José Gonçalves Pereira nasceu em
São José do Barreiro, Vale do Paraíba (São Paulo - Brasil), em 14 de junho de
1906, filho de Horácio Gonçalves Pereira e Alvina Rodrigues Gonçalves Pereira.
Em 1927, já na cidade de São
Paulo, capital do Estado de São Paulo (Brasil), casa-se com Luíza Miranda
(nascida em 18 de maio de 1911, no bairro do Cambuci) e começa a trabalhar como
vendedor na empresa multinacional de origem inglesa "Gessy Lever".
A empresa nesta época tentava
introduzir um novo produto no mercado, sem muito sucesso − era um novo sabão em
barras − e o Sr. Gonçalves teve a ideia de fazer uma campanha mostrando a
lavagem de roupa em público, onde se demonstrava a superioridade do produto
sobre os concorrentes.
O sucesso da campanha, inédita
na época, levou rapidamente o Sr. Gonçalves a posição de Diretor Comercial, na
qual permaneceu até sua aposentadoria em 1964. A aposentaria foi solicitada
para que pudesse dedicar-se a Casa Transitória Fabiano de Cristo, da qual
falaremos adiante.
Foi levado a Federação Espírita
do Estado de São Paulo por um amigo. O objetivo era conversar com o Comandante
Edgard Ormond, autor do livro "Mediunidade", que o interessará
bastante. Por convite de Edgard Ormond, passou a participar das reuniões e a
integrar-se nas tarefas do grupo.
As atividades de Assistência
Social, o auxílio aos mais necessitados, sempre tiveram grande importância no
movimento espírita paulista, desde os tempos de Batuíra,
e naturalmente constituíam um das áreas de atuação da FEESP.
Em 1937 surgiu o
"Departamento Damas da Caridade" para prestar assistência à infância
desvalidas, as gestantes carentes e socorrer os pobres em suas penúrias. Em
1938 surge o "Setor de Assistência Social" ligado ao
"Departamento das Damas de Caridade", com o auxílio de médicos
voluntários prestando assistência médica, odontológica e farmácia. Em 1940 o
"Setor de Assistência Social" ganhou autonomia e seu primeiro diretor
foi o médico paulista Dr. Militão Pacheco.
Participando ativamente da
FEESP, o Sr. Gonçalves foi nomeado em 1949 − pelo Secretário Geral, Edgard
Ormond − Diretor do Departamento de Assistência Social.
Durante os anos em que dirigiu
este departamento, desenvolveu diversas atividades novas e estendeu grandemente
o número de benefícios prestados à sociedade. O trabalho iniciou-se em um
terreno atrás da sede da Federação (Rua Maria Paula), onde havia um galinheiro
desativado, estendeu-se no casarão posteriormente adquirido na rua Santo Amaro
e em 1960 culminou com a inauguração da "Casa Transitória Fabiano de
Cristo" na Marginal do Tiête.
Outra das iniciativas do Sr.
Gonçalves na FEESP foi a "Campanha da Fraternidade Auta de Souza"
(03/02/1953). Esta campanha surgiu da necessidade de arrecadar-se mantimentos
para as famílias assistidas pelo Departamento de Assistência Social e
inicialmente se chamaria "Campanha do Quilo" (ideia apresentada por
Ninpho Correa).
O nome e a forma definitiva
surgiram após visita a Chico Xavier, em Pedro Leopoldo. No encontro com Chico
Xavier este lhe informou que "está aqui presente uma jovem desencarnada,
irradiando intensa luminosidade, dizendo-nos ser participante das tarefas do
atendimento aos necessitados do Departamento de Assistência Social, junto aos
seus voluntários". Esta jovem era Auta
de Souza.
Em uma da visitas que fez a
Francisco Cândido Xavier, o Sr. Gonçalves notou que um grupo de jovens copiava,
em cadernos escolares, as mensagens psicografadas e trechos dos livros de Allan
Kardec. O motivo era a dificuldade de terem acesso aos livros impressos, então
caros e raros.
Para amenizar esta situação o
Sr. Gonçalves criou, em 18 de abril de 1953, o grupo "Os Mensageiros"
com a finalidade de distribuir mensagens espíritas impressas. A impressão e
distribuição foi inicialmente custeada pelo próprio Sr. Gonçalves, mas aos
poucos se juntaram outros colaboradores e o grupo existe até hoje (sua página
na internet é http://www.mensageiros.org.br),
tendo já atingido a marca de 1 bilhão de mensagens distribuídas para o mundo
todo.
Já a Casa Transitória surgiu da
necessidade de um espaço mais adequado para as atividades assistenciais da
FEESP e foi construída em terreno cedido pelo governador Jânio Quadros as
margens do rio Tiête. O terreno era um verdadeiro charco e foi um trabalho
imenso transforma-lo nos pavilhões rodeados de jardins que lá se encontram
agora.
A participação do plano
espiritual na sua criação foi grande, inclusive durante grave enfermidade
enfrentada pelo Sr. Gonçalves ele foi levado espiritualmente a visitar a
instituição do plano espiritual da qual a Casa emprestou o nome, e dali trouxe
também a inspiração para sua arquitetura.
A Casa foi fundada em 25 de
janeiro de 1960, com duas linhas principais de trabalho:
§ O
objetivo de "amparar a criança reajustando-lhe a família", e
§ O
trabalho voluntário em todos os setores possíveis (uma das poucas exceções foi
o abrigo de idosas, que necessita de presença permanente de enfermeiros e
médicos).
Assim o socorro às gestantes
carentes é apenas a linha de frente de um grande trabalho de reajuste,
complementado por cursos de higiene e cuidados básicos com os nenês,
assistência médica e cursos profissionalizantes.
Colaboradores diversos ao longo
dos anos, entre eles esportistas famosos como o lutador Éder Jofre, criaram
cursos de futebol (para manter afastadas as crianças da rua), horta (para
suprir o refeitório), atividades diversas para as crianças e adultos no intuito
de renovar-lhes os valores e esperanças.
Na direção da Casa, a qual
dedicou-se integralmente após aposentar-se, o Sr. Gonçalves contou com o apoio
de sua esposa. A presença e atividade de ambos orientou o trabalho dos
voluntários e serviu de inspiração e de ponto de agregação durante os anos de
consolidação da instituição. Pelo testemunho dos voluntários que o conheceram,
sua personalidade marcou a vida de todos que com ele tiveram contato. Outras
instituições, como a Casa Transitória Fabiano de Cristo foram ao longo dos
anos, criadas e se pautaram pelos ideias do Sr. Gonçalves.
Em 25 de agosto de 1989, após
uma vida repleta de ações em prol do próximo, desencarna José Gonçalves
Pereira. Seu corpo foi velado em um dos pavilhões da Casa Transitória, enquanto
que seu espírito certamente despertava para a vida verdadeira. No dia seguinte
ao de sua desencarnação, em reunião pública no "Grupo Espírita da
Prece" de Uberaba, o espírito Maria Dolores envia através da mediunidade
de Chico Xavier uma mensagem em que o denomina "Apóstolo do Bem e Herói da
Caridade":
DÁDIVAS DE AMOR[2]
Uma carta... um olhar, uma
palavra boa;
Uma frase de paz que asserena
e abençoa;
Leve prato de sopa ou um
simples pão
Podem livrar alguém de cair
na exaustão;
Antigo cobertor, atirado ao
vazio,
Aquece o enfermo pobre
esquecido ao frio;
Uma peça de roupa remendada,
Talvez seja o agasalho ao
viajor da estrada;
Meio litro de leite à viúva
sem nome,
Ampara-lhe o filhinho, a
esmorecer de fome;
Todas essas doações supostas
pequeninas
São serviços do Bem, nas
paragens divinas;
São flores da fé viva, a
derramarem luz,
Revelando o fulgor do Reino
de Jesus;
Aqui, saudamos nós,
Gonçalves, nosso irmão,
Que ontem foi conduzido à
Celeste Mansão;
Que o Céu do Amor o guarde,
ante a nossa saudade,
Do Apóstolo do Bem e Herói da
Caridade;
Maria Dolores
Só como observação final,
"Os Mensageiros" é o título de um dos livros de André Luiz,
psicografados por Francisco Cândido Xavier, e a "Casa Transitória Fabiano
de Cristo" é uma instituição no plano espiritual dedicada ao atendimento aos
espíritos sofredores, descrita no livro "Obreiros da Vida Eterna",
também de André Luiz.
[1] http://www.autoresespiritasclassicos.com/Biografias%20Espiritas/Letras/Biografias%20Esp%C3%ADritas%20Gr%C3%A1tis-----Letra%20J.htm
[2] Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier
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