Ivan Franzolim
Este é um exercício livre de
pensar, sem o amparo indiscutível de dados e pesquisas que muitos
contribuiriam.
É uma simples opinião que tenta
enxergar o Movimento Espírita Brasileiro com a maioria das casas espíritas
(70%), localizadas fora das capitais e as mudanças que poderão surgir ou se
intensificar, pela ação de seus dirigentes, trabalhadores e frequentadores,
levando em consideração as diversas mensagens e ações de espíritas e espíritos
referentes a esse período de pandemia que proliferam nas redes sociais.
Compartilho algumas para a análise de todos.
Religiosismo
Essa é a marca do espiritismo
brasileiro. As pessoas se sentem mais confortáveis de vivenciar seus postulados
mais pelo coração do que pela razão. Isso deve aumentar.
Mentores
Segundo Pesquisa para Espíritas
2018, 80,7% dos Centros Espíritas possuem um mentor conhecido e 74% recebem
mensagens dele. Isso deve aumentar para o bem e para a ingerência e criação de
dependência.
Seguidores de
Espíritos
Muitos espíritas gostam de
acompanhar as comunicações de determinados espíritos, independentemente de serem
autênticas ou de apresentarem conteúdo de qualidade em harmonia com o
Espiritismo, como Ismael, Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes, Joseph
Gleber, Luiz Sérgio e muitos outros. Isso deve aumentar.
Caridade
Essa é uma característica do
nosso Movimento Espírita que deve ser intensificada, o que poderia ser algo
positivo, mas provavelmente ocorrerá em detrimento do tempo e esforço para o
estudo da Doutrina.
Leitura de livros
espíritas
O brasileiro espírita lê mais do
que a média do país de 2 livros por ano. Isso deve aumentar, mas a procura será
de romances, que já é o gênero mais lido, e de livros mediúnicos, conforme
Mercado Editorial Espírita 2017. Ambos os tipos de livros possuem obras muito
relevantes, mas são minoria e a tendência é de que médiuns e espíritos que
publicaram mensagens sem preocupação doutrinária, sejam estimulados a
escreverem mais, devido à demanda receptiva.
Estudo do Espiritismo
Segundo a Pesquisa para
Espíritas 2017, 83,1% dos espíritas declaram terem feito algum curso sobre a
Doutrina Espírita e apenas 0,8% das casas espíritas não disponibilizam cursos.
A avaliação dos cursos é positiva, 43% consideram acima e muito acima do
esperado. Os participantes também entendem que tiveram bom aproveitamento dos
cursos (90,6%). Apesar desses índices, a análise das manifestações dos
espíritas demonstra que o conhecimento é superficial e falho em muitos
aspectos. Mais ainda, carregam o desinteresse em aprofundar o estudo e em
acompanhar as recentes descobertas de documentos históricos que influem nesse
conhecimento.
Sentido de Moral
Espírita
Hoje, como demonstrando pelo
livro Autonomia – A História Jamais Contada do Espiritismo, de Paulo Henrique
de Figueiredo, o senso moral comum é consequência da formação espírita do
brasileiro, que no final do século 18 e início do século 19, foi influenciado
com interpretações equivocadas de espíritas formadores de opinião,
influenciados pelo religiosismo das ideias de Jean Baptista Roustaing e de
mensagens de espíritos usando nomes famosos que se manifestaram por médiuns
imprevidentes. Isso deve continuar partindo da constatação que nas comunicações
espíritas sobre a pandemia, prepondera a ação sempre externa de Deus, Jesus e
agentes que cuidariam do destino dos humanos, particularmente dos bons, que a
exemplo da história bíblica, mereceriam um tratamento especial do Criador, como
se estes não tivessem responsabilidade pela situação atual.
Práticas doutrinárias
virtuais
Muitas casas espíritas
disponibilizaram práticas e serviços para compensar o isolamento social.
Algumas poucas são muito bem-vindas, como os cursos à distância, mas vieram
outras de validade duvidosa, como: pedido de vibração, passe e cirurgia à
distância, oração coletiva online, cartas de parentes de desencarnados,
desobsessão, evangelização infantil etc.
Conclusão
É uma análise fria e pessimista
com os indícios que consegui captar atravessando os meus filtros mentais
imperfeitos. Ações e iniciativas de muitos espíritas e instituições certamente
influenciarão de modo positivo e podem aprumar o rumo. Tenho fortes esperanças.
E você? O que acha?
Fonte: Casa Espírita Nova Era
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