quinta-feira, 8 de outubro de 2020

INDIVIDUALIDADES COLETIVAS[1]

 


Miramez

 

Os povos são individualidades coletivas que passam pela infância, a idade madura e a decrepitude, como os indivíduos. Essa verdade constatada pela História não nos permite supor que os povos mais adiantados deste século terão o seu declínio e o seu fim, como os da Antiguidade?

‒ Os povos que só vivem materialmente, cuja grandeza se funda na força e na extensão territorial, crescem e morrem porque a força de um povo se esgota como a de um homem; aqueles cujas leis egoístas atentam contra o progresso das luzes e da caridade, morrem porque a luz aniquila as trevas e a caridade mata o egoísmo. Mas há para os povos, como para os indivíduos, a vida da alma, e aqueles, cujas leis se harmonizam com as leis eternas do Criador, viverão e serão o farol dos outros povos.

Questão 788/O Livro dos Espíritos

 

A lei do progresso espiritual é um fato reconhecidamente real. Cada pessoa e cada povo tem a sua ascensão e a sua queda. Podemos observar isso na história de todos os povos do planeta, pois são processos da evolução das criaturas.

Na Terra não existe felicidade, porque os homens ainda desconhecem o equilíbrio das suas forças poderosas, que são o progresso moral e o progresso intelectual. Quando um povo se apega a só um destes, ocorrerá certamente um desnível, por lhe faltar o equilíbrio. Somente para o futuro, que não se encontra muito próximo, é que as nações deverão descobrir essas duas asas que as levarão à estabilidade espiritual, por encontrar o amor em todas as suas irradiações cristãs.

Os povos são individualidades agregadas que deverão crescer juntos, por uns precisarem dos outros, em trocas permanentes de valores. Todos os sofrimentos são oriundos da falta de conhecimentos espirituais e da prática das normas estabelecidas pelo Cristo.

Existem no mundo atual duas forças poderosas nascidas das mentes dos homens ansiosos por poderes transitórios, que são o capitalismo usurário e o socialismo ateu. Estes dois movimentos tendem a morrer, pois ficarão a dizer "Senhor, Senhor!" Somente nas linhas frágeis da teoria, sem condições espirituais da vivência, para dar lugar à força do Cristo, que gera uma filosofia social cristã. Essa é que vai vencer e estabilizar os homens dentro das normas naturais, com a finalidade precípua de amar ao próximo como a si mesmo. Nada vai faltar, dentro da justiça de Deus.

Enquanto os homens estiverem alimentando os monstros do orgulho e do egoísmo, viverão sofrendo as consequências que essas imperfeições trazem ao ambiente onde vivem. Elas devem ceder lugar ao amor e à caridade.

Vamos ver o que registrou Lucas a esse respeito, no capítulo seis, versículo quarenta e seis:

 

Porque me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?

 

É necessário fazer o que Jesus manda que seja feito, atualizar as vidas dentro dos Seus preceitos a cada dia, porque a reforma íntima de cada um se refletirá no seu exterior. A felicidade, o céu existe ou pode existir dentro do coração que ama.

Decretos e leis humanas não consertam a vida de ninguém, se elas não são compatíveis com as leis eternas. As leis da Terra devem obedecer às do céu. Deus nunca deixou, como dizem alguns, o mundo nas mãos dos homens e com ele nunca deixou de se importar. Como se engana quem faz essa dedução! Os destinos dos homens estão nas mãos de Deus, e Ele, o Supremo Criador de todas as coisas, nos dirige a todos e, ainda mais, com todo amor.

Queiramos ou não, somos dirigidos, e em torno de nós, dos dois planos da vida, estamos cercados por testemunhas espirituais constantemente, por ordem d'Aquele que é a vida.

Não existe estabilidade eterna na Terra, entre os povos. A vida no planeta é transitória, mas, com o tempo, pode-se viver quase feliz, dependendo do modo de viver. Cristo é a felicidade.

Quem acompanha o Mestre dos mestres está sempre iluminada pelo Seu amor, aprendendo com Ele a amar também.

Um povo mais espiritualizado servirá de modelo para os outros povos, porém, para servir de exemplo é necessário o equilíbrio das forças que possui. É imprescindível que o intelecto esteja em plena conexão com a moral cristã: amor e sabedoria com as mãos dadas, e desta junção nascerá a luz.



[1] Filosofia Espírita – Volume 16 – João Nunes Maia 

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