quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

SÓ O BEM SALVA[1]

 


Miramez

 

É necessário fazer profissão de fé no Espiritismo e crer nas manifestações, para assegurar nossa sorte na vida futura?

‒ Se assim fosse, todos os que não creem ou que não puderam esclarecer-se seriam deserdados, o que é absurdo. É o bem que assegura a sorte no futuro; ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja a via que a ele conduz. (Ver itens 165 - 799).

A crença no Espiritismo ajuda o homem a melhorar-se ao fixar-lhe as ideias sobre determinados pontos do futuro; ela apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas porque permite considerarmos o que seremos um dia: é, pois, um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina a suportar as provas com paciência e resignação, desvia o homem da prática dos atos que podem retardar-lhe a felicidade futura, e é assim que contribui para a sua felicidade. Mas nunca se disse que sem ele não se possa atingi-la. (Allan Kardec)

Questão 982/O Livro dos Espíritos

 

Não se pode dizer que é necessário ser espírita ou participar do Espiritismo para se salvar.

Isso é contra a caridade. No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, há uma mensagem de Paulo, o apóstolo, que diz: Fora da caridade não há salvação. Só com a prática da caridade é possível se salvar, em todos os mundos habitados.

O que tranquiliza a consciência é o amor, em todas as suas faixas de vida. Todos os verdadeiros religiosos se salvam; todos somos ovelhas de Jesus e vivemos sob a Sua tutela divina. As religiões encaminham as almas para o bem, e quem vive nele é que está livre de todos os sofrimentos passageiros, na Terra e fora dela.

A crença na Doutrina Espírita ajuda a avisar os conhecimentos da alma, dando aos seus promitentes força para praticar as virtudes espirituais e se libertarem, mas não é somente sendo espírita que se salva. Os espíritas são, por vezes, mais necessitados de pão espiritual. Eles devem se esforçar cada vez mais no trabalho interno das mudanças espirituais, evoluindo no perdão, no amor e na fraternidade, para que possam sentir o Cristo interno a lhes comandar também por fora. De outra maneira, como acreditar em Deus bom e justo?

Devemos fazer a nossa escolha, de onde devemos beber a água da vida. Se no mundo existe o mal e o bem, o que se deve escolher? A resposta nos vem da epístola de Tiago:

 

Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargo? (Tiago, 3:11)

 

Certamente que não. As fontes são diferentes para atender as necessidades espirituais. Quem está avançando para a luz é certo que escolhe a água doce do entendimento espiritual, e quem se encontra nas trevas, por lei da natureza escolhe a amarga.

Somos dotados de livre arbítrio para a semeadura, mas obrigados à colheita. Para nos salvarmos, devemos conhecer a verdade, e ela nos tornará libertos. Para conhecer a verdade, devemos vivenciar as virtudes expostas por Jesus no seu Evangelho. Aquele que passa a viver o amor sente todas as irradiações dele; quem passa a viver o perdão, vem a sentir todos os seus benefícios, e assim sucessivamente, cada vez mais ganhando o que dá, recebendo o que oferta.

O homem maduro, espiritualmente falando, pode estar ligado a qualquer religião ou filosofia, ou até a nenhuma delas, que ele tem seu porte espiritual que lhe garante sua estabilidade na vida futura. No entanto, a Doutrina dos Espíritos fornece aos espíritas meios mais fáceis de acelerar sua marcha evolutiva, por mostrar o Cristo de maneira mais real e simples, abrindo os braços em oferta universal para todas as criaturas de Deus.

Entretanto, aqueles que não tiveram a oportunidade de encontrar a Doutrina Espírita, terão a oportunidade da prática da caridade, que todos a conhecem, e todos podem e têm condições de exercitá-la. Que seja, porém, como a viúva pobre diante do gazofilácio, em que Jesus se apoiou, dizendo: "Essa faz a verdadeira caridade, por ter doado o que tinha com o coração".

Esse é, pois, o roteiro de se salvar: pela caridade, sinônimo divino do amor.



[1] Filosofia Espírita – Volume 20 – João Nunes Maia

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