Estênio Negreiros
É comum conhecermos pessoas
dotadas do ostensivo dom da mediunidade e que são absolutamente ignorantes
desse patrimônio divino sem sequer saber do que se trata.
Uma senhora dona de casa — a
quem chamarei aqui de L... — que presta serviços de limpeza na minha
residência, pessoa simplória e semianalfabeta, relata-me com frequência
situações em que ela ouve vozes, sussurros, vê vultos e em algumas situações
intui que algo está ocorrendo com um familiar seu que mora distante.
Meses atrás ela relatou-me a
lamentável situação em que se encontrava um irmão seu, residente na capital
paulista, preso por tráfico de drogas. Conta ela que, na noite do dia em que
ele foi flagrado cometendo o crime, ela ouviu um grito desesperado dele. Na
manhã seguinte, a esposa do seu desditoso irmão telefonou para sua família
comunicando o triste episódio e pedindo-lhe ajuda.
Numa outra residência, aqui em
Fortaleza, cuja família também se beneficia do mesmo trabalho dela de zeladora,
as ocorrências de manifestações espirituais são costumeiras. Há uns dois anos,
mais ou menos, desencarnaram dois dos moradores daquela casa, o cabeça do casal
e a irmã da esposa dele. Tempos depois, a senhora L... começou a ver um vulto
com os mesmos traços fisionômicos da falecida senhora; depois, passou a ouvir
sussurros e uma voz chamando pelo seu nome, que ela garante ser a voz da dita
senhorinha. Relata ainda a senhora L... que a viúva, uma mulher de idade avançada,
constantemente lhe pergunta quem é aquela criança do sexo masculino que ela
sempre vê brincando ou transitando pelo apartamento onde mora. Lá não mora
nenhuma criança e somente vez ou outra uma garotinha sua aparentada vem
visitá-la junto com seus pais.
D. L..., quinzenalmente
desempenha o seu ofício numa casa situada num sítio localizado nos arredores da
cidade de Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza, cuja família é
constituída de um casal com duas filhas adultas e uma delas tem uma filhinha pequena.
Conforme a nossa zeladora, ocorrências estranhas são frequentes naquela
residência, um casarão muito antigo, e que parece se acentuarem nos dias em que
ela passa por lá. Ela vê vultos, murmúrios de pessoas conversando, tudo isso
quando não há ninguém no recinto do casarão. O que mais lhe intriga é o
mal-estar que dela se apodera logo que adentra o perímetro do sítio: dor de
cabeça, confusão mental, desarranjo intestinal, tudo isso sem nenhum fator
provocador aparente. Conta ela que, dia desses, fazia uma tarefa na cozinha da
casa quando viu nitidamente passar próxima a ela uma pessoa com os mesmos
traços físicos e o mesmo vestido da dona da casa. Estranhando isso, ela indagou
ao dono da casa, que se achava no recinto, onde se achava sua patroa e ele lhe
respondeu que ela estava lá fora, no terreiro da casa, acompanhada da sua
netinha. D. L... foi conferir e de fato lá se achavam avó e neta, numa
distância considerável que não poderia ser percorrida entre o instante em que
ela avistou o vulto e o momento em que ela deu poucos passos para ver as duas
pessoas naquela área externa do casarão.
Em face do que D. L... me
relatou, expliquei-lhe que certamente ela é dotada da mediunidade de audiência
e vidência e que deveria procurar orientações num centro espírita sério onde,
certamente, à luz do aprendizado, poderia compreender e potencializar o seu
maravilhoso e ao mesmo tempo espinhoso dom mediúnico em favor do próximo.
À luz deste fato podemos
imaginar quantos milhões de médiuns de grandes aptidões existem mundo afora,
ignorantes de seus dons mediúnicos, sofrendo por não saberem explicar as
estranhas percepções que impressionam os seus sentidos ao verem ou ouvirem
pessoas ou vozes que não são materialmente palpáveis — para ficarmos somente
com os dois tipos de parapercepções de audiência e de vidência. Não sabem esses
milhões de médiuns deseducados o quanto também se beneficiariam por serem
medianeiros a serviço de Jesus Cristo e, por consequência, burilando o seu
próprio aprimoramento moral.
[1] O CONSOLADOR - Ano 16 - N° 811 - 19 de Fevereiro de
2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano16/811/ca2.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário