Aurino Costa nasceu em 4 de
junho de 1914, na Serra de Santíssimo (hoje Bairro de Santíssimo na Zona Oeste
da cidade do Rio de Janeiro). Aurino nasceu normal, cresceu rápido, andou...
Correu como toda a criança até completar sete anos, foi quando começou a sentir
dores e câimbras nas pernas.
Aos doze anos foi morar com sua
irmã e conseguiu seu primeiro emprego, como aprendiz de eletricista enrolador,
em uma oficina de consertos de motores elétricos, no bairro de Vila Isabel/RJ.
Nesta época ele trabalhava de dia e estudava à noite. Aos quinze anos, quando
já trabalhava há três anos na oficina e usufruía a confiança de seu chefe, foi
convidado a acompanhá-lo em um trabalho no município de Angra dos Reis/RJ. Lá
chegando começou a não se sentir bem, os pés incharam, ficaram pretos e
começaram a doer. Após uma semana, não suportando mais as dores retornou a
cidade do Rio de Janeiro. E com o agravamento da doença, precisou abandonar o
emprego, visto que as dores não o deixariam mais. Estava quase sem movimentos,
movia-se com muita dificuldade. A doença agora agia em ritmo acelerado. Em
breve não ficaria mais de pé.
As preocupações surgiram com a possibilidade
de ficar entrevado. Seus membros se deformavam. Só lhe restava conviver com as
deficiências, como se elas fossem um novo padrão de normalidade, “alguns devem
aprender a ser domadores de suas tempestades e aquietá-las, o mais possível,
para não correrem o risco de ser a própria tempestade”.
Seu estado físico se agravava. Aos dezessete
anos perdeu a flexão da perna direita e a esquerda piorava. Quis estudar... Não
pode. Tentou ser técnico em motores elétricos... Não pode. Não andava mais.
Preso ao leito sua juventude e paciência atraíam a simpatia de muitos
conhecidos e de novos amigos. Ganhava muitos livros e passou a dedicar-se a
leitura. Tornou-se autodidata aumentando o seu conhecimento e desenvolvendo uma
visão mais ampla das coisas. Dedicou-se também à leitura de obras espiritualistas,
pois na ocasião já se tornara espírita.
Aos dezenove anos,
aproximadamente, sua situação se agravou. Internou-se na Santa Casa e, após
diversas pesquisas, a doença foi diagnosticada como Artrite Reumatoide
Infecciosa.
Certa manhã ao despertar apoiou a mão para se
sentar, porém a bacia do lado direito não flexionou. Daí por diante, as
articulações foram enrijecendo, obrigando-o a ficar permanentemente na posição
horizontal. A indagação, o estudo, as leituras, a busca para o entendimento para
os problemas humanos e espirituais, tornou-se constante. Pensou no futuro,
depois que as grandes tempestades houvessem passado, faria alguma coisa que
desse expressão à sua experiência... Os médicos o haviam desenganado. Sabia que
não se recuperaria mais, voltou para casa desiludido, mas não revoltado.
Aprendeu que sua posição horizontal seria a sua normalidade. Acalentava no
âmago, à vontade de fazer algo pelas pessoas semelhantes a ele.
Chegou aos vinte e quatro anos pensando em
como daria partida aos seus planos. Desejava canalizar suas energias para um
trabalho assistencial, voltado para os Portadores de Necessidades Especiais,
sem base econômica, que lhes amenizasse a situação. Com o falecimento de sua
mãe, mudou-se para a sede do Grêmio Espírita Luz e Amor, no bairro de Bangu/RJ,
que tinha como o seu presidente o Sr. Vicente Moretti, e lá Aurino viveria por
vinte e dois anos e prepararia a fundação da ACVM.
Aurino, ainda participou de algumas sociedades
comerciais, o que lhe desenvolveu uma visão empresarial.
A ideia de uma obra social
nasceu como vimos da própria situação de Aurino, que viveu a problemática dos
Portadores de Necessidades Especiais que lutavam e lutam até os dias atuais,
com grande dificuldade. Sua ideia encontrou grande receptividade junto aos seus
amigos, que logo o apoiaram e se prontificaram a ajudar no que fosse possível.
Estava, na época, organizando uma caixa de socorro para o auxílio aos
necessitados. Preparava também o quadro social e já conseguira alguns sócios.
Foi quando em 1958, Aurino conheceu Geraldo de Aquino, que pertencia à obra de
assistência social Paulo de Tarso e que também possuía o desejo de fundar uma
obra assistencial para atender aos Portadores de Necessidades Especiais. No
encontro acertou-se a fundação da obra idealizada por ambos, no terreno da Rua
Maravilha. Quando tudo estava resolvido, o estado de saúde de Aurino agravou-se
por dois anos. E seus planos tiveram que esperar... Quando se sentiu mais
fortalecido, escreveu a Geraldo, que respondeu explicando que devido a outros
compromissos já assumidos, não poderia mais participar, porém doou o terreno da
Rua Maravilha, 308, no bairro de Bangu/RJ, para a fundação da obra.
Lá havia pequena construção, Aurino mandou
construir uma pequena casa e logo que ficou pronta mudou-se para poder
estabelecer as bases do trabalho. Sendo
marcada a data da fundação.
A partir da Diretoria Efetiva, a Instituição
começou a se desenvolver. Foram feitas campanhas para ampliar o número de
sócios, venda de papel e latas, almoços, chás e etc. O trabalho continuou árduo
para que pequena e frágil árvore Moretti pudesse crescer.
O tempo corria célere e a deficiência
respiratória de Aurino agravou-se, foi quando lhe foi orientado a amputação de
suas pernas, para que na posição vertical, em uma cadeira de rodas, ele pudesse
se locomover e sanar em parte a suas dificuldades físicas. Em 19 de junho de
1967, submeteu-se a cirurgia. E na posição vertical tornou-se mais ativo.
Passando a dedicar-se cada vez mais ao crescimento da Instituição.
E após anos vividos em função da Ação Cristã
Vicente Moretti, Aurino teve a importância de sua obra reconhecida pelo
vereador Carlos de Carvalho, que o homenageou com a medalha de Mérito Pedro
Ernesto.
Nos meses seguintes ele foi se desligando dos
seus afazeres, sentia-se enfraquecer... Sua missão na Terra estava por
findar-se.
E na madrugada do dia 19 de dezembro de 1986,
foi internado na Beneficência Portuguesa, onde desencarnou.
Um Deficiente
Eficiente: "a Vida de Aurino Costa" - Fernando J. Uchôa
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