Édouard Manet - Le Suicidé (1877)
Miramez
Os que, não podendo suportar a perda de pessoas queridas,
se matam na esperança de se juntarem a elas, atingem o seu objetivo?
O resultado para elas é bastante diverso do que
esperam, pois em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por
mais tempo, porque Deus não pode recompensar um ato de covardia e o insulto que
lhe é lançado com a dúvida quanto à sua providência. Eles pagarão esse instante
de loucura com aflições ainda maiores do que aquelas que quiseram abreviar, e
não terão para os compensar a satisfação que esperavam.
Questão 956/O Livro dos Espíritos
O suicídio por apego é um tanto
ou quanto possível por obsessão, sendo praticado às vezes por sugestão. Deus
não pode aceitar determinação do homem; Ele, o Todo Poderoso, é que faz as leis
e não pede aos Espíritos opiniões sobre os destinos dos seres.
Matar-se por querer unir-se a
outrem, por apego ou ciúme, é ignorância que não corresponde à lei, que nos
ordena esperar até o dia em que a bondade divina queira. Tirar a vida em busca
de companhias espirituais é violentar o modo de atingir os destinos. A culpa é
bem grande e o castigo também, sendo que, em vez de nos juntarmos aos ser que
pretendíamos encontrar, podemos passar maior tempo distanciado dele, corrigenda
essa que nos educa para o futuro, visto que ficará na nossa consciência a
lembrança e nunca mais praticaremos essa invigilância.
Muito diverso do que se espera,
é, pois, o resultado que se colhe, quando praticamos esse ato indigno. Iremos
em sentido diverso ao que almejávamos; em vez de nos reunirmos com o objetivo
amado, passamos para o outro extremo, dificultando ainda mais a união.
É justo e meritório que soframos
a perda do ente querido com paciência, trabalhando e amando, entendendo a
caridade e fazendo-a aos nossos semelhantes, perdoando os companheiros,
esquecendo suas faltas e procurando, com isso, ir aparando as nossas próprias
arestas, para que no dia em que formos chamados para o mundo espiritual
possamos, se não nos juntarmos ao ente querido, pelo menos auxiliarmos com as
nossas possibilidades, que ganhamos pela educação e respeito às leis de Deus.
Já falamos alhures muitas vezes
que ninguém engana a Deus. Ele, o Supremo Mandatário do universo, está presente
em todos os lugares, por poderes que por vezes duvidamos.
Porém,
muitos primeiros serão últimos, e os últimos, primeiros.
Mateus, 19:30
Os que buscam por meios ilícitos
fugir da vida para encontrar os que lhe são caros no mundo espiritual, como
primeiros serão os últimos, e o últimos, por terem tido paciência de esperar,
serão os primeiros a reencontrarem aqueles que partiram para o mundo
espiritual.
Não deves romper a divisa entre
os dois mundos pela violência; esperar o dia marcado por Deus é o mais
acertado, se queres paz na consciência. O que podes ou queres fazer sem a ajuda
de Deus? Nada, pois para tanto Ele faz leis, no sentido de lhes obedecermos e o
obediente é sempre feliz. A criatura que não pode se conformar com a perda do
companheiro ou companheira, filhos ou parentes, e pratica o suicídio, passa a
ser covarde e a covardia assinala ignorância, sendo o resultado drástico para
quem o pratica.
Cuida da tua vida na Terra, observando
as leis naturais que regem o corpo físico; pois ele é um tesouro que Deus te
deu, capaz de te mostrar o caminho certo para a paz de consciência. Não percas
a paciência com possíveis acontecimentos; resiste a tudo com ponderação,
trabalhando sempre no bem comum, de modo que o amor seja a tua baliza, na vida
e mesmo na morte.
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