Miramez
Como pode haver céticos, uma vez que a alma traz ao homem
o sentimento das coisas espirituais?
Eles são em número muito menor do que se julga. Muitos
se fazem de espíritos fortes, durante a vida, somente por orgulho. No momento
da morte, porém, deixam de ser fanfarrões.
A responsabilidade dos
nossos atos é a consequência da realidade da vida futura. Dizem-nos a razão e a
justiça que, na partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar
confundidos os bons e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem,
sem trabalho, de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança. A
ideia que, mediante a sabedoria de Suas leis, Deus nos dá de Sua justiça e de
Sua bondade não nos permite acreditar que o justo e o mau estejam na mesma
categoria a Seus olhos, nem duvidar de que recebam, algum dia, uma recompensa,
o castigo o outro, pelo bem ou pelo mal que tenham feito. Por isso é que o
sentimento inato que temos da justiça nos dá a intuição das penas e recompensas
futuras. (Allan Kardec)
Questão 962 / O Livro dos Espíritos
Já falamos que o Espírito,
quando no mundo espiritual, antes de reencarnar, passa por muitos estágios de
aprendizado e de experiências, e sendo assim, como pode haver céticos? Essa, a
pergunta de muitos. Acontece que a carne envolve a alma e faz com que ela
esqueça as lições recebidas. Certamente que a consciência derrama avisos
constantes na mente ativa, no entanto, esta somente os registra com mais
intensidade, de acordo com a evolução e com o interesse que tenha a alma, nos
caminhos que escolheu para percorrer.
As almas endurecidas, que falam
de materialismo e que se desvinculam das escolas espiritualistas, achando que é
perda de tempo, o fazem mais para tomar atitude contrária aos outros, aos quais
chamam de fanáticos. Porém, com o tempo, esses Espíritos vão acordando, pela
força do próprio progresso, e não têm outro caminho que não seja acreditar em
uma força soberana, que a tudo dirige com a mais ampla inteligência.
Como negar a Deus, seja qual o
nome que se Lhe queira dar, diante de tantos fenômenos que a natureza expõe
para as vistas humanas e espirituais? Já meditaste na harmonia dos mundos, na
fertilidade da Terra, na simplicidade das águas, sem as quais não haveria vida
entre os povos? O que dizer do valor do ar, da função da eletricidade no mundo,
do nascimento de uma criança, da grandeza nos mares, da maravilha que é o corpo
físico? Eis uma porta aberta para outras deduções. A própria ciência, que é
cética hoje, começa a estudar pontos pelos quais deverá encontrar o Espírito.
O progresso, fato irreversível
em todas as sociedades, é portador dessas descobertas, na função divina de
fazer o filho pródigo voltar à casa paterna. Que queres mais? Deus, apesar de
se encontrar fora de nós, o Seu amor é tanto que se acha dentro da nossa
consciência por processos que ainda ignoras, mas que o mesmo progresso irá te
dar meios de descobrir. Quando chegar esse dia, compartilharás da festa de luz
nos arraiais do teu coração. Os que sustentam a descrença na vida espiritual
por tantos anos, quando chega o momento da morte, mudam de opinião, porque veem
uma fresta de luz a lhes indicar a vida e passam a escutar a consciência, que
lhes falava tantas vezes sobre a vida eterna. Todos fomos feitos iguais, por
sermos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, amoroso e santo.
O materialismo é semente
plantada que deve ser destruída, é o joio que está crescendo com o trigo, mas,
quando os dois estiverem grandes, será arrancada.
Ele, porém, respondeu:
Toda
planta que meu Pai Celestial não plantou, será arrancada.
Mateus, 15:13
Esse joio será arrancado pela
raiz, para que nunca mais cresça nos corações humanos. Não tenhas dúvidas sobre
essa verdade. A pureza de pensamentos está chegando às sociedades humanas, mas,
como nada deve surgir com violência, a natureza conhece esse trato com as
coisas do Espírito, e é na sequência da vida que a verdade vai chegando no
silêncio, sem nunca deixar de apresentar-se para libertar a criatura.
Isso é Deus agindo com amor,
fazendo-nos caridade pelos agentes de luz do Seu coração. No amanhã, somente os
livros citarão os céticos, sem que ninguém mais alimente este estado de alma,
por ser ele contrário às leis naturais. A crença na vida vai ser generalizada e
se passará a viver movido pelo amor, nas asas da esperança.
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