Em torno da mediunidade,
improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões.
É, não é. Viu, não viu.
E o médium sofria, por vezes,
longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido.
Por isso, à hora da prece,
achava-se quase sempre, desanimado e aflito.
Certa feita, o Espírito de Dona
Maria João de Deus compareceu e aconselhou-lhe:
— Meu filho, para curar essas inquietações você deve
usar a Água da Paz.
O Médium, satisfeito, procurou o
medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo.
Não o encontrou. Recorreu a Belo
Horizonte. Nada.
Ao fim de duas semanas,
comunicou à progenitora desencarnada o fracasso da busca.
Dona Maria sorriu e informou:
— Não precisa viajar em semelhante procura. Você poderá
obter o remédio em casa mesmo. A Água da Paz pode ser a água do pote.
— Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra,
beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora, nem a
engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz,
banhando a língua.
O Médium baixou, então, os
olhos, desapontado.
Compreendera que a mãezinha lhe
chamava o espírito à lição da humildade e do silêncio.
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