quinta-feira, 30 de julho de 2020

AINDA HÁ ANTIPATIA[1]



Miramez

A antipatia entre duas pessoas nasce em primeiro lugar naquela cujo Espírito é o pior ou o melhor?
‒ Numa e noutra, mas as causas e os efeitos são diferentes. Um Espírito mau sente antipatia por quem quer que o possa julgar e desmascarar; vendo uma pessoa pela primeira vez, percebe que ela vai desaprová-lo; seu afastamento se transforma então em ódio, inveja, e lhe inspira o desejo de fazer o mal. O bom Espírito sente repulsa pelo mau porque sabe que não será compreendido por ele e que ambos não participam dos mesmos sentimentos; mas, seguro de sua superioridade, não sente contra o outro nem ódio, nem inveja; contenta-se em evitá-lo e lastimá-lo.
Questão 391/O Livro dos Espíritos

A antipatia entre duas pessoas nasce em qualquer uma delas primeiro, no entanto, provavelmente um é sempre mais esclarecido que o outro, e por força da natureza melhorada, a antipatia deve surgir no que ainda tem uma natureza mais bruta, que alimenta a inferioridade.
Existem ainda casos de dívidas do passado entre duas pessoas, onde uma delas já está propensa ao perdão. Essa, esquece logo as lembranças e a repulsão quando encontra o antagonista, mas a outra, que desconhece a desculpa, trava uma guerra consigo mesma para odiar mais, ao deparar com o seu antigo inimigo, piorando cada vez mais a sua situação espiritual.
Certamente que o bom Espírito sente repulsão pelo mau, mas esforça-se para não odiar, por estar na escala da educação dos seus sentimentos. O Espírito superior não muda sua paz interior pelas antipatias que recebe de alguém; conserva sua serenidade e ainda ora por todos os que caluniam e odeiam.
Convém anotar-se que o Espírito que odeia se encontra na ordem dos ignorantes, que não percebeu ainda a luz nem experimentou a paz de consciência. Foi por essa razão que veio ao mundo o Cristo, sendo que a humanidade não reconheceu a Sua presença como deveria.
Assim ele fez voltar a Sua doutrina na feição do Espiritismo codificado por Allan Kardec, na certeza de que essa filosofia grandiosa iria dar continuidade à educação dos que ignoram a verdade. A Doutrina dos Espíritos tem o poder de fazer reviver com Jesus, com todas as suas qualidades nobres, trabalhando para que Ele seja conhecido por toda a humanidade.
O Espírito inferior desconfia de todos e percebe no ar quando vai ser censurado pelo seu igual.
Ele está sempre em rixas com os seus parceiros. Com estas páginas sobre O Livro dos Espíritos, nós desejamos a todos que melhorem em todos os sentidos e alcancem o amor, amando; que alcancem o perdão, perdoando; que alcancem a caridade, praticando-a em todas as suas nuances.
Se ainda alimentamos alguma antipatia por alguém, pensemos mais e desfaçamos logo este estado negativo em nossa vida. Cada sentimento inferior que palpita em nosso íntimo, é semente inferior lançada no terreno mental e no coração de quem odeia, e por isso responderemos. Não convém esse estado, porque todo sofrimento nasce desse descuido.
Fecundemos nossos pensamentos, palavras e obras com a fraternidade, pois ela é capaz de construir em nossos caminhos a luz que jamais se apagará. Mesmo que não tenhamos antipatia por alguém, mesmo que ninguém se antipatize conosco, trabalhemos em favor dos que ainda se encontram nessa faixa de vida nas sombras, para que eles, no amanhã, esqueçam deste nome, antipatia, e do que ele representa para os infelizes.
O mundo está cheio de ódio, de inveja, de orgulho e de egoísmo, esperando que nossas mãos trabalhem para a paz de todos. Podemos fazer alguma coisa em favor do amor, e não nos esqueçamos de espalhar benefícios. Comunguemos com o Cristo, que ele já comungou com o nosso coração em Deus.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

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