar uma explicação racional e fazê-la sair do domínio do maravilhoso. O príncipe de Hohenlohe nos oferece um exemplo, tanto mais notável porque os fatos se passaram antes que se cogitasse do Espiritismo e dos médiuns. Eis o resumo dado pelo jornal Vérité:

 

No ano de 1829, veio a Wurtzbourg, cidade considerável da Baviera, um santo padre, o príncipe de Hohenlohe. Enfermos e doentes foram pedir-lhe, para obter do céu a sua cura, o socorro de suas preces. Ele invocava sobre eles as graças divinas, e logo se viu grande número desses infortunados curados de repente. O rumor dessas maravilhas repercutiu longe. A Alemanha, a França, a Suíça, a Itália, uma grande parte da Europa foi informada disto. Numerosos escritos foram publicados, que perpetuarão a lembrança. Entre as testemunhas autênticas e dignas de fé, que certificam a realidade dos fatos, basta aqui transcrever algumas, cujo conjunto forma uma prova convincente.

Preliminarmente, eis um extrato do que a respeito escreve o Sr. Scharold, conselheiro de legação em Wurtzbourg, e testemunha de grande parte das coisas que relata.

Há dois anos, uma princesa de dezessete anos, Matilde de Schwartzemberg, filha do príncipe deste nome, achava-se na casa de saúde do Sr. Haine, em Wurtzbourg. Era-lhe absolutamente impossível andar. Em vão os médicos mais famosos da França, da Itália e da Áustria tinham esgotado todos os recursos de sua arte para curar a princesa desta enfermidade. Somente o Sr. Haine, que se tinha servido das luzes e da experiência do célebre médico Sr. Textor, tinha conseguido, graças aos cuidados prodigalizados à doente, pô-la em estado de ficar de pé, e ela própria, fazendo esforços, tinha conseguido executar alguns movimentos como para andar, mas sem andar realmente. Pois bem! A 20 de junho de 1821 ela deixou o leito de repente e andou com inteira liberdade.

Eis como a coisa se passou. Cerca de dez horas da manhã o príncipe de Hohenlohe foi visitar a princesa, que mora em casa do Sr. Reinach, deão do capítulo. Quando entrou em seu apartamento, perguntou-lhe, como em conversa, na presença de sua governanta, se acreditava firmemente que Jesus-Cristo pudesse curá-la de sua enfermidade. À sua resposta de que estava inteiramente persuadida, o príncipe disse à piedosa doente que orasse do mais profundo do coração e pusesse sua confiança em Deus.

Quando ela parou de orar, o príncipe lhe deu sua bênção e disse: ‘Vamos, princesa, levantai-vos; agora estais curada e podeis andar sem dores...’ Todo mundo da casa foi chamado imediatamente. Não sabiam como exprimir o seu assombro por uma cura tão pronta e tão incompreensível. Todos caíram de joelhos na mais viva emoção e entoaram louvores ao Todo-Poderoso. Cumprimentaram a princesa por sua felicidade e juntaram suas lágrimas às que a alegria fazia correr de seus olhos.

A notícia espalhou-se pela cidade e causou espanto. Corriam em multidão para se assegurarem do acontecimento pelos próprios olhos. No dia 21 de junho a princesa já se havia mostrado em público. Impossível descrever o êxtase que ela experimentou, vendo-se fora de seu estado de cruéis sofrimentos.

No dia 25 o príncipe de Hohenlohe deu outro exemplo notável da graça que possui. A esposa de um ferreiro da Rua Semmels não ouvia mais as grandes marteladas de sua forja. Foi encontrar o príncipe no pátio do presbitério Hung e lhe suplicou que a socorresse. Enquanto estava ajoelhada, ele lhe impôs as mãos sobre a cabeça e, tendo orado algum tempo, com os olhos erguidos para o céu, tomou-a pela mão e a levantou. Qual não foi o espanto dos espectadores quando essa mulher, erguendo-se, disse que ouvia o tilintar do relógio da igreja! Voltando para casa, não se cansava de contar a todos os que a interrogavam o que acabava de lhe acontecer.

No dia 26, uma pessoa ilustre (o príncipe real da Baviera) foi curado imediatamente de uma doença que, segundo as regras da Medicina, devia exigir muito tempo e daria muito sofrimento. Esta notícia causou viva alegria nos corações dos habitantes de Wurtzbourg.

O príncipe de Hohenlohe não foi menos feliz na cura de uma doente que duas vezes tinham tentado curar, mas que, de cada vez, só tinham obtido um ligeiro alívio. Esta cura foi operada na cunhada do Sr. Broili, negociante. Desde muito ela era afligida por uma paralisia muito dolorosa. A casa ribombou de gritos de alegria.

No mesmo dia a viúva Balzano recuperou a vista, pois há vários anos estava completamente cega. Convenci-me por mim mesmo deste fato.

Apenas saído do espetáculo desta cena tocante, fui testemunha de outra cura, operada na casa do Sr. general D... Uma jovem mulher tinha a mão direita tão gravemente estropiada, que não podia usá-la nem estendê-la. Ela imediatamente deu prova de sua perfeita cura, levantando com a mesma mão uma cadeira muito pesada.

No mesmo dia um paralítico, cujo braço esquerdo se havia definhado, foi curado completamente. Uma cura de dois outros paralíticos ocorreu logo depois. Ela foi tão completa e ainda mais pronta.

No dia 28 eu mesmo vi com que prontidão e segurança o príncipe de Hohenlohe curou crianças. Tinham-lhe trazido uma do campo que só andava com muletas. Poucos minutos depois essa criança, transportada de alegria, corria sem muletas pelas ruas. Entrementes, uma criança muda, que apenas soltava alguns sons inarticulados, foi trazida ao príncipe; alguns minutos depois começou a falar. Logo uma pobre mulher trouxe sua filhinha às costas, estropiada das duas pernas; colocou-a aos pés do príncipe. Um momento depois ele entregou a criança à sua mãe, que então viu a filha correr e pular de alegria.

No dia 29, uma mulher de Neustadt, paralítica e cega, foi-lhe trazida numa charrete. Estava cega há vinte e cinco anos. Cerca de três horas da tarde ela se apresentou no castelo da residência de nossa cidade, para implorar o socorro do príncipe de Hohenlohe, no momento em que ele entrava no vestíbulo, construído sob a forma de uma grande tenda. Caindo aos pés do príncipe, ela lhe suplicou, em nome de Jesus-Cristo, que a socorresse. O príncipe orou por ela, deu-lhe sua bênção e perguntou se acreditava firmemente que pudesse, em nome de Jesus, recobrar a vista. Como respondesse que sim, disse a ela que se levantasse. Retirou-se. Mal se havia afastado alguns passos, seus olhos abriram-se de repente. Ela viu e deu todas as provas que lhe pediram da faculdade que acabava de recobrar. Todas as testemunhas desta cura, entre as quais grande número de senhores da corte, ficaram extasiadas de admiração.

A cura de uma mulher do hospital civil, que haviam trazido ao príncipe, não é menos admirável. Essa mulher, chamada Elisabeth Laner, filha de um sapateiro, tinha a língua tão vivamente afetada que, por vezes, passava quinze dias sem poder articular uma sílaba. Suas faculdades mentais tinham sofrido muito. Tinha perdido quase completamente o uso dos membros, de sorte que jazia no leito como uma massa. Pois bem! Essa pobre infeliz foi hoje ao hospital sem ajuda de ninguém. Goza de todos os sentidos, como há doze anos, e sua língua soltou-se tão bem que ninguém no hospício fala com tanta volubilidade quanto ela.

No dia 30, à tarde, o príncipe deu um exemplo extraordinário de cura. Uma carroça, em volta da qual estavam reunidos milhares de espectadores, tinha vindo de Musmerstadt. Nela estava um pobre estudante, paralítico dos braços e das pernas, definhados de maneira assustadora.

Suplicado pelo infeliz para aliviá-lo, o príncipe veio à carroça. Orou cerca de cinco minutos, as mãos postas e erguidas para o céu. Falou várias vezes ao estudante e, enfim, lhe disse: ‘Levantai-vos, em nome de Jesus-Cristo.’ O estudante realmente se levantou, mas com sentimentos que não pôde dissimular. O príncipe lhe disse que não perdesse a confiança. O infortunado que, alguns minutos antes, não podia mover braços nem pernas, endireitou-se e ficou perfeitamente livre na carroça. Depois, erguendo os olhos para o céu, onde se viam desenhados o mais terno reconhecimento, exclamou: ‘Ó Deus! Vós me socorrestes!’ Os espectadores não puderam conter as lágrimas.

As curas miraculosas operadas em Wurtzbourg pelo príncipe de Hohenlohe poderiam oferecer assunto para mais de cem quadros de ex-voto.

 

Notar-se-á a impressionante analogia que existe entre estes fatos de cura e os de que somos testemunhas. O Sr. De Hohenlohe se achava nas melhores condições para o desenvolvimento de sua faculdade e, por isso, a conservou até o fim. Como nessa época não se conhecia a sua verdadeira origem, era considerada como um dom sobrenatural e o Sr. Hohenlohe como operante de milagres. Mas, por que é olhada por algumas pessoas como um dom do céu, e por outras como uma obra satânica? Não conhecemos nenhum médium curador que tenha dito tirar seu poder do diabo; todos, sem exceção, só operam invocando o nome de Deus e declarando nada poder fazer sem a sua vontade. Os mesmos que ignoram o Espiritismo e agem por intuição, recomendam a prece, na qual reconhecem um poderoso auxiliar. Se agissem pelo demônio, seriam ingratos em renegá-lo, e este último não é tão modesto, nem tão desinteressado para deixar àquele que procura combater o mérito do bem que faz, porque isto seria perder seus auxiliares, em vez de recrutá-los. Alguma vez se viu um negociante elogiar aos seus clientes a mercadoria de seu vizinho a expensas da sua e os compelir a ir a ele? Na verdade, têm razão de rir do diabo, porque dele fazem um ser muito tolo e muito estúpido.

A comunicação seguinte foi dada pelo príncipe de Hohenlohe na Sociedade de Paris.

 

(Sociedade de Paris, 26 de outubro de 1866 – Médium: Sr. Desliens)

 

Senhores, venho entre vós com tanto mais prazer quanto minhas palavras podem tornar-se para todos um útil assunto de instrução.

Frágil instrumento da Providência, pude contribuir para fazer glorificar o seu nome e venho de boa vontade entre aqueles que têm por objetivo principal conduzir-se segundo as suas leis, e progredir tanto quanto neles está o caminho da perfeição.

Vossos esforços são louváveis e me considerarei como muito honrado por assistir algumas vezes aos vossos trabalhos. Vamos, então, desde já, às manifestações que provocaram minha presença entre vós.

Como dissestes com toda razão, a faculdade de que eu era dotado era simplesmente o resultado de uma mediunidade. Eu era instrumento; os Espíritos agiam e, se algo eu pude, não foi senão por meu grande desejo de fazer o bem e pela convicção íntima de que tudo é possível a Deus. Eu acreditava!... E as curas que obtinha vinham incessantemente aumentar a minha fé.

Como todas as faculdades mediúnicas, que hoje concorrem para a vulgarização do ensino espírita, a mediunidade curadora foi exercida em todos os tempos e por indivíduos pertencentes às diversas religiões. – Deus espalha por toda parte seus mais adiantados servos, para deles fazer balizas de progresso, entre os próprios que estão mais afastados da virtude e, direi mesmo, sobretudo entre estes... Como um bom pai que ama igualmente todos os filhos, sua solicitude se manifesta sobre todos, mas mais particularmente sobre os que mais necessitam de apoio para avançar. – É assim que não é raro encontrar homens dotados de faculdades extraordinárias para a multidão, entre os simples. E, por esta palavra, eu entendo aqueles cuja pureza de sentimentos não foi ofuscada pelo orgulho e pelo egoísmo. É verdade que a faculdade também pode existir em pessoas indignas, mas não é, nem poderia ser, senão passageira. É um meio enérgico de lhes abrir os olhos: tanto pior para os que se obstinam em mantê-los fechados.

Entrarão novamente na obscuridade de onde saíram, com a confusão e o ridículo por cortejo, se mesmo Deus não punir, desde esta vida, seu orgulho e sua obstinação em desconhecer a sua voz.

Seja qual for a crença íntima de um indivíduo, se suas intenções forem puras, e se estiver inteiramente convencido da realidade do que crê, pode, em nome de Deus, operar grandes coisas. A fé transporta montanhas: dá a vista aos cegos e o entendimento espiritual aos que antes erravam nas trevas da rotina e do erro.

Quanto à melhor maneira de exercer a faculdade de médium curador, há apenas uma: É ficar modesto e puro e referir a Deus e às potências que dirigem a faculdade tudo o que se realiza.

Os que perdem os instrumentos da Providência é que não se julgam simples instrumentos; querem que seus méritos sejam em parte causa da escolha feita de sua pessoa; o orgulho os embriaga e o precipício se entreabre sob seus pés.

Educado na religião católica, penetrado da santidade de suas máximas, tendo fé em seu ensino, como todos os meus contemporâneos, eu considerava como milagres as manifestações de que era objeto. Hoje sei que a coisa é muito natural e que pode e deve conciliar-se com a imutabilidade das leis do Criador, para que sua grandeza e sua justiça permaneçam intactas.

Deus não poderia fazer milagres!... Porque então seria dar a presumir que a verdade não fosse bastante forte para afirmar-se por si mesma e, por outro lado, não seria lógico demonstrar a eterna harmonia das leis da Natureza, perturbando-as com fatos em desacordo com a sua essência.

Quanto a adquirir a faculdade de médium curador, não há método para isto; todo mundo pode, em certa medida, adquirir esta faculdade e, agindo em nome de Deus, cada um fará suas curas.

Os privilegiados aumentarão em número à medida que a Doutrina se vulgarizar, e é muito simples, pois haverá mais indivíduos animados de sentimentos puros e desinteressados.

 

Príncipe de Hohenlohe



[1] Revista Espírita – Dezembro/1866 – Allan Kardec

[2] Velhice.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

AURINO COSTA[1]

  


Aurino Costa nasceu em 4 de junho de 1914, na Serra de Santíssimo (hoje Bairro de Santíssimo na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro). Aurino nasceu normal, cresceu rápido, andou... Correu como toda a criança até completar sete anos, foi quando começou a sentir dores e câimbras nas pernas.

Aos doze anos foi morar com sua irmã e conseguiu seu primeiro emprego, como aprendiz de eletricista enrolador, em uma oficina de consertos de motores elétricos, no bairro de Vila Isabel/RJ. Nesta época ele trabalhava de dia e estudava à noite. Aos quinze anos, quando já trabalhava há três anos na oficina e usufruía a confiança de seu chefe, foi convidado a acompanhá-lo em um trabalho no município de Angra dos Reis/RJ. Lá chegando começou a não se sentir bem, os pés incharam, ficaram pretos e começaram a doer. Após uma semana, não suportando mais as dores retornou a cidade do Rio de Janeiro. E com o agravamento da doença, precisou abandonar o emprego, visto que as dores não o deixariam mais. Estava quase sem movimentos, movia-se com muita dificuldade. A doença agora agia em ritmo acelerado. Em breve não ficaria mais de pé.

 As preocupações surgiram com a possibilidade de ficar entrevado. Seus membros se deformavam. Só lhe restava conviver com as deficiências, como se elas fossem um novo padrão de normalidade, “alguns devem aprender a ser domadores de suas tempestades e aquietá-las, o mais possível, para não correrem o risco de ser a própria tempestade”.

 Seu estado físico se agravava. Aos dezessete anos perdeu a flexão da perna direita e a esquerda piorava. Quis estudar... Não pode. Tentou ser técnico em motores elétricos... Não pode. Não andava mais. Preso ao leito sua juventude e paciência atraíam a simpatia de muitos conhecidos e de novos amigos. Ganhava muitos livros e passou a dedicar-se a leitura. Tornou-se autodidata aumentando o seu conhecimento e desenvolvendo uma visão mais ampla das coisas. Dedicou-se também à leitura de obras espiritualistas, pois na ocasião já se tornara espírita.

Aos dezenove anos, aproximadamente, sua situação se agravou. Internou-se na Santa Casa e, após diversas pesquisas, a doença foi diagnosticada como Artrite Reumatoide Infecciosa.

 Certa manhã ao despertar apoiou a mão para se sentar, porém a bacia do lado direito não flexionou. Daí por diante, as articulações foram enrijecendo, obrigando-o a ficar permanentemente na posição horizontal. A indagação, o estudo, as leituras, a busca para o entendimento para os problemas humanos e espirituais, tornou-se constante. Pensou no futuro, depois que as grandes tempestades houvessem passado, faria alguma coisa que desse expressão à sua experiência... Os médicos o haviam desenganado. Sabia que não se recuperaria mais, voltou para casa desiludido, mas não revoltado. Aprendeu que sua posição horizontal seria a sua normalidade. Acalentava no âmago, à vontade de fazer algo pelas pessoas semelhantes a ele.

 Chegou aos vinte e quatro anos pensando em como daria partida aos seus planos. Desejava canalizar suas energias para um trabalho assistencial, voltado para os Portadores de Necessidades Especiais, sem base econômica, que lhes amenizasse a situação. Com o falecimento de sua mãe, mudou-se para a sede do Grêmio Espírita Luz e Amor, no bairro de Bangu/RJ, que tinha como o seu presidente o Sr. Vicente Moretti, e lá Aurino viveria por vinte e dois anos e prepararia a fundação da ACVM.

 Aurino, ainda participou de algumas sociedades comerciais, o que lhe desenvolveu uma visão empresarial.

A ideia de uma obra social nasceu como vimos da própria situação de Aurino, que viveu a problemática dos Portadores de Necessidades Especiais que lutavam e lutam até os dias atuais, com grande dificuldade. Sua ideia encontrou grande receptividade junto aos seus amigos, que logo o apoiaram e se prontificaram a ajudar no que fosse possível. Estava, na época, organizando uma caixa de socorro para o auxílio aos necessitados. Preparava também o quadro social e já conseguira alguns sócios. Foi quando em 1958, Aurino conheceu Geraldo de Aquino, que pertencia à obra de assistência social Paulo de Tarso e que também possuía o desejo de fundar uma obra assistencial para atender aos Portadores de Necessidades Especiais. No encontro acertou-se a fundação da obra idealizada por ambos, no terreno da Rua Maravilha. Quando tudo estava resolvido, o estado de saúde de Aurino agravou-se por dois anos. E seus planos tiveram que esperar... Quando se sentiu mais fortalecido, escreveu a Geraldo, que respondeu explicando que devido a outros compromissos já assumidos, não poderia mais participar, porém doou o terreno da Rua Maravilha, 308, no bairro de Bangu/RJ, para a fundação da obra.

 Lá havia pequena construção, Aurino mandou construir uma pequena casa e logo que ficou pronta mudou-se para poder estabelecer as bases do trabalho.  Sendo marcada a data da fundação.

 A partir da Diretoria Efetiva, a Instituição começou a se desenvolver. Foram feitas campanhas para ampliar o número de sócios, venda de papel e latas, almoços, chás e etc. O trabalho continuou árduo para que pequena e frágil árvore Moretti pudesse crescer.

 O tempo corria célere e a deficiência respiratória de Aurino agravou-se, foi quando lhe foi orientado a amputação de suas pernas, para que na posição vertical, em uma cadeira de rodas, ele pudesse se locomover e sanar em parte a suas dificuldades físicas. Em 19 de junho de 1967, submeteu-se a cirurgia. E na posição vertical tornou-se mais ativo. Passando a dedicar-se cada vez mais ao crescimento da Instituição.

 E após anos vividos em função da Ação Cristã Vicente Moretti, Aurino teve a importância de sua obra reconhecida pelo vereador Carlos de Carvalho, que o homenageou com a medalha de Mérito Pedro Ernesto.

 Nos meses seguintes ele foi se desligando dos seus afazeres, sentia-se enfraquecer... Sua missão na Terra estava por findar-se.

 E na madrugada do dia 19 de dezembro de 1986, foi internado na Beneficência Portuguesa, onde desencarnou.

 

Um Deficiente Eficiente: "a Vida de Aurino Costa" - Fernando J. Uchôa

 

sábado, 20 de fevereiro de 2021

REUNIÕES PELA INTERNET COMO ALTERNATIVA PARA GRUPOS ESPÍRITAS[1]

 


Carlos A. I. Bernardo – 30/Março/2020

 

Em tempos de Coronavírus, como recomendam as autoridades, vale evitar reuniões presenciais. Isto se aplica também aos grupos espíritas. Aliás, é uma medida que os grupos espiritas estão seguindo.

Não é falta de fé, é sensatez. Não podemos empurrar para os amigos espirituais obrigações nossas e a segurança física dos nossos grupos é uma delas.

Não estou tratando aqui das instituições espíritas que desenvolvem atividades que não podem parar, como hospitais e abrigos de idosos desamparados, que neste momento estão também na linha de frente da batalha contra o COVID-19. Falo das nossas reuniões de estudo e de atividades mediúnicas práticas.

Mantermos o distanciamento não significa parar totalmente. Podemos realizar as reuniões pela Internet, há exemplos práticos disso. Um deles é o Grupo de Estudos Avançados Espíritas – GEAE,  que atualmente está em sua 55ª Reunião Virtual.

As reuniões, conduzidas por Raul Franzolin, são feitas com o uso da ferramenta Zoom e são dedicadas aos estudos da doutrina espírita. Contam com participantes de diversas localidades e ocorrem aos domingos à noite.

As reuniões dos primórdios do espiritismo eram familiares, assim, os Espíritos não estão limitados a atuar somente no espaço da sede física do grupo espírita. Por conveniência, pela facilidade de organização, pelo ambiente dedicado as reuniões, as instalações físicas apropriadas são importantes, mas não são imprescindíveis.

Não há limitação teórica mesmo para a realização de sessões práticas remotas, excetuando-se naturalmente as de tratamento espiritual ou de desobsessão, que demandam a atuação conjunta de um grupo de pessoas em um ambiente especialmente preparado.

A comunhão de pensamentos e a atuação do plano espiritual não são afetadas pela distância, atividades mais controladas de comunicação, podem ocorrer em atuação conjunta pelos meios eletrônicos, aplicando-se a mesma organização e disciplina de uma reunião presencial.

As plataformas de comunicação pela Internet já são bastante conhecidas. A que citei, usada pelo GEAE, permite reuniões com até 100 pessoas. Muito fácil de usar, roda em qualquer navegador, inclusive pelo smartphone. Basta um anfitrião abrir a sala e enviar o link para os demais participantes. Em sua versão paga, possibilita reuniões que se estendem pelo dia todo.

Não tenhamos dúvida, com a cooperação de todos, venceremos o Coronavírus!

 

A paz esteja convosco!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

PANDEMIA – VALE A PENA VIVER II[1]

 


José Lucas – Óbidos, Leiria, Portugal

 

A Ilusão da Morte

No primeiro artigo, abordámos como se pode perder o medo da morte, através da razão, da espiritualidade raciocinada, baseada em factos que comprovam a imortalidade do Espírito.

Agora, vamos abordar a morte, propriamente dita.

Desde sempre considerada como má, a pior coisa que pode acontecer, uma desgraça sem retorno, a morte morreu com o Espiritismo em 1857, já que demonstrou que a vida continua após o decesso do corpo físico.

Em termos da pandemia da COVID19, o número de pessoas que já desencarnaram (faleceram) no mundo todo, já ultrapassa os 2 milhões (em Fevereiro de 2021).

Pode-se dizer que é pouco, se comparado com a anterior pandemia, há 100 anos.

 

No entanto como eu convivo com a morte?

Como convivo com essa possibilidade, agora amplificada pela pandemia?

Como reajo à morte de amigos, conhecidos, colegas, familiares?

De um modo geral, encontramos nas redes sociais votos de condolências, de pesar, numa maneira de demonstrar solidariedade, nestes momentos inesperados. Outros, referem-se a perdas de pessoas, perdas irreparáveis. Outros ainda, respeitando a tradição, deixam mensagens de “RIP” ou “descansa em paz”.

Mas, se a Doutrina dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina Espírita – que não é mais uma seita nem religião, mas sim uma filosofia de vida) demonstrou a imortalidade do Espírito, como encarar estas práticas sociais, habituais, enraizadas nas religiões tradicionais?

Como é o despertar do Espírito no mundo espiritual após o decesso do corpo físico?

As pesquisas de Allan Kardec, utilizando o método científico, as investigações efectuadas pela Metapsíquica e pela Parapsicologia, as modernas pesquisas em torno da imortalidade, desde o relatório de Scole (Scole Report) até à pesquisa actual, na Universidade do Arizona, EUA, do “Soulphone” (telemóvel para falar com o mundo espiritual), vêm desmontar a falácia da tese materialista da vida, encontrando novos paradigmas, muito bem estudados, como as Experiências de Quase-Morte (EQM’s), as Experiências Fora do Corpo (EFC’s), as Visões no Leito de Morte (VLM’s), os Casos Sugestivos de Reencarnação (CSR) e a Comunicação com os Espíritos por meios humanos (TCM) e electrónicos (TCI).

 

Hoje existem provas inequívocas de que a vida continua em outro plano vibratório (o mundo espiritual).

Comprovada experimentalmente a imortalidade dos Espíritos, coloca-se a questão: se é assim, como acontece o despertar dos familiares, no mundo espiritual?

Tal evento ocorre naturalmente, como se vivêssemos aqui e fossemos mudados repentinamente de localidade.

A vida no mundo espiritual é uma sequência da material.

Assim sendo, quando largamos o corpo de carne pelo fenómeno biológico da morte, continuamos no mundo espiritual, noutro estado vibratório, tal e qual como éramos aquando no corpo carnal: com os meus defeitos, virtudes e tendências, já que uma simples mudança de morada não muda o carácter de ninguém.

Se estiver em paz, eu verei seres espirituais nessa faixa vibracional que me vêm recolher para algum Hospital ou cidade no mundo espiritual.

Se estiver com complexo de culpa, por ter sido carrasco da Humanidade, manter-me-ei nessa faixa vibratória de angústia e sofrimento até que, descubra que é possível estar de modo diferente, pensando de maneira diferente.

Não há castigo divino nem recompensa, apenas existe aquilo que somos e fazemos de nós próprios.

Em jeito de brincadeira, um amigo costuma dizer que, nos funerais, quando o padre diz “Dai-lhe Senhor o eterno descanso, ou descansa em paz” ele pensa e diz “Senhor, não lhe ligues que ele não sabe o que diz” (sorrisos…).

Se a vida continua, tal como aqui, desejar o eterno descanso a alguém é uma praga das piores que existe (sorrisos…), desejar que o amigo, familiar, esteja, por toda a eternidade, sem fazer nada, quando nós aqui na Terra ficamos perturbados quando não temos actividade útil no quotidiano.

Não faz sentido, de facto!

A Doutrina Espírita (Espiritismo) vem demonstrar que a vida continua noutro estado da matéria (mais subtil, etéreo), vem explicar que entramos no mundo espiritual tal como somos agora, com as qualidades e defeitos e, que nos espera um grande plano evolutivo e feliz, a todos, sem excepção, vida após vida, reencarnação após reencarnação, até que, um dia, sendo Espíritos puros, não precisemos mais de reencarnar, tendo a tarefa de com Deus, co-criar.

“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei"

 

 

Bibliografia:

Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

LEMBRANÇA DE EXISTÊNCIAS ANTERIORES[1]

 


Miramez

 

Espírito do homem, após a morte, tem consciência das existências que precederam, para ele, o período de humanidade?

‒ Não, porque não é senão desse período que começa para ele a vida de Espírito, e é mesmo difícil que se lembre de suas primeiras existências como homem, exatamente como o homem não se lembra mais dos primeiros tempos de sua infância, e ainda menos do tempo que passou no ventre materno. Eis porque os Espíritos vos dizem que não sabem como começaram. (Ver Questão 78).

Questão 608/O Livro dos Espíritos

 

O Espírito, quando desencarna, não se lembra das suas vidas pregressas, anteriores ao período de humanidade. Muitos não se lembram nem mesmo das reencarnações passadas, já como Espírito; isso depende do estado evolutivo da criatura. Somente o Espírito altamente evoluído é que pode se recordar de algumas vidas que teve na Terra, já como Espírito.

A maioria fica em estado de inconsciência por tempo considerável, e quando o ser se encontra nas inferioridades, dando provas de que não é bom o seu despertamento, passa de uma existência para outra sem consciência de tal estado. Daí se conclui que os Espíritos não são capazes de se lembrarem como começaram.

As lembranças, quando se processam, são por necessidade do desencarnado. O véu que empana essa verdade é controlado pelos Espíritos superiores, que a tudo comanda, na razão de ser das vidas em transição.

Muitos dos seguidores da Doutrina Espírita ficam especulando os Espíritos para descobrirem o que foram no passado, sendo que eles mesmos, ao analisarem o seu próprio presente, devem desconfiar o que foram, pelos seus instintos aflorados, pela sua conduta no presente, pelos seus próprios pensamentos.

As diversidades no mundo dos Espíritos são múltiplas, como são na Terra; há regiões nas sombras onde a vida é pior que na Terra, onde impera ainda a escravidão, e os escravizados são Espíritos devedores que a lei deixa que assim quedem, para que eles aprendam a ser mais úteis quando retornarem à Terra, animando um corpo físico.

Qual a utilidade de revelações de vidas passadas? A maior revelação que a Terra recebeu foi a presença de Jesus, e a maior herança foi o Evangelho do Mestre. Não é preciso saber o que fomos; devemos nos preocupar com o que deveremos ser agora, corrigindo as más tendências, procurando nos iluminar por dentro, que o resto virá por acréscimo de misericórdia.

A vaidade de certas criaturas levam-nas a desejar que alguém lhes fale que foram grandes personagens, que animaram corpos na Terra, e essa vaidade vai ser pior no presente, pois se lhes for revelado que foram párias dos mais obtusos, poderão esmorecer nas lutas para melhorar, e ficando na dúvida, avançam com mais coragem para o futuro. Se tivessem acesso às vidas anteriores à vida humana, mais difícil seria.

O Espírito humano precisa educar-se, isso se pode generalizar: educar a todos. Foi para tanto que a Doutrina dos Espíritos surgiu na Terra, para modificar os homens, mudando seus sentimentos, educando seus pensamentos, na formação de ideias elevadas, levando-os a se esforçarem, meditarem e trabalharem dentro de si mesmos.

Observemos as vidas dos grandes missionários que passaram pelo planeta, deixando rastros de luz pela própria vida: eles conversaram pouco, mas viveram muito nas hostes de Jesus, entregando as suas vidas às reformas morais, mesmo que lhes custasse a própria vida. A conduta reta fala mais alto que a reta fala e a reta escrita. Neste esforço ingente em favor de si mesmo, os homens poderão melhorar de todas as enfermidades físicas e morais; e daí poderão ouvir a voz do Mestre, novamente em seu favor:

Levanta-te e vai; a tua fé te curou. (Lucas, 17:19)

 

O homem, mormente o espírita, deve alimentar a fé, pois ela cura todas as doenças de todas as ordens, porque Jesus é a fé nos nossos corações. O Espírito do homem se deseja se iluminar, não pode passar por outros caminhos, a não ser o da verdade, que desliza e avança cada vez mais sobre os impulsos da caridade.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 ‒ João Nunes Maia