Adriana Machado
Vamos conversar um pouco sobre
um tema que está levando uma grande parcela da humanidade a se defrontar com um
dos seus inúmeros tabus: a homossexualidade.
Para não haver dúvidas e
buscando trazer um conceito simples, uma pessoa homofóbica é aquela que tem rejeição
ou aversão ao homossexual e à homossexualidade. Homossexual, por sua vez, é
a denominação dada a uma pessoa que sente atração por pessoas do mesmo sexo.
Em nosso país, existem muitas
pessoas que, declarada ou veladamente, são contra o sentimento/relacionamento
homoafetivo. Precisamos relembrar que, para um país que até hoje vê com
estranheza um casal inter-racial, não seria diferente com um casal homossexual!
Diante desta triste realidade,
podemos ter uma ideia do que hoje ainda somos como seres humanos. Ainda temos
dificuldade de enfrentar o que é novo, de perceber que o que antes poderia ser
uma verdade, hoje, ela pode ter sido superada.
Com o propósito de fazer uma
reflexão ampla e sem julgamento, trago à baila que, por muitos séculos, nosso povo
foi convencido que a escravidão era certa porque os negros não tinham alma e
que a homossexualidade era um pecado capital.
Ainda hoje, existem pessoas que
pregam essas vertentes como se pecaminosas fossem. Então, infelizmente, não
será de uma hora para outra que essas ideias serão extirpadas de nosso
consciente individual e coletivo. E quando digo nosso consciente, estou também
englobando aqueles que carregam esse estigma, porque muitos deles não se
aceitam como são pelo próprio medo de não ser aceito e, acreditem, do próprio
preconceito que carregam. Mas, tal evolução consciencial acontecerá com cada um
de nós, isso eu tenho certeza.
Justificada ou não, essa é uma
das razões, em pleno século XXI, de ainda se ter dificuldade de se aceitar um
casal inter-racial ou homossexual. Isso é tão real que somente agora um Papa
teve coragem de falar aberta e favoravelmente sobre esse assunto com um olhar
mais acolhedor, pacificador e cristão!
Durante séculos, muitas foram (e
ainda são) as pessoas alvo de preconceito de terceiros que tinham (e ainda têm)
dificuldade de entender as escolhas das primeiras, não as aceitando antes, não
as aceitando agora.
Quantos filhos homossexuais
foram (e ainda são) expulsos de seus lares, porque os seus pais não aceitaram
que aqueles optem por escutar o seu próprio coração? É triste, mas, peço
para não criticarmos imediatamente esses pais, por que fico a imaginar que
nível de devoção cega eles carregam a ponto de acharem que isso é tão
abominável ou pecaminoso, que não devem mais amar o seu próprio filho?
Em uma sociedade que pensava
assim desde muitos séculos atrás, como esta poderia dar um salto e aceitar
naturalmente aquilo que lhes é dito, somente agora, como certo e natural? Não
há como exigirmos isso, mas podemos começar a nossa
conscientização pessoal e coletiva. Cada um de nós precisa se analisar, flagrar
e se conscientizar sobre os preconceitos que carrega e, neste momento propício,
ajudarmos àqueles a enxergar o que nós já conseguimos ver com o coração.
Vemos estudos onde se comprova
que as crianças (espíritos milenares) tendem a não alimentar o preconceito que
carregam dentro de si (dogmas latentes). Elas, se bem orientadas, não
alimentarão aquilo que podem ter trazido de outras vidas (como no caso do preconceito)
e ainda terão a oportunidade, numa sociedade mais conscientizada, de se verem
trabalhando os seus próprios sentimentos menos nobres sobre as escolhas
alheias.
O homem preconceituoso
(homofóbico, racista etc.) é aquele ser que ainda não aprendeu a lidar com
os seus próprios sentimentos em relação a si mesmo e ao próximo. Ele luta
incansavelmente para defender as suas ideias, porque entende que está certo num
mundo que está se perdendo. Por isso, quando o homem preconceituoso se une a
outro com o mesmo ideal, normalmente, se torna violento em defender as suas
ideias porque, sem a razão, é a violência que impera para implantar uma
“verdade” unilateral.
Não há como contestar que a
homossexualidade e a homofobia são uma realidade no mundo, mas, segundo a
minha proposta de reflexão neste blog, não posso deixar de mencionar sobre o
perigo de tudo se generalizar, porque, buscando ter um olhar mais pacificador,
nem toda opinião contrária à homossexualidade é contrária ao homossexual, bem
como o fato de alguém não desejar ser homossexual, não significa que ele é
contrário à homossexualidade. Temos a tendência de, generalizando, imputarmos
ao próximo preconceitos que, talvez, ele não os possua. Podemos não gostar de
verduras, mas amarmos os vegetarianos!
E, fazendo um adendo, mesmo que
quiséssemos defender a homofobia baseada na ideia da programação antecipada da
nossa vida terrena e, por causa dela, entendêssemos que viemos homem ou mulher
com um propósito e que não devemos deturpar o gênero para aprendermos com ele e
suas limitações, ainda assim, não podemos esquecer que essa abertura de
sentimentos não surpreendeu a Deus, que o espírito não tem sexo, que somos
portadores de livre arbítrio e que jamais deveremos usar da exclusão familiar e
social se nos denominamos cristãos.
Por tudo isso, frente à nossa
evolução, aprenderemos de uma forma ou de outra sobre como lidar com as nossas
escolhas, emoções e sentimentos... sobre como lidarmos com as escolhas alheias,
suas emoções e sentimentos...
Amar é natural e, se é
natural, estarei cometendo pecado se amar incondicionalmente alguém que é do
mesmo gênero que eu?
Fica a reflexão.
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