quinta-feira, 2 de abril de 2020

A FELICIDADE DOS BONS ESPÍRITOS[1]



Miramez

Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
Em conhecer todas as coisas; não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes com o bem que fazem. De resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Somente os Espíritos puros gozam, na verdade, da felicidade suprema, mas nem por isso os demais são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus, nos quais os gozos são relativos ao estado moral. Os que são bastante adiantados compreendem a felicidade dos que avançaram mais que eles e a ela aspiram, mas isso é para eles motivo de emulação e não de inveja. Sabem que deles depende alcançá-la e trabalham com esse fito, mas com a calma da consciência pura. Sentem-se felizes de não ter de sofrer o que sofrem os maus.
Questão 967/O Livro dos Espíritos

A felicidade dos bons Espíritos consiste em ter uma tranquilidade de consciência imperturbável.
Eles se desvincularam do ódio, por amarem a todos sem distinção; não têm ciúmes, por confiarem em todas as criaturas; não têm inveja, por serem partidários do desprendimento; não surge em seus pensamentos a ambição, por terem ingressado em todos os movimentos da caridade. Desconhecem todas as paixões inferiores, por amarem constantemente a Deus em todas as coisas; vivem bem com seus semelhantes em quaisquer faixas de vida; compreendem as necessidades dos animais e sabem, pela vida que levam, abençoar a todas as dimensões da natureza, respeitando-a como mãe.
A felicidade, do justo é essa. No entanto, tudo isso lhe custou um preço: o do trabalho interno nas câmaras sensíveis da consciência, lutando todos os dias, minutos, horas sem tréguas, sem que os outros percebessem e passando, por vezes, como tolo aos olhos dos intrigantes.
A felicidade dos bons Espíritos se encontra dentro do coração. O seu maior prazer é, pois, fazer o bem, sem escolher quem deve receber sua ajuda. É o que disse Jesus: O céu se encontra dentro de vós.
Os Espíritos felizes já encontram o céu na sua intimidade. Amar é tudo na sua vida, o seu verdadeiro alimento. Eles não experimentam necessidades quais as dos que ignoram a verdade; nem têm angústias e encontram nos sofrimentos estímulos para viverem mais felizes ainda.
No entanto, a felicidade dos Espíritos é proporcional a cada plano que eles alcançaram.
Somente os Espíritos puros encontram e gozam a felicidade suprema sem mácula. Mesmo que eles estejam em lugares cheios de paixões humanas, eles não se contaminam. São quais os diamantes em meio da lama, brilhando sempre.
Há, como já falamos, uma infinidade de graus, onde se veem Espíritos de todas as categorias, gozando de felicidade relativa, mas avançando por saber que ela existe, despendendo esforço e trabalho para a sua conquista. Os Espíritos puros trabalham sempre em favor dos ignorantes, em favor de todas as faixas espirituais, por ordem de Deus. Eles são conscientes de que todos alcançarão a luz do coração, despertando o Cristo no centro da vida, deixando assim nascer o sol de Deus na sua intimidade.
Os benfeitores da eternidade conhecem que a evolução, o despertamento das almas tem uma sequência, como nos mostra a natureza.
A Terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga (Marcos, 04:28). Espírito algum saiu das mãos do Criador na condição de anjo desperto para todas as suas qualidades espirituais; ele surge com a engrenagem das faculdades todas em seu mundo interno, porém, para serem despertadas no decorrer dos tempos. Todos os Espíritos nascem perfeitos, por saírem do ambiente divino, que é toda perfeição, porém, nascem sem evolução, e vão acordando, como disse Jesus, na sequência que a natureza nos mostra. A lei é a mesma para todos.




[1] Filosofia Espírita – Volume 19 – João Nunes Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário