quinta-feira, 25 de junho de 2020

A CRIANÇA DEPOIS DA MORTE[1]



Miramez

Com a morte da criança o Espírito retoma imediatamente o seu vigor primitivo?
‒ Assim deve ser, pois que está desembaraçado do seu envoltório carnal; entretanto, ele não retoma a sua lucidez primitiva enquanto a separação não estiver completa, ou seja, enquanto não desaparecer toda a ligação entre o Espírito e o corpo.
Questão 381/O Livro dos Espíritos

A criança depois da morte, em se desligando do corpo físico, readquire o vigor que antes tinha, notadamente quando é o Espírito mais ou menos evoluído; no entanto, a alma em estado de atraso espiritual, onde as paixões inferiores invadem por completo seus sentimentos, tolhendo suas faculdades espirituais, essa, depois do desenlace, volta ao seu estado primitivo que, por vezes, era de inconsciência.
Tudo depende da evolução do Espírito. É falando da grandeza da alma que já despertou para a vida espiritual, que nos curvamos ante Jesus, que pelo seu amor à humanidade desceu de planos que desconhecemos para traçar para todos nós roteiros onde sentimos a esperança e adquirimos a certeza da felicidade.
O Evangelho veio nos acordar do sono milenar e à consciência nos fazer viver na plenitude do amor. A criança, quando ligada ao fardo que lhe serve de instrumento no mundo material, apaga de certa forma sua consciência, de modo a não poder manifestar no corpo as suas qualidades espirituais. Somente com o crescimento do corpo, os outros corpos espirituais vão filtrando seus impulsos e a mente expressando o que o Espírito é, mostrando sua brandura, se a possui, ou a inquietação que ele traz dos próprios desequilíbrios.
A Doutrina dos Espíritos, revivendo Jesus na sua amplitude de amor, convida os pais das crianças a se comportarem com dignidade frente aos filhos, para que eles recebam dos seus genitores o exemplo da serenidade e de amor. A criancinha com dias de existência, ou ainda mesmo no ventre da mãe, já absorve o comportamento dos pais, por via de impulsos espirituais, e guarda nos departamentos da razão, a desabrocharem, esses laços do bem ou do mal que se recebeu dos pais e do ambiente que se encontra.
Eis porque a grande responsabilidade de um lar. Dessa forma devemos sublimar a atmosfera onde habitamos, com pensamentos e conduta na sintonia do Evangelho, porque onde o Cristo se encontra somente a luz vive. O homem do futuro, ao sugar do seio da mãe o alimento renovador, está absorvendo os próprios sentimentos da sua genitora, e se houver descuido da mãe, entregando-se ao ciúme e ao ódio, estará matando seus filhos aos poucos com cargas magnéticas que insufla no seu próprio leite. Quantas crianças morrem por ignorância dos pais?
Os pais devem se dedicar ao Culto do Evangelho no Lar, mas, não ficar somente no culto exterior; que procurem assimilar o seu conteúdo, esforçando-se para aplicar os ensinamentos na vida diária, mesmo que haja alguma resistência do corpo físico ou espiritual. Não podemos fugir às lutas, aquelas mais difíceis da vida – a batalha interior – capazes de renovar o homem, iluminando-lhe a mente. Nós todos devemos investir nas crianças até o ponto em que elas suportem, fazendo nossa obrigação mediante as necessidades dos que chegam à Terra pelos processos da reencarnação. Estaremos, assim, cooperando com a vida, na certeza de que acenderá a luz nas trevas, aparecendo o paraíso prometido, dando felicidade para todas as criaturas.
Quem desleixa as crianças certamente receberá o plantio da indiferença. Não deixemos desgovernar nossos pensamentos, principalmente no que se refere ao lar. Não deixemos que o nosso verbo tome outra direção que não seja a da palavra de Jesus, e que nossos passos não se esqueçam de seguir os passos do Mestre do mestres, porque nessa comunhão com o bem, seremos uma semente permanente do Amor com Deus e de paz com o Cristo. Não esqueçamos a criança, quando essa estiver em nossos braços.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 -  João Nunes Maia

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