Ademir Xavier
"Não nos
dirigimos nem aos curiosos nem aos apreciadores de escândalo, mas àqueles que
querem seriamente instruir-se". Allan
Kardec, O Céu e o Inferno.
Quem gasta certo tempo de sua
vida no noticiário do momento facilmente se comove com os dramas, desgraças e
análises pessimistas destilados todos os dias por inúmeros meios de informação.
Em parte, esses resumos diários, excessivamente ruidosos e carregados de
infortúnios alheios, revelam um excesso de sensacionalismo, potencializado pelo
alcance e rapidez das mídias sociais, dos meios de comunicação digital em um
mundo cada vez mais conectado. Nunca foi tão fácil e rápido noticiar. Um
verdadeiro exército de jornalistas improvisados bombardeiam todos os dias as
pessoas com informações, na sua maioria sem qualquer utilidade prática, mas que
servem para definir a pauta do ânimo de cada dia.
Grupos com interesses altamente
específicos, indivíduos desqualificados e propagandistas sem escrúpulos têm
seus 'multiplicadores' em uma guerra silenciosa, cujo objetivo é captar o
máximo interesse do público e atingir grupos e inimigos diversos. O
analfabetismo filosófico e a incapacidade de perceber mesmo as mais grosseiras
fraudes argumentativas acabam ressoando entre multidões imensas, sedentas de
informação, mas cativas de suas própria falta de formação e equilíbrio.
Em comum, os informantes seguem
o mais puro materialismo, a ausência completa de discernimento sobre a vida
futura. A noção de justiça que transmitem é quase sempre a do aqui e agora, a
dos ânimos embrutecidos na revolta pelo não cumprimento aparente de uma justiça
idealizada, que muda conforme os interesses. De fato, é deveras sem sentido
entre os que nada creem exigir justiça: se nada existe para além dessa vida, por
que se preocupar? A justiça clamada por eles é uma convenção transitória em um
universo brutal em que os desejos, aspirações e mais nobres intenções humanas
desfazem-se lentamente como espuma para cada criatura que morre...
Diante desse quadro em que o
nada é propaganda velada de todos os dias, faz bastante sentido ver se
espalharem os crimes, as mais torpes transgressões, as mais incríveis
iniquidades e o aumento do suicídio entre os que não conseguem suportar. É como
se estivesse em curso uma gigantesca 'catástrofe anunciada', em que cada um
pensa poder sobreviver, faz o que pode para garantir os seus direitos, e passa
por cima de qualquer um no 'salve-se quem puder' de cada dia.
Afogados nesse apocalipse de
desgraças, nunca foi tão necessário o discernimento — separar o joio da verdade
do trigo da ilusão — e o equilíbrio moral, não se deixar abater pela revolta,
que cria o estado de desânimo e pode trazer para nossas vidas problemas que são
dos outros. Ainda mais porque, muitos dos que clamam por justiça, porque querem
ser vistos, pregam o ódio como método. Ora, é bastante óbvio que nada de bom
pode resultar de meios que pregam o ódio de forma sistemática, ou que acreditam
poder gerar o bem fazendo o mal.
A antítese da combinação mórbida
do ódio com o nada é o amor e a certeza da vida futura. Contra essas duas
crenças, por que se impõe a dúvida? Porque a certeza da eficácia dessas duas
verdades é também um bem que o indivíduo deve conquistar todos os dias, se a
ele faltam os recursos internos. Esses recursos são semeados ao longo de
sucessivas vidas, razão porque eles se encontram tão desigualmente distribuídos
entre as pessoas. Não se trata, portanto, de uma injustiça desde o nascimento.
Aqui vemos um sujeito que em nada acredita, que nutre rancor contra seu
semelhante ou que segue amargurado, sem ânimo para o vida. Mas eis que, ao seu
lado, alguém o suporta bravamente, escorando-se na fé ou em pequenos atos de
gratidão, muitas vezes desapercebidos, mas que pouco a pouco surtem efeito. E
tal quadro multiplica-se aos milhões em todas as partes do globo.
Essa é também a principal razão
porque a humanidade, não obstante todas as conquistas tecnológicas, continua em
sua maioria crente em Deus através das inúmeras religiões, que têm suas
próprias formas de conceber a vida futura. O que seria do mundo se não fosse a
fé que conforta e permite viver? Independentemente de como concebem Deus e o
futuro no além-túmulo, em certo sentido profundo, todas as religiões estão
certas ao mesmo tempo. Investem a seu modo na certeza da vida maior, adaptadas
conforme a formação e o grau de discernimento de cada pessoa. Não se deve
imputar às religiões (ou seja, às doutrinas que professam) a culpa pelos males
praticados em seu nome: de fato, tratam-se de aberrações que surgem quando a
incúria e a iniquidade reinterpretam do seu jeito as lições da vida superior.
As distorções observadas se explicam porque alguns religiosos apenas se apegam
intelectualmente a uma verdade maior e continuam a viver do mesmo jeito. Ainda
assim, quem poderia garantir que não seriam muito piores se não fosse a parca
luz que pregam?
Em resumo, temos como certo que
é "necessário o escândalo", pois ele faz parte do processo de
aprendizado a que cada pessoa está sujeita neste mundo de testes morais incessantes.
Mas, entre ser afetado pela onda do mal e viver com serenidade, podemos
escolher semear a certeza de que o amor e a vida futura são patrimônios
inalienáveis da alma dos quais somos todos herdeiros no futuro. O quão distante
esse futuro se encontra, depende inteiramente de nós.
Fique esperto!
É preciso atenção para não
perdermos tempo, deixando nos levar em vibrações negativas, emanadas pelas
notícias que nos são bombardeadas o tempo todo.
Você pode filtrar a circulação
de mensagens negativas pelas redes sociais: • Configure seu aplicativo de
mensagens para que vídeos e fotos não sejam baixados de forma automática. Assim
você evita de ver imagens indesejadas, além de não ocupar espaço no seu
celular.
• Não compartilhe e nem curta
imagens de violência. As redes sociais trabalham por número de
compartilhamentos e curtidas.
Quanto mais você curte e
compartilha, mais irá visualizá-las em seu perfil.
• Não siga nas redes sociais
portais que foquem a violência. Busque aqueles que valorizam a informação sem
foco no sensacionalismo.
• Deixe claro em sua rede que
você não curte e não deseja receber esse tipo de material.
• Ao receber informação ou
notícia sobre acidentes, catástrofes, crimes hediondos, conecte-se à equipe
espiritual e peça socorro aos necessitados e conforto a todos os envolvidos.
(Colab. Alessandra Simões)
O que dizem os
Espíritos
• A culpa de quem sonda as
chagas da sociedade e as expõe em público depende do sentimento que o mova. Se
o escritor apenas visa produzir escândalo, não faz mais do que proporcionar a
si mesmo um gozo pessoal, apresentando quadros que constituem antes mau do que
bom exemplo. O Espírito aprecia isso, mas pode vir a ser punido por essa
espécie de prazer que encontra em revelar o mal.
• Se ele escrever boas coisas,
aproveitai-as. Se proceder mal, é uma questão de consciência que lhe diz
respeito, exclusivamente. Ademais, se o escritor tem empenho em provar a sua
sinceridade, apoie o que disser nos exemplos que dê. — O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Perg. 946 e 946a.
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