Miramez
Com a mudança dos corpos, podem perder-se certas
faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
‒ Sim, desde que se
tenha desonrado essa faculdade, empregando-a mau. Uma faculdade pode, também,
ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra, que
não se relacione com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer
mais tarde.
Questão 220/O Livro dos Espíritos
O Espírito, ao reencarnar-se,
pode perder, temporariamente, algumas das suas faculdades já conquistadas para
que outras aflorem de seu mundo interno. As faculdades já conquistadas, despertas
na consciência, adormecem por determinado tempo, em favor de outras que precisam
ser desenvolvidas no campo da existência atual.
O Espírito é uma luz imortal,
chama essa que cresce no crescer da vida. De nada carece internamente, pois é
perfeito desde quando saiu de mãos perfeitas, no entanto, todas as faculdades
no primitivismo se encontram em estado de sono, para serem despertadas pelo esforço
próprio, com a força do tempo, dirigidas pela mente divina.
Na verdade, somente perdemos o
que se encontra fora da lei, e isso é uma proteção espiritual, que nos compete
agradecer ao Pai Celestial. Todo o céu, como Deus, todos os poderes; como luz,
se encontram dentro de nós em estado latente, à espera de mãos espirituais que trabalhem
usando a nossa boa vontade, pelos canais do coração, para que no amanhã sejamos
luz da qual nos próprios somos oriundos.
Essa revelação de O Livro dos Espíritos vem nos trazer
esperança, por nos afirmar que nada se perde das belezas espirituais que são
geradas do amor, e que esse amor, na vivência de Cristo, é vida. A Doutrina dos
Espíritos, expressa na codificação de Allan Kardec, é como luz benfeitora a nos
mostrar os caminhos mais certos da libertação; é o conhecereis a verdade que Jesus
anunciou para todos os Seus seguidores.
Grandes músicos do passado, se
voltarem a reencarnar, em certos casos podem nascer sem nenhum interesse pela
música, com fortes tendências para outra, ou outras artes. Não que perderam o
que conquistaram; as experiências, já dissemos, ficam no arquivo da consciência
profunda para serem utilizadas quando conveniente, sob o impulso dos
sentimentos elevados.
Somente quando chegamos a
determinada perfeição, é que podemos, e é da lei, usar todas as qualidades
conquistadas, ou despertadas, quando a conveniência em Cristo pedir ao coração.
Essa lei universal de que nada
se perde, principalmente com as nuances da lei eterna, nos traz muita alegria.
Quando a alma difunde a sabedoria como entende, sem consultar a própria natureza
divina, é como semente deteriorada, que morre com o tempo, mas que sempre deixa
um saldo de contradições no nosso mundo interno, e gastamos muito tempo para a
devida limpeza em todas as intimidades dos corpos que nos servem de vestimentas
espirituais.
O Espiritismo se encontra
encarregado de instruir os homens acerca da Verdade, para que essa verdade os
liberte. Quando todos nós nos conscientizarmos do que podem nos trazer os maus
pensamentos, quando a vivência dos bons nos mostrar os resultados agradáveis do
amor, passaremos a nos esforçar de maneira a copiar Jesus em todos os Seus
ângulos de ensinamentos e de vida.
Um motivo muito forte para
esquecermos o que já conquistamos de bom é o mau uso que por vezes fazemos de
certas faculdades durante o estágio que tivemos na Terra. Isso é para o nosso
próprio bem, e a oportunidade nos pede renovação de vida, de entendimento de ideias
e de vida. E para onde apelar, buscar novas forças? A resposta é simples:
Jesus.
O Evangelho é a fonte de vida e
as mais puras diretrizes para o nosso embelezamento espiritual. Devemos
procurar a perfeição em tudo o que nos propusermos fazer, ou que estejamos
fazendo, que esse esforço não ficará em vão. As mãos de Jesus se encontram invisíveis,
nos ajudando a pensar melhor e a fazer com mais acerto o que nos cumpre
realizar.
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