Jader Sampaio
Os pesquisadores Elizabeth
Schmitt Freire, Alexandre Caroli Rocha, Victor Scio Tasca, Mateus Moreira
Marnet e Alexander Moreira-Almeida publicaram na revista “Explore” um artigo
intitulado “Testando a escrita alegadamente mediúnica: um estudo experimental
controlado” (Testing alleged mediumistic writing: na experimental controlled study).
Essencialmente, foram estudados
oito médiuns psicógrafos cujo nome não foi divulgado, em função do anonimato
previsto pela ética de pesquisa. Foram fornecidos a eles 98 fotos de pessoas
desencarnadas, fornecidas pelos parentes à pesquisa, com uma média de 7 a 46
fotos por sessão (p. 3). Os médiuns só tinham acesso às fotos no início da
sessão, e o pesquisador que as levava não teve contato com os familiares das
pessoas. Os médiuns pegavam na mesa as fotografias das pessoas que eles
julgavam perceber e psicografavam uma carta aos parentes. A grande maioria dos
médiuns comentou espontaneamente “que se sentiu confortável durante as sessões
e que se sentiu confiante que foi capaz de entrar em contato com o
desencarnado”. Os pesquisadores gravaram
os comentários que os médiuns fizeram acerca das comunicações e os
transcreveram, criando o que chamaram de “descrições”.
Após a coleta de dados,
produziram-se 78 cartas e 64 descrições a partir de 18 sessões mediúnicas. Cada
consulente (sitter) recebeu um conjunto de seis cartas e seis descrições, sendo
uma das cartas e uma das descrições atribuídas ao parente ou amigo do qual ele
desejaria ter notícias. As cinco outras cartas e as cinco outras descrições
eram de desencarnados com o mesmo gênero e idade aproximada.
Essencialmente os consulentes
avaliaram as cartas e as descrições com uma escala que tem 4 itens que vão de
“estou certo que esta carta não se refere ao meu parente ou amigo” a “estou
certo de que esta carta se refere ao meu parente ou amigo”. O mesmo foi feito
com as descrições. Há classificações intermediárias, como “possivelmente se
refere” e “possivelmente não se refere”.
Havia também uma escala para
avaliar os itens de informação, mas não houve muita informação objetiva
(informação que pudesse ser verificada, como profissão, roupas que vestia,
instituições que participou, qualquer coisa que pudesse identificar
objetivamente o espírito ou não) no conteúdo das cartas em geral (p. 5).
A análise das cartas e
descrições (apenas as que seriam referentes aos desencarnados em questão)
apontam, em geral, para sua não identificação. Vinte cartas não foram
consideradas dos desencarnados ou provavelmente não o seriam. 19 descrições
também ficam nesse grupo. 4 cartas foram
classificadas como provavelmente ou certamente escritas pelos desencarnados que
se desejava contatar. 6 descrições provavelmente seriam dos desencarnados.
Os dados acima podem ser vistos
no gráfico de colunas acima:
Figura 1:
Escores obtidos dos consulentes referentes às cartas e descrições dos
desencarnados que eles desejavam contatar, realizada a partir da Escala de
Avaliação Global.
Os pesquisadores concluem pela incapacidade da maioria dos
médiuns em fornecer “informação anômala” sobre os desencarnados em condições
experimentais rigorosas. Três hipóteses explicativas são aventadas para a
explicação desses resultados:
1.
Os médiuns não são capazes de obter informações
anômalas;
2.
Alguns médiuns são capazes de obter informações
anômalas, mas os que foram estudados não;
3.
Os médiuns participantes do estudo não obtiveram
informações anômalas porque as condições da pesquisa foram muito restritivas e
artificiais.
Os autores levantaram algumas
condições que poderiam ser observadas nos próximos estudos com médiuns psicógrafos em busca de melhores
resultados.
Independente do resultado
obtido, o estudo merece a leitura dos espíritas, especialmente os que praticam
a mediunidade, no sentido de possibilitar debates e reflexões sobre as reuniões
que mantemos, as capacidades reais de nossos médiuns e o que podemos ou não
oferecer ao grande público com segurança, em matéria de informação.
Outros estudos com médiuns já
mostraram resultados com informações objetivas fornecidas por médiuns que não
poderiam tê-las obtido por aprendizagem ou mesmo fraude, mesmo em estudos
experimentais controlados. Que possamos aprender com os fatos e desenvolver
mais os cuidados que dispensamos na identificação, desenvolvimento e educação
dos médiuns, bem como com a avaliação, confirmação e divulgação de informações
obtidas pela via mediúnica.
Elizabeth Schmitt Freire,
Alexandre Caroli Rocha, Victor Scio Tasca, Mateus Moreira Marnet e Alexander
Moreira-Almeida, Testing alleged mediumistic writing: na experimental
controlled study, “Explore”, New York, Elsevier, 2020 (article in press)
Nenhum comentário:
Postar um comentário