quinta-feira, 15 de outubro de 2020

PROGRESSO MORAL[1]

 


Miramez

 

O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?

‒ É a sua consequência, mas não o segue sempre imediatamente. (Ver itens 192-365).

a. Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?

‒ Dando a compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio segue-se ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

b. Como se explica, então, que os povos mais esclarecidos sejam frequentemente os mais pervertidos?

‒ O progresso completo é o alvo a atingir, mas os povos, como os indivíduos, não chegam a ele senão passo a passo. Até que tenham desenvolvido o senso moral eles podem servir-se de inteligência para fazer o mal. A moral e a inteligência são duas forças que não se equilibram senão com o tempo. (Ver itens 365-751).

Questão 780/O Livro dos Espíritos

 

O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual. É no sentido de promover a elevação moral que a Doutrina dos Espíritos veio, com o objetivo de educar e instruir. Instruir é bem mais fácil do que educar; a educação trata de harmonizar os sentimentos que são, a princípio, animalizados e somente o tempo, os problemas, as dores, os variados infortúnios, têm o poder de mostrar para a alma a necessidade de se modificar, ganhando, com os infindáveis esforços, as qualidades morais que o Evangelho indica para nos salvar de todas as agressões do mal.

A instrução sempre vem primeiro, porque traz em si aberturas onde a vaidade e o orgulho se aninham e crescem. Ela nos dá uma satisfação, embora passageira, no entanto, sentimo-nos bem com isso. Daí decorre o nosso grande interesse para nos instruirmos, sobretudo para desfrutarmos dos bens transitórios da vida. Aquele que sabe mais se encontra sempre na direção.

É muito bom saber, todavia, quando esse saber é disciplinado pelo amor, é bem melhor e capaz de nos elevar para a libertação espiritual. O homem que somente se instrui, sem se interessar pela moral, está correndo perigo, visto poder acontecer em seus caminhos desastres morais. As paixões inferiores passam a comandar seu destino, e os olhos perdem a visão das leis naturais, dos direitos alheios, e até aonde podem chegar com os seus próprios direitos.

Quem somente se instrui não se interessa em ajudar aos semelhantes, a não ser para mostrar que é bom e caridoso, buscando sempre motivos de ganhar mais, com a vaidade que se veste de muitas roupagens.

O progresso deve atingir todas as qualidades morais e espirituais e, certamente, o físico. Ele é Deus avançando, não para Ele mesmo, mas para que sejam despertados os dons da intimidade das criaturas.

Disse Jesus com muita propriedade, o que Lucas anotou no capítulo doze, versículo quarenta e nove:

Eu vim para lançar fogo sobre a Terra e bem quisera que já estivesse a arder.

 

O fogo sobre a Terra que Jesus veio acender foi objetivando o progresso das criaturas, mudando o modo pelo qual o homem estava procedendo, usando a ciência e o saber para massacrar os mais fracos e corromper a si mesmo. A moral cristã representa o fogo que deve ser aceso em todos os corações, mudando para melhor, aliando o saber à moral evangélica e, neste sentido, restabelecendo as coisas.

Passamos a descobrir com o Cristo o céu dentro de nós, usando a ciência em conexão com o amor, para sermos felizes em direção à eternidade. O progresso intelectual sem o moral pode ser, tornamos a falar, um desastre na vida da alma.

Quando o saber estava se distanciando do conhecimento da verdade, Deus disse um "basta", por amor às criaturas da Terra, e enviou o outro Consolador, para instruir verdadeiramente os seres humanos acerca das coisas espirituais e a Doutrina Espírita chegou como um sol na direção do Cristo, como amparo às criaturas. O orgulho e o egoísmo se encontravam nas cátedras, mandando e dirigindo os povos de maneira agressiva, mas a luz começou a espancar as trevas, e eis aí o que está acontecendo:

Jesus novamente no seio dos povos, sendo lembrado, falado, recordado, para depois chegar e ficar visível nos corações, pela força da vivência, salvando o mundo.



[1] Filosofia Espírita – Volume 16 – João Nunes Maia

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