Redação do Diário da Saúde
Bondade retribuída
Não apenas todas as religiões do
mundo recomendam a cada um fazer o bem aos outros, mas a ciência também vem
chegando às mesmas conclusões, mostrando que a bondade traz felicidade
duradoura e até que parece que somos programados para fazer o bem.
A equipe do professor Eric Kim,
da Universidade de Harvard (EUA), acaba de repetir esses resultados em mais um
experimento de campo.
Pessoas adultas que atuaram como
voluntárias em obras ou instituições de sua escolha, por pelo menos 100 horas
por ano (cerca de duas horas por semana), apresentaram um risco
substancialmente reduzido de mortalidade e desenvolvimento de limitações
físicas, além de níveis mais altos de atividade física e melhora da sensação de
bem-estar ‒ tudo em comparação com indivíduos que não são voluntários.
Os participantes foram
rastreados ao longo de vários anos, em duas coortes[2]
de 2010 a 2016.
Mas há novidades, uma vez que a
análise atenta dos benefícios do voluntariado para a saúde e o bem-estar dos
voluntários tanto valida quanto contraria alguns resultados de pesquisas
anteriores.
Sem milagres
Focando nos adultos mais velhos
participantes da pesquisa ‒ acima de 50 anos de idade ‒ os pesquisadores
avaliaram 34 quadros de saúde física e bem-estar psicológico e social, o que
permitiu comparações diretas do potencial efeito que o voluntariado pode ter em
várias condições de saúde.
Mas os resultados não
confirmaram os vínculos entre o voluntariado e as melhorias nas condições
crônicas, como diabetes, hipertensão, derrame, câncer, doenças cardíacas,
doenças pulmonares, artrite, obesidade, comprometimento cognitivo ou dor
crônica. Ou seja, o voluntariado melhora muito o bem-estar das pessoas, mas não
é suficiente para reverter situações mais graves de saúde.
"Nossos resultados mostram
que o voluntariado entre os participantes não apenas fortalece as comunidades,
mas enriquece nossas próprias vidas ao fortalecer nossos laços com os outros,
ajudando-nos a ter uma sensação de propósito e bem-estar e protegendo-nos de
sentimentos de solidão, depressão e desesperança. A atividade altruísta regular
reduz nosso risco de morte, embora nosso estudo não tenha mostrado nenhum
impacto direto em uma ampla gama de condições crônicas", explicou o professor
Kim.
Os pesquisadores recomendam a
adoção de políticas que incentivem mais o voluntariado. Essas intervenções
poderiam simultaneamente melhorar a sociedade e promover uma trajetória de
envelhecimento saudável na parcela da população em mais rápido crescimento.
Vale notar que essas conclusões
foram tiradas antes da pandemia global de covid-19, que tornou a atividade
social arriscada e desaconselhável no futuro próximo, sobretudo para os mais
idosos.
Checagem com artigo científico:
Artigo: Volunteering and
Subsequent Health and Well-Being in Older Adults: An Outcome-Wide Longitudinal
Approach.
Autores: Eric S. Kim,
Ashley V. Whillans, Matthew T. Lee, Ying Chen, Tyler J. VanderWeele.
Publicação: American Journal
of Preventive Medicine.
DOI: 10.1016/j.amepre.2020.03.004
[2] Grupo de pessoas, usado em estudos ou em investigação,
que possuem características em comum, como a idade, a classe social, a condição
médica etc.
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