segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ANTÔNIO LEITE DE ARAÚJO FILHO[1]

 


 

Antônio Leite de Araújo Filho nasceu em 8 de agosto de 1914, no Rio de Janeiro. Foram seus pais: Antônio Leite de Araújo e Alzira Câmara Ribeiro Araújo. Seu curso primário, ele fez no Colégio Afonso Pena, frequentando, em seguida, o Colégio Pritaneu Militar. Ingressou na Escola Militar de Realengo, de onde saiu aspirante a oficial do Exército, em 1937.

Depois de servir por algum tempo no Rio de Janeiro, foi transferido para São Paulo. Na capital paulista conheceu aquela que seria a sua futura esposa, Maria José de Araújo, falecida em dezembro de 1999. Transferido para Curitiba, ela, que era funcionária pública, conseguiu também transferência para a mesma cidade, passando a residir com uma tia, irmã de sua mãe, ambas adeptas do Espiritismo.

Sua tia frequentava a Federação Espírita do Paraná. Por isso, acompanhada pelo noivo, Maria José se vinculou à Federação, tornando-se os dois trabalhadores dessa entidade federativa. Casaram-se em 1945, mudando-se novamente para o Rio de Janeiro. De lá foi deslocado para Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul.

Certo dia, através de mensagem mediúnica, um amigo espiritual informou a Maria José que ela e o seu esposo teriam importante tarefa a cumprir na Terra: organizar uma creche e proteger crianças abandonadas. Dias depois, um Sargento de uma guarnição ficou viúvo, com a filha de nome Cibele, em grande dificuldade. O casal resolveu criá-la. Era a primeira criança da previsão espiritual.

Três anos depois de casados, nasceu o primeiro e único filho, Antônio Leite de Araújo Neto. Nesse tempo veio servir em Fortaleza. Aproximou-se deles um garoto chamado Adão, muito esperto e sem família, que eles passaram a auxiliar. O menino implorou para ficar na companhia do casal, no que foi atendido.

Tempos depois, D. Maria José recolheu, na porta de sua casa, uma criança com poucas horas de nascida, registrando-a com o nome de Sheila Maria. Com o passar dos dias, verificaram ser ela excepcional. Viveu 34 anos sob os cuidados e carinho de ambos. Outra menina, Rosa Rosália, foi igualmente deixada na porta.

A partir daí, outras foram chegando. Em pouco tempo, cuidavam de dez crianças. Todas com atestado de guarda e posse dados pela justiça. Com esse número de filhos, decidiram fundar a Instituição Espírita "Nosso Lar", em 26 de setembro de 1948, a fim de possibilitar o recebimento de auxílio federal, estadual e municipal. No posto de Capitão, Antônio não possuía condições de manter família tão numerosa. Em 1954, já tinham sob sua guarda 44 crianças. Em três anos, deixaram na porta do "Nosso Lar", durante a madrugada, nada menos de 18 crianças, algumas com o umbigo sangrando.

O General Leite teve participação ativa no Movimento Espírita cearense. Recebeu Leopoldo Machado e os membros da Caravana da Fraternidade, em 1950. Foi amigo de Peixotinho, estando presente em algumas sessões de materializações, por ele prodigalizadas. Trabalhou junto à Cruzada dos Militares Espíritas, no Núcleo fundado pelo General Celso de Freitas. Foi um dos mais importantes nomes na organização das atividades comemorativas do centenário de publicação de O Livro dos Espíritos, na Praça José Bonifácio, em 1957, que mobilizou toda a família espírita local.

Sua desencarnação, fruto de uma cilada covarde, ocorreu em Fortaleza, no dia 2 de junho de 1987. Seu biógrafo, o confrade Antônio Lucena, assim relatou o funesto e doloroso episódio (“Pioneiros de Uma Nova Era Espírita do Brasil”):

Fortaleza, a Capital do Ceará, rendeu tributo a um homem bom, barbaramente assassinado. A repercussão foi enorme.

Todo o país se comoveu profundamente com o que ocorreu com o General Antônio Leite de Araújo Filho, na manhã de 2 de junho de 1987, quando se dirigia para o seu abnegado trabalho na Casa de Repouso Nosso Lar. Ele foi agredido a faca, caindo mortalmente ferido e o criminoso sacando de um revólver, deu-lhe três tiros, um dos quais atingiu a nuca, prostrando-o sem vida. Fugiu o assassino sem deixar pistas.

Tal ocorrência, na visão espírita, significa que se cumprira assim a Lei de Causa e Efeito, no resgate a dívidas do passado. Considerado como verdadeiro missionário, pela obra altruística de amparo à criança órfã e abandonada, aos velhinhos e aos doentes do corpo e da alma. Tal morte, verdadeiramente, só pode ser um final de provas.

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