Orson Peter Carrara[2]
Introdução
Ninguém desconhece os benefícios
oriundos da união de pessoas, ideias e grupos ou instituições, para expansão
dos ideais enobrecedores que dignificam a vida e seus tão variados desdobramentos.
Inclusive no movimento espírita, óbvio. E são muito conhecidos os esforços
nessa direção, com prodígios em favor da causa, especialmente pela condução de
Bezerra de Menezes, ainda em seu primeiro mandato como Presidente da Federação
Espírita Brasileira e pelas ações que se seguiram mesmo após sua desencarnação.
Inclusive com a conhecida mensagem Unificação, psicografada por Chico
Xavier em 1963 e largamente utilizada e divulgada. Aliás, diga-se, o conhecido
Benfeitor não se cansa nas recomendações nessa direção, considerando, claro,
sua magna importância.
A propósito, nunca é demais
recomendar a leitura, conhecimento e divulgação da citada mensagem. Aos novatos
– de idade ou aos que agora chegam – e também aos veteranos (até para que nos recordemos
das preciosas orientações e não as percamos de vista). Será fácil a qualquer
leitor a encontrar com as facilidades das buscas virtuais. Basta digitar no
navegador de pesquisa: Unificação – Bezerra de Menezes. Nessa ordem de raciocínio,
sugerimos também ao leitor pesquisar igualmente o valioso documento Orientação
aos Órgãos de Unificação, facilmente encontrável digitando-se o próprio título
em texto integral, fruto de revisão e aprovação pelas federativas estaduais do Conselho
Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, em 2020.
A expressão “União e Unificação deve
ser entendida na direção de ações conciliatórias, solidárias, sem qualquer imposição,
constrangimento ou desrespeito à liberdade. Ela representa, isto sim, disposição
e boa vontade na direção do objetivo maior: a causa espírita, que
valoriza iniciativas, respeita a liberdade e a independência e age sempre no
sentido do auxílio, da orientação, prevalecendo a decisão coletiva, no
intercâmbio das experiências. Note-se que quando se afirma decisão coletiva,
busca-se o consenso dos pontos comuns a bem do objetivo maior, levando-se em
conta as propostas apresentadas em plenários constituídos e eleitos pelos
próprios integrantes, que, por sua vez, representam outros órgãos e instituições,
o que faz alcançar resultados benéficos, práticos e coletivos.
Na referida mensagem Unificação,
encontramos a diretriz básica:
(...) mantenhamos o propósito
de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender (...).
A frase usada pelo Benfeitor
traduz como fazer... Esse manter o propósito é o grande segredo, ao invés de
nos fecharmos nos propósitos exclusivistas.
E no mundo digital ?
Com a explosão da virtualidade,
como entender o processo todo da “União e Unificação”? São possíveis?
Uma análise superficial da
realidade que vivemos intensamente nos dias atuais já mostrou que sim.
Facilitou-se a aproximação, derrubou-se barreiras e paradigmas, nivelou-se
pessoas, grupos e instituições, extinguiu distâncias, inclusive internacionais.
Vários aspectos para que as duas
ações aconteçam podem ser citados e refletidos por todos nós, até para que os aperfeiçoemos
para melhor utilização:
a)
Fortalecimento do ideal (nos estudos e
variadas ações) nos grupos de uma mesma instituição ou cidade, extinguindo-se
totalmente as fronteiras geográficas;
b)
Flexibilidade de horários (nos estudos,
na divulgação e ações administrativas), igualmente como acima anotado, com
grande facilidade de agendamentos;
c)
Redução drástica de custos - nos
deslocamentos, refeições e hospedagens, facilitando muita a expansão e
divulgação doutrinária espírita;
d)
Aproximação natural e multiplicação dos
contatos – muitos intercâmbios se estabeleceram entre pessoas,
instituições, grupos, cidades, estados e países, aproximando e unindo esforços,
estabelecendo sintonias extraordinárias;
e)
Preenchimento de espaços vazios – a
virtualidade preencheu espaços de pessoas solitárias, acamadas, com restrições
de deslocamentos e impedimentos variados;
f)
Derrubou o equivocado conceito de “minha
casa” – A suposta e limitante
proposição de “minha casa” cedeu lugar à “nossa causa”, ampliando a noção do
trabalho coletivo;
g)
Valores descobertos – Notáveis
trabalhadores espíritas, ocultos pelo anonimato, surgiram agora oferecendo sua
contribuição na expansão da ideia espírita, com legados importantes na história
do movimento, ainda que localizado numa instituição ou cidade;
h)
Burocracia perdeu lugar – Decisões antes
lentas e complexas ganharam ações mais práticas, facilitando ações variadas;
i)
E talvez o mais importante: a fraternidade
– Amigos se fizeram, reencontraram-se, estabelecendo laços de fraternidade
legítima que se desdobraram em ações concretas em favor da expansão da ideia
espírita.
Talvez se pergunte o leitor
sobre isolamento social, ausência de convivência presencial ou distanciamento
sob vários aspectos. É verdade, mas note-se que, apesar das limitações todas,
conseguimos conviver e tais etapas estão sendo vencidas gradativamente.
Podemos, pois, afirmar sem
receio, que as vantagens foram admiráveis e muito maiores que os reais aspectos
negativos também existentes, na saúde e na economia. Vistos, todavia, com o
olhar da experiência adquirida e de nossa condição imortal, os benefícios foram
e estão sendo maiores. Os prejuízos e limitações são passageiros, por mais que
perdurem, e as lições ficam para sempre.
Por outro lado, aprendemos –
ainda que em muitos casos precariamente – a utilizar as plataformas, que estão
sendo gradativamente também aperfeiçoadas.
Tornaram-se instrumentos muito hábeis
e úteis de divulgação e vivência espírita.
A alegação de lives ou
gravações distorcidas da realidade doutrinária, por sua vez, desaparecem no
universo de bons conteúdos disponíveis e diariamente produzidos.
Conclusão
A meu ver – e ninguém precisa concordar
com isso – penso que o maior dos benefícios foi a oportunidade oferecida para que
todos apareçam, cresçam, e, claro, aprendam. Tanto a estudar, a divulgar, a
refletir, como a se aproximar de vultos antes inacessíveis por razões variadas
e que agora dialogam como iguais – o que realmente somos, apesar de todas as
nossas diferenças pessoais.
Com tudo isso, paramos de falar
apenas para nós mesmos. Apesar do acréscimo de responsabilidade, saímos da instituição
para colocar o conhecimento à disposição do planeta (não tenhamos dúvida que
está muito próximo das plataformas terem tradutores simultâneos para os
diferentes idiomas), o que significa levar o conhecimento espírita, com sua grandeza,
para o imenso público planetário, traduzindo-se, pois, isso, como benção para a
Humanidade.
Ouso pedir que reflita comigo,
leitor, relendo os itens acima enumerados, para ampliar, com sua visão, os
aspectos ali colocados.
[1] Revista Dirigente Espírita – novembro/dezembro
2021 nº 186 - https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/11/DE186.pdf
[2] Orson Peter Carrara é escritor e expositor espírita.
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