Jorge Hessen - jorgehessen@gmail.com
Com a evolução do pensamento
filosófico da Doutrina nos tornamos mais capazes nas análises críticas do
movimento espírita, sem comprometer a pedra angular do edifício kardeciano,
representada pelas Obras Básicas, mas poucos leem Kardec.
O assunto é recorrente.
Infelizmente, como só ocorre aqui no Brasil, alguns espíritas insistem em transformar a Casa Espírita num
reduto hospitalar a fim de remediar efeitos (as doenças) ao invés de transformarem a Instituição numa universidade
da alma para tratar as causas (os doentes). Com isso, muitos centros espíritas
nas terras tupiniquins abrem lacunas para inclusões indesejáveis, incorporando
em suas programações inócuas terapias alternativas, metodologias de desobsessão
suspeitas e reuniões de conteúdos duvidosos advindos de livros sem vínculo com
o bom senso.
Os ensinamentos sériosJ que
complementam a Doutrina são quais pepitas de ouro sob as diretrizes dos
Benfeitores do Além; misturado, no entanto, a elas há o “ouro de tolo” e outros
metais sem valor intrínseco que apenas brilham. Por isso, temos tendências de
todos os gostos. Há dirigentes com insofreáveis pendores místicos que se devotam
à crença no sobrenatural e impõem rituais dissimulados aos seus seguidores.
Comumente as suas práticas “doutrinárias” são atribuídas às orientações dos
“guias”.
Os guiistas têm inserido
práticas extravagantes nos centros, a saber: radiestesia, cromoterapia,
fitoterapia, cristalterapia, apometria, entre outras superstições que são
impostas como alternativas de tratamento físico e espiritual. Existem até mesmo
os que aplicam passes nas paredes dos centros para “descontaminá-las” (!?);
inventam expulsão de “obsessores através de correntes mento-magnéticas,
psico-telérgicas, enfim seria cômico se não fosse tão trágico. Não podemos
cristalizar nosso raciocínio sob a luz de um purismo ideológico extemporâneo,
nem mergulharmos no entusiasmo irracional por novidades cujo cenário ensombra a
metodologia espírita.
Nunca haverá radicalismos quando
se utiliza a razão e a ponderação, nem quando somos capazes de olhar não só as
virtudes da fé que seguimos, mas também os possíveis e indesejáveis desvios
(estes não contidos no projeto doutrinário), mas nas mãos de dirigentes
autoritários que abusam inadvertidamente do Espiritismo.
Ante a lei da fraternidade os
que se fazem impostores necessitam das nossas preces, mas não podemos nos
omitir diante do que fazem (ou desfazem?) nos centros espíritas. Podemos até
respeitar e compreender as “terapias” alternativas, mas jamais adotá-las. A
Casa Espírita não é arena de fanfarras e muito menos clínica de PLACEBOS
alternativos. E mais , uma legítima instituição espírita não pode ser picadeiro
para exibições de inócuos exorcismos.
Afirmamos que esses “tratamentos
espirituais” não são úteis. Não queremos discutir a sinceridade de seus
praticantes (por inocência nalguns), mas é urgente e obrigatória uma reciclagem
doutrinárias dos mesmos. É mister ser deixado fora do Centro Espírita as
ramificações de terapias alternativas de “cura e desobsessivas” que surgem e se
mesclam ao Espiritismo por serem correntes de ideias que deixam brechas , ou
melhor, crateras! Usemos e abusemos do raciocínio. Não sejamos nem omissos e
nem contemporizadores com os que tentam impor seus “espiritismos” de curas
fantásticas.
Todos sabemos que o radicalismo
não é uma boa conselheira , contudo devemos estar atentos com o fanatismo de
tais “adeptos”. Muitos deles têm conquistado espaço no movimento espírita e nas
casas espíritas, disfarçam-se de trabalhadores e “orientadores”, fazem crer em
novas terapias e ortodoxias, incitam desuniões aos que pensam diferentes deles,
provocam exacerbado interesse pelo poder e assumem diretorias (inclusive de
algumas federativas), alimentam vaidades e melindres, insuflam a confusão.
Em suma, ou nos comportemos
doutrinariamente apoiados na razão, sem misticismos, e crendices outras, ou o
Espiritismo ficará sem rumo em nosso País. E se não preservarmos as estruturas
básicas das propostas kardecianas, não conseguiremos vislumbrar a continuação
do projeto Espírita nestas plagas brasileiras.
Cremos que a espiritualidade
deve estar alerta, para no momento exato (se for o caso) transferir o projeto
espírita para outro país, onde a população seja menos mística, tenha fé mais
racional e moral mais elevada.
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