Miramez
Os povos são individualidades coletivas que passam pela
infância, a idade madura e a decrepitude, como os indivíduos. Essa verdade
constatada pela História não nos permite supor que os povos mais adiantados
deste século terão o seu declínio e o seu fim, como os da Antiguidade?
‒ Os povos que só
vivem materialmente, cuja grandeza se funda na força e na extensão territorial,
crescem e morrem porque a força de um povo se esgota como a de um homem;
aqueles cujas leis egoístas atentam contra o progresso das luzes e da caridade,
morrem porque a luz aniquila as trevas e a caridade mata o egoísmo. Mas há para
os povos, como para os indivíduos, a vida da alma, e aqueles, cujas leis se
harmonizam com as leis eternas do Criador, viverão e serão o farol dos outros
povos.
Questão 788/O Livro dos Espíritos
A lei do progresso espiritual é
um fato reconhecidamente real. Cada pessoa e cada povo tem a sua ascensão e a sua
queda. Podemos observar isso na história de todos os povos do planeta, pois são
processos da evolução das criaturas.
Na Terra não existe felicidade,
porque os homens ainda desconhecem o equilíbrio das suas forças poderosas, que
são o progresso moral e o progresso intelectual. Quando um povo se apega a só
um destes, ocorrerá certamente um desnível, por lhe faltar o equilíbrio.
Somente para o futuro, que não se encontra muito próximo, é que as nações
deverão descobrir essas duas asas que as levarão à estabilidade espiritual, por
encontrar o amor em todas as suas irradiações cristãs.
Os povos são individualidades
agregadas que deverão crescer juntos, por uns precisarem dos outros, em trocas
permanentes de valores. Todos os sofrimentos são oriundos da falta de
conhecimentos espirituais e da prática das normas estabelecidas pelo Cristo.
Existem no mundo atual duas
forças poderosas nascidas das mentes dos homens ansiosos por poderes
transitórios, que são o capitalismo usurário e o socialismo ateu. Estes dois movimentos
tendem a morrer, pois ficarão a dizer "Senhor, Senhor!" Somente nas
linhas frágeis da teoria, sem condições espirituais da vivência, para dar lugar
à força do Cristo, que gera uma filosofia social cristã. Essa é que vai vencer
e estabilizar os homens dentro das normas naturais, com a finalidade precípua
de amar ao próximo como a si mesmo. Nada vai faltar, dentro da justiça de Deus.
Enquanto os homens estiverem
alimentando os monstros do orgulho e do egoísmo, viverão sofrendo as
consequências que essas imperfeições trazem ao ambiente onde vivem. Elas devem
ceder lugar ao amor e à caridade.
Vamos ver o que registrou Lucas
a esse respeito, no capítulo seis, versículo quarenta e seis:
Porque me chamais, Senhor, Senhor, e não
fazeis o que vos mando?
É necessário fazer o que Jesus
manda que seja feito, atualizar as vidas dentro dos Seus preceitos a cada dia,
porque a reforma íntima de cada um se refletirá no seu exterior. A felicidade,
o céu existe ou pode existir dentro do coração que ama.
Decretos e leis humanas não
consertam a vida de ninguém, se elas não são compatíveis com as leis eternas.
As leis da Terra devem obedecer às do céu. Deus nunca deixou, como dizem
alguns, o mundo nas mãos dos homens e com ele nunca deixou de se importar. Como
se engana quem faz essa dedução! Os destinos dos homens estão nas mãos de Deus,
e Ele, o Supremo Criador de todas as coisas, nos dirige a todos e, ainda mais,
com todo amor.
Queiramos ou não, somos
dirigidos, e em torno de nós, dos dois planos da vida, estamos cercados por
testemunhas espirituais constantemente, por ordem d'Aquele que é a vida.
Não existe estabilidade eterna
na Terra, entre os povos. A vida no planeta é transitória, mas, com o tempo,
pode-se viver quase feliz, dependendo do modo de viver. Cristo é a felicidade.
Quem acompanha o Mestre dos
mestres está sempre iluminada pelo Seu amor, aprendendo com Ele a amar também.
Um povo mais espiritualizado
servirá de modelo para os outros povos, porém, para servir de exemplo é
necessário o equilíbrio das forças que possui. É imprescindível que o intelecto
esteja em plena conexão com a moral cristã: amor e sabedoria com as mãos dadas,
e desta junção nascerá a luz.
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