Miramez
Como se pode definir a justiça?
A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos
demais.
Que é o que determina esses direitos?
Duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo os
homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas
estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. Vede se hoje as
vossas leis, aliás imperfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade
Média. Entretanto, esses direitos antiquados, que agora se vos afiguram
monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. Nem sempre, pois, é
acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito
regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular,
há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.
Questão 875/O Livro dos Espíritos
Define-se a justiça em um dos
seus inumeráveis ângulos: o respeito aos direitos alheios. Podemos observar até
onde chegam nossos direitos e começam os nossos deveres. Olhando por este
prisma, encontraremos sempre a paz. Não fazer aos outros o que não desejamos
para nós, eis a justiça interna ditada pela consciência, força poderosa, em
ação para nos comandar.
A definição da justiça, na sua
amplitude é impossível no campo das ações humanas, porque a justiça é o mesmo
amor, agindo em dimensão diferente, com os mesmos objetivos, dando alegria e
fazendo homens mais humanos em busca da tranquilidade espiritual.
A verdadeira justiça está
escrita na natureza, e essa força divina inspira aos legisladores, de maneira
que eles transcrevem nas leis humanas alguns reflexos da justiça divina. No
entanto, essas leis humanas obedecem ao progresso, acompanham a marcha do
despertamento das almas, ao passo que a justiça de Deus é por excelência
imutável.
Como definição da justiça em
maior grau para todos nós, devemos dizer que a justiça é amor. A
natureza nos dá exemplos insubstituíveis, em toda a sua floração de vida. É
Deus nos mostrando o Seu caminho para todos e tudo criado por Ele. A lei humana
é necessária para mostrar a lei natural da Justiça, e ela passa a viver em nós
e por nós. Em tudo o que fizermos não nos esqueçamos da justiça, mesmo nas
coisas materiais.
Justiça é harmonia. Os próprios
átomos se agregam por lei de afinidade elementar; isso é harmonia e justiça.
Assim acontece com os astros, assim na vida, assim com os homens, lares e
nações. Os homens estabeleceram e estabelecem leis mutáveis, que avançam com o
progresso, e Deus estabeleceu leis que nunca mudam. O que muda é o modo de ser
do homem, de sorte a compreender melhor a vida.
Quem deseja meditar mais sobre
Deus e Suas leis, deve fazê-lo, que os conhecimentos irão chegando à mente e se
enraizando no coração. Se queremos modificar o homem velho, necessário se faz
que ele morra, para nascer novo homem, com novas perspectivas para amar. Vamos
lembrar João novamente, no capítulo onze, versículo catorze, nesta referência:
Então
Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.
Morreu o Lázaro velho e nasceu o
novo Lázaro, para nova vida espiritual. Nasceu em Cristo, entendendo e
ensinando as coisas do Céu.
Não devemos temer a morte da
nossa personalidade cheia de paixões inferiores, desde quando nos encontramos
dispostos às devidas mudanças. Nasceremos renovados em Jesus, para a vida cheia
de valores imortais. Aí, as mesmas leis humanas deverão mudar, de acordo com a
nossa personalidade. Os raios de sol descem para todos, no entanto, cada um
tira deles segundo o que faz jus, pela evolução dos seus talentos.
As leis criadas pelos homens no
passado, hoje não têm mais razão de ser, no entanto, as leis de Deus no passado
eram as mesmas, são e sempre o serão eternidade afora.
As leis eternas de Deus existem,
como sendo um tribunal para regular nossas emoções e nos fazer seguros de
comportamento, dentro da consciência, centro de luz, ainda desconhecida dos
homens e de muitos Espíritos fora do corpo.
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