quinta-feira, 17 de setembro de 2020

ESPÍRITOS OCIOSOS[1]

 


Miramez

 

Entre os Espíritos, há os que são ociosos ou que não se ocupem de alguma coisa útil?

‒ Sim, mas esse estado é temporário e subordinado ao desenvolvimento de sua inteligência. Certamente que os há, como entre os homens, vivendo apenas para si mesmos; mas essa ociosidade lhes pesa e cedo ou tarde o desejo de progredir lhes faz sentir a necessidade de atividade, e são então felizes de poderem tornar-se úteis. Falamos de Espíritos que atingiram o ponto necessário para terem consciência de si mesmos e de seu livre arbítrio. Porque, em sua origem, eles são como crianças recém-nascidas que agem mais por instinto do que por uma vontade determinada.

Questão 564/O Livro dos Espíritos

 

A vida no universo é diversificada em todos os seus fundamentos. Quando falamos que a vida é movimento, é que realmente não existe vida sem que ela se mova. A própria linguagem se nos mostra fraca para explicarmos determinados assuntos, de modo que a compreensão se faça mais clara para os homens.

Existem Espíritos ociosos? É essa a interrogação que nos inspirou esta página. De fato, existem Espíritos ociosos, preguiçosos, que não desejam trabalhar. Pela expressão do assunto nos parece que esses Espíritos estão na quietude total. Não, os Espíritos que nada desejam realizar, estão progredindo, embora muito lentamente, sem a sua participação e, sim, pela força do progresso universal, que é a bondade do Criador. Eles dormem, mas não a lei do amor que nos sustenta a todos. Ela é dinâmica, desde a intimidade da menor partícula às galáxias, estruturando tudo na sequência espiritual e dando a tudo condições de engrandecer-se para Deus.

Nada pára na criação, e o próprio tempo se encarrega de despertar os que dormem para a realidade cósmica. Quando acordamos, passamos a ativar a nossa parte, e crescemos com a nossa boa vontade. Na profundidade do termo, não existe ociosidade; todos caminhamos pela vontade d'Aquele que nos criou. Porém, todo sono é transitório, e, se é transitório, mesmo quando estamos dormindo, opera-se em nós o crescimento, por lei. Compete a nós outros observar essa verdade; é Deus em tudo acionando a vida para dar mais vida.

O tempo nos mostrará que o trabalho honesto nos dá prazer. Nele, e por ele, nasce a esperança, porque não existe felicidade sem trabalho, e o maior prazer dos Espíritos elevados é o labor honesto. É cumprir a vontade de Deus na sequência que lhes é própria, sob o comando universal. Todos fomos feitos iguais. Não há razão para a desarmonia dos nossos sentimentos, nem para que a mecânica universal mude o seu ritmo. Se Deus criou o amor como lei maior, o nosso dever é amar a Ele sobre todas as coisas e ao próximo, ou a tudo, como a nós mesmos. Segue-se daí, que, sem obediência às leis estabelecidas, não existe paz para as consciências.

Se encontras alguns companheiros ociosos, e são muitos, não os julgues, nem tires deles as oportunidades do despertar para o labor. Isso provém da sua estatura espiritual. Ajuda-os com os teus recursos, porque todos nós precisamos, de algum modo, dos cireneus bem como de sermos um deles nos caminhos que trilhamos.

Quem vive nas trevas, quando conhece a luz não deixa de procurá-la. Sendo ela melhor, a própria vida nos inspira para tal desejo, e ele arde em nós por novos padrões de vida e conforto. Quem não sabe que a alegria é melhor que a tristeza, o amor melhor que o ódio, a paz melhor que a guerra? O estado de ociosidade é temporário. Quem dorme em demasia, cansa-se da ociosidade. O trabalho é saúde, um despertador de virtudes, desde que seja feito com honestidade e amor.

Já pensaste se Deus parasse de operar na Sua criação? Ele nunca entrou na ociosidade, por isso, vamos trabalhar todos os dias, por amor à causa da vida, porque quem realiza está no caminho da felicidade. Tiremos por exemplo as abelhas, as formigas, os animais, as aves, os peixes. Todos eles têm sua cota de trabalho que às vezes os homens ainda ignoram.

O Evangelho é, acima de tudo, um estatuto de trabalho para a humanidade. Trabalhar para a humanidade é lei de progresso e bem-estar para a vida na Terra, e saber trabalhar com Jesus é vida que alimenta vidas, é tranquilidade para a consciência.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 – João Nunes Maia

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