quinta-feira, 19 de março de 2020

PERDA DE FACULDADES[1]



Miramez

Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
‒ Sim, desde que se tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mau. Uma faculdade pode, também, ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra, que não se relacione com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde.
Questão 220/O Livro dos Espíritos

O Espírito, ao reencarnar-se, pode perder, temporariamente, algumas das suas faculdades já conquistadas para que outras aflorem de seu mundo interno. As faculdades já conquistadas, despertas na consciência, adormecem por determinado tempo, em favor de outras que precisam ser desenvolvidas no campo da existência atual.
O Espírito é uma luz imortal, chama essa que cresce no crescer da vida. De nada carece internamente, pois é perfeito desde quando saiu de mãos perfeitas, no entanto, todas as faculdades no primitivismo se encontram em estado de sono, para serem despertadas pelo esforço próprio, com a força do tempo, dirigidas pela mente divina.
Na verdade, somente perdemos o que se encontra fora da lei, e isso é uma proteção espiritual, que nos compete agradecer ao Pai Celestial. Todo o céu, como Deus, todos os poderes; como luz, se encontram dentro de nós em estado latente, à espera de mãos espirituais que trabalhem usando a nossa boa vontade, pelos canais do coração, para que no amanhã sejamos luz da qual nos próprios somos oriundos.
Essa revelação de O Livro dos Espíritos vem nos trazer esperança, por nos afirmar que nada se perde das belezas espirituais que são geradas do amor, e que esse amor, na vivência de Cristo, é vida. A Doutrina dos Espíritos, expressa na codificação de Allan Kardec, é como luz benfeitora a nos mostrar os caminhos mais certos da libertação; é o conhecereis a verdade que Jesus anunciou para todos os Seus seguidores.
Grandes músicos do passado, se voltarem a reencarnar, em certos casos podem nascer sem nenhum interesse pela música, com fortes tendências para outra, ou outras artes. Não que perderam o que conquistaram; as experiências, já dissemos, ficam no arquivo da consciência profunda para serem utilizadas quando conveniente, sob o impulso dos sentimentos elevados.
Somente quando chegamos a determinada perfeição, é que podemos, e é da lei, usar todas as qualidades conquistadas, ou despertadas, quando a conveniência em Cristo pedir ao coração.
Essa lei universal de que nada se perde, principalmente com as nuances da lei eterna, nos traz muita alegria. Quando a alma difunde a sabedoria como entende, sem consultar a própria natureza divina, é como semente deteriorada, que morre com o tempo, mas que sempre deixa um saldo de contradições no nosso mundo interno, e gastamos muito tempo para a devida limpeza em todas as intimidades dos corpos que nos servem de vestimentas espirituais.
O Espiritismo se encontra encarregado de instruir os homens acerca da Verdade, para que essa verdade os liberte. Quando todos nós nos conscientizarmos do que podem nos trazer os maus pensamentos, quando a vivência dos bons nos mostrar os resultados agradáveis do amor, passaremos a nos esforçar de maneira a copiar Jesus em todos os Seus ângulos de ensinamentos e de vida.
Um motivo muito forte para esquecermos o que já conquistamos de bom é o mau uso que por vezes fazemos de certas faculdades durante o estágio que tivemos na Terra. Isso é para o nosso próprio bem, e a oportunidade nos pede renovação de vida, de entendimento de ideias e de vida. E para onde apelar, buscar novas forças? A resposta é simples: Jesus.
O Evangelho é a fonte de vida e as mais puras diretrizes para o nosso embelezamento espiritual. Devemos procurar a perfeição em tudo o que nos propusermos fazer, ou que estejamos fazendo, que esse esforço não ficará em vão. As mãos de Jesus se encontram invisíveis, nos ajudando a pensar melhor e a fazer com mais acerto o que nos cumpre realizar.




[1] Filosofia Espírita – Volume 5 – João Nunes Maia

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