quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

A ALMA E O FETO[1]

 

Miramez

 

A união do Espírito com o corpo não estando completa e definitivamente consumada, senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo uma alma?

‒ O Espírito que o deve animar existe, de qualquer maneira, fora dele. Propriamente falando, ele não tem uma alma, pois a encarnação está apenas em vias de se realizar, mas está ligado à alma que deve possuir.

Questão 353/O Livro dos Espíritos

 

Não se pode dizer que o feto tem uma alma, propriamente dizendo, no entanto, está destinado a possuí-la ou essa a este. Já falamos em várias anotações a respeito, que a reencarnação somente se consuma depois dos sete, quatorze e vinte e um anos. Os laços vão se apertando pouco a pouco, conforme o crescimento do corpo.

É notório e prudente, que tudo na vida respeite leis irradiadas por Deus, sem violência. O encontro do espermatozoide com o óvulo é a transformação de duas vidas em uma, para que se cumpra uma destinação em favor de um Espírito, na busca de experiências necessárias ao seu comportamento espiritual. Estudando a geração nos aspectos de beleza biológica, notadamente dentro do útero feminino, haveremos de raciocinar que um corpo precisa ser cuidado para que tenha equilíbrio na jornada a que se destina seguir.

O Espírito é uma ave que pousa no ninho craniano, comandando o corpo para a grandeza das suas qualidades imortais. Compete-nos verificar todos os dias as reações desse encontro, de maneira a deduzirmos com urgência o que devemos fazer da vida. A alma em marcha evolutiva vai necessitando de corpos que se sucedem, ciência que a ignorância humana empana, com medo de propagar, receio esse provindo da falta de conhecimento das necessidades do Espírito para seu melhor desempenho no mundo: se deseja algo, por exemplo, com excessivo querer, cria um corpo singular, a oferecer campo às suas vibrações de modo que esse corpo acumula seus próprios sentimentos; se é um pensador, cria com isso um corpo mental onde acumula inúmeros pensamentos, que vibram de acordo com as ideias que carrega.

Quem não usa seus poderes, deixa-os atrofiar, e não pode criar corpos diante da inutilidade dos seus talentos. A própria ciência no futuro irá estudar o comandante do corpo em todas as particularidades que ela poderá alcançar, porque somente conhecendo a alma, poderá saber de suas vestes, com as suas necessidades. A psicologia, quando ampliada na extensão do amor, deverá cuidar deste estudo igualmente, ajudando, assim, a mãe na sua gestação, instruindo-a no seu comportamento, para bons pensamentos e controle emocional. Também o pai deve ser instruído nesse sentido porque o Espírito bem antes do nascimento, já se encontra no lar, familiarizando-se com os seus futuros pais.

É bom que cada um coopere na evolução de todos. Cumprindo seu dever, esta trabalhando para si mesmo. A harmonia divina pertence a todas as criaturas. Precisamos conservá-lo dentro e fora de nós.

Por enquanto, não é necessário saber onde o Espírito fica; a alma não tem local especial para ficar quando está encarnada, podendo se mover por vários pontos porque o Espírito é inquieto.

Mesmo na inconsciência, ele se move e vibra em todas as direções e sopra onde quer que seja.

Diz O Livro dos Espíritos que o feto não tem propriamente uma alma; é a alma, certamente, que está esperando o seu corpo, para o cumprimento das suas atividades na Terra.

Esperemos e confiemos em Deus, para que tudo corra bem, para o nosso melhor desempenho.



[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia

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