Jorge Hessen
Tiago anota em sua epístola
“Irmãos, não faleis
mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei? E,
se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz”[2].
Ora, o fuxico espera a boa-fé
para turvar-lhe as águas e inutilizarlhe esforços justos. O mal não merece o
laurel dos avisos sérios. Atribuirlhe muita importância nas atividades verbais
é alagar-lhe a esfera de atuação.
Emmanuel adverte que “falar mal” será render homenagem aos
instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser
crítico de suas obras. A maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o
discípulo a imensos disparates. Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo,
servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um
passo de grandes desventuras íntimas[3].
Quando se fala mal de algo ou de
alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos por autoengano
sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento
ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança”
para o mal. O filósofo Platão admoestou: “Calarei
os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da
maledicência”[4].
Amaldiçoada e destrutiva é a
palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a
demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre,
exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina;
braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. “Ai do mundo por causa dos escândalos,
porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque
venham os escândalos”[5].
Quem se afirme espírita não pode
esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre,
praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de invigilância
admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas
mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente da fofoca generalizada.
Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do
próximo. Assestam a volúpia do fuxico, com acusações infames sobre fatos que
ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se
erguer de algum desacerto na caminhada.
Aos mexeriqueiros malévolos e
viciados críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos a seguinte
reflexão: na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos
podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque
nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar
caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.
Finalmente, não esqueçamos que a
palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes,
resultados gravíssimos para séculos.
Fonte: A Luz na Mente
[2] Tiago, 4:11.
[3] Xavier , Francisco Cândido. Fonte Viva , ditado pelo
Espirito Emmanuel, RJ: Ed FEB 1990
[4] Platão , disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/platao/
a cessado em 6/5/2013
[5] Mateus 18:7
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