Miramez
Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
‒ Em conhecer todas
as coisas; não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das
paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a fonte
de uma suprema felicidade. Não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos,
nem as angústias da vida material. São felizes com o bem que fazem. De resto, a
felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Somente os
Espíritos puros gozam, na verdade, da felicidade suprema, mas nem por isso os
demais são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus,
nos quais os gozos são relativos ao estado moral. Os que são bastante
adiantados compreendem a felicidade dos que avançaram mais que eles e a ela
aspiram, mas isso é para eles motivo de emulação e não de inveja. Sabem que
deles depende alcançá-la e trabalham com esse fito, mas com a calma da
consciência pura. Sentem-se felizes de não ter de sofrer o que sofrem os maus.
Questão 967/O Livro dos Espíritos
A felicidade dos bons Espíritos
consiste em ter uma tranquilidade de consciência imperturbável.
Eles se desvincularam do ódio,
por amarem a todos sem distinção; não têm ciúmes, por confiarem em todas as
criaturas; não têm inveja, por serem partidários do desprendimento; não surge
em seus pensamentos a ambição, por terem ingressado em todos os movimentos da caridade.
Desconhecem todas as paixões inferiores, por amarem constantemente a Deus em todas
as coisas; vivem bem com seus semelhantes em quaisquer faixas de vida;
compreendem as necessidades dos animais e sabem, pela vida que levam, abençoar
a todas as dimensões da natureza, respeitando-a como mãe.
A felicidade, do justo é essa.
No entanto, tudo isso lhe custou um preço: o do trabalho interno nas câmaras
sensíveis da consciência, lutando todos os dias, minutos, horas sem tréguas,
sem que os outros percebessem e passando, por vezes, como tolo aos olhos dos
intrigantes.
A felicidade dos bons Espíritos
se encontra dentro do coração. O seu maior prazer é, pois, fazer o bem, sem
escolher quem deve receber sua ajuda. É o que disse Jesus: O céu se encontra dentro de vós.
Os Espíritos felizes já
encontram o céu na sua intimidade. Amar é tudo na sua vida, o seu verdadeiro
alimento. Eles não experimentam necessidades quais as dos que ignoram a
verdade; nem têm angústias e encontram nos sofrimentos estímulos para viverem
mais felizes ainda.
No entanto, a felicidade dos
Espíritos é proporcional a cada plano que eles alcançaram.
Somente os Espíritos puros
encontram e gozam a felicidade suprema sem mácula. Mesmo que eles estejam em
lugares cheios de paixões humanas, eles não se contaminam. São quais os diamantes
em meio da lama, brilhando sempre.
Há, como já falamos, uma
infinidade de graus, onde se veem Espíritos de todas as categorias, gozando de
felicidade relativa, mas avançando por saber que ela existe, despendendo
esforço e trabalho para a sua conquista. Os Espíritos puros trabalham sempre em
favor dos ignorantes, em favor de todas as faixas espirituais, por ordem de
Deus. Eles são conscientes de que todos alcançarão a luz do coração,
despertando o Cristo no centro da vida, deixando assim nascer o sol de Deus na
sua intimidade.
Os benfeitores da eternidade
conhecem que a evolução, o despertamento das almas tem uma sequência, como nos
mostra a natureza.
A Terra por si mesma frutifica, primeiro
a erva, depois a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga (Marcos, 04:28). Espírito
algum saiu das mãos do Criador na condição de anjo desperto para todas as suas qualidades
espirituais; ele surge com a engrenagem das faculdades todas em seu mundo interno,
porém, para serem despertadas no decorrer dos tempos. Todos os Espíritos nascem
perfeitos, por saírem do ambiente divino, que é toda perfeição, porém, nascem
sem evolução, e vão acordando, como disse Jesus, na sequência que a natureza
nos mostra. A lei é a mesma para todos.
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