quinta-feira, 15 de setembro de 2022

ADORAÇÃO EXTERIOR[1]

 

Miramez

 

A adoração necessita de manifestações exteriores?

− A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa.

A adoração exterior é útil?

− Sim, se não for um fingimento. É sempre útil dar um bom exemplo; mas os que o fazem só por afetação e amor próprio, e cuja conduta desmente a sua aparente piedade, dão um exemplo antes mau do que bom, e fazem maior mal do que supõem.

Questão 653/O Livro dos Espíritos

 

Os povos primitivos não têm outros meios do que a adoração exterior, e ela serve para eles, devido aos seus limitados conhecimentos sobre a verdade. Não podemos exigir uma adoração em Espírito e Verdade de quem não pode dá-la; seria violência com o tipo de vida e a evolução que ele comporta.

Não deves criticar os adoradores de Deus que se servem dos meios materiais para fazê-lo. Se já conheces o Pai e sentes a necessidade de adorá-Lo pela gratidão, na pureza do amor, faze-o, pela tua altura espiritual já conquistada. Quem mais aprendeu deve ter mais tolerância para com os ignorantes. Um professor não deve exigir de um aluno nos primeiros cursos o que os universitários já conhecem. A lei dos afins são as melhores em todos os campos de vida. O aprendizado é gradativo.

A Doutrina dos Espíritos apareceu no mundo como sendo a terceira revelação, e como tal mostrar-nos-á as leis mais claras, nos despertando para uma vida mais pura. Assim acontecendo, oremos e ajudemos aos que se encontram na retaguarda da filosofia divina, que nós também precisamos dos que se encontram à nossa frente, encarnados e desencarnados.

Entrelacemos as mãos, porque somos todos elos da divina força de Deus em busca da luz.

A adoração verdadeira nasce do coração, envolvendo todos os sentimentos. Devemos acionar os pensamentos em gratidão, todos os dias, Àquele que nos criou, não para lembrá-Lo de que existimos, pois, Ele está presente em tudo, mas, com esse gesto nos aproximarmos d'Ele, pela força do amor.

O perigo da adoração exterior é atrair gente que somente pelos lábios mostra, por vaidade, que está adorando a Deus. Quem já o faz em Espírito e Verdade, tendo oportunidade de esclarecer aos que desconhecem essa modalidade divina de adorar a Deus, deve fazê-lo sem afetação, sem vaidade, sem orgulho e com humildade, pois sendo Ele Deus, vê todos os nossos feitos e reconhece as nossas intenções. A pureza, em tudo que fazemos, é luz em nossos caminhos, é paz nas nossas vidas, é amor que o nosso coração irradia em todas as direções.

No momento da adoração sincera, quando chamamos Jesus de Mestre e Senhor, Ele está sentindo e vendo isso, pelos Seus atributos divinos. Vejamos o que Ele mesmo disse aos Seus adoradores:

Vós me chamastes o Mestre e o Senhor, e dizeis bem, porque Eu o Sou. (João, 13:13)

A adoração sincera é divina, mas ela deve se estender aos pensamentos, às ideias, às palavras e às ações. O verdadeiro adorador de Deus e Cristo, o é pela vida que leva dentro da pureza, onde o amor universal seja o instrumento dessa gratidão. Aqueles que louvam o Senhor somente para mostrar seus gestos, estando longe seus sentimentos, desconhecem as consequências do que fazem. Falta-lhes maturidade espiritual, e a paciência de Deus continua esperando que o tempo e as Suas leis naturais possam levar Seus filhos a compreenderem seus maiores deveres ante a paternidade universal.

A adoração válida é aquela que corresponde à evolução da alma, desde quando o amor seja o instrumento e a sinceridade a marca mais segura do filho ao Pai. Dos espíritas esperamos que adorem ao Senhor em Espírito e Verdade, de modo que a verdade os liberte.



[1] Filosofia Espírita – Volume 13 – João Nunes Maia

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