terça-feira, 31 de julho de 2018

O Poder da Vontade sobre as Paixões[1]

(Extrato dos trabalhos da Sociedade Espírita de Paris)

 Edvard Munch - Vampire - 1893

Um rapaz de vinte e três anos, o Sr. A..., de Paris, que se iniciou no Espiritismo há apenas dois meses, captou o seu alcance com tal rapidez que, sem nada ter visto, o aceitou em todas as suas consequências morais. Dirão que isto não é de admirar da parte de um jovem, e não prova senão uma coisa: a leviandade e um entusiasmo irrefletido. Seja. Mas prossigamos. Esse moço irrefletido, como ele próprio reconhece, tinha um grande número de defeitos, dos quais o mais saliente era uma irresistível predisposição para a cólera, desde a infância. Pela menor contrariedade, pelas causas mais fúteis, quando entrava em casa e não encontrava imediatamente o que queria; se uma coisa não estivesse no seu lugar habitual; se o que tivesse pedido não estivesse pronto em um minuto, enfurecia-se e tudo quebrava. Era a tal ponto que um dia, num paroxismo de cólera, explodindo contra a mãe, disse-lhe: “Vai-te embora, ou eu te mato”! Depois, esgotado pela superexcitação, caía sem consciência. Acrescente-se que nem os conselhos dos pais, nem as exortações da religião tinham podido vencer esse caráter indomável, compensado, aliás, por uma grande inteligência, uma instrução cuidadosa e os mais nobres sentimentos.
Dir-se-á que é o efeito de um temperamento biliososanguíneonervoso; resultado do organismo e, por conseguinte, arrastamento irresistível. Resulta desse sistema que se, em seus desvarios, tivesse cometido um assassinato, seria perfeitamente desculpável, porque teria resultado de um excesso de bile. Resulta ainda que, a menos que modificasse o temperamento, que mudasse o estado normal do fígado e dos nervos, esse rapaz estaria predestinado a todas as funestas consequências da cólera.
– Conheceis um remédio para tal estado patológico?
– Não, nenhum, a não ser que, com o tempo, a idade possa atenuar a abundância de secreções mórbidas.
– Pois bem! O que não pode a Ciência, o Espiritismo o faz, não pela ação do tempo e em consequência de um esforço contínuo, mas instantaneamente.
Bastaram alguns dias para fazer desse jovem um ser meigo e paciente. A certeza adquirida da vida futura, o conhecimento do objetivo da vida terrestre, o sentimento da dignidade do homem, revelada pelo livre-arbítrio, que o coloca acima do animal, a responsabilidade daí decorrente, o pensamento de que a maior parte dos males terrenos é a consequência de nossos atos, todas essas ideias, hauridas num estudo sério do Espiritismo, produziram em seu cérebro uma súbita revolução; pareceu-lhe que um véu foi retirado de seus olhos; a vida se lhe apresentou sob outra face.
Então, certo de que tinha em si um ser inteligente, independente da matéria, disse de si para si:
“Este ser deve ter uma vontade, ao passo que a matéria não a tem; portanto, ele pode dominar a matéria”.
Daí este outro raciocínio:
“O resultado de minha cólera foi tornar-me doente e infeliz, e ela não me dá o que me falta; logo é inútil, já que não estou mais adiantado. Ela me produz mal e nenhum bem me dá em compensação; mais ainda: poderia impelir-me a atos repreensíveis, criminosos talvez”.
Ele quis vencer, e venceu. Desde então, mil ocasiões se apresentaram que, antes, o teriam enfurecido e ante as quais ele ficou impassível e indiferente, para grande estupefação de sua mãe. Sentia o sangue ferver e subir à cabeça, mas, por sua vontade, o fazia refluir, forçando-o a descer.
Um milagre não teria feito melhor. Mas o Espiritismo fez muitos outros, que nossa revista não bastaria para registrar, se quiséssemos relatar todos os que são do nosso conhecimento pessoal, atinentes a reformas morais dos mais inveterados hábitos.
Citamos este como um exemplo notável do poder da vontade e, também, porque levanta um importante problema, que só o Espiritismo pode resolver.
O Sr. A... perguntava-nos a respeito se seu Espírito era responsável por sua violência, ou se apenas sofria a influência da matéria. Eis a nossa resposta:
Vosso Espírito é de tal modo responsável que, quando o quisestes seriamente, controlastes o movimento sanguíneo.
Assim, se o tivésseis querido antes, os acessos teriam cessado mais cedo e não teríeis ameaçado vossa mãe. Além disso, quem é que se encoleriza? O corpo ou o Espírito? Se os acessos viessem sem motivo, poder-se-ia crer que eram provocados pelo afluxo sanguíneo; mas, fútil ou não, tinham por causa uma contrariedade.
Ora, evidentemente não era o corpo que estava contrariado, mas o Espírito, muito susceptível. Contrariado, o Espírito reagia sobre um sistema orgânico irritável, que não teria sido provocado se tivesse ficado em repouso. Façamos uma comparação. Tendes um cavalo fogoso; se souberdes governá-lo, ele se submete; se o maltratardes, ele se enfurece e vos derruba. De quem a falta: vossa ou do cavalo?
Para mim, é evidente que vosso Espírito é naturalmente irascível; mas como cada um traz consigo o seu pecado original, isto é, um resto das antigas inclinações, não é menos evidente que, em vossa precedente existência, tivésseis sido um homem de extrema violência, e que provavelmente tereis pago muito caro, talvez com a própria vida. Na erraticidade, vossas outras boas qualidades vos ajudaram a compreender vossos erros; tomastes a resolução de vos vencer e, para isto, lutar em uma nova existência. Mas se tivésseis escolhido um corpo débil e linfático, vosso Espírito, não encontrando nenhuma dificuldade, nada teria ganhado, o que para vós significaria ter de recomeçar. Eis por que escolhestes um corpo bilioso, a fim de ter o mérito da luta. Agora a vitória está alcançada.
Vencestes o inimigo do vosso repouso e nada pode entravar o livre exercício de vossas boas qualidades. Quanto à facilidade com a qual aceitastes e compreendestes o Espiritismo, ela se explica pela mesma causa: éreis espírita há muito tempo; esta crença era inata em vós e o materialismo foi apenas o resultado da falsa direção dada às vossas ideias. Abafada inicialmente, a ideia espírita permaneceu em estado latente e bastou uma centelha para despertá-la. Bendizei, pois, a Providência que permitiu que esta centelha chegasse em boa hora para deter uma inclinação que talvez vos tivesse causado amargos desgostos, ao passo que vos resta uma longa carreira a percorrer na estrada do bem.
Todas as filosofias se chocaram contra esses mistérios da vida humana, que pareciam insondáveis até que o Espiritismo lhes trouxe o seu facho. Em presença de tais fatos, ainda se pode perguntar para que serve ele? Estamos no direito de bem augurar o futuro moral da Humanidade quando ele for compreendido e praticado por todo o mundo.




[1] Revista Espírita – Julho/1863 – Allan Kardec

segunda-feira, 30 de julho de 2018

EMANUEL SWEDENBORG[1]



Arthur Conan Doyle a ele se referiu como a maior e mais alta inteligência humana. Em verdade, Emanuel von Swedenborg, nascido em Estocolmo a 29 de janeiro de 1688, filho de um bispo da Igreja luterana sueca, viveu na austera atmosfera evangélica alguns anos de sua vida. Foi profundo estudioso da Bíblia.
Estudou em Uppsala e visitou a Alemanha, a França, a Holanda e a Inglaterra, a fim de ampliar seus extensos conhecimentos de matemática, mecânica, astronomia, geologia, mineralogia.
Swedenborg nasceu na Suécia e foi educado pela nobreza de sua pátria, deslocando-se para Londres onde se iniciou a sua "iluminação", porquanto desde o dia de sua primeira visão até a sua morte, 27 anos após, esteve ele em contínuo contato com o mundo espiritual de maneira ostensiva. Naquela noite, diz ele, o mundo dos espíritos, do céu e do inferno abriu-se convincentemente para mim e aí encontrei, muitas pessoas do meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos do meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com os anjos e espíritos.
Swedenborg, considerado como precursor do Espiritismo, foi antes de tudo um homem de gênio, cuja genialidade empolgada o fez perder-se em algumas interpretações, naquilo que lhe era dito ou mostrado. Aceitava a Bíblia como obra de Deus, com significação diferente de seu óbvio sentido e que ele, só ele, ajudado pelos anjos seria capaz de transmitir aquele verdadeiro sentido. Essa pretensão é intolerável e por causa dela a sua obra tornou-se contraditória e nem sempre inteligível como simples e compreensíveis são os ensinamentos dos missionários quando têm por missão divulgar as leis divinas.
Swedenborg era certamente em sua época, o homem que mais conhecimentos detinha em seu possante cérebro. Era um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente, era um profundo estudioso da bíblia, procedimento este que lhe marcou de maneira negativa a obra fenomenal que realizou no campo intelectual.
Aos 22 anos publicou um volume de versos latinos e aos 28 foi nomeado assessor de minas do governo sueco. Versátil, tanto quanto Leonardo da Vinci, criou engenhos mecânicos para transportar barcos por terra, analisou a economia da moeda corrente, a produção e o custo do álcool, a aplicação do sistema decimal, a relação entre importações e exportações e a economia nacional.
Próximo aos 30 anos, voltou-se para a paleontologia, a geologia, o estudo dos fósseis e chegou a desenvolver uma avançada teoria sobre a expansão nebular, para explicar a origem do sistema solar. Dedicou-se também aos estudos da Medicina e da Fisiologia. Era hábil em latim, grego, inglês, além de sua língua pátria e chegou a estudar hebraico, a fim de empreender uma reinterpretação do Velho e do Novo Testamento.
A primeira parte de sua vida foi notadamente voltada para o intelecto. Contudo, embora ainda menino tivesse visões, foi em abril de 1744 que se iniciou uma nova etapa, a da investigação em busca de conhecimentos sobre a alma humana relacionada com Deus e o universo numa estrutura da ideia cristã.
Conforme suas palavras,
"... o mundo dos Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e Espíritos".
Em suas visões o médium falava de uma espécie de vapor que exalava dos poros do seu corpo, que sendo aquoso e muito visível caía no solo sobre o tapete. É uma perfeita descrição do ectoplasma utilizado nos efeitos físicos. Em uma dessas visões Swedenborg descreveu um incêndio em Estocolmo, a 300 milhas de distância, com perfeita exatidão. Estava ele em um jantar acompanhado de 16 pessoas que serviram como testemunhas do evento, investigado pelo grande filósofo Kant. A partir de então ele teve o privilégio de examinar várias esferas do outro mundo e, conquanto as suas ideias sobre teologia tivessem marcado as suas descrições, por outro lado a sua imensa cultura lhe permitiu excepcional poder de comparação e de observação.
Considerado como um dos precursores das ideias espíritas, em suas obras "Céu e Inferno", "A nova Jerusalém" e "Arcana Caelestia", descreveu o processo da morte e o mundo do além, detalhando sua estrutura. Falou de casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais. Descreveu várias esferas, representando os graus de luminosidade e de felicidade dos espíritos. Afirmou não existirem anjos e demônios, mas simplesmente seres humanos, saídos da carne e em estado retardatário, ou altamente desenvolvidos. Descartou a possibilidade da existência de penas eternas.
A afirmação de contatos com os espíritos e suas experiências psíquicas, inclusive de dupla vista, atraíram amigos e lhe conquistaram adversários. Suas visões à distância foram detalhadamente investigadas, como a ocorrida no dia 19 de julho de 1759, na cidade de Göteborg, a 480 km. da capital sueca. Naquela tarde, Swedenborg jantou com a família de William Castell, juntamente com mais umas 15 pessoas e descreveu, pálido e alarmado, o incêndio que irrompera às 3 horas daquela tarde e foi dominado às 8 horas da noite, a uma distância de três portas de sua própria casa. Este dia era um sábado e somente na terça-feira, uma mensagem real confirmou os fatos, inclusive o detalhe de ter sido dominado às 8 horas da noite.
Eis alguns fatos por ele observados em suas jornadas: verificou que o outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta à nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Nessas esferas verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.
A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Esses recém-vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem. Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na terra e que ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.
De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Leva consigo não só as suas forças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, as suas preocupações, os seus preconceitos. Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhes serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras.
Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para a sua saída, desde que sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada.
Havia casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa. É de notar-se que Swedenborg jamais se casou.
Não havia detalhes insignificantes para a sua observação no mundo espiritual. Fala de arquitetura, do artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da literatura, da ciência, das escolas dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Nada lhe fugia a observação, embora que algumas vezes tenha enxertado ao ensinamento recebido as suas convicções pessoais amortecendo o brilho da revelação.
Todavia, Swedenborg foi o primeiro e, sob vários aspectos, um grande médium, sujeitos aos erros e acertos decorrentes da mediunidade quando não devidamente educada. Seu trabalho foi de imenso valor, no que tange aos ensinos que seriam confirmados pelo Espiritismo, e pode-se dizer que, pondo-se de lado a sua exegese bíblica, a sua obra foi um marco, um porto seguro, no imenso oceano de superstições e fanatismo em que viviam os homens de sua época.
Esse homem notável, enérgico quando rapaz e amável na velhice era bondoso e sereno. Prático, trabalhador, era de estatura alta, delgado, de olhos azuis, apresentando-se sempre impecável com sua peruca até os ombros, roupas escuras, calções curtos, fivelas nos sapatos e bengala.
Desencarnando em 22 de março de 1772, em Londres, cidade onde viveu muitos anos e onde se deu a eclosão da sua mediunidade, apresentar-se-ia 72 anos mais tarde, numa tarde de março de 1844, a um jovem de nome Andrew Jackson Davis, como um de seus mentores, junto ao espírito Galeno, passando a assessorá-lo em sua jornada mediúnica.
Na Codificação, seu nome figura em Prolegômenos, atestando a sua participação efetiva, como membro da equipe do Espírito de Verdade, contribuindo para a instalação da Terceira Revelação junto aos homens.




sábado, 28 de julho de 2018

OS GÊMEOS ANTE O AFETO E A HOSTILIDADE NA FAMÍLIA[1]



Jorge Hessen ‒ jorgehessen@gmail.com

A gestação de um novo filho na família é a possibilidade do reencontro de seres de vivências passadas no contexto do lar. Reencontro que se inicia no programa pré-existencial reencarnatório, planejado nos departamentos do além-túmulo. Nessa conjuntura há uma união tão intensa entre pais e reencarnante que o nascituro sabe, antes mesmo de renascer, se será acolhido ou rejeitado.
 No caso de filhos gêmeos, são situações especiais que sempre despertam a atenção, tanto de cientistas como de espiritualistas. Várias teorias já foram sugeridas a fim de explicar os mecanismos determinantes da gemelaridade. Fatores ambientais e genéticos foram descritos como predisponentes a essa circunstância obstétrica. Todavia existem causas mais transcendes.
Analisemos uma programação para dois ou mais Espíritos reencarnarem na mesma família, considerando o risco de impedimento de gestação no porvir, considerando a vinda de um de cada vez, nesta hipótese, pode ser que a espiritualidade apresse a vinda de mais de um espírito unidos simultaneamente.
Suponhamos uma reprodução assistida mediante fertilização in vitro convencional ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Ninguém consegue garantir que tais procedimentos possam ser reproduzidos com sucesso em longos intervalos. Ora, se existe a probabilidade de imediata gestação de mais de uma criança, deve-se valer da oportunidade, a fim de favorecer a reencarnação simultânea dos espíritos. Nesses casos, cremos que os técnicos reencarnacionistas do além-tumba agem de modo a antecipar o renascimento de dois ou mais Espíritos, considerando a incerteza de uma segunda gravidez; daí sobrevém os gêmeos implantados em laboratórios.
Na verdade, a gravidez de gêmeos proporciona a chance de espíritos simpáticos reencarnarem juntos por identidade de sentimentos, além de servir como oportunidade de reconciliação de seres rivais. Frequentemente os gêmeos são espíritos que foram unidos em várias reencarnações. São amigos e possuem muita afinidade; entretanto, há exceções, nalguns casos em que os irmãos revelam a aversão mútua.
Os gêmeos podem ser espíritos afins ligados não só por seus laços de sangue, mas por uma extensa história de convivência espiritual como encarnados ou desencarnados, para uma convivência compulsória. Obviamente a matriz da afinidade entre dois irmãos, sobretudo se gêmeos, advém de Espíritos simpáticos que se aproximam por analogia de sentimentos e se sentem felizes por estarem juntos.
Mas se os gêmeos podem ter semelhança de caráter, podem também serem antipáticos, pois cada um é um mundo à parte, cada qual com os seus pendores. Portanto, não é de regra que sejam simpáticos os Espíritos dos gêmeos. Acontece que Espíritos adversários entendam de lutar juntos no palco da vida.
Assim, podem ser Espíritos inimigos que se reencontram na formação biológica, visando que se processe o perdão com mais eficiência, fato que não correu com os gêmeos Esaú e Jacó, netos de Abraão, que exibiam forte antagonismo recíproco, possivelmente também fruto de graves conflitos em vidas passadas que não ficaram resolvidos enquanto reencarnados.
Por essas razões devemos aprimorar, sem esmorecimento, as relações diretas e indiretas com os pais, irmãos, tios, primos e demais parentes nas lutas do mundo, a fim de que a vida não venha a nos cobrar novas e mais enérgicas experiências em encarnações próximas.
A estrutura familiar tem suas matrizes na esfera espiritual. Em seus vínculos, juntam-se todos aqueles que se comprometeram no além a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
A família é uma reunião espiritual no tempo, e por isso mesmo o lar é um santuário. Muitas vezes, mormente na Terra, vários de seus componentes se afastam da sintonia com os mais altos objetivos da vida.
Preponderam na família os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras. Todavia, como se observa hoje em dia, no clã familiar acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, que devem ser transformados em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro. Até porque, quando a família é ameaçada pela desunião doméstica, por qualquer razão, a sociedade perde a direção da harmonia e da paz.


Fonte: A Luz na Mente

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Quando a Culpa faz o seu Papel[1]



Hermínio C. Miranda


Os obsessores mais experientes sabem que somente conseguem cobrar aquilo que têm como crédito pessoal, precisamente porque, segundo ensinou o Cristo, o “pecador se torna escravo do pecado” e não sai de lá enquanto não pagar até o último centavo, ou seja, enquanto restar um reclamo na sua própria consciência.
Em palestras, seminários ou mesmo conversas sobre obsessão e processos obsessivos, costumo utilizar uma frase de que gosto muito: “a aberração não faz parte da lei, mas a lei termina por se cumprir na aberração”. E como ela se encaixa em nossa discussão?
As obsessões são aberrações, não fazem parte da lei de Deus. Dito de outro modo: não está escrito nas leis de Deus que temos o direito de cobrar, com nossas próprias mãos e pelos m´todos que preferirmos, as contas de que nos sentimos credores, seja com quem for e por qualquer motivo. Aliás, nem a lei dos homens nos permite tal arbítrio. No Brasil, por exemplo, “fazer justiça com as próprias mãos”, de modo não autorizado pela lei, constitui crime de exercício arbitrário das próprias razões. Com as leis de Deus não poderia ser diferente...
Contudo, um dos princípios que regem as leis divinas é o da liberdade. Somos livres para escolher nossos caminhos, nossas ações e reações. Somos livres para as escolhas felizes e infelizes. Somos livres para semear... e só não somos livres em um aspecto: a obrigação de colher os frutos da nossa semeadura. Tudo o que construirmos, todas as ideias que disseminarmos, todas as ações materializadas, tudo que invariavelmente se revele como manifestação de vontade, reflexo das nossas conquistas ou deficiências espirituais, gera uma cadeia de causas e efeitos que nos amalgama e vincula.
É claro que isto não significa que nos será retribuído todo o mal que fizermos, sobretudo porque a lei de Talião não é divina, mas humana, fazia parte das leis de Moisés. O problema está em nossa consciência, essa instância superior em que estão inscritas as leis de Deus, não costuma dar tréguas quando se reconhece em “desvio de rota”.
As escolhas erradas deixam rastro, o rastro das imperfeições que as motivaram. E esse rastro das imperfeições constitui o fio por meio do qual os obsessores nos acessam, guiando-se em meio aos labirintos da culpa que nos consome.
Esses fios, verdadeiros rastros psíquicos, geram pontos de contato com a realidade que nos cerca. Assim como se afirma que “um criminoso sempre retorna à cena do crime, porque busca a punição”, a consciência mergulhada em culpa sempre cria para si a necessidade de reparação, o que torna o indivíduo vulnerável às vicissitudes da vida, sejam elas naturais ou não induzidas, sejam provocadas.
É por esse caminho que se abrem os pontos de vulneração para a ação obsessiva. Muitos obsessores são até mesmo treinados para sondar psiquicamente o alvo de suas perseguições a fim de melhor identificarem os vestígios de culpa que existam ali.
Graças a isso, os processos obsessivos terminam por se instalar como decorrência de um mecanismo natural de atração, vinculação e fixação. E, embora não sendo ‘obra da lei de Deus’, as obsessões, como combinação de uma consciência culpada e de uma ação de cobrança, que reforça esse sentimento de culpa, terminam por proporcionar, de parte a parte, um (re)encontro que proporciona os ajustes indispensáveis para que uns e outros encontrem a paz de que tanto necessitam.




[1] Os ‘obsessores' gente como a gente – Hermínio C. Miranda e Pedro Camilo – Instituto Lachâtre

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Lei e Perdão[1]



Pedro Camilo


Todo aquele que se expõe ao duro retorno do reajuste pode estar certo de haver-se atritado com a lei anteriormente. [...] “Que perdão, nada! Sempre que perdoei me dei mal”, costumam dizer. Vence, no mundo, aquele que grita, impõe e domina, não o que abaixa cabeça e marca a si mesmo com o carimbo da covardia.
O problema do perdão está recorrentemente na pauta de nossas reflexões. Lidar com as ofensas recebidas, entender porque nos ofendemos e saber como tratar com os ofensores é um desafio de todos nós, em diversas esferas de ação.
Na prece dominical, Jesus, ensinando-nos a orar, já preconizava a necessidade de nos esvaziarmos dos sentimentos negativos em relação ao outro no “assim como perdoamos aos nossos ofensores”. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, tratando da qualidade da prece, lembra que esse é um dos requisitos a serem observados por quem ora, conferindo melhor “qualidade vibracional” à oração, para usar uma expressão do espírito Dr. Hans, no livro Saúde em plenitude – projeto melhorar-se.
Para muitos, o ato de perdoar é, tal como sinalizado pelo espírito, um atestado de covardia, de fraqueza moral. Perdoar fragilizaria o ser, submetendo-o a todo tipo de injúrias, de violências, sem que esboce qualquer tipo de atitude capaz de romper o círculo vicioso de ofensas.
Na verdade, o perdão é um ato de coragem. Primeiramente, porque precisa partir da compreensão de que perdoar só foi necessário porque nos ofendemos. Isso mesmo! Era Gandhi quem afirmava não perdoar, por não se ofender. Ser ferido é, em grande medida, ‘deixar-se ferir’; guardar vulnerações que tragam essa possibilidade, campo exposto para mágoas.
Ofensas também surgem de decepções com o outro, como é o caso do espírito atendido por Hermínio. E, também aqui, a responsabilidade no ‘ofender-se’ é, em grande medida, nossa, em função das expectativas que alimentamos. É claro que “somos responsáveis pelo que cativamos”, como lembra Antoine Saint-Exupéry em seu O pequeno príncipe. No entanto, ainda que cativados por quem quer que seja, o que esperamos do outro, o que desejamos do outro, o que projetamos no outro é de nossa responsabilidade, não do outro.
O outro também é gente ‒ como a gente! E, assim como somos incompletos, faltosos, imperfeitos e contraditórios, o outro também o é, ao seu modo, mas é. Se não somos capazes de preencher plenamente as expectativas alheias, como cobrar do outro que preencha as nossas? E ainda que tivéssemos essa condição, seria lícito exigir do outro que se conduzisse conforme o nosso querer?
Ofender-se revela também que ainda não nos amamos o suficiente.
Permitir-se ferir e mesmo transtornar, a ponto de perder o eixo da própria vida para gravitar em torno de alguém que nos feriu, no mínimo indica que ainda não somos capazes de colocar o nosso bem-estar, a nossa felicidade acima das intempéries do destino.
No exemplo trazido por Hermínio Miranda, essa verdade se mostra plenamente: aquele espírito depositara os rumos de seus passos nas mãos de alguém, em nome do amor; quando esse amor não foi correspondido como ele imaginara, conservou sua vida nas mesmas mãos, agora pelo sentimento de ódio. No fundo, o que se esconde aí é a ausência desse autoamor que dignifica o ser e o coloca em primeiro plano para si mesmo, para a própria existência.
E nem é impossível, também, que os reflexos de um passado de equívocos, quiçá semelhantes, ainda ecoem nele inconscientemente, como aqui já mencionado, induzindo-o a uma roda de repetição, desta feita na condição de vítima. “Todo aquele que se expõe ao duro retorno do reajuste pode estar certo de haver-se atritado com a lei anteriormente”, lembra Hermínio. E isto, a prática mediúnica tem nos revelado de modo muito vivo, muito intenso.
Assim, a necessidade do perdão ao outro se apresenta também como uma necessidade de autoperdão. Um e outro caminham juntos. Quem não consegue se perdoar, também não é capaz de perdoar o outro.




[1] Os ‘obsessores’ gente como a gente – Hermínio C. Miranda / Pedro Camilo – Instituto Lachâtre

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Escutar música clássica tem algum benefício real?[1]



Clemency Burton-Hill[2] - 14 julho 2018

Será que doses diárias de música clássica podem mudar sua vida? Soa como uma afirmação exagerada, mas a resposta é um sonoro "sim".
Somos uma espécie que produz música ‒ sempre fomos, sempre seremos. Também somos uma espécie de intercâmbio musical: muito antes de adolescentes apaixonados trocarem suas playlists, ou o serviço de streaming nos permitir compartilhar nossas faixas favoritas, já nos comunicávamos e nos conectávamos através da música.
Evoluímos como humanos ao nos reunir ao redor da fogueira depois de um longo dia de caça e coleta para cantar canções e contar histórias com músicas. Era isso que nossos ancestrais faziam; é assim que eles davam sentido ao mundo; foi assim que eles aprenderam a ser.
Esse é um impulso ainda fundamental sobre quem somos. Hoje, no entanto, nossas vidas modernas estão desintegradas e exauridas em um grau sem precedentes. Quem tem o luxo de encontrar tempo todo dia para prestar total atenção a uma determinada música? E, por outro lado, talvez nunca tenhamos precisado tanto do espaço emocional que a música ‒ especialmente a clássica ‒ nos oferece.
Pesquisas científicas vêm mostrando que atos de autocuidado trazem benefícios indescritíveis à nossa saúde mental e nosso bem-estar, mas pessoalmente nunca consegui manter, por exemplo, uma meditação ou ioga regularmente.
 Nunca vou à academia, não importa o quão nobres sejam minhas intenções. Eu funciono essencialmente à base de café e açúcar. Sempre deixo a declaração do meu imposto de renda para o final do prazo. Todo ano defino metas que não consigo cumprir ‒ e com isso fico ainda mais estressada. Tenho certeza de que não estou sozinha (pelo menos é o que espero).
Mas na realidade até eu tenho a disciplina para, em alguns minutos por dia, pôr meus fones de ouvido, escutar uma única peça musical e me transformar. Embora tenha tocado o violino desde a infância e trabalhado escrevendo e apresentando programas de música clássica, só entendi o efeito milagroso do contato diário com essa música depois de dois anos particularmente difíceis.
Dores pessoais, malabarismos entre as incompatíveis demandas de uma carreira freelancer implacável e uma criança enérgica; um permanente sentimento de estar à beira do esgotamento enquanto dizia ao mundo "está tudo bem!" ‒ nem é preciso dizer que estava num estado pouco saudável. No entanto, nenhuma das soluções que experimentei teve efeito. Exceto a música.
Quando tornei meu hábito musical um ritual diário, comecei a me sentir menos ansiosa quase que imediatamente. Fiz uma curadoria mensal com uma peça clássica por dia. Entrar no metrô e apertar o play em vez de automaticamente ser sugada pelas redes sociais parecia me estabilizar espiritualmente. Eu comecei a esperar ansiosamente por isso. E me ocorreu que, se eu posso me beneficiar de uma forma tão significativa com esse pequeno mas poderoso hábito de "manutenção da alma", então outros também poderiam.
E se eu pudesse me aprofundar no meu grande amor pela música clássica? E se eu conseguisse desvelar o vasto tesouro de riquezas musicais ao desmistificar a música e humanizar aqueles que a criaram, dando algum contexto à peça, contando algumas histórias e lembrando aos leitores/ouvintes que essa música foi criada por uma pessoa real, provavelmente alguém que compartilhou muitas das mesmas preocupações que eles, que pode ser como eles de muitas maneiras?
Por onde começar?
A música clássica é uma arte que, por complexas razões, é geralmente percebida como exclusiva a uma pequena elite; como uma festa particular para poucos convidados. Isso é dolorosamente irônico, porque essa música é uma das mais emocionalmente diretas que temos. Há uma razão pela qual todos, de cineastas a diretores de funerárias, invariavelmente se debruçam sobre a música clássica quando querem provocar emoção. Eu mesma já perdi a conta de amigos, familiares e estranhos que perguntaram, muitas vezes timidamente, se eu poderia fazer uma playlist clássica para eles.
Em alguns casos tratava-se de um pedido bem específico: música para estudar ou trabalhar; música para ninar o recém-nascido ou dormir; ou até para impressionar os pais de seu novo parceiro; música para se exercitar, desacelerar, cuidar do jardim, deslocar-se ou oferecer um jantar.
O homem que cuida da cafeteria que frequento me pediu que eu selecionasse uma trilha sonora clássica para seu turno entre o fim da tarde e início da noite. Minha sobrinha adolescente queria algo para ajudá-la na revisão das provas. E assim por diante. Comumente, o que ouvia dessas pessoas em busca de uma playlist era algo como "Eu escutei uma peça na TV/show/filme/anúncio e adorei. Eu não sei nada de música clássica, mas gostaria de ouvir mais e não tenho ideia de por onde começar…"
A pergunta "por onde começar" é crítica. Como acontece com outros segmentos, a tecnologia afetou profundamente a indústria musical de forma tanto positiva quanto negativa.
É verdade que a dizimação dos modelos financeiros tradicionais prejudica artistas e selos musicais. Mas o surgimento de plataformas de streaming, como Spotify e Apple Music, escancarou a porta da festa de uma forma empolgante e democratizante. Temos acesso a uma quantidade de conteúdo que há dez anos seria inimaginável. Agora qualquer um com internet minimamente decente pode explorar o universo musical antes limitado àqueles com mais recursos.
Um guia prático
Mas, ainda assim, o incrível volume do que está disponível de graça ao clique do botão pode ser assustador, se não paralisante.
Por isso decidi escrever uma espécie de guia prático, não tanto sobre a história da música clássica, e sim um tesouro curado à mão das músicas que tanto amo. Ele inclui várias mulheres ‒ que por séculos foram excluídas dos cânones ‒ além de compositores negros, gays, transgêneros; compositores com capacidades diferentes (afinal, Beethoven compôs algumas de suas obras mais magníficas totalmente surdo); compositores que lutaram ‒ ou lutam ‒ contra transtornos mentais, vícios, baixa autoestima; compositores que sobreviveram trabalhando de várias formas (como motorista de táxi, bombeiro, químico, catador de laranja, funcionário dos correios), mas que continuaram na função, apesar das dificuldades, e criaram gloriosas peças para nosso prazer de escutá-las. E talvez nossa salvação.
Acredito que os maiores trabalhos musicais são motores de empatia; eles nos permitem viajar sem nos deslocar: para outras vidas, idades, almas. Eles também são robustos: encaixam-se na nossa vida multitarefa, nossa vida real. Então não questione se você tem as "credenciais" certas para se tornar um aficionado por música clássica ou se está ouvido "de forma correta". Confie em mim, o único critério é ter orelhas.
Você pode ouvir a playlist enquanto se desloca; levá-la para uma caminhada; colocá-la ao fundo quando prepara o café da manhã de seus filhos ou os leva à escola; faça dela sua trilha sonora para preparar o jantar, beber ou relaxar, para quando lavar ou passar a roupa, quando ler seus e-mails; tudo o que você precisa fazer é apertar o play. Acredito que há poucos momentos da vida que a música não consiga complementar. Isso é música para se viver - para viver sua melhor vida.




[2] Clemency Burton-Hill, apresentadora da BBC Radio 3, é autora do livro 'Year of Wonder - Classical Music for Everyday' (Ano de Fascinação - Música Clássica para Todos os Dias, em tradução livre), em que apresenta compositores e suas obras, desde a era medieval até os dias atuais, com sugestões de músicas a serem escutadas a cada dia do ano.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Princípio da Não-Retrogradação dos Espíritos[1],[2]




Tendo sido levantadas várias vezes questões sobre o princípio da não-retrogradação dos Espíritos, princípio diversamente interpretado, vamos tentar resolvê-las. O Espiritismo quer ser claro para todos e não deixar aos seus futuros adeptos nenhum motivo para discussão de palavras. Por isso todos os pontos susceptíveis de interpretação serão elucidados sucessivamente.
Os Espíritos não retrogradam, no sentido de que nada perdem do progresso realizado. Podem ficar momentaneamente estacionários, mas de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à situação material, que de boa pode tornar-se má se o Espírito a tiver merecido.
Façamos uma comparação. Suponhamos um homem do mundo, instruído, mas culpado de um crime que o conduz às galés. Certamente há para ele uma grande descida como posição social e como bem-estar material. À estima e à consideração sucederam o desprezo e a abjeção. E, contudo, ele nada perdeu quanto ao desenvolvimento da inteligência; levará à prisão as suas faculdades, os seus talentos, os seus conhecimentos. É um homem decaído e é assim que devem ser compreendidos os Espíritos decaídos. Pode Deus, pois, ao cabo de um certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não terão progredido moralmente aqueles que o tiverem desconhecido, que se houverem rebelado contra as suas leis, para mandar que expiem os seus erros e o seu endurecimento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados. Aí serão o que antes eram, moral e intelectualmente, mas numa condição infinitamente mais penosa, pela própria natureza do globo e, sobretudo, pelo meio no qual se acharão.
Numa palavra, estarão na posição de um homem civilizado, forçado a viver entre os selvagens, ou de um homem muito distinto, condenado à sociedade dos degredados. Perderam a posição e as vantagens, mas não regrediram ao estado primitivo. De homens adultos não se tornaram crianças. Eis o que se deve entender pela não-retrogradação. Não tendo aproveitado o tempo, é para eles um trabalho a recomeçar. Em sua bondade, Deus não os quer deixar por mais tempo entre os bons, cuja paz perturbam. Eis por que os envia entre homens que terão por missão fazer estes últimos progredirem, ensinando-lhes o que sabem. Por esse trabalho poderão eles próprios se adiantarem e resgatarem suas dívidas, expiando as faltas passadas, como o escravo que pouco a pouco economiza para um dia comprar a liberdade. Mas como o escravo, muitos só economizam dinheiro, em vez de entesourar virtudes, as únicas que podem pagar o resgate.
Esta a situação, até agora, de nossa Terra, mundo de expiação e de prova, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exilada entre as raças primitivas inferiores, que a habitavam antes.
Esta a razão pela qual há tantas amarguras aqui, amarguras que estão longe de sentir no mesmo grau os povos selvagens.
Certamente há retrogradação do Espírito no sentido de que retarda seu progresso, mas não do ponto de vista das aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteligência, sua decadência social é mais penosa. É assim que o homem do mundo sofre mais num meio abjeto do que aquele que sempre viveu na lama.
Conforme um sistema que tem algo de especioso à primeira vista, os Espíritos não teriam sido criados para encarnarem e a encarnação seria tão somente o resultado de sua falta. Tal sistema cai pela mera consideração de que se nenhum Espírito tivesse falido, não haveria homens na Terra, nem em outros mundos. Ora, como a presença do homem é necessária para o melhoramento material dos mundos; como ele concorre por sua inteligência e atividade para a obra geral, ele é uma das engrenagens essenciais da Criação. Deus não poderia subordinar a realização desta parte de sua obra à queda eventual de suas criaturas, a menos que contasse para tanto com um número sempre suficiente de culpados, de modo a alimentar de operários os mundos criados e por criar. O bom-senso repele tal ideia.
A encarnação é, pois, uma necessidade para o Espírito que[3], realizando a sua missão providencial, trabalha seu próprio adiantamento pela atividade e pela inteligência, que deve desenvolver, a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar. Mas a encarnação torna-se uma punição quando o Espírito, não tendo feito o que devia, é constrangido a recomeçar sua tarefa, multiplicando penosas existências corporais por sua própria culpa.
Um estudante não é graduado senão depois de ter passado por todas as classes. Essas classes são um castigo? Não: são uma necessidade, uma condição indispensável de seu progresso. Mas se, pela preguiça, for obrigado a repeti-las, aí está a punição. Poder passar em algumas é um mérito. O que, pois, é certo é que a encarnação na Terra é uma punição para muitos dos que a habitam, porque poderiam tê-la evitado, ao passo que talvez tenham dobrado, triplicado e centuplicado a existência por sua própria culpa, assim retardando sua entrada em mundos melhores. O que é errado é admitir em princípio a encarnação como um castigo.
Outra questão muitas vezes aventada é esta: Como o Espírito foi criado simples e ignorante, com a liberdade de fazer o bem ou o mal, não haveria queda moral para aquele que tomasse o mau caminho, desde que chega a fazer o mal que antes não fazia?
Esta proposição não é mais sustentável que a precedente. Só há queda na passagem de um estado relativamente bom a um pior. Ora, criado simples e ignorante, o Espírito está, em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o bem. Nem é feliz, nem infeliz. Age sem consciência e sem responsabilidade. Desde que nada tem, nada pode perder, como não pode retrogradar. Sua responsabilidade não começa senão no momento em que se desenvolve o seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Conseguintemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus, abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a consequência do mau caminho por onde se embrenhou.
Isto nos conduz a outra questão. Por exemplo: É possível que Nero, na sua encarnação como Nero, possa ter feito mais mal que na sua precedente existência? A isto respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal fosse melhor. Antes de tudo, o mal pode mudar de forma sem ser pior ou menos mal. A posição de Nero, como imperador, tendo-o posto em evidência, o que ele fez ficou mais notado; numa existência obscura pôde ter cometido atos igualmente repreensíveis, conquanto em menor escala, e que passaram despercebidos. Como soberano, pôde mandar incendiar uma cidade; como particular pôde queimar uma casa e fazer perecer a família. Tal assassino vulgar, que mata alguns viandantes para os despojar, se estivesse no trono seria um tirano sanguinário, fazendo em grande escala o que sua posição só lhe permite fazer em escala reduzida.
Considerando a questão de outro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na precedente, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma degenerescência moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal, quando o princípio existe latente; surge a ocasião e os maus instintos se descobrem. A vida ordinária nos oferece numerosos exemplos: tal homem, que era tido como bom, de repente exibe vícios que ninguém suspeitava, e que causam admiração; é simplesmente porque soube dissimular ou porque uma causa provocou o desenvolvimento do mau germe. É indubitável que aquele em que os bons sentimentos estão fortemente arraigados nem mesmo tem o pensamento do mal; quando tal pensamento existe, é que o germe existe: muitas vezes só falta a execução.
Depois, como dissemos, embora sob diferentes formas o mal não deixa de ser o mal. O mesmo princípio vicioso pode ser a fonte de uma imensidade de atos diversos, provenientes de uma mesma causa. O orgulho, por exemplo, pode fazer cometer grande número de faltas, às quais se está exposto, enquanto o princípio radical não for extirpado. Pode, pois, o homem, numa existência, ter defeitos que não se tinham manifestado numa outra e que não passam de consequências variadas de um mesmo princípio vicioso.
Para nós, Nero é um monstro, porque cometeu atrocidades. Mas acreditais que esses homens – pérfidos, hipócritas, verdadeiras víboras que semeiam o veneno da calúnia, despojam as famílias pela astúcia e pelo abuso de confiança, que cobrem suas torpezas com a máscara da virtude para chegarem com mais segurança a seus fins e receberem elogios, quando só merecem a execração – valham mais do que Nero? Com certeza, não. Serem reencarnados num Nero para eles não seria um retrocesso, mas uma ocasião para se mostrarem sob nova face. Como tais, exibirão os vícios que ocultavam; ousarão fazer pela força o que faziam pela astúcia, eis toda a diferença. Mas essa nova prova lhes tornará o castigo ainda mais terrível se, em vez de aproveitar os meios que lhes são dados para reparar, deles se servirem para o mal. E, entretanto, por pior que seja, cada existência é uma oportunidade de progresso para o Espírito: ele desenvolve a inteligência, adquire experiência e conhecimentos que, mais tarde, o ajudarão a progredir moralmente.




[1] Revista Espírita – Junho/1863 – Allan Kardec
[2] N. do T.: Vide O Livro dos Espíritos, Livro II, Capítulo IV, questões 193 e 194.
[3] N. do T.: Vide O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IV, item 25.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

DIVALDO PEREIRA FRANCO[1]

1927 -




Divaldo Pereira Franco, melhor conhecido como Divaldo Franco ou simplesmente Divaldo foi o último dos treze filhos do casal Francisco Pereira Franco e Ana Alves Franco, já falecidos. Nasceu em 05 de maio de 1927, na cidade de Feira de Santana-BA, é um professor, médium e orador espírita brasileiro.
É, há quase sessenta anos, um importante orador e escritor espírita, com mais de cinquenta anos devotados à mediunidade, e mais de quarenta dedicados a cuidar dos meninos de Rua de Salvador, na Bahia. Para este último fim fundou, em 15 de agosto de 1952, junto com Nilson de Souza Pereira, a casa de assistência Mansão do Caminho, responsável pela orientação e educação de mais de 33 mil crianças e adolescentes carentes.
PRIMEIROS ANOS
Divaldo cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, onde recebeu o diploma de Professor Primário em 1943. Desde a infância relata comunicar-se com os espíritos.
Quando jovem, foi abalado pela morte de seus dois irmãos mais velhos, o que o deixou traumatizado e enfermo, sendo conduzido a diversos especialistas, na área da Medicina, sem, contudo, lograr qualquer resultado satisfatório. Nessa época conheceu a Sra. Ana Ribeiro Borges, que o conduziu à Doutrina Espírita, o que o teria libertado do trauma e trazido consolações, tanto para ele como para toda a sua família. Divaldo dedicou-se, então, ao estudo do Espiritismo, ao tempo em que foi aprimorando suas faculdades mediúnicas, pelo correto exercício e continuado estudo do Espiritismo.
Transferiu residência para Salvador no ano de 1945, tendo feito concurso para o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), onde ingressou a 5 de Dezembro de 1945, como escriturário, permanecendo como funcionário daquele Instituto até sua aposentadoria, na década de 70.
Já espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR), em 7 de Setembro de 1947.
Em “A Veneranda Joanna de Ângelis” (Salvador: LEAL, 1987), escrito por Divaldo e Celeste Santos, constam biografias do médium baiano e de sua mentora espiritual, Joanna de Ângelis, bem como informações sobre o trabalho educacional e assistencial desenvolvido pela Mansão do Caminho, além de entrevistas com Divaldo e relatos sobre supostas reencarnações de Joanna de Ângelis.
ATIVIDADES COMO MÉDIUM PSICÓGRAFO
Divaldo apresentou, desde jovem, diversas faculdades mediúnicas. Destaca-se, dentre elas, no entanto, a psicografia.
É um médium de excelentes recursos medianímicos (tanto de efeitos físicos quanto de efeitos intelectuais) ‒ psicofonia, vidência, clariaudiência, psicografia etc. ‒, educados à luz da Doutrina codificada pelo sábio de Lion.
Inicialmente, diversas mensagens foram escritas pelo seu intermédio, sob a orientação dos benfeitores espirituais, até que um dia, ele recebeu a recomendação para que fosse queimado o que escrevera até ali, pois não passavam de simples exercícios.
Com a continuação, vieram novas mensagens assinadas por diversos espíritos, dentre eles, Joanna de Ângelis, que durante muito tempo apresentava-se como "um Espírito Amigo", ocultando-se no anonimato, à espera do instante oportuno para se fazer conhecida. Joanna revelou-se como sua orientadora espiritual, escrevendo inúmeras mensagens, num estilo agradável, repassado de profunda sabedoria e infinito amor, que conforta aos mais diversos leitores e necessitados de diretriz espiritual.
Em 1964, Joanna de Ângelis selecionou várias das mensagens de sua autoria e enfeixou-as num livro, que recebeu o sugestivo título de “Messe de Amor”. Foi o primeiro livro que o médium publicou. Logo em seguida, Rabindranath Tagore ditou “Filigranas de Luz”. O que se seguiu constitui-se hoje em um verdadeiro fenômeno editorial, pois, em 31 anos de atividade como médium, teve publicado 240 títulos, totalizando mais de quatro milhões e quinhentos mil exemplares, muitos deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universal. Dessas obras, houve 80 versões para 15 idiomas (alemão, castelhano, esperanto, francês, italiano, polonês, tcheco, braille e outros). Os livros englobam uma grande variedade de estudos literários, como prosa, romances, narrações etc., abrangendo temas filosóficos, doutrinários, históricos, infantis, psicológicos e psiquiátricos.
Os livros possuem uma grande variedade de estilos literários, como: prosas, crônicas, contos, ensaios, romances, narrações etc., abrangendo temas filosóficos, doutrinários, históricos, infantis, sociológicos, psicológicos e psiquiátricos.
Nessas obras psicografadas, apresentam-se 211 alegados autores espirituais, além de Joanna de Ângelis, estão entre eles: Manoel Philomeno de Miranda, Victor Hugo, Amélia Rodrigues, Ignotus, Vianna de Carvalho, Carlos Torres Pastorino, Bezerra de Menezes, Rabindranath Tagore, João Cléofas, Eros e Simbá.
PSICOGRAFIAS DE JOANNA DE ÂNGELIS
Por meio das obras de Joanna de Ângelis, Divaldo pôde alcançar o reconhecimento não apenas entre os religiosos e espiritualistas, mas também em outras linhas de conhecimento, como a psicologia e a parapsicologia. Isso se deu principalmente em função dos livros publicados na Série Psicológica, onde tratou dos malefícios das fugas da realidade e enfatizou a importância do autoconhecimento e auto-enfrentamento.
A Série Psicológica foi escrita à luz dos pensamentos de Allan Kardec e de pesquisadores da psique humana, a exemplo de Carl Jung. Na referida série se encontram duas obras voltadas à psicologia transpessoal: “Autodescobrimento” (1995) e “Triunfo Pessoal” (2002).
A maioria das obras escritas por Divaldo Franco sob inspiração de Joanna de Ângelis almeja incentivar o autodescobrimento e facilitar a aplicação no dia-a-dia dos ensinamentos morais de amor fraterno contidos nos Evangelhos e na Doutrina Espírita, incentivando o leitor a enfrentar as dificuldades cotidianas de modo mais prático e otimista.
Grande parte das obras ditadas a Divaldo por Joanna de Ângelis foi publicada pela Editora LEAL, de Salvador (BA). Um dos mais recentes lançamentos de Joanna de Ângelis chama-se “Conflitos Existenciais” (LEAL, 2005), obra que analisa os principais conflitos do ser humano, as suas causas, origens e formas de terapia ‒ inclusive, estuda as tentativas atuais de se preencherem os vazios existenciais, a exemplo de relacionamentos efêmeros por meio da Internet.
ATIVIDADES COMO ORADOR
Como orador, Divaldo começou a fazer palestras em 1947, difundindo a Doutrina Espírita e hoje apresenta uma histórica e recordista trajetória no Brasil e no exterior, sempre atraindo multidões, com sua palavra inspirada e esclarecedora, acerca de diferentes temas sobre os problemas humanos e espirituais. Há vários anos, viaja em média 230 dias por ano, realizando palestras e também seminários no Brasil e no mundo. Em um levantamento preliminar suas atividades no exterior foram mais de 10 mil conferências proferidas no Brasil e no exterior.
Américas: esteve em 18 países, em mais de 119 cidades, onde realizou mais de 1.000 palestras, concedeu mais de 180 entrevistas de rádio e TV para cerca de 113 emissoras, inclusive por 3 vezes na Voz da América, a maior cadeia de rádio do continente. Recebeu cerca de 50 homenagens de vários países, destacando-se o honorífico título de Doutor Honoris Causa em Humanidades, concedido pela Universidade de Concórdia, em Montreal no Canadá, em 1991. Por 3 vezes fez palestras na ONU, no departamento de Washington e fez conferências em mais de 12 universidades do continente.
Europa: esteve em mais de 20 países, em mais de 80 cidades, onde realizou mais de 500 palestras, concedeu mais de 50 entrevistas de rádio e TV para cerca de 40 emissoras, tendo recebido homenagens de vários países; fez conferência em cerca de 10 universidades europeias e, por 2 vezes, na ONU, departamento de Viena.
África: esteve em mais de 5 países, em 25 cidades, realizando 150 palestras, concedeu mais de 12 entrevistas de rádio e TV, em 11 emissoras; recebeu 4 homenagens.
Ásia: Esteve em mais de 5 países, em 10 cidades, realizando mais de 12 palestras.
Em 31 de agosto de 2000 participou, a convite da ONU, do Primeiro Encontro Mundial da Paz, reunião de cúpula com líderes religiosos de expressão internacional para se discutir e formular proposta de paz.
É considerado um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil e no exterior. Na península ibérica se destacou pela assistência ao movimento espírita português e espanhol durante a ditadura fascista de ambos os países.
Suas palestras promovem o pacifismo, comparam a doutrina espírita com correntes filosóficas niilistas, hedonistas e orientais, estabelecem pontos de convergência entre a doutrina espírita e a ciência (principalmente a psicologia) e incentivam a busca constante pelo autoconhecimento, ancorada em conhecimentos sobre psicologia e doutrina espírita.
Divaldo Franco já foi homenageado por várias centenas de instituições públicas e privadas, tanto no Brasil como no exterior, pela sua obra em favor dos desfavorecidos e sofredores, e pela paz que tem trazido às consciências.
Desde 2007 existe no site da Mansão do Caminho o programa de entrevistas “Encontro com Divaldo”.
MANSÃO DO CAMINHO
Divaldo, desde jovem, teve vontade de cuidar de crianças. Educou mais de 600 "filhos", hoje emancipados, a maioria com família constituída e a própria profissão, no magistério, contabilidade, serviços administrativos e até medicina, tem 200 "netos". Na década de 60 iniciou a construção de escolas-oficinas profissionalizantes e de atendimento médico. Hoje a Mansão do Caminho é um admirável complexo educacional que atende a 3.000 crianças e jovens carentes, na Rua Jaime Vieira Lima, 01 – Pau de Lima, um dos bairros periféricos mais carentes de Salvador; tem 83.000 metros quadrados e 43 edificações. A obra é basicamente mantida com a venda de livros mediúnicos e das fitas gravadas nas palestras.
O Centro Espírita Caminho da Redenção administra, dentre outros, os seguintes órgãos assistenciais:
§  Mansão do Caminho (semi-internato para crianças e jovens carentes), fundado em 15 de agosto de 1952;
§  A Manjedoura (creche para crianças carentes de 2 meses a 3 anos de idade);
§  Escola Jesus Cristo (ensino fundamental), fundada em março de 1950;
§  Escola Allan Kardec (ensino fundamental), fundada em 1965;
§  Escola de Informática;
§  Escola de Educação Infantil Alvorada Nova, fundada em fevereiro de 1971 com o nome de Esperança;
§  Escola de Evangelização (ensino espírita para público infantil);
§  Juventude Espírita Nina Arueira (ensino espírita para público jovem);
§  Caravana Auta de Souza (auxilia idosos e pessoas inválidas portadoras de doenças irrecuperáveis e degenerativas);
§  Casa de Assistência Lourdes Saad (distribuição diária de sopa e pão);
§  Casa da Cordialidade (assiste a famílias carentes);
§  Centro de Saúde J. Carneiro de Campos;
§  Evangelização Nise Moacyr (evangelização de crianças);
§  Juventude Espírita Nina Arueira (evangelização de jovens);
§  Grupo Lygia Banhos (esclarecimento e consolo a comunidades carentes);
§  Livraria Espírita Alvorada (editora e gráfica).
Divaldo Franco é um ser integral, de convivência singular, de conversa agradável, simples e alegre. Sempre de bom humor e com palavras confortadoras.