Juliana Carvalho Rocha[2] - 27 de janeiro de 2016
Todos nós vivemos neste universo
infinito, criado por Deus, o nosso Pai.
Consequentemente, tudo e todos
estão sujeitos às Leis de Deus (ou como ainda falam alguns: às Leis da
Natureza). Essa verdade é muito bem explicada pelos ensinamentos espíritas,
particularmente, através dos seguintes livros da Codificação Espírita (i.e., o
Pentateuco Espírita), a saber: O Livro
dos Espíritos (Livro Primeiro – das Causas) e A Gênese (Capítulo II).
Uma dessas “leis naturais” é a
conhecida Lei de Ação e Reação, a famosa terceira lei de Newton. Tal lei nos
ensina que: para toda força aplicada de um objeto para outro objeto, existirá
outra força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Em outras
palavras, a Lei de Ação e Reação nos diz que, para cada ação, existirá uma
reação oposta e de mesma intensidade. É oportuno salientar que as Leis de
Newton são somente aplicáveis para os movimentos nos quais as velocidades dos
objetos/corpos em deslocamento são bem menores do que a velocidade da luz. Por
essa razão, a Física Quântica e a Teoria da Relatividade estão sendo usadas
para a compreensão dos movimentos de objetos/corpos nos mundos microcósmico e
macrocósmico. Em resumo, a própria Lei de Ação e Reação não é adequada para
descrever certos fenômenos, na esfera material dentro do planeta Terra.
Uma outra lei natural é a Lei de
Causa e Efeito, a qual não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de
forma verossímil, através da Doutrina Espírita, no século XIX. Essa lei é bem
discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos seguintes livros: O
Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno. O
conhecimento da Lei de Causa e Efeito é bastante importante para que possamos
compreender o amor de Deus. Em verdade, o entendimento claro e racional dessa
lei tem o potencial de fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor. Em
outras palavras, a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a
tomarmos decisões sábias, em nossas existências, e, consequentemente, a
evoluirmos de forma mais eficiente.
Considerando, portanto, essas
duas leis e suas “similaridades”, é comum escutarmos frases, como estas: A Lei
de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação, aquela lei de
Isaac Newton. Para falar a verdade, a Lei de Causa e Efeito é um exemplo
prático da Lei de Ação e Reação, pois nada é por acaso. Baseados nisso, podemos
nos perguntar: i) essas leis são sinônimas? I) se são, por que são? III) se não
são, qual é a implicação direta e/ou indireta de se pensar que essas leis são
iguais? IV) qual é a relação entre essas duas leis?
Esses tipos de questionamentos
podem ser bastante comuns, especialmente quando se está começando a estudar os
ensinamentos do Espiritismo. Tendo isso em mente, nós devemos sempre relembrar
o que o Espírito de Verdade nos disse: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro
ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo.” É interessante observar que o
Espírito de Verdade incluiu um segundo mandamento: a instrução, que claramente
não é mais importante que o Amor, contudo deve também ser um objetivo de todos
nós, espíritas.
Sir Isaac Newton publicou o seu
trabalho sobre as Leis do Movimento, em 1687. Já a ideia sobre a Lei de Causa e
Efeito nos foi dada no século XIX, com o advento do Espiritismo. Dessa forma, é
razoável pensarmos que a maioria de nós é (ou era) possivelmente mais
familiarizada com a Lei de Ação e Reação do que com a Lei de Causa e Efeito.
Isso pode ser afirmado, levando-se em consideração que todos nós somos seres
imortais e, sendo assim, já ouvimos falar e aprendemos sobre a Lei de Ação e
Reação muito mais que sobre a Lei de Causa e Efeito.
Sendo assim, poderíamos dizer
que o entendimento da Lei de Causa e Efeito é algo razoavelmente novo, aqui na
Terra. Além do mais, o seu conceito é ainda “restrito”, ou melhor, mais e
melhor difundido entre nós, espíritas. Seguindo essa linha de pensamento,
muitos de nós, quando iniciamos os nossos estudos espíritas, muito
possivelmente, ao aprendermos novos conceitos (incluindo a Lei de Causa e
Efeito), fazemos comparações, analogias, associações etc., a fim de que
possamos tê-los mais claros, em nossas mentes. Por exemplo, é muito comum,
durante o processo de aprendizagem, usar um objeto de comparação, para poder
explicar o objeto de estudo.
Seguindo esse pensamento, o
objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito, e o objeto de comparação é a Lei de
Ação e Reação. Apesar da associação entre essas duas leis ser feita durante a
aprendizagem, não é correto dizer que as mesmas sejam as mesmas leis. Ao dizer
que essas duas leis são a mesma coisa, estamos a assumir que o objeto de estudo
é a mesma coisa que o objeto de comparação e vice-versa. Tal afirmativa pode
nos levar a perceber a sentença “nada é por acaso”, de forma incorreta. Como
consequência disso, existe uma possibilidade de se criar uma “teoria de
fatalismo divino”, a qual não tem nada a ver com os ensinamentos espíritas. É
recomendável a leitura do Capítulo 10 (Lei de Liberdade), de O Livro dos
Espíritos.
Por essa razão, é correto
afirmar que a Lei de Causa e Efeito não é a Lei de Ação e Reação. Claramente,
tais leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes. A
semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que, para cada ação,
existirá uma reação; i.e., para cada causa, tem-se um efeito. Esse fundamento é
algo lógico, para tudo na vida; entretanto, as maneiras como a Lei de Causa e
Efeito e a Lei de Ação e Reação se processam são completamente diferentes.
As principais diferenças entre
essas duas leis.
LEI DE AÇÃO E REAÇÃO
Natureza: Binária;
Característica: Lei física ; Processo:
Não-complexo; Predictabilidade: Determinado;
Aplicabilidade: Corpos/objetos dentro de
certas condições, no mundo material, no planeta Terra; Dependência do
Tempo: Imediata; Fatores de
dependência: Limitada.
LEI DE CAUSA E EFEITO
Natureza: Não-binária;
Característica: Lei Moral (lei
não-física); Processo: Complexo;
Predictabilidade: Variável; Aplicabilidade: Relações intrapessoais e interpessoais, em ambos os mundos, material
espiritual, não só na Terra, como possivelmente no Universo como um todo;
Dependência do Tempo: Variável, Fatores
de dependência: Muitos.
Como é possível observar, as
duas leis são completamente diferentes. Sendo assim, nós devemos estar cientes
disso. Isso é oportuno de ser dito, porque nada é por acaso, mas cada caso é um
caso. Seguindo, então, essa lógica, nós não devemos tentar “adivinhar” as
possíveis causas dos efeitos, sobretudo, quando as circunstâncias são
completamente desconhecidas e, em especial, se o conhecimento dessas causas não
nos adicionará algo de importante para a nossa evolução. Por exemplo, nós não
devemos conjecturar as causas que geraram as atuais situações (i.e., efeitos)
as quais nossos irmãos estão a vivenciar. De outra maneira, estaríamos a
julgá-los, e isso seria contra os ensinamentos do nosso Mestre Jesus:
Não julgueis e não sereis julgados; não
condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Lucas 6:37.
Nós não devemos – nem tampouco
nos punir – através dos sentimentos de culpa pelas decisões menos sábias as
quais tomamos e/ou pelos “sofrimentos” pelos quais passamos. Contudo, devemos,
sim, evitar cometer os mesmos erros do passado, buscando sempre refletir, antes
de quaisquer de nossas ações (o que inclui também os nossos pensamentos). Nós
não devemos “culpar” Deus, nem o governo, nem nossos familiares ou amigos pelos
nossos erros ou “sofrimentos”, em nossas atuais existências. Se agirmos assim,
estamos, de forma indireta, afirmando que a Lei de Causa e Efeito é a mesma
coisa que a Lei de Ação e Reação. E, ao afirmarmos que tais leis são a mesma
coisa, é promover, de forma inconsciente, a doutrina ilógica do fatalismo.
Em resumo, responsabilidade é a
palavra-chave. Nós devemos usar o nosso livre-arbítrio de forma sábia, o que
significa dizer: amando a nós mesmos e amando o nosso próximo. Essa é a forma de
se amar a Deus, tão bem demonstrada por Jesus, aqui na Terra, e, agora, tão bem
explicada pelo Espiritismo.
Nota da Editora: Esta matéria foi publicada, em inglês, na
The Spiritist Magazine (TSM) (http://www.thespiritistmagazine.com).
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, de janeiro de
2011
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