Humberto de Campos nasceu na
pequena localidade de Piritiba, no Maranhão, em 25 de outubro de 1886.
Foi menino pobre. Estudou com
esforço e sacrifício. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade. Sua infância foi
marcada pela miséria. Em sua "Memórias", ele conta alguns episódios
que lhe deixaram sulcos profundos na alma.
Tempo depois, mudou-se para o
Rio de Janeiro, então Capital da República, onde se tornou famoso. Brilhante
jornalista e cronista perfeito, suas páginas foram "colunas" em todos
os jornais importantes do País.
Dedicou-se inteiramente à arte
de escrever, e por isso eram parcos os recursos financeiros. A certa altura da
sua vida, quando minguadas se fizeram as economias, teve a ideia de mudar de
estilo.
Adotando o pseudônimo de
Conselheiro XX, escreveu uma crônica chistosa a respeito da figura eminente da
época - Medeiros e Albuquerque-, que se tornou assim motivo de riso, da
zombaria e da chacota dos cariocas por vários dias.
O Conselheiro, sibilino e
mordaz, feriu fundo o orgulho e a vaidade de Medeiros, colocando na boca do
povo os argumentos que todos desejavam assacar contra Albuquerque. O sucesso
foi total.
Tendo feito, por experiência,
aquela crônica, de um momento para outro se viu na contingência de manter o
estilo e escrever mais, pois seus leitores multiplicaram, chovendo cartas às
redações dos jornais, solicitando novas matérias do Conselheiro XX.
Além de manter o estilo,
Humberto se foi aprofundando no mesmo, tornando-se para alguns, na época, quase
imortal, saciando o paladar de toda uma mentalidade que desejava mais liberdade
de expressão e mais explicitude na abordagem dos problemas humanos e sociais.
Quando adoeceu, modificou
completamente o estilo. Sepultou o Conselheiro XX, e das cinzas, qual Fênix luminosa,
nasceu outro Humberto, cheio de piedade, compreensão e entendimento para com as
fraquezas e sofrimentos do seu semelhante.
A alma sofredora do País buscou
avidamente Humberto de Campos e dele recebeu consolação e esperança. Eram
cartas de dor e desespero que chegavam às suas mãos, pedindo socorro e auxílio.
E ele, tocado nas fibras mais sensíveis do coração, a todas respondia, em
crônicas, pelos jornais, atingindo milhares de leitores em circunstâncias
idênticas de provações e lágrimas.
Fez-se amado por todo o Brasil,
especialmente na Bahia e São Paulo. Seus padecimentos, contudo, aumentavam
dia-a-dia. Parcialmente cego e submetendo-se a várias cirurgias, morando em
pensão, sem o calor da família, sua vida era, em si mesma, um quadro de dor e
sofrimento. Não desesperava, porém, e continuava escrevendo para consolo de
muitos corações.
A 5 de dezembro de 1934,
desencarnou. Partiu levando da Terra amargas decepções. Jamais o Maranhão, sua
terra natal, o aceitou. Seus conterrâneos chegaram mesmo a hostilizá-lo.
Três meses apenas de
desencarnado, retornou do Além, através do jovem médium Chico
Xavier, este, com 24 anos de idade somente, e começou a escrever, sacudindo
o País inteiro com suas crônicas de além-túmulo.
O fato abalou a opinião pública.
Os jornais do Rio de Janeiro e outros estados estamparam suas mensagens,
despertando a atenção de toda gente. Os jornaleiros gritavam. Extra, extra!
Mensagens de Humberto de Campos, depois de morto! E o povo lia com
sofreguidão...
Agripino Grieco e outros
críticos literários famosos examinaram atenciosamente a produção de Humberto,
agora no Além. E atestaram a autenticidade do estilo. "Só podia ser
Humberto de Campos!" - afirmaram eles.
Começou então uma fase nova para
o Espiritismo no Brasil. Chico Xavier e a Federação Espírita Brasileira
ganharam notoriedade. Vários livros foram publicados.
Aconteceu o inesperado. Os
familiares de Humberto moveram uma ação judicial contra a FEB, exigindo os
direitos autorais do morto!
Tal foi a celeuma, que o
histórico de tudo isto está hoje registrado num livro cujo título é "A
Psicografia ante os Tribunais", escrito por Dr. Miguel Timone.
A Federação ganhou a causa.
Humberto, constrangido, ausentou-se por largo período e, quando retornou a
escrever, usou o pseudônimo de Irmão X.
Nas duas fases do Além, grafou
12 obras pelo médium Chico Xavier.
"Crônicas de
Além-Túmulo", "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho",
"Boa Nova", "Novas Mensagens", "Luz Acima",
"Contos e Apólogos" e outros foram livros que escreveu para deleite
de muitas almas.
Nas primeiras mensagens temos um
Humberto bem humano, com características próprias do intelectual do mundo. Logo
depois, ele se vai espiritualizando, sutilizando as ideias e expressões,
tornando-se então o escritor espiritual predileto de milhares.
Os que lerem suas obras de
antes, e de depois, de morto, poderão constatar a realidade do fenômeno
espírita e a autenticidade da mediunidade de Chico Xavier.
O mesmo estilo, o mesmo estro!
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