sábado, 4 de julho de 2020

PARA OS MEXERIQUEIROS DE PLANTÃO[1]



Jorge Hessen

Tiago anota em sua epístola

“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei? E, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz”[2].

Ora, o fuxico espera a boa-fé para turvar-lhe as águas e inutilizar­lhe esforços justos. O mal não merece o laurel dos avisos sérios. Atribuir­lhe muita importância nas atividades verbais é alagar-lhe a esfera de atuação.
Emmanuel adverte que “falar mal” será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras. A maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos disparates. Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes desventuras íntimas[3].
Quando se fala mal de algo ou de alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos por autoengano sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança” para o mal. O filósofo Platão admoestou: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência”[4].
Amaldiçoada e destrutiva é a palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre, exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina; braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. “Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque venham os escândalos”[5].
Quem se afirme espírita não pode esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre, praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de invigilância admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente da fofoca generalizada. Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do próximo. Assestam a volúpia do fuxico, com acusações infames sobre fatos que ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se erguer de algum desacerto na caminhada.
Aos mexeriqueiros malévolos e viciados críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos a seguinte reflexão: na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.
Finalmente, não esqueçamos que a palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes, resultados gravíssimos para séculos.
Fonte: A Luz na Mente




[2] Tiago, 4:11.
[3] Xavier , Francisco Cândido. Fonte Viva , ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed FEB 1990
[4] Platão , disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/platao/ a cessado em 6/5/2013
[5] Mateus 18:7

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